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"O ENCONTRO" e "MUDANDO O PASSADO" - Por Jorge Rodrigues
Abaixo estão 2 das minhas principais obras: Os romances: "O ENCONTRO": É o sensacional romance épico inspirado nestas biografias que foi escrito desde 2008 com a intenção de ser um longa-metragem e ganhar o Oscar, como dizia o Autor. E "MUDANDO O PASSADO": É um romance inacabado escrito em 2010, e exclusivo em todo o mundo, como tudo que o Autor Jorge Rodrigues faz.
Estes romances vem sendo abusadamente ofendidos, espoliados, plagiados, usados "ilegalmente" por atores famosos brasileiros com vagabundos que lhe prejudicaram desde 2001, com ameaças de plágio pelas mais cínicas, emuladoras, invejosas, safadas, e fraudulentas empresas de TV, Rádio, e Igrejas, com o apoio da politica brasileira, e a conspiração do Cinema Americano. Somado à isso diversas ameaças de incriminação, prisão, prisão em hospício, prisão, censura, tortura, sequestro, e morte por cerca de 7 anos: 17 anos de todos esses abusos.
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O ENCONTRO - Por Jorge Rodrigues
Introdução
Nos dias do rei Saul, em Israel, um príncipe foge para a Terra dos filisteus estando inimizado pelo seu rei. Seu nome é: Davi.
A terra de Israel vive um momento de prosperidade.
Em sua trajetória para a Terra dos filisteus, Davi conhece um jovem filisteu que foi desprezado por seus companheiros, então esse jovem vê seu destino se entrelaçando com um dos maiores guerreiros da história, descobrindo num inimigo de seu povo uma amizade pura e verdadeira.
Mas alguma coisa tende a separar essa grande amizade por 7 anos até um reencontro.
A Terra dos filisteus: Um povo afastado da justiça e de Deus.
Uma dívida do passado a ser resgatada: Um grande amor que foi roubado.
Uma promessa de Davi: "Um dia voltarei para terra de Israel e te levarei comigo".
Um homem e uma missão antes de partir: "Você não pode partir para Israel, antes de lutar conosco essa luta, porque foi Deus quem te trouxe até nós".
Uma estória que rompe os limites das etnias.
Um amor que rompe os limites do tempo e destinos que se entrelaçam.
Um sonho e uma ultima guerra. Um povo e uma mulher. Um homem e um Deus.
O Encontro
Nos dias em que Saul era rei em todo o Israel a Terra dos Filisteus tornou-se poderosa e rica. O rei dos filisteus planejava conquistar Israel por muitas empreitadas sem sucesso havendo grande rixa entre Israel e os filisteus. O povo de Israel também desfrutava de momentos de abastança. Havia uma grande resistência contra os filisteus, e tanto os filisteus como Israel passavam por um momento de grande contradição em seu governo, porque havia uma pequena parte do povo que amargava grande miséria e rejeição.
Na Terra dos filisteus.
Havia um orfanato na Terra dos Filisteus que foi concedido para acolher crianças e jovens. Nesse orfanato se lançavam todas as crianças abandonadas. Elas recebiam educação e dali se tirava as melhores crianças para servirem diante da realeza.
Havia um Jovem chamado: Solan. Ele era o líder dos rapazes. Também havia uma moça chamada: Náfis, que era a líder das moças. Esse orfanato tinha um líder muito rígido chamado: Noisha.
A tutora do orfanato se chamava: Delana. Seu marido era um dos 35 comandantes do rei dos Filisteus. Ela era mulher inteligente, administrava o orfanato, e o presidia de tempos em tempos para pô-lo em ordem.
Delana usava um véu que cobria seu rosto, porque alguns homens importantes desejavam que suas mulheres usassem o véu, e Delana era mui bela.
Certo dia, como costumava fazer, passeava Delana caminhando só por entre o acampamento observando o bom estado das coisas que deixou. E logo vem Náfis com uma prancheta na mão à saudá-la dizendo:
- Patroa, o que me pediu já foi feito.
- Como está a questão das roupas? (Diz Delana)
- Estamos resolvendo.
- Já foi dado o recurso para que eles recebessem as roupas, por isso briguei tanto com os príncipes. Quero todas essas crianças bem vestidas até a semana que vem! (Diz Delana)
- Sim senhora.
- As ordens que te institui devem ser cumpridas imediatamente, pois vou viajar para o outro lado do país onde tenho muitas outras coisas para resolver ainda este mês. Tudo bem? (Diz Delana)
- Sim. Vamos ser diligentes nisso. (Responde Náfis)
- Diga-me agora como vão esses jovens. (Pergunta Delana)
- Estão dormindo na hora como a senhora falou. Providenciamos que as refeições sejam dadas quatro vezes nos tempos estabelecidos e estamos dando oportunidades as meninas de tomarem parte das atividades da liderança. (Diz Náfis)
Então Delana aponta para uma garagem empoeirada e diz:
- Providenciaram que aquele lugar ali seja limpo e transformado em mais um alojamento?
- Sim, é só encontrarmos tempo. Temos também uma boa notícia: Com a sua sugestão de colocar novas atividades de lazer os rapazes pararam de brigar. Agora há paz entre nós. (Diz Náfis)
- Bom! Náfis, você seguiu de perto meu trabalho e tudo que fiz. Quando peguei esse orfanato caindo aos pedaços e como tudo está sendo restaurado. Como lutei por nossos direitos, pois muito pouca coisa havia para nós. Você sabe quanto trabalho tudo isso me deu, agora mantenha toda essa ordem. Tenho lutado por excelência em nosso trabalho. Você me substitui aqui. (Diz Delana)
Se despediram, Delana e Náfis. Então Delana foi falar com Solan, líder dos rapazes. E saudando-o sorrindo, orgulhosa dele como de um filho, batendo com a mão sobre o seu ombro, disse:
- Como está tudo, Solan?
- As coisas estão correndo bem. Pode ficar tranquila senhora. Estamos cuidando justamente da questão da ordem como a senhora nos tem pedido.
- Bem...Estou indo! (Diz Delana)
- Vá em paz senhora! (Respondeu Solan)
Então Delana se despede e caminha até a saída sendo agora acompanhada por duas amigas. Caminhando ela vê um jovem assentado no chão sozinho, e ficando diante dele, passa a observá-lo, e diz à ele:
- Todo o grupo está reunido, por que você está só? - Por nada não. (Responde o jovem)
Delana levanta o rosto olhando o vazio por um tempo e diz para o jovem:
- Não pode ficar assim não. Vá se unir com os outros.
Então o jovem se levanta e vai para o outro lado perto de outras crianças e jovens brincando. Ele se assenta no chão, sozinho outra vez, estando diante dele crianças que corriam e jovens que falavam. Então Delana fica de longe observando ele sentar-se junto das crianças, porém só.
Esse jovem chama-se: Misha.
Então, subitamente, ela se vira para suas duas amigas perto do portão, e diz:
- Vamos embora!
Do lado de fora, sendo cumprimentada pelo porteiro, Delana suspira com suas amigas e diz:
- Acho que nosso trabalho já está quase cumprido aqui!
E andando conversava com elas até entrar em sua carruagem.
O orfanato
Dentro do orfanato passa Náfis diante de Misha assentado sozinho, e ela o saúda dizendo:
- Tudo bem Misha?
Havia nesse orfanato uma jovem chamada: Jasha. O seu rosto era sério e indiferente, seu cabelo cobria o rosto, e vivia sempre recostada em sua irmã.
Misha andava no orfanato assentado pelos cantos sozinho, ele somente a olhava.
Casualmente Jasha olhava para Misha sem nele prestar a atenção quando passava com sua irmã. Os seus olhos não se fixavam nas pessoas, porque ela era tímida.
Um dia Misha estava brincando com Divas, um dos seus colegas, ambos estavam brandindo varas como se fossem espadas. As moças estavam em volta de Solan à ouvi-lo falar. De repente todas elas, inclusive Jasha, admiraram-se quando uma delas, apontando o dedo, disse com ironia:
- Olhe só! Misha.
Quando todas as moças olharam, Misha brandia uma vara com a maestria de um guerreiro. A irmã de Jasha ficou suspirosa por Misha, e Jasha sorrindo como todas as moças, olhavam para Misha. Quando Misha virou-se notou todos o observando e rindo. Então Misha sem graça abaixou a cabeça.
Solan tinha ciúmes das moças, principalmente de Jasha, porque ela era a mais jovem das moças. Náfis suspirava, porque tinha por certo em seu coração o ser aceita por Misha.
Náfis era mui respeitada no grupo, porque falava e agia como um referencial para as outras garotas. Ela se portava como uma pessoa educada, mas ela agia assim por sua profissão no orfanato.
Depois disso sempre que Jasha via a Misha o olhava com ironia. Ela na verdade zombava dele. Misha sempre olhava Jasha de longe, mas ela não o notava nem o que ele sentia. Jasha permanecia timidamente com as outras moças. Às vezes ela sorria com elas, ou estava recostada em sua irmã.
Quando Solan via Misha olhando Jasha de longe, discursava palavras contra Misha. Ele proferia atribuições contra Misha e descrevia sua imagem, mas sem lhe referir o nome. Assim todos entendiam que ele se referia à Misha. Eles tinham o costume de fazer assim, porque dava a impressão de ser uma profecia, de ser uma declaração operada por Deus.
Solan dizia:
- Há pessoas que tem propósitos errados aqui entre nós.
Então todos, inclusive Jasha, percebendo a intenção das palavras de Solan contra Misha, o olhavam com desconfiança e com desprezo.
A primeira conversa com Jasha
Misha escreveu uma carta e fez um desenho para Jasha e os carregava consigo esperando uma oportunidade de entregar, porque Jasha sempre andava com sua irmã, tendo por perto outras moças e os rapazes que gostavam delas.
Num dia casual, pela primeira vez, Jasha sozinha observando todas as outras moças ensaiando danças, porque Jasha era a mais nova. Ela estava sozinha encostada numa pequena escada olhando as outras moças ensaiarem uma dança. Ela era a moça mais nova e era a única que não participava ainda das danças.
Misha se escondeu atrás dela se preparando para se aproximar. Jasha estava sozinha. Todas as moças estavam dançando. Ele sentiu medo, mas disse à si mesmo:
- É agora ou talvez não haja outra chance!
Ele foi subindo os degraus da escada até ela e tocou com o dedo o ombro dela, e disse:
- Jasha, posso falar com você rapidamente?
Ele nunca tinha falado com ela, só a tinha visto debochar dele algumas vezes. Desde muito tempo admirava ela. Ela estava debruçada nos degraus e virou de vagar com um rosto sonolento, e olhando bem perto o seu rosto Misha viu que ela parecia ser mais jovem do que era, ao ponto de ficar sem jeito e achar engraçado declarar-se pra uma moça tão jovem. Jasha pôs as mãos nos joelhos virando-se pra frente sem olhar pra ele esperando o que ele iria dizer. Ela estava sem expressão. Era a coisa mais linda que Misha viu em toda sua vida. Então ele disse:
- Sabe o que é? Eu gosto de você.
- ...
Jasha não teve reação. Parecia não ter entendido o que ele disse. Então Misha disse antes que ela reagisse;
- Você ficou chateada de saber que eu gosto de você?
Então Jasha riu, se inclinou pra trás ajeitando o vestido como ela costumava fazer, e disse:
- Não.
Você percebeu que eu estava te olhando?
Jasha balançou a cabeça debochando e disse:
- Não.
- Eu não tô dizendo que você gosta de mim, eu tô dizendo que eu gosto de você!
- É que eu nunca imaginei isso. (Disse Jasha com desembaraço e gentilmente)
- Eu tenho pensado bastante em você. (Disse Misha)
- Eu nunca pude pensar uma coisa assim.
- Você é bem jovem pra mim... (Disse Misha)
Misha não sabia o que falar, então pegou a carta e disse:
- Eu escrevi essa carta pra você.
Jasha foi abrindo a carta e lendo com o rosto neutro, mas Misha espantado disse rindo:
- Não! Não lê aqui!
Ela não demonstrou reação e guardou a carta numa bolsa sua. Então Misha disse:
- Divas me falou que você é mais tímida que eu, mas eu não acho.
Então ela riu, porque sabia que Misha era mais tímido que ela, e disse:
- Só um pouco pra falar com as pessoas.·.
- Você não é tímida. (Diz Misha)
Então Misha prosseguiu:
- Você tem pais?
- Eu tenho pais. Eles me deixam aqui porque é melhor pro meu futuro. (Disse Jasha com desembaraço).
Misha virava para lado pra pensar no que perguntar ou falar. Ele tinha feito um desenho dela e lhe entregou. Jasha olhou o desenho sem o entender. Era o rosto dela com o cabelo cobrindo um dos olhos. Ela olhou sem entender o desenho, então ele explicou, e ela riu.
Misha apontou com o dedo os traços do cabelo dela que estavam diferentes naquele dia, então ela pensou que ele iria tocar seu rosto, e ficou preocupada, mas ele não iria tocar.
Então ela disse preocupada, vendo Misha sem assunto:
- Olha, eu não quero pensar nisso agora.
Então ele disse:
- Tudo bem, só queria te dizer isso. Assim quando eu te ver eu posso dizer: “Oi tudo bem!”.
Ele levantou e cumprimentou sua mão. Então Jasha disse preocupada:
- ...Fale você comigo quando me ver, porque eu sou tímida e posso não te responder quando te ver.
- Tudo bem!
Misha saiu de diante dela e se alegrou como nunca tinha se alegrado antes, pois não havia nada em sua vida para se alegrar. Era apenas um momento.
Misha espantou-se que ela o tenha tratado bem naquele lugar. Solan de longe o tinha visto e se chateou. Náfis, curiosa, foi perguntar à Jasha o que ele disse à ela, e por saber, Náfis odiava a Misha.
Tanto Solan quanto Náfis falavam mal de Misha por suas costas, e diante dele usando por pretexto palavras de ordem. Misha não sabia que Náfis o odiava, porque ela agia como sua amiga, e às vezes ela sentia raiva e ele não sabia por quê. Misha não amava a Náfis, mas por causa de sua falsidade a respeitava como uma irmã.
Depois da conversa com Jasha
No dia seguinte após Misha declarar-se à Jasha, Solan falava contra Misha dissimuladamente, esbravejando, dizendo:
- Aqui o nosso objetivo é se educar e não sermos irreverente! Aqui tem moças e rapazes, e isso não é lugar para namoricos!
No meio desse discurso, ouve-se um grito:
- Papai!
Era Kina, uma das jovens do orfanato, que corria aos braços de seu pai chorando no portão.
Todos se distraem olhando a menina Kina chorando e dizendo:
- Me leva embora. Eu quero ficar com você.
- Calma! Tá tudo bem. (Reponde seu pai)
Então o pai de Kina chora também, e a leva enquanto todos veem isso.
Então Misha, pensativo, imagina que alguém deveria ter feito mal à Kina, o mesmo mal que faziam com ele. E começou a ficar mais chateado e irritado com Solan e com os outros, pois Jasha e todos passavam por ele desprezando-o.
Vendo Solan e Náfis que Misha acreditava que Jasha não se interessaria por ele, devido as coisas que contra ele, cessaram de prossegui-lo tanto, pois deduziam que Misha deixou de gostar de Jasha, mas é aí que Jasha começava a apaixonar-se por Misha por se dispor a observá-lo de longe. E ele mesmo não percebia. Jahsa olhava Misha de longe sorrindo e falava dele às moças. Mas é nesse momento que Náfis fala coisas ao ouvido de Jasha contra Misha que ela à princípio ignora, chegando até a perceber o seu ardil, mas conforme Náfis insiste, vendo que Misha ia desistindo de acreditar que poderia ficar com ela por causa das palavras deles, Jasha ficava a observá-lo agora com um olhar desconfiado.
Misha era tão puro de intenções que podia ser interpretado conforme o que qualquer pessoa falasse de mal dele, e por ser tímido, aqueles que o odiavam se aproveitavam para humilhá-lo e falar dele o que quisessem.
Eles pregavam a ordem, mas Misha era o único que a seguia, porque eram hipócritas, e era mais difícil pra ele praticar o que diziam, porque Misha não possuía nada, nem a ninguém.
Náfis cochichava ao ouvido de Jasha apontando para Misha. Então Jasha arregalando os olhos começava odiá-lo. Diante de Jasha, Náfis saudava a Misha com muita cordialidade fingindo paquerá-lo na frente de Jasha. Por seu bom trato para com Misha, Jasha pensava que Misha não gostava dela e que até gostava de Náfis, ao ponto de muito se magoar contra Misha e o olhar de longe com um rosto amargurado e chateado.
Quando Jasha passava diante de Misha, era com raiva, dando-lhe o desprezo, porque Náfis falava com Jasha coisas que faziam ela sentir-se preterida como se Misha não gostasse dela, além das coisas que Náfis e Solan falavam contra Misha diante de todos.
Misha nunca gostou de Náfis.
Quando Jasha o desprezava, Misha por sua vez pensava:
- Porque ela faz isso? Eu não falo com ela.
E assim Misha dava-lhe em troca o desprezo pensando que ela o odiava.
Acontecia que Jasha passava por Misha sentindo-se as vezes tentada e com medo, e as vezes com ódio e desconfiança. Assim Misha interpretava a atitude dela pela atitude dos outros, porque prestavam amizade à ela contra Misha, até mesmo as garotas que tinham inveja dela, pois andavam como suas amigas e a apoiavam à odiá-lo como se isso fosse correto, ao ponto de se divertirem falando mal dele, o humilhando, zombando dele, e o caluniando como bem queiram.
Jasha começava a crescer no grupo, principalmente à custa desse mal feito à Misha, porque Solan, e o líder do grupo: Noisha odiavam à Misha.
Um dia após ver Jasha com seus olhos arregalados passando diante dele, sozinha e desconfiada, Misha sai pela porta do orfanato e vai para rua correndo.
Então Solan diz ironizando:
- A pessoa sai porque quer!
Todos, inclusive Jasha, atendiam as insinuações de Solan e de Náfis contra Misha, e respeitavam as palavras de Solan e de Náfis.
Na ausência de Misha, Náfis aliviava o seu ego apoiando Solan e dizendo:
- É isso mesmo! Não devemos ligar para o que está lá fora.
Após um tempo, Náfis não suportando a ausência de Misha, o manda chamar dissimulando com essas palavras:
- Pessoal, temos que chamar Misha de volta. Ele não é um bom jovem, mas merece uma chance de nós. Nenhum de nós somos bons.
Assim Náfis melhorava sua imagem diante de todos piorando a imagem de Misha ao mesmo tempo.
Sempre que Misha voltava era grande humilhação pra ele, porque iam até a rua buscá-lo como se fossem amigos para se vangloriarem diante dos líderes como heróis. Falavam mal de Misha antes de ele voltar, e quando ele voltava Jasha afastava-se dele com medo e com desconfiança, porque Solan e Náfis além de colocar medo no coração de Jasha em relação à Misha, magoavam o coração dela dizendo que Misha não gostava dela.
Náfis fingia apoiar Misha, e Solan era promovido no grupo. Ambos induziam e diziam à Misha que Jasha não gostava dele.
De longe Misha olhava Jasha no tempo em que ela começava a estar agregada às outras moças. Isso acontecia devido a própria hostilização de Misha, porque Jasha era tímida e estava sempre distante das outras moças. Jasha cantou o trecho de uma música e desafinando, Melena a olhava com nojo sem ser percebida. Jasha ficou com o rosto courado, e sorrindo quando terminou de falar. Misha ficou olhando Jasha enquanto ela falava. Quando ela percebeu que ele estava observando-a, ela olhou pra ele, e ele desviando o olhar calmamente levantou-se. Logo depois Misha encontrou: Divas, seu amigo que com uma aparência pacífica vinha logo o saudando.
Misha já havia fugido do orfanato 2 vezes por causa deles. Misha retornava, porque algum mentiroso o trazia de volta para que se exaltassem perante os líderes do orfanato, porque era assim que conseguiam as coisas: Ajudando e destruindo pessoas ao mesmo tempo. Eles abafavam o crescimento das outras pessoas pretextando auxílio, porque eram invejosos, e sentiam prazer em ver a desgraça de quem eles humilhavam, mas a única pessoa que voltava era Misha, e porque estava sozinho, o usavam pra se promoverem, fingindo banalmente o bem, e lhe fazendo o mal.
Sempre que Misha saia do orfanato eles destruíam as chances de ele ficar com Jasha. E quando ele saia, o seu coração hostilizava a própria Jasha, porque em alguns momentos ela mesma agia contra ele por causa dos outros. Quando Jasha o ignorava ou passava perto dele com medo o seu coração se partia completamente.
Hostilizavam a Misha com raiva e com palavras de desprezo até o verem desanimar, aí então afrouxavam a boca com deboche para fazer média com ele para passarem-se por boas pessoas.
Assim Misha fugiu mais uma vez do orfanato e não sabia que Náfis o odiava. Todos, inclusive Jasha, aliviavam-se com sua saída, ao ponto de celebrarem como se ele fosse um criminoso, ou um inimigo projetando o mal contra eles. Misha não sabia que o ódio deles não advinha somente do excesso autoritarismo, muito menos de uma vida prudente, mas justamente da inveja e da hipocrisia.
...Passa-se um tempo e Misha foge do orfanato pela terceira vez...
Na divisa entre Israel e a Terra dos filisteus
Davi estava seguindo por um longo tempo a divisa de Israel com a Terra dos Filisteus com os filhos de Zeruia e seus homens montados à cavalo.
Eles pararam em uma caverna, e ao largarem suas bagagens, diz Davi à Joabe:
- Vamos procurar água enquanto ainda está claro. Vai pra um lado que eu sigo para o outro. Deixe que teus irmãos façam fogo para comermos dos animais que trouxemos, e para que guardem o povo em nossa ausência.
- Davi, melhor é que eu vá contigo, pois você é a cabeça deste grupo. Se os filisteus te acharem e te reconhecerem estaríamos todos perdidos ainda que somos muitos, e eu pra onde iria se não te defendesse? O homem que será nosso rei. (Diz Joabe enaltecendo à Davi)
- Calma homem! (Diz Davi sorrindo)
E prossegue Davi dizendo à Joabe:
- O Senhor é com todos nós. E se eu sou de fato a cabeça deste grupo, ele me guardará por todos nós. Não iremos muito longe. Contemos 700 passos e então voltemos aqui.
Então em menos de 500 passos Davi avista de longe um jovem assentado no chão à beira de uma estrada. Esse jovem era Misha. Surpreende-se Davi por ter encontrado sem querer a estrada para a cidade. Então ele se aproxima do jovem e pergunta:
- O que você faz aqui só?
- Nada. (Responde Misha)
Davi vê os olhos do jovem sujos de poeira e lágrimas e pergunta:
- Porque você chora?
- Nada.
- Você está só? Onde estão teus pais? (Pergunta Davi)
- Não tenho.
- Você conhece o caminho para cidade? Quero falar com o rei. Se você me levar até lá te darei comida. Sabe onde tem água?
- Pro outro lado tem água, uns quatrocentos passos. (Responde Misha)
Então Davi pensa falando:
- Joabe deve ter já encontrado água. Vem comer conosco! (Diz Davi à Misha)
Nesse momento o jovem se assusta com o olhar amigável de Davi notando que ele era Israelita, porque os filisteus haviam feito guerras contra Israel naqueles dias para possuir aquele território.
Então Misha responde:
- ...Não...
- Não vou te fazer mal. Estou mais acuado que você. Diga o que te aconteceu! Talvez eu saiba muito bem o que você tem passado.
E assentando-se ao lado do jovem Misha, Davi diz:
- Eu estive num lugar onde muitas pessoas me puseram pra fora, o rei, as pessoas mais importantes desse lugar me mandaram embora, e ninguém acreditaria em mim. O meu melhor amigo no principio não acreditou. Na verdade eu tive que ir embora de lá...
Então o jovem Misha abre um semblante suspiroso, e os seus olhos brilham. Então Davi lhe diz:
- Isso é um sorriso?
E sorri Davi prosseguindo e dizendo:
- De onde você vem?
Então Misha aponta e diz:
- Eu vim daquele orfanato. Eu também tive que sair de lá.
- Você conhece o Deus vivo, o Senhor? Tem ouvido falar dele? (Diz Davi)
- ...Sim... (Diz Misha)
- Ele é o único que salva os pobres, que levanta os pequenos. Se você for fiel, e tiver um coração puro o conhecerá. O beneficio do Senhor é para os homens de boa intenção. O meu Deus é o Deus de todos os povos, ele se revelou ao meu povo, se você o conhecer entenderá que ele é o único Deus, e que governa toda a terra, pois é o próprio Deus verdadeiro. O meu povo o deixou, esqueceu-se de sua bondade, amaram mais os seus tronos, a exploração, o poder e por isso eu sei que ele não anda mais em minha terra, mas ele permanece fiel a quem esperar nele, por isso creio que ele está comigo, porque não o deixei.
Então o jovem Misha diz:
- Essa é a esperança que eu tenho: Encontrar alguém que socorra as pessoas que sofrem.
- Veio ao lugar certo meu amigo! Mas para se aproximar do Senhor é preciso ser pequeno como uma criança. Você já está entendendo quem é o Senhor! Deixe o seu coração ser inocente perante ti mesmo e ele te encontrará. Vem comigo àquele canto e façamos aliança com o Senhor agora mesmo!
Então Davi pedindo ao jovem que ficasse à beira da rocha e descobrisse o seu prepúcio eles riem. E Davi diz:
- É isso mesmo!
E tomando uma faca agachando, diz Davi à ele:
- Vai doer um pouco...
Davi o circuncidou ali mesmo e Misha sentiu o Espírito de Deus passar por ele. Então disse Davi:
- O sangue e a dor simbolizam algo: O teu sangue simboliza morte, você fez no seu membro uma aliança intima com Deus. Só ele pode contemplar que você pertence à ele num elo de sangue. À partir de agora você pertence à ele. Você será fiel à ele deixando o seu coração ser inocente perante ti mesmo. Você o conhecerá com os olhos do teu coração até que eu te mostre quem é ele pelos escritos que nos deixou.
- Como Deus deixa escritos? (Perguntou Misha)
Então Davi contou como o Senhor se revelou aos filhos de Israel desde o êxodo, e estavam conversando. Até que Joabe lhe grita chateado:
- Davi o que aconteceu? Estamos te procurando!
Davi se levantou com pressa e se foram rindo e correndo para acamparem numa caverna. Nesse mesmo dia Davi mostrou Misha diante de todos os seus companheiros para que cuidassem dele pedindo às mulheres e anciãos que o acolhessem. Então Misha se assentando junto com eles ouviram Davi falar de pé dos seus planos. Também oraram à Deus, cantaram músicas, as mulheres dançaram, e foram dormir, e o garoto sentiu-se muito feliz por ter sido aconchegado com um povo que o respeitava por causa da fraternidade de Davi para com ele. Misha nunca tinha se sentido tão feliz e cheio de esperança.
No dia seguinte pela manhã disse Davi à Misha:
- Seja o nosso guia. Quero chegar até o rei de Gate.
E montados em animais Davi mantinha Misha perto de si, e iam sorrindo e conversando. Então o Espírito de Deus veio sobre Davi, e ele disse:
- Um dia voltarei para Israel e te levarei comigo!
Prosseguiu Davi:
- Lá guardaremos essa aliança com Deus, pois lá é a terra que o Senhor nos deu para o servirmos. Vou te mostrar que é verdade todas as coisas que Deus fez entre nós. Te mostrarei os escritos sagrados e todas as rochas e os lugares que são de sinais de Deus que nossos antepassados guardam até hoje. Você vai ver que o Senhor é verdadeiro quando ele me cumprir a promessa que me fez de reinar sobre este povo de Israel. Eu farei de Israel uma terra de justiça.
Assim Misha começava a compreender pela fé que Davi era uma pessoa notável diante de Deus e de seu povo, e cria em todas as suas palavras por causa da grandeza de seu coração.
- Eu creio. (Disse Misha)
Mais à frente no caminho Misha perguntou à Davi:
- Porque você faz aliança com os inimigos do teu povo?
- Não busco aliança. O meu povo me abandonou. Se eu fui fiel ao meu povo, porque eles me rejeitaram?
Davi abria seu coração com Misha, porque reconhecia naquele jovem a si mesmo. Isso era efeito da rejeição que recebeu do povo de Israel, e também da capacidade que Davi tinha de identificar a sinceridade no coração das pessoas além das aparências. Prosseguiu Davi dizendo ao jovem:
- Acredito que os filisteus se agradarão de mim por eu ter deixado Israel, verão que não estou contra eles, sinto que o Senhor me incita à isso. Na verdade eu não sou contra ninguém. Não tenho nada com Israel nem contra os filisteus nesse momento! São só guerras. É o que sei fazer, não devo nada à Israel. Assim como fui um herói para Israel e eles me rejeitaram, eu serei um herói para o teu povo, que Israel olhe com vergonha pra isso, mas como já disse: Não sou contra ninguém, sou pelo Senhor e por mim.
Então Misha responde:
- Eu entendo o que você diz. Esse povo dos Filisteus também me rejeitou. Eu nunca fui nada pra eles. Somos a mesma coisa!
- É, então somos iguais. (Diz Davi sorrindo)
Prosseguiu Davi:
- Sabe, eu tenho um grande amigo que deixei pra trás em Israel, o nome dele é Jônatas. Também tive que deixar pra trás uma de minhas mulheres. Ela foi tirada de mim.
Então o garoto considerou grandemente essas palavras e lembrou-se da moça que ele gostava: Jasha.
Chegando eles perto da cidade do rei de Gate preparou-se Davi diante de todo o povo e disse:
- Venham à frente somente os homens de guerra. Falarei ao rei de Gate para que nos dê uma de suas cidades para cuidaremos dela. Creio que ele nos receberá bem e não nos fará mal, porque sabe de nossa integridade e honra. Nosso povo também saberá que estamos aqui. Saul pensará ser bom estarmos aqui esperando ele que sejamos destruídos por nossos inimigos. Nossa inimizade com Israel pode ser bem aceita por eles se lhe formos fiéis no serviço da guerra, porque sabem que somos competentes. É o que eu espero de Deus! Iremos apresentar nossas condições de serviço esperando sermos aceitos. Confiem no Senhor. Que o Senhor seja conosco!
Então Misha correu até Davi puxando-lhe a veste instando com ele dizendo:
- Davi, deixa que eu volte e avise à uma pessoa que eu consegui aliança contigo para que ela me seja favorável.
Então respondeu Davi:
- Não será bom que você fale de mim aqui entre o teu povo. Ainda sou um inimigo antes de falar com o rei e ver se serei aceito.
- Eu acredito que essa moça me ouvirá e não falará mal de ti. Não direi que você é de Israel. (Diz Misha)
- Sim Misha, guarde segredo sobre mim. Vai, fala à essa moça e volta depressa, pois amanhã te esperarei aqui na porta da cidade.
- Não! Mas eu te procurarei daqui à 7 dias.
- Certo. Daqui à 7 dias eu te estarei na porta desta cidade, pois não sei pra onde o rei me enviará. (Diz Davi)
Então correu Misha pela estrada feliz, e pôs-se a andar até o orfanato. Chegando até o lugar onde estava no princípio começou a pedir dinheiro na rua, mas os homens da cidade lhe ignoravam, então Misha começou a revirar as latas de lixo, perto dos correios e apanhou papéis amaçados e os desamaçou e limpou, porque estavam sujos, e usando a pena e a tinta do correio escreveu cartas à moça que ele amava, e nelas ele dizia:
"...Jasha, sou eu Misha. Espere por mim, não olhe para o fato de terem me rejeitado. Eu não sou o que dizem. A nossa esperança não há de se frustrar. Eu encontrei alguém que é nosso amigo. Eu tenho acreditado num lugar onde todos nós seremos iguais, e não mais seremos abandonados. O Deus vivo, que criou o céu e a terra, ele me ouviu quando eu chorava ao sair daí. Ele me enviou um salvador, um homem que nos levará à uma terra boa..."
Misha seguia um longo caminho pela rua do lugar onde estavam os papéis e o correio até o orfanato, e esperava uma boa recepção das cartas orando à Deus pelas noites dormindo na rua.
A primeira carta
Colocou Misha a primeira carta na caixa do correio no orfanato para que Jasha as recebesse.
As cartas chegavam nas mãos da tutora Delana e eram entregues à Jasha que recebia com suas colegas a sua volta.
- Jasha, chegou uma carta pra você. (Dizia a tutora Delana entregando-lhe a carta)
Então vieram suas colegas curiosas dizendo:
- De quem é?
- É de Misha. (Dizia ela com desgosto e as amigas com desprezo)
Solan desgostava enquanto as moças debochavam. Então Jasha se afastando das moças para ver do que se tratava a carta, ao ler a carta tem uma reação de desgosto. Então pensativa diz:
- Não entendo porque ele diz essas coisas pra mim.
Então as moças se ajuntam à ela lendo a carta com ela e uma delas diz:
- Ele fala com você como se te conhecesse.
- É... (Diz Jasha com descontentamento)
Misha escreveu a segunda carta, num papel amaçado e sujo que pegava na lata do lixo. Ele desamassava e escrevia as cartas, porque não tinha nenhum papel.
"...Jasha, essas pessoas me prejudicaram, não são tuas amigas de verdade. Eu sofri as injurias que essas pessoas dedicaram para ti. Eles te bendiziam, porque me odiavam. Queriam te separar de mim. Eu sempre te amei..."
Então Jasha lia sozinha essa carta e com pressa. Jasha começava a crescer naquele grupo e já não vestia roupas pobres, porque era uma das ajudantes do grupo. Então as amiga de Jasha diziam à ela com deboche:
- Essa carta também é de Misha?
Então ela disfarçou e guardou a carta com desgosto dizendo:
- Deixa pra lá.
Outra garota lhe dizia:
- Foi você que amassou a carta?
Mas Jasha com desprezo, torcendo a boca, e com raiva respondeu:
- Já veio assim essa carta! Toda amassada! Toda suja!
Até esse momento Jasha agia com desgosto, mas sentia-se atraída por Misha. Ela disse a tutora sobre as cartas, mas a tutora a aconselhava para que deixasse Misha de lado dizendo que Deus lhe daria um rapaz melhor.
Todo dia havia uma carta de Misha na caixa de correspondência do orfanato e ele mesmo as colocava escondido. A terceira carta dizia assim:
"...Jasha, eu sei que você gostava de mim. Eu gostava de você também. Mostre essas cartas a alguém de confiança e peça conselhos sobre mim e Deus me provará e verá meu bom coração para contigo. Não se baseie mais na opinião dessas pessoas Jasha, porque descobri o mal sobre essa gente..."
À vista do fato de Misha dizer que sabia que Jasha gostava dele, o orgulho feminino dela se exaltou, e porque ela havia deixado de gostar dele e entendeu que as pessoas do orfanato separaram ela de Misha, ela se riu com desprezo e perplexidade no seu intimo, e disse consigo mesma em voz alta:
- Orgulhoso! Eu não gostava dele coisa nenhuma! Eu não vou ficar lendo essas cartas não!
Mesmo assim Jasha continuava lendo as cartas, por causa da curiosidade, porque todas as coisas que Misha escrevia faziam sentido.
Quando veio a quarta carta Jasha encheu-se de ardil, e com deboche, pensou em denunciar as cartas de Misha para uma das assistentes da tutora e à suas amigas, e antes de ler a carta disse à todos:
- Olha, Misha tá me mandando essas cartas e falando mal de todo mundo aqui. Ele disse que eu mostrasse à vocês, e eu quero que vocês leiam.
A carta dizia:
"...Há muito tempo essa gente vem fazendo o mal e agindo com engano. Deus não é como eles tem ensinado, Deus não tem estado com eles. Olhe nosso país ao redor e veja se Deus se agrada com esses homens. O que eles tem feito comigo tem feito também com outras pessoas. Estão deixando perecer pessoas e pisando ocultamente nos outros. Jasha isso é abominação! Deus não pôs essa gente no poder, ainda mais pra agirem como se eles tivessem poder de ocultar as pessoas e tripudiar sobre elas..."
Na mesma hora alguns emudeceram, porque viram palavras fortes em alguém que julgavam ser um tolo. Outros não entenderam nada à respeito, porque eram medíocres. Outros dissimulavam dizendo que Misha tinha muita inteligência, mas era um ímpio, porque eram egoístas e malignos. Então diziam que Misha estava precisando de ajuda na intenção de subestimá-lo.
A sobrevivência de Misha
Durante esse tempo Misha viu um grupo de jovens que furtavam frutas. Ele os observava de longe, e na sua ingenuidade enquanto eles brincavam e falavam, Misha sorria e ficou admirando-os. No cúmulo da sua fome, Misha os seguia de longe e no momento que eles iam furtar frutas dos feirantes, tomando cada um seu saco, Misha tomou um saco também e de longe conseguiu misturar-se entre eles enquanto corriam, e junto com eles furtou frutas sem que eles percebessem que ele estava entre eles. Eles tiveram que fugir do dono do comércio que ia atrás deles. Riam e se divertiam fazendo isso e Misha foi com eles até onde se esconderam, e Misha também ria, porque estava se divertindo. Então todos o olharam sérios, e Misha disse:
- Desculpe eu seguir vocês, mas eu tava com muita fome. Podem ficar com essas outras frutas.
Mas todos o olhavam sério, e um deles virando o rosto como se ele não estivesse ali disse:
- Quem é esse moleque?
- Sei lá quem é esse idiota! (Respondia outro deles)
E o ignoravam andando e rindo pelas coisas que roubaram.
Então Misha ficou com medo e se entristeceu. Ficou parado enquanto aqueles jovens saíram.
Depois Misha tomou suas frutas e foi comer sozinho num canto. Misha se alegrava como uma criança ao pensar em Jasha, não sabendo Misha o desprezo que Jasha lhe dispensava e como aquelas pessoas do orfanato o esperavam para o humilhar outra vez.
No orfanato uma das amigas de Jasha perguntava:
- Você gosta de Misha?
E Jasha com desgosto respondia:
- Eu não quero falar nisso.
Em certo momento estava Misha sentado na rua e pensava em Náfis. Algo o incomodava e sua mente lhe dizia:
- Será que Náfis gostava de mim?
Misha pensava com desgosto nisso. Então lembrou-se das vezes em que Náfis o tratou bem, e das vezes o tratava com indiferença, do dia que o desprezou, do dia em que esbravejou, e de como ele achava estranho que ao mesmo tempo que ela o tratava bem, ao mesmo tempo falava coisas no grupo que ofendiam somente à ele.
Então Misha levou uma quinta carta que dizia:
"...Jasha, eu quero muito te ver. Não deixe ninguém aí te aconselhar. Cuidado, porque Deus me mostrou coisas ruins sobre as pessoas daí..."
Então Jasha se ria, porque dizia aos seus amigos:
- Eu não gosto dele.
E Misha na sua ingenuidade não imaginava que jamais seria bem recebido por ela advertindo-a acerca daquelas pessoas que estavam beneficiando ela. Também ninguém podia fazia mal à Jasha, porque Solan a estimava, bem como sua irmã e sua prima conseguiram respeito e as funções que exerciam através de Solan.
Então Font, um orgulhoso que era um dos líderes, disse:
- Ele manda cartas. Por que ele não vem aqui falar com você?
E outra menina chamada Guida que tinha raiva dele dizia enraivecida e sorrindo:
- É porque ele só tem coragem pra falar essas coisas assim. Ele quer mostrar algo que não tem coragem pra fazer.
Num certo dia, andando na rua, Misha viu uma coisa que considerou incrível, Misha viu uma mulher que disse a sua amiga que estava chorando lhe suplicando um favor:
- Pode deixar que eu falo com ele. Não vou te decepcionar.
Então enquanto Misha andava ia olhando a mulher que foi avançando até um homem na esquina e disse à ele:
- Olha vá embora logo antes que ela se aborreça com você!
Ouvindo isso o homem saiu com preocupação. Então na mesma hora Misha se descaiu de sua paz e pondo a mão no rosto, começou a praguejar e a dizer:
- Desgraçada! Maldita! Foi isso que ela fez contra mim com Jasha!
Misha teve uma lembrança em que ele viu Náfis abraçada ao pescoço de Jasha, da irmã de Jasha, e de sua prima falando coisas à elas com os olhos arregalados. Então Misha disse:
- Acabou com a minha vida e tirou a moça de mim!
E no cumulo da revolta Misha disse:
- Jasha tem que saber disso senão eu vou perdê-la de novo!
A situação das cartas chegou ao conhecimento de uma das assistentes da tutora Delana, e ela enchendo-se de interesse no caso, disse:
- Me dê as cartas para que eu as leia.
E tendo lido ela as cartas começou a procurar defeitos nelas até que não tendo encontrado e sentindo raiva, ela marcou com uma pena todos os erros que inventou. Reuniu todas as moças do orfanato e disse:
- Vê como é tolo esse jovem? Ele diz que Deus expulsaria os maus daqui, mas vê, estamos todos aqui. E quem está fora? Vê também: Ele diz que tínhamos ódio dele, mas quem está agindo com ira de nós como ele mesmo diz que estava irado conosco?
Então as moças com um semblante mesquinho sorriram tentando dissimular a verdade, e Náfis disse:
- Sim pessoal! Os espíritos malignos que tiram a paz das pessoas buscam pessoas como Misha pra usar contra os justos, porque pessoas assim são fracas. A gente tem de ter pena dessas pessoas. Vocês sabem o que eu falava com vocês a respeito de Misha não é? Então!
Então Náfis dirigindo-se à Jasha com os olhos bem abertos e um semblante dissimulado e enfático disse:
- Jasha esquece isso menina! Deixa isso pra lá! Ele tá denodo querendo afastar você do caminho.
A auxiliar da tutora Delana ensinava a todos como procurar defeitos nas cartas de Misha. Ela presenteava a cada um deles com aquilo que Misha sonhava e anunciava que teria, e davam a Jasha tudo o que ele, por Davi, prometia à ela. Todas as coisas que eles por anos privaram Misha de ter possuir entre eles, e aquilo que eles ambicionavam alcançar, ela concedeu aos novos e aos antigos do grupo. Até mesmo aquilo que por avareza os tutores jamais dariam à eles. Eles deram preeminência e serviços à eles para comprá-los na intenção de humilhar à Misha e abafar suas palavras, porque pela intromissão deles mesmos se tornou pública e ofensiva as palavras de Misha contra os maiorais da corte.
A auxiliar da tutora atribua aos que odiavam a Misha as qualidades que ele tinha. As canções que consolavam os tristes eram cantadas contra Misha para humilhá-lo, para tentar fazer firme uma imagem de derrota sobre Misha por verem que ele estava começando a vencer na vida sem a opressão deles. Também se louvavam com muitas canções de arrogância e orgia. Criaram uma imagem de Misha como de um conspirador que em breve seria derrotado por eles, cantando a vitória para eles. Estavam com o coração cheio de inveja e de vaidade, porque Misha era apenas um jovem. Faziam-se agora de vítimas, e era grande a falsidade e o ardil para inverterem a situação contra Misha. Diziam que Misha tentava mostrar-se melhor que os outros, e que ele falava contra ele mesmo e a favor deles sem perceber, porque eram cínicos e manipuladores. Eles que estigmatizaram a Misha como uma pessoa ímpia, agora blasfemavam contra a verdade e zombavam dele grandemente em todo o orfanato, e agindo com emulação fingiam serem boas pessoas difamando a Misha em todo aquele lugar, porque as palavras de Misha foram justas e revelavam todas as suas maldades.
Misha vendeu as frutas que havia roubado, ficou com fome e comprou papel novo para escrever à Jasha. Fez lindas cartas à Jasha, e todas elas tinham agora uma bela letra e um papel novo.
Eles zombavam das cartas, dizendo:
- Essa carta não tá amassada não né?
E outro invejoso zombava dizendo:
- Não tem nenhuma sujeira aí não? HAHAHA.
Misha enviou a sexta carta que dizia:
"...Jasha, cuidado com Náfis..."
Ao lerem isso, estando todos juntos a zombar das cartas, se espantaram. Outros se escandalizaram, e outros zombando diziam:
- Ele é louco!
Falavam isso porque viam Náfis como uma moça nobre. E prosseguiram lendo a carta, que dizia:
"...Jasha Deus vai castigar Solan pelo que ele me fez...Náfis e as garotas que gostavam de mim vão ser castigadas por Deus...Eles já foram rebaixados por Deus..."
Então os olhos de Náfis se arregalaram ao ouvir isso, e ela ficou pasma e vermelha, porque ali ela soube que Misha descobriu o que estava em seu coração.
Misha na sua ingenuidade revelava as intenções deles, porque por anos sofreu diante deles. Então Jasha se virou para Náfis sem perceber que ela estava vermelha e envergonhada, e desdenhando disse:
- Olha só!
Então Náfis sem graça imediatamente se prostrou no chão fingindo que estava chorando e disse:
- Que absurdo! Que absurdo!
E Jasha consolava ela e dizia:
- Náfis, não deixe isso entrar no teu coração!
Mas Náfis saiu correndo fingindo estar magoada, porque Misha era amigo dela e ela fingia ser amiga de Misha. Ao mesmo tempo que todos sabiam que ela o odiava, ao mesmo tempo sabiam que ela gostava ele, por isso tiveram por pretexto o tratar Misha como um traidor.
Eles prosseguiram lendo a carta e o rosto de muitos se avermelhou, uns se iraram e outros com se envergonharam: Aqueles que por anos humilharam Misha.
Solan disfarçava suas intenções tentando falar bem de Misha com palavras de subestimação, porque à todos foi uma surpresa que ele percebesse suas más intenções com tanta precisão. Solan subestimava a Misha para dissimular que ele sabia muito bem o que Misha dizia. Solan dizia:
- Misha é um jovem com problemas pessoais e ele acha que todos estão contra ele. Essas pessoas assim se magoam fácil e pensam que as pessoas as odeiam.
Dizia Solan essas coisas com hipocrisia, mas olhando para o lado viu o rosto de uma das amigas de Jasha: Guida. Uma das que mais o odiava, vermelho de vergonha e com ódio, então Solan emudeceu. E olhando para os outros viu que alguns se irritavam e outros saíam de perto com os olhos arregalados ficando em silêncio.
Jasha reuniu a todos para orarem contra Misha, porque ela pensava que Misha exagerava acerca de muitas coisas, porque ela vivia bem no meio deles. Mas ela bem sabia quantas vezes o humilharam.
Quanto mais Jasha descobria a verdade sobre essa situação mais ela odiava a Misha e ignorava tudo, porque ela era uma pessoa medíocre e irresponsável como todos aqueles. Então não conseguindo manter firme as mentiras contra Misha, ela tinha que odiá-lo usando qualquer motivo para mantê-lo longe dela. E como Jasha estava sendo beneficiada nos mesmos interesses deles, ela desejava vingar-se de todas as palavras dele num encontro com Misha.
Jasha que era uma moça inquieta e maldosa, deixando agora a timidez e a prudência da sua mocidade, estava tornando-se uma moça mal intencionada, atrevida, e de ânimo mentiroso.
Nesta mesma sexta carta Misha falou sobre as pessoas que ostentam poder sobre os outros e falam com insolência fingindo servirem à Deus. Misha referiu o fato de que perdeu e abriu mão de muitas coisas, enquanto mesmo assim todos o acusavam de ter algo para si estimulando-o sempre a deixar tudo, quando na verdade eles tinham tudo e não tiveram que abrir mão de quase nada.
Jasha e o orfanato conspiram contra Misha
Jasha que já estava com raiva de Misha por ele dizer que sabia que ela gostava dele desejava muito provocar ciúmes nele para humilhá-lo, porque muitas vezes antes ela tentou se aproximar dele, mas Misha não a correspondia por causa do que os outros diziam e das atitudes dela contra ele: Ele não sabia de nada que aquelas pessoas tramavam contra ele. Jasha deduzia que ele a desprezava, porque eram tímidos e todos falavam contra Misha. Ela estava se ensoberbecendo e se tornando vaidosa, e já havia lançado muitos discursos contra ele durante aquele tempo.
Ela dizia:
- Muitas pessoas não levam à serio as coisas e por isso se corrompem com pecados. Misha está tentando comprar-me com dinheiro fácil e com poder humano.
Jasha falava essas coisas sem se dispor a compreender as dificuldades dos outros, mas apoiava os lideres como se fossem vítimas. Jasha agia como se Deus fosse com eles e estivesse lhes presenteando com bênçãos e promessas, porque os líderes os estavam comprando com interesses.
Vendo Jasha que as palavras de Misha sem intenção ofendiam a ela, ela muito mais o odiou. E odiou o fato de Misha ter falado que havia ali garotas que o odiavam por ele gostar dela.
No dia que Divas descobriu que Misha amava Jasha começou a odiá-lo, porque Jasha pensava que poderia namorar com Divas, mas ao ler as cartas de Misha ela começou a inclinar-se intencionalmente para um outro rapaz que o orfanato indicava para ela na intenção de fazer uma emulação contra Misha.
O traidor chamado: Divas já estava se alargando a falar mal de Misha fingindo ser ainda seu amigo para que tivesse vantagem para fazer mal à Misha, e todos sabiam disso.
Jasha orava contra Misha e torcia para que fosse envergonhado vendo as coisas que eles receberam em sua ausência, porque foram promovidos. Por isso desejavam chamá-lo de volta procurando-o algumas vezes pela rua dizendo:
- Deve estar aí pela rua. Já fugiu daqui outras vezes pra ficar vadiando pela rua.
A prima de Jasha, Milandra, querendo promover-se, foi paparicar a tutora dizendo:
- Tutora, não se preocupe! Não concordamos com as palavras desse Misha.
A tutora Delana nada respondia, mas guardava em seu coração uma grande chateação por causa das palavras de Misha, porque o assunto envolvida o seu trabalho e ela não diligenciava em observar o que acontecia ali. Ela sabia como as coisas funcionavam entre eles e era complacente a tudo isso.
Milandra promovia discursos contra Misha com o intuito de difama-lo e separá-lo de Jasha, e ainda promoveu-se no grupo. Ela dava conselhos à Jasha baseados em suas mentiras para abafar e diminuir a imagem de Misha perante Jasha.
Tão espantoso foi esse período em que Misha mandava cartas à Jasha que aconteceram grandes sinais que eram percebidos pelos líderes da cidade, até mesmo pelo filho do rei dos Filisteus. Pois quando Misha disse: “...Muitos serão castigados...”, no mesmo dia uma grande derrota vinha aos seus exércitos causando grande espanto que eles que tentavam abafar.
O orfanato foi empossado por outro grupo da parte do rei dos filisteus. Os que estavam no comando do orfanato não estavam mais, mas eles receberam privilégios que antes não tinham e outras funções. Isso porque todas as palavras de Misha chegaram a ser conhecidas e até lidas pelo comandante marido de Delana. Tão grande foi o comentário que promoveram uma difamação do jovem Misha.
O sétimo dia
No sétimo dia Misha mandou duas cartas, e elas tinham uma letra linda. Jasha pegava as cartas com desprezo e dava nas mãos das garotas do orfanato para zombarem delas. Jasha se ostentava em seu caminhar e cantava no novo grupo do orfanato.
Nesse mesmo dia Misha foi lá para falar com Jasha. O porteiro abriu a porta com desprezo. E entrando Misha viu o rosto de alguns com raiva, outros com deboche, mas o rosto de Misha era puro e tranquilo. Ele andava calmamente olhando como as coisas mudaram sem nem se importar com o que pensavam dele. Misha não tinha mais medo daquelas pessoas.
As moças estavam dançando com tamborins ensaiando uma música quando Misha passou por ali. Ele olhou procurando Jasha enquanto passava. Jasha estava dançando com as moças. Misha a viu enquanto caminhava, e como se não tivesse notado, foi ao tanque, lavou o rosto, voltou, e se sentou a observar o que elas faziam. Jasha com deboche ria-se com sua irmã. As outras moças, porém, sabendo do mal que lhe fizeram por causa dela, encheram-se de vergonha e de medo ao verem-no, porque disseram, neste mesmo dia, que ele não teria coragem de ir lá pessoalmente, e também porque souberam que Misha sabia de tudo que eles faziam contra ele por hipocrisia. Então de longe Náfis o olhou Misha com ódio e desprezo, e deu ordem para que as moças parassem de dançar. Misha tinha sentado num canto como costumava fazer antes. Vendo o rosto fechado de Náfis contra ele, Misha pensou consigo:
- É muito cínica! Ainda está com raiva de mim!
Misha aproximando-se tomou lugar mais perto dela olhando profundamente nos olhos de Náfis, então ela começou a dissimular e a fingir-se pacifica dizendo às moças:
- Bom, vamos encerrar essa atividade com uma oração à Deus.
Enquanto todas as moças saíam, uma atrás da outra, Misha estava sentado esperando a hora de falar com Jasha, mas Jasha passando por Misha se antecipou e lhe disse com deboche:
- Eu quero falar com você depois!
- Ok. (Reponde Misha)
Jasha trocou de roupa e veio por trás de Misha demonstrando pressa, e com um ligeiro deboche disse:
- Eu quero falar com você.
- Que bom! (Disse Misha com um rosto pacífico)
Ao que Jasha logo olhou com desgosto e séria. Então Jasha se retirou em outro lugar reunindo as moças escondida de Misha para orar e proferir pragas contra Misha, pois aquele era o grande momento para que eles se vingassem. Então Jasha vindo por trás de Misha denovo, disse com um tom de pressa:
- Eu estou pronta. Eu tenho um tempo agora.
Então Misha rapidamente se levantou, e foi sentar-se com ela pra conversar. Conhecendo Misha os maus pensamentos daquelas pessoas, pensou consigo mesmo:
- Se eu levar ela pra um canto vão dizer que eu tô assediando ela. Se eu falar com ela à vista de todos vão dizer que eu tô fazendo isso pra me exibir por estar falando com ela.
Então Misha optou por falar com ela à vista de todos pra que todos vissem que ele não tinha nada a esconder. Porque diziam que Misha não era um rapaz correto. Todos do orfanato que estavam ali estavam observando eles de longe fingindo ocuparem-se com outras coisas. E antes que Jasha falasse qualquer coisa Misha disse:
- Olha, não tem problema se você não gosta de mim, deixa eu te conquistar!
Ele disse isso porque não queria que ela sentisse seu orgulho feminino ferido, pois ele sabia que ela gostava dele antes. E queria que ela entendesse que ele a amava independente de qualquer coisa.
- Haa bom! (Disse Jasha com prepotência)
Misha estava começando a aprender sobre as pessoas. Misha era mui ingênuo, mas estava revestido de um espírito de conhecimento que nunca teve antes. Ele podia saber todas as coisas antes de lidar com uma situação, podia ser mestre em tudo. Ele podia falar sobre a justiça de Deus, porque Deus era com ele. Não havia em Misha o medo de ser apanhado contra a verdade. Deus havia colocado em seu coração que não se entregasse a estar próximo daquelas pessoas, pois eram ardilosos. Sendo assim, esse era o aviso de Deus para Misha:
- Não deixe que eles te conduzam, pois manipularão a verdade, te censurarão, e dirão o que quiserem contra você como sempre fizeram por causa do poder humano que tem.
Jasha estava disposta a falar com palavras na ponta da língua e sua mente estava preparada com argumentos já prontos para enfrentá-lo. Ela estava atenta para ouvi-lo e por à provar todas as suas palavras.
Misha estava muito tranquilo, porque sabia que tinha todas as palavras sem ter se preparado. Então Jasha disse à Misha:
- Por que você gosta de mim se você não me conhece?
- Eu via você ali no grupo.
- Mas você nem me conhece!
- Eu gosto de você. Eu gosto da sua aparência. Você é tudo que eu quero.
Jasha virou o rosto pro lado encobrindo um sorriso, então Misha prosseguiu:
- Você não precisa fazer nada pra me conquistar. Agora eu quero te conhecer.
- Os homens olham muito pra aparência! (Disse Jasha com desdém e um sorriso interrompendo)
- Sim. Os homens gostam de aparência, mas eu gosto de você de verdade.
- Haa. Mas eu não quero pensar nisso agora.
- Mas eu só quero te conhecer. Eu só quero estar com você.
- Mas eu não sinto a mesma coisa por você.
- Mas é assim mesmo: A mulher não sente nada porque o homem precisa conquistar ela. Um homem precisa disso: De conquistar. É como Deus e a humanidade: As pessoas não acreditavam nele, porque ele é invisível, mas as pessoas podem conhecê-lo pela voz da consciência e saber o que está no coração dele.
Nessa hora Jasha fez uma cara debochada arrazoando o seguinte: “Ele quer me seduzir com aparências”.
Jasha o contradizia em seus pensamentos como bem queria. Tudo o que ele falasse que fosse bom, ela pensaria à favor de outro, e qualquer coisa que ele falasse que fosse mal, ela pensaria contra ele, porque o julgava mal, e seu coração lhe era contrário.
Então Misha apontando ao redor disse:
- Vê todas as maravilhas que Deus fez? E ele é invisível!
Quando ele disse isso Jasha ficou olhando pra ele com deboche pronta para o acusar. Eles pensavam que Misha era um feiticeiro, porque baseando-se em suas cartas viram coisas ruins acontecerem entre eles nesse tempo, porque Deus depôs o antigo líder, e alguns deles haviam perdido benefícios semelhante ao que ele tinha escrito sem saber do que acontecia ali. Jasha tentou fazer parecer besteira tudo que ele dizia, mas ela estava com ódio.
Durante anos fizeram Jasha sentir-se preterida através de fofocas, atribuindo todo esse mal à Misha. E Misha não imaginava que o coração de Jasha possuía a fragilidade do amor. Misha sempre foi um jovem tímido, julgado e apontado por todos. Assim Jasha só podia pensar dele o que seus amigos falavam pra ela, pois não temiam à Deus. Eram malignos e tinham inveja dele e dela, e falavam muitas coisas de Misha como se essas coisas viessem dele, e como se fossem verdade, e disso ele nada sabia.
Jasha era a moça que Misha amava com o coração. Misha sempre a viu como uma moça equilibrada e indiferente è ele, mas na verdade ela se sentia magoada e chateada por causa de tudo que faziam contra ele. Então ao mesmo tempo que Misha foi preparado para não ser magoado por ela, ela também se protegia no passado para não ser magoada por ele. Jasha era uma moça que tinha sentimentos, mas que se tornara muito orgulhosa e má.
Nesse momento Jasha disse à Misha:
- Mas eu tenho que sentir alguma coisa por você também!
- Sim, mas lembra que você disse que sua mãe não gostava do seu pai no início, e olha você aí você. (Disse Misha)
- Mas esse é um caso específico. (Disse Jasha)
- Mas pode ser assim com a gente. (Retornou Misha)
- ...
Misha deu à Jasha uma carta que Davi lhe escreveu dizendo:
- Leia essa carta que ele me escreveu.
Jasha pegou a carta sorrindo e guardou em sua bolsa com tanta arrogância como se fosse a carta dela. Ela estava curiosa para saber que coisas o homem chamado: Davi lhe escrevia sem saber de quem se tratava. Ela dava a impressão, pela curiosidade, que queria dar uma chance à Misha, mas ela estava fazendo um jogo de manipulação na intenção de humilhar Misha.
A alma de Jasha queria dar à si mesma uma chance de analisar a situação, porque era muito genuíno o amor de Misha e aceitá-lo não era difícil. À despeito de todos os julgamentos que ela fez dele, ela podia ver em seus olhos o carinho e o prazer que Misha tinha em conhecê-la. Por isso mesmo o coração de Jasha estava tomado de orgulho, e sua mente cheia de desconfiança. Ela sentia-se na verdade diminuída perante ele pelas coisas que ele falou.
Jasha disse:
- Eu quero falar das tuas cartas.
- Fale o que você achou! Eu quero saber. (Disse Misha interessado em ouvi-la)
- É que você escreveu umas coisas... (Disse Jasha sem jeito)
- Pode falar! (Disse Misha)
- ...Eu não gostei de algumas coisas que você escreveu.
- Pode falar. Eu quero saber! (Diz Misha)
- ...
- Eu sou muito ultrapassado? (Brinca Misha sorrindo)
- ...Não... (Diz Jasha tentado encobrir um sorriso)
- Muito sensível? (Fala Misha brincando)
- Não foi isso.
- Eu sou ousado também! (Diz Misha tentando se impor)
- Mas foi isso mesmo que eu não gostei. (Finaliza Jasha)
- Haa....sei.
Enquanto Misha falava com Jasha alguns jovens do orfanato estavam atrás dele olhando com deboche sabendo que Jasha armava-lhe uma cilada para humilhá-lo. Misha perdia a concentração com os olhares deles, mas estava muito feliz, porque pela primeira vez expressava-se com toda liberdade diante de Jasha. Ele estava muito tranquilo, então vendo isso, alguns deles faziam barulhos para tentar distraí-lo e atrapalhar. A própria Jasha ria-se dele percebendo que os outros torciam contra ele.
Jasha se ajeitou na cadeira demonstrando interessem em questionar Misha e disse:
- Eu quero fazer umas perguntas!
- Pode fazer! (Disse Misha curioso para ouvi-la)
- Como é aquele lance em que você conheceu alguém?
- Haa...Eu conheci um homem muito nobre vindo de outro país. Deus despertou em mim um sonho de mudar o coração das pessoas, e esse homem sonha o mesmo sonho que eu, e me falou de seu país. É um lugar onde eles buscam o Deus único, e possuem uma lei de justiça e de igualdade para todos diferente do nosso país. E eu quero te levar pra lá comigo.
Então Jasha o olhou com descrença, desdém, e deboche. E Misha prosseguiu:
- Imagine o milagre que é eu conhecer uma pessoa nobre de outro país que prometeu me levar daqui para ser seu amigo!
- ...Humm
Disse Jasha mexendo a cabeça com deboche pensando: “Deus está usando a boca dele pra me dizer algo”. Jasha se referia a alguma coisa que ela recebeu ou iria receber daquelas pessoas que a subornaram.
Então Misha continuou:
- Mas por enquanto ele é uma pessoa simples como qualquer outro, porque somente no tempo certo ele será elevado por Deus ao seu lugar.
Jasha não dava importância ao que ele falava, porque antes mesmo de tentar acreditar no que ele falava, ela já duvidava, então ela disse:
- Em qual escrito Deus tem falado com você pra eu confiar que você deve ficar comigo?
- Deus não tem me mostrado nenhum texto, mas Deus tem falado comigo de um plano entre você e eu para levarmos o bem ao mundo. É o que Deus tem falado comigo. (Respondeu Misha)
- Mas você tem que se basear em algum texto escrito. Eu tenho um texto que se uma pessoa o disser eu sei que essa foi a pessoa que Deus preparou pra mim. (Disse Jasha)
- Então se um rapaz disser à você qual é o seu texto você vai ficar com essa pessoa?
- É! (Disse Jasha com deboche)
- Mas isso só pode acontecer se Deus revelar. O importante é a pessoa ter como essência em sua vida o que o texto que você escolheu pra si diz, e você julgar. Qual é o texto?
- Não. Eu não vou revelar. (Disse Jasha risonha)
- Não pode dar uma dica?
- Não! (Diz Jasha com deboche)
Na verdade Jasha estava impondo sobre ele limites que jamais imporia à outra pessoa. Ela estava cobrando dele mais do que de qualquer outro, algo que ela mesma não praticava, algo que muitos ali fingiriam praticar para tê-la, e coisas que ela deixaria como exceção à qualquer pessoa que quisesse beneficiar. Ela estava sendo injusta com Misha.
Jasha disse:
- Eu quero que aconteça como um milagre, como nos inscritos que lemos. Uma mulher precisa gostar de um rapaz também.
- Com certeza! Mas o rapaz é quem conquista a moça.
Muitos sinais de Deus aconteceram antes que Misha aparecesse diante de Jasha, coisas que ele mesmo não imaginava. A intenção deles em buscar contradições nas coisas que ele fazia advinha por causa desses sinais que eram incríveis, por isso que chegaram a pensar que Misha era um bruxo ou que andava espionando a vida deles escondido.
Então Misha perguntou à Jasha:
- Quantas cartas você recebeu?
- Umas quatro. (Disse Jasha com deboche)
- Quatro? Eu mandei oito!
- Eu só recebi quatro! (Disse Jasha com deboche)
Misha estava tão interessado no coração de Jasha que se propôs a não se distrair nem se intimidar com a beleza dela. Misha tinha curiosidade à respeito dela. Misha era um grande fã de Jasha, inclusive com essas palavras ele se referiu à ela no que escrevia, mas ela não valorizava isso, porque agora muitos cães a lambiam contra Misha. Misha era a única pessoa que amava a Jasha sem nenhum interesse.
Misha disse:
- Viu o que aconteceu com aquele casal que te comentei numa das cartas?
- Não! (Diz Jasha)
- Aquele rapaz que gostava daquela moça e não confiavam nele? Eles se casaram!
- Eu fiquei sabendo disso. Por que você comentou sobre isso na carta? (Pergunta Jasha com neutralidade e desdém)
- Trata-se de um romance muito bonito.
Quando Misha disse isso, Jasha arregalou os olhos rapidamente, mas ficou quieta, porque ele disse algo que estava em seu coração. Então Misha prosseguiu:
- Ela era uma moça tímida e gostava de um rapaz que não era inteligente, e todos diziam q...
Na mesma hora Jasha arregalou os olhos outra vez, e nervosa disse:
- Tá! E daí?
- Ele conhece uma moça tímida e... (Diz Misha)
Mas Jasha interrompeu de novo com os olhos arregalados e histérica dizendo:
- Mas eu não sou tímida!
- Eu tô falando de mim também. (Respondeu Misha calmamente e espantado)
Então ela fechando o assunto disse:
- Tá! Mas eu não quero namorar! Eu não quero pensar em namoro. Eu quero fazer o meu serviço aqui. Eu só quero pensar no meu serviço.
- Eu também quero servir, mas eu só quero ficar perto de você e te ver.
Misha jamais teve uma oportunidade de ficar perto de Jasha. Então Jasha disse:
- Mas você é muito ciumento! (Disse Jasha)
- Não! Eu não sou ciumento não! (Disse Misha intrigado)
Eram as fofocas que faziam dele que vinham de Solan e de Divas usando até suas palavras pra distorcer o significado de seu coração. Mas Misha era a única pessoa capaz de amar Jasha, mesmo ela não ficando com ele. Ele viveu assim: Acreditando que ela não o amava e amando-a mesmo assim: Pensando que não tinha nenhuma chance de ficar com ela e rejeitando outras oportunidades pela sua fé e pelo seu amor verdadeiro.
Então Jasha disse:
- Eu atendo pessoas, e recebi uma oportunidade de cantar aqui: Não vou ter tempo pra dar atenção à você.
- Eu imaginava isso! (Diz Misha sorrindo e interrompendo)
Misha não tinha ciúmes do sucesso de Jasha, mas na verdade ele sabia que isso poderia separá-la dele, e era o que estava acontecendo. Misha não era nada para Jasha, apenas uma tentação: Um objeto que não precisava ser levado em consideração rumo à um sucesso pessoal maior. Tudo o que Misha queria era ser a pessoa com a missão de fazê-la chegar onde queria. Misha já estava percebendo que não tinha nem teria valor pra ela, então triste, mas com uma esperança ele disse:
- Eu não tenho nada à perder. Você já disse que não gosta de mim, mas eu quero tentar ficar com você.
Então Jasha debochou dizendo:
- Tudo bem.
Em algum momento da conversa Jasha manuseava um livro de sabedoria de um velho monge enquanto falava. Inclusive era nesse livro é que ela buscava argumentos contra ele, então Misha disse sorrindo:
- Que mão bonita!
- Olha, eu não gosto disso. (Repreendeu Jasha censurando-o)
- Tudo bem. (Disse Misha sorrindo)
Então Misha disse mais:
- Abre esse livro em qualquer parte!
- Por que? (Pergunta Jasha)
- Pra mim desvendar segredos. (Misha retornou)
Nesse momento Jasha via que Misha era uma pessoa mui meiga para com ela, e ela chegou a sentir pena dele, porque queria muito humilhá-lo, então ela abraçou o livro, suspirou e fez uma expressão facial que Misha achou engraçada, de alguém que sem paciência quer encerrar uma situação rapidamente, e pediu à Deus uma palavra abrindo o livro por sorte, e estava escrito assim: “Uma palavra educada desvia a ira, mas a palavra rígida incita uma revolta”. Então Jasha imediatamente disse:
- Tá vendo! Eu quero ser educada com você, mas você tá querendo me irritar!
Então Misha riu.
Misha estava sendo generoso com ela, mas ela estava muito interessada em zombar dele e lhe fazer mal. Ela agia como se ele estivesse irritando-a, porque era orgulhosa. Misha queria dar à ela toda a sua amizade ainda que ela dissesse que não queria ficar com ele, porque ela encontrou graça aos olhos de Misha. Misha era o melhor que qualquer pessoa poderia ser pra ela, mas ela o desprezava por causa de seu orgulho. Então vendo Misha que ela queria encerrar a conversa, Deus pôs em seu coração uma palavra:
- Um manjar envenenado! Em meio a músicas e comidas finas temos um veneno escondido que pode ser a falsidade, a mentira, ou a maldade: Pães açucarados, leite de cabras, amendoins, queijos, etc...
Dizia isso Misha ironizando as mesmas palavras de um dos amigos de Jasha, pois esse amigo de Jasha comparava as doutrinas dos sábios com comidas finas, e isso conseguiu irritar muito a Jasha ao ouvir isso. Na verdade foi o que mais a irritou naquele momento, porque ele falou disso também nas cartas, pois ela pensava que Misha falava assim desse amigo dela por inveja. Este, juntamente com Solan, discriminava e até desprezava a Misha. Esse jovem era um jovem esperto, e dinâmico com suas palavras e no seu procedimento, mas muito convencido e altivo com relação a si mesmo e completamente equivocado em relação ao que chamava de servir e pertencer à Deus.
Então Jasha disse:
- Como é que você inventa essas coisas? (Disse Jasha interrogando-o com ironia)
- É o dom de Deus. (Respondeu Misha calmamente)
Misha notava que ela estava admirada com a capacidade que ele tinha para discernir as coisas de Deus, mas ao mesmo desapontado, porque ela interpretava tudo como fruto de uma criatividade absurda. Na verdade Jasha era uma pessoa que só enxergava o que estava diante de seus olhos e não compreendia quem realmente era Deus.
Então Jasha sendo direta questionou Misha perguntando:
- Por que você veio aqui justamente hoje?
- Porque eu senti um desejo muito forte de falar com você e te ver!
- Glórias à Deus! (Disse Jasha sorrindo e se alegrando)
Ao ouvir isso, Misha já conhecendo o coração deles, se entristeceu, porque via que Jasha queria manipulá-lo com orações e discursos como faziam antes.
- Você orou pra eu vir? (Disse Misha com desgosto)
- Não é pra te ofender. É porque eu tava querendo falar com você sobre esse assunto. (Disse Jasha com deboche fingindo não querer ofendê-lo, pois Misha havia comentado sobre isso numa das cartas dizendo isso era prepotência em relação às outras pessoas)
Prosseguiu e com falsidade disse Jasha :
- Você vai participar com a gente hoje não é?
- Vou. Mas só hoje. (Disse Misha triste enquanto ela estava eufórica para humilhá-lo)
Na verdade Misha sentiu que o momento certo pra ir pessoalmente falar com Jasha era exatamente aquele dia. Ele estava com medo, mas o desejo de ver Jasha, falar com ela, e conhecê-la foi a única coisa que lhe deu forças para ousar tal ato em Deus. Porque ali, dentro daquele lugar, era ele contra todos, era Jasha e todos, e somente Misha e Deus.
Então de repente Misha na sua ingenuidade se alegrou perguntando:
- Cadê tua prima?
- Tá doente (Disse ela seríssima e rapidamente)
Misha não sabia que a prima de Jasha Milandra o odiava, porque ela gostava dele. Quando Jasha se inclinava para Misha, ela fingia ajudá-la a aproximar-se dele, quando, porém Jasha o odiava, esta por sua vez fingia proteger Jasha dele. Até que um dia vieram a dizer que Misha gostava de Milandra e não de Jasha, ao ponto da própria Jasha passar a vez para ela, mas porque Misha nunca podia imaginar isso uma vez que Milandra era mais nova que Jasha, Milandra guardou uma magoa maior de Misha do que a que Jasha tinha dele. Então Milandra atrapalhava Jasha e ainda fingia ajudar Misha em oração para que todos o vissem com desdém e como alguém. Assim Jasha tratava Misha como um criminoso.
Então disse Misha disse:
- Cadê o Eishi?
- Haa! Eu vi que você mandou uma carta pra ele! Olha, ele tava aqui, depois ele saiu, depois ele voltou, depois ele saiu de novo! Ele foi embora porque quis!
Encerrou Jasha com neutralidade e como quem tinha autoridade no grupo para justificar o que acontecia ali.
Misha ficou muito decepcionado com a maneira como ela disse isso mesmo sendo de uma pessoa que ela não conhecia, porque Eishi era um rapaz bom e pobre. Misha parecia querer dar a volta por cima de toda a antipatia de Jasha, então disse alegre outra vez.
- Posso te mostrar mais escritos meus? (Disse Misha eufórico)
- Sim... (Respondeu Jasha com deboche e com desprezo)
Havia pessoas por perto e Jasha fazia contato visual com essas pessoas desdenhando Misha enquanto ele se abaixava para pegar textos dentro de uma bolsa.
Jasha disse risonha e maliciosamente curiosa:
- Você só faz isso? Fica escrevendo?
- Por enquanto é só o que eu faço até partir com o mensageiro de Deus que me conheceu. É por isso que eu preciso da tua ajuda. (Disse Misha)
- Mas como é que eu vou te ajudar? (Respondeu Ela)
- Se eu te explicar você não vai entender. É momento difícil pra mim. É como se eu tivesse fome sem o que comer.
Jasha estava olhando-o fito nos olhos, e chegou a bufar quando ele disse isso o tendo por um pecador, porque Jasha se comportava como uma puritana hipócrita.
Então Misha estendeu a mão e quase tocou o ombro de Jasha lhe perguntando sua idade enquanto ela olhava bem sério sua mão e lhe respondeu de maneira seca sua idade. Então prosseguiu Misha dizendo:
- Eu tenho mais coisas pra te falar, mas isso eu vou te explicando fora do orfanato.
- Não! Eu não vou com você fora do orfanato!
- Eu tô falando aqui mesmo do lado de fora!
- Nãaao! Eu não conheço você! (Disse Jasha ironizando e com firmeza)
- Mas eu não vou roubar nada de você! (Disse Misha ironizando)
- Não. A gente vai conversando só até a saída quando você for embora.
- Tudo bem. (Disse Misha conformado)
- Eu não quero namorar. Há dois rapazes aqui que eu tenho observado...
- Dois? (Disse Misha interrompendo)
- Mas eu não gosto do jeito deles não. (Respondeu Jasha com desprezo)
- É porque talvez você esteja julgando o comportamento pelo caráter. Primeiro olhamos a aparência de alguém, depois a geee...
- Eu não concordo! (Disse Jasha interrompendo)
- Calma! Deixa eu falar!
- Mas eu não concordo com isso! (Insistiu Jasha)
- Mas você não deixa eu mostrar!
- Não, mas eu não concordo!
- Calma! Deixa eu falar! (Insistiu Misha e prosseguiu)
Então Jahsa se mancou, parou, e ficou em silêncio olhando, então ele mostrou que a aparência é o que se avalia primeiro, mas o caráter é o mais importante pra Deus.
- Talvez é porque você esteja confundindo personalidade com caráter. (Disse Misha)
- É, mas eu não tô preparada pra pensar nisso! (Jasha estava mentindo para Misha e queria diminuí-lo por ele gostar dela)
- Mas não tá preparada pra quê? Pra casar? Eu só quero te conhecer. Eu falei de casar com você, porque quero você de verdade. (Perguntou Misha)
Então Jasha disse:
- Haa, mas eu não quero namorar.
Quando já não sabia mais o que dizer Misha fez um gesto acariciando sua própria mão e pondo-a no rosto lembrando a Jasha o dia em que ela acariciou a mão de Misha quando ele chorava, porque ela sabia que ele chorava por causa dela. E passou na mente de Jasha também o dia em que Misha acariciou a mão de uma moça que chorava por causa dele antes de ela fazer o mesmo por ele por causa disso. Então Misha, brincando disse:
- Faz assim outra vez.
Mas Jasha o olhava muito séria enquanto Misha sorria. Ela ficou parada vendo que ele não deixava de gostar dela mesmo tendo o rejeitado. O coração de Jasha estava com ódio, então de repente ela levantou e saiu sem falar nada. Quando Jasha fez isso Misha sentiu vontade de chorar, mas segurou, levantou-se, e recolheu as estrelas que ela deixou cair no chão jogando-as no lixo.
Enquanto isso Jasha foi chamada por um dos jovens que havia prejudicado Misha, e ele disse:
- Pessoal, Jasha tem algo a falar.
O discurso de Jasha
Então Misha se assentou atrás de todos a ouvir o que ela falaria. Enquanto todos estavam assentados, Jasha estava de pé diante de todos com ironia e altivez simulando graciosidade. Então ela proferiu o seu discurso:
- Deus está conosco! Nós conhecemos a Deus. Tudo o que temos não veio de homens. Ainda que não sejamos tão retos diante de Deus ainda ele é conosco. Algumas pessoas se fazem imprestáveis diante de Deus, porque são preguiçosos, mas eu quero vencer na vida e trabalhar!
Jahsa falava isso, porque o líder Noisha, assim como eles, não deixavam Misha participar das atividades do orfanato, e eram eles mesmos que falavam que ele não queria participar com os outros. Prosseguia Jasha:
- A pessoa fica brincando na vida e nada constrói.
Ela disse isso, porque Misha apenas podia esperar uma oportunidade vivendo sem esperança e sem amigos.
- Há pessoa que gostam de fazer fofocas. (Continuou Jasha)
Nesse momento Misha poderia pensar que ela se referia à eles mesmos, mas Misha sabia que ela estava falando dele.
- A pessoa vive idolatrando um objeto qualquer. (Disse Jasha)
Ela disse isso porque Misha usava bem a espada que era seu único talento. Ela dizia essas coisas por inveja, porque queria destruir seus sonhos valorizando os dela.
- O nosso rei era o menor dos irmãos dele, enquanto que os irmãos dele eram fortes!
Parecia que Jahsa se referia à Misha, mas ela falava isso para confundi-lo, porque havia um outro rapaz, o qual Jasha planejava oferecer-se à ele, e Misha não sabia. Por causa da tão grande inveja que tinham, eles falavam de Misha como se fosse um gigante os desafiando. E prosseguiu Jasha:
- Meu pai serve ao Deus único. Com o Deus único eu encontrei a verdadeira alegria. Toda vez que eu vejo uma pessoa eu quero logo ajudar. Não sou mais uma pessoa tímida.
Todas essas coisas ela falava por hipocrisia. Ela queria dar a impressão que Misha estava contra seus pais, e mostrar que ela fazia tudo o que Misha fazia e melhor, porque o jovem Misha era bondoso e se colocava no coração das pessoas, coisas que eles não faziam.
Após sua timidez Jasha veio revelar com força a sua maldade mediante o apoio que ela recebia. Ela estava tentando magoar Misha de maneira covarde, abafando o valor que ele tinha diante de Deus e não satisfeita em ocupar sua própria posição, mas tentando encobrir Misha e mostrar-se melhor que ele. Jasha estava tomada de falsidade manipulando a situação como queria, mas diante de todos era uma moça notável por causa de sua expressão hipócrita.
Prosseguiu Jasha em seu discurso proferindo pequenas frases indiretas para ofender Misha diante de todos:
- Certas pessoas querem promover-se para os homens: Querem mostrar-se para os homens! Essas pessoas saem do cuidado de Deus porque querem. Noisha, nosso líder já falou pra gente que são pessoas que saem de debaixo da mão de Deus. Essas pessoas cometem sempre os mesmos pecados. Deus usa as palavras dessas pessoas contra elas mesmas. E Satanás às vezes trás até junto de nós justamente essas pessoas para nos tentar e nos afastar do caminho.
Quando Jasha disse isso o coração de Misha se despedaçou totalmente. Jasha via que se aproximava sua chance de tomar posse daquilo que ela queria destruir na vida de Misha mesmo sabendo que ele a amava e que aquelas pessoas que a bendiziam a fariam mal se precisassem.
Jasha atribuía contra Misha as coisas que fizeram contra ele, desvalorizando-o à larga boca. O coração dela estava cheio de ódio, mas ela sorria com docilidade e esbanjava prepotência e vaidade. Ela ria expressando uma face meiga e delicada de hipocrisia e perversidade em seus olhos.
Dava a impressão que Jasha incentivava a prática do bem, mas na verdade tudo era uma hipocrisia. Ela estava querendo impor sobre ele uma humilhação: A idéia perversa de submeter Misha à vê-los com facilidade praticar coisas que ele não conseguiria vivendo privações entre eles.
Jasha estava brincando de discursar: Ela estava misturando seus sentimentos infantis e medíocres à postura de querer mostrar que estava fazendo a diferença em sua geração quando na verdade era só mais uma de anos e anos.
Quando Jasha terminou de falar, Misha não sentiu-se envergonhado, pois era obvio que ela falava contra ela mesma. Misha tranquilo não entendia completamente que ela tentava mostrar-se talentosa contra ele. Sem saber Misha provocou o ego de muita gente.
Jasha saiu pelo orfanato desfilando, esvoaçando sua saia, sorrindo para humilhar Misha, e foi até seus amigos. Assentou-se com eles e conversava havendo ali muitos deboches e olhadelas para Misha que começava a perceber a falsidade deles, mas até esse momento ele não se importava.
Então Misha passeava distraído por aquele orfanato que ele havia deixado por alguns meses vendo algumas coisas diferentes. A tutora Delana estava assentada num local à sós com as líderes do orfanato conversando sem a cobertura do rosto. Misha andava e observava que ela estava sem o capuz sobre o rosto olhando-a por trás. Percebendo Delana que Misha andava atrás dela, ela que não o tinha visto entrar, nem sabia que ele estava ali, virou-se, então Misha viu o seu rosto, e era muito bela a mulher. Então Delana virando-se para suas amigas cobriu o rosto levantou-se, e saindo, passou por de Misha sem lhe dar confiança nem lhe dizer nada saindo pela porta com suas amigas lhe seguindo.
Delana sabia das coisas que Misha tinha falado das pessoas que lideravam aquele orfanato e guardava ressentimentos por essas coisas.
Divas e os rapazes que adulavam Jasha e tentavam mostrar-se felizes ao lado dela. Misha viu a assistente da tutora Delana dando-lhe maus conselhos quando ela fosse falar com ele outra vez. Vendo a assistente da tutora que Misha a olhava o seu rosto se avermelhou com deboche e ódio enquanto terminava de falar com Jasha, e saiu.
Enquanto Jasha parecia esperar alguém, Divas passou por Misha. Então Misha disse:
- Há quanto tempo?
Mas Divas dissimulando disse:
- É...Eu também estava preocupado com você.
- Tá tudo bem? (Perguntou Misha)
- Tá...(Responde Divas com fingimento)
Divas contava algumas coisas do orfanato para dar a impressão que depois que Misha saiu ele perdeu muitas coisas para causar inveja em Misha. Misha percebeu algo errado nele, mas não totalmente. Então terminando de falar com Misha, Divas se levantou e passando em frente a Jasha a saudou para ir para o seu quarto dizendo:
- Parabéns Jasha!
Mas Jasha com desprezo, e porque sabia que ele era falso e gostava dela, o saudou bem rapidamente.
Então Misha se aproximou de Jasha estando ela sozinha como que esperando alguém, e sentado perto dela disse:
- Eu vou embora. Você não acredita que eu sai daqui por causa deles não é?
- Pra mim Náfis é uma moça séria. (Respondeu Jasha)
- Jasha, não fala uma coisa dessas.
- É isso mesmo! (Disse Jasha)
- Falando isso você não tá só me ofendendo, mas a toda uma geração de pessoas que foi pisada por vocês.
- Ninguém fez mal à você. (Diz Jasha olhando para Misha e virando o rosto logo com deboche)
- Você via o que Solan e o líder fizeram comigo! Por isso que Deus os tirou daqui! Eu fui discriminado dos outros!
- Eu não gosto de você! (Diz Jasha)
- Tudo bem. Eu só queria conversar com você e te conhecer.
- Olhe eu estou esperando minha irmã, mas eu converso com você pelo caminho.
- Eu vou embora por hoje. Vem comigo até à porta pra que eu ainda fale algumas coisas com você.
Então Jasha com cinismo ainda se deixava usar por Misha, e foi caminhando com ele até à porta do orfanato.
Então enquanto caminhavam Misha disse:
- Eu me lembro de você em cada detalhe. Eu nunca odiei você, eu sempre te amei. Eu precisei esquecer você, porque eu sofria pensando que você não gostava de mim. Eu sei o que te magoou...
Então Jasha imediatamente arregalou os olhos e disse:
- Pára com isso Misha!
- Jasha! (Disse Misha)
- Pára Misha!
- Eu não vou falar nada ruim! (Disse Misha)
- Pára! Eu vou embora.
- Não, não vai. Solan falava mal de mim e Náfis.
- Mas nessa época eu não gostava de você (Diz Jasha debochando).
- Haa então quer dizer que antes você gostava? Se você me rejeitar eu vou embora daqui e não tenho nada pra fazer aqui, porque só você importa pra mim.
Então Jasha abriu um sorriso malicioso e seus olhos brilharam. Diante disso Misha começa a desanimar no seu ânimo e diz:
- Porque você me resiste tanto se você não gosta de mim?
Então ela arregalou os olhos e disse dissimulando com deboche:
- Eu não gosto de você!
Andando os dois até a saída do orfanato, andando Jasha um pouco à sua frente, Misha disse:
- Jasha, eu não estou sendo inconveniente com você. Eu posso ver nos teus olhos que você está tentando mostrar que eu estou fazendo algo ruim, quando eu não estou.
Então Jasha com nojo e deboche lhe diz:
- É! Você é um cavalheiro!
- Jasha, você não sabe o que é ser maltratado por alguém e ninguém saber disso se tratando de um líder ou de uma autoridade.
Jasha nada respondeu, e permaneceu com sua prepotência e deboche. Então Misha disse:
- Eu não sou melhor que você, mas eu te amo de verdade.
Então Jasha arregalou os olhos espantada, e virando-se para Misha, disse movendo as mãos:
- Eu não quero nada com você!
Então Misha sem saber o que responder disse em alta voz também:
- Você vai ver o que Deus vai fazer de mim!
- É eu te verei com sua esposa, bem casado. (Disse Jasha com deboche)
Quando chegaram próximo da porta Jasha com ironia cumprimentou sua mão dizendo:
- Volte outras vezes aqui, estaremos esperando você.
Na mesma hora, numa fração de segundos, quando ela tocou a mão de Misha, ele se inclinou e beijou sua mão.
Jasha ficou perplexa e de olhos arregalados, e retirando a mão continuou dizendo seriamente:
- É...Volte outras vezes...
E Jasha sem perceber lhe deu a mão outra vez para se despedir, ao que dessa vez Misha olhou sorrindo pra ela segurando sua mão, então ela imediatamente recolheu a mão, e saiu de olhos arregalados e perplexa com isso.
Então Misha ficou triste e saiu pelo portão andando lentamente.
Depois de ter caminhado uma longa jornada sendo esse o sétimo dia marcado para encontrar Davi, dizia Misha consigo andando:
- Um dia eu posso voltar e reencontrar essa moça depois que partir para a terra de Israel com Davi, e se eu a perder perdi.
Misha se sentou num canto da rua e feliz lembrava-se de Davi, de sua esperança, e dormiu para descansar do caminho. Dormindo Misha pressentiu e percebeu com mais sutileza a maldade que Jasha e os tutores do orfanato intentaram contra ele, então ele acordou tomado de ira.
Sendo esse mesmo dia, o dia para o encontro com Davi. Tendo já andado mais da metade do caminho para Gate, Misha atormenta-se, e consegue ver em cada palavra de Jasha, suas afrontas e desrespeito ao seu sofrimento.
Então Misha começou a amaldiçoar, e confuso decidiu voltar correndo até chegar ao orfanato para falar com a tutora Delana imaginando que ela se indignaria por saber das coisas ruins que fizeram com ele dentro do seu orfanato.
A segunda aparição de Misha
Misha bebeu de uma fonte no caminho e chorando disse:
- Desgraçada! Tava zombando de mim com aquelas pessoas! Eu sofri tanto!
Misha furtou frutas de um vendedor avarento no caminho, e olhando-o com desprezo, saiu enquanto o vendedor atendia com falsidade um cliente sem que este o visse. Então o avarento vendedor disse ao cliente:
- Eu tinha colocado algumas frutas aqui não é?
Sujo de poeira e suado por ter corrido chegou Misha até a porta do orfanato, e irado conseguiu entrar vendo o porteiro olhá-lo com nojo. Porque a porta ficava aberta e sabiam que Misha era dali, por isso não o deteram de entrar.
Misha entrou e sentado em algum lugar esperava a hora de falar com a tutora Delana pela primeira vez em sua vida para testemunhar as coisas ruins que aconteceram ali.
Misha era tímido assim como Jasha, mas por causa de Davi ele começava a entender aos seus próprios olhos que um jovem honesto.
Estando sentado, e em silêncio esperando, via que cada pessoa do orfanato que passava diante dele o desprezava. E porque eram os tutores e deveriam cuidar dos jovens ao invés de serem orgulhosos, Misha se irou por causa disso e se pôs a xingar a todos, e a ofender com gestos a cada um que passava, e começou a falar mal de Jasha em voz alta.
Jasha tinha sido escondida por eles atrás de uma porta, porque viram quando ele entrou. Assim Jasha ouvia as palavras de Misha quando ele gritava:
- Eu não quero mais você! Tá me ouvindo?
Então Jasha ouvindo isso, séria, tendo a sua perversa prima Milandra ao lado dela com os olhos arregalados brilhando de alegria, Milandra dizia:
- Vê Jasha? Eu não te falei que não gosta de você?
Então Jasha ficava em silêncio com o rosto sério ouvindo Misha dizer:
- Vai ficar com Solan! Sua maldita!
E Jasha se espantava com as ofensas dele, porque Misha no cúmulo de sua revolta reagiu após muitos anos diante daquelas pessoas.
A prima de Jasha, sua irmã, e suas amigas regozijavam-se dizendo:
- Viu? Ele não vale a pena? Você quase pensou que ele gostava de você!
Logo então passou por ali Delana, e vendo Misha falar essas coisas, ela disse duramente à ele:
- O que você quer?
Então Misha parando de praguejar aquelas pessoas disse:
- Quero falar com você. Vê o que acontece aqui? Essas pessoas falsas destruíram minha vida, e fizeram isso porque eu gostava daquela moça! Vê isso! Você é a tutora! Que isso não fique oculto, pois Deus não deixará isso impune!
A mulher Delana o ouvia friamente dando a impressão de atentar para o que ele falava, mas porque ele disse que o prejudicaram por causa da beleza de Jasha, e porque disse que agiu melhor que os outros vivendo fora do orfanato, ela muito se irou por sentir ofendido o seu trabalho no qual ela tinha prazer, e como sua aparência lhe rendeu privilégios, assim como Misha por suas qualidades era perseguido, naquele momento Delana lembrou-se que era infeliz com seu marido e sabendo que Misha gostava de Jasha contra as possibilidades estando Jasha acima dele, Delana muito se enfureceu, e seu rosto por trás da máscara era horrível e furioso.
Delana saiu de diante dele silenciosamente dando a impressão que iria atendê-lo, mas pouco tempo depois veio dois seguranças agarrando-o um em cada braço pondo-o pra fora sem falarem nada.
Misha estava se afastando da direção de Deus, porque de repente nada compensava em seu coração a perda de Jasha. Ele só precisa vê-la, ele só precisava tocar sua mão e dizer que a amava, mesmo que ainda outro rapaz estivesse com ela. Misha simplesmente a amava e não podia mudar isso, ele precisava da ajuda dela.
Então Misha disse à Deus sentado na rua:
- Senhor, Deus, eu me sinto triste por ter agido assim com Jasha. Eu gosto muito dela. Eu sonho que um dia quando eu voltar possa ainda encontrá-la, mas se ela estiver com outro rapaz eu vou esquece-la. Davi me ensinou que tu és o Deus criador do céu e da terra e tenho sentido que és verdadeiramente Deus, porque minha alma tem encontrado paz em ti. Com tuas informações tenho achado esperança. Ninguém me falou de tanta esperança. Acredito que tens ouvido a oração do meu silêncio, e posso acreditar que não tens permitido que eu me iluda. Eu quero voltar um dia e me encontrar com ela.
Falava Misha ainda quando veio algo como que um vento em sua mente, então ele pronunciou um nome: Solan. Na mesma hora Misha começou a desesperar-se, a chorar, e a imaginar que Jasha ficaria com Solan. Quis voltar e ver Jasha, mas teve medo de encontrá-la com outro rapaz. E passou a temer de novo as pessoas do orfanato por causa dela.
Por todo aquele dia esteve Misha buscando a resposta de Deus andando, falando sozinho, falando com Deus, suando frio e chorando desesperadamente, e perguntando à Deus:
- Senhor, ela está com ele? Guarde-a até eu reencontrá-la!
Misha soava frio e já não conseguia entender o que Deus lhe falava, e falava a mesma coisa.
- Senhor, ela ficará comigo quando eu voltar?
Um pressentimento consumia Misha: De que Jasha estava mesmo com Solan. E depois de repetir muitas vezes a mesma pergunta à Deus, de repente se encurvava no chão e chorava dizendo:
- Ela está com ele! Eu perdi ela!
Ele tentava se alegrar pensando alto:
- Talvez Deus seja comigo e eu não a tenha perdido! Talvez eu ainda a tenha quando voltar de Israel!
Misha se levantou e como ainda estava perto do orfanato foi lá outra vez.
A terceira aparição de Misha
Então quando Misha voltou ao orfanato, chegando na porteira, olhando de longe, viu um vulto de um rapaz com uma moça conversando de mãos dadas. A moça beijava o rosto do rapaz. Então Misha disse:
- Solan está com ela!
Era tão longe que Misha não podia saber, então ele disse:
- Será que é ela mesma?
Misha pôs a mão sobre o rosto, e perdendo as forças, se sentou no chão. Então ele gritou e começou a chorar.
Ele engatinhou pelo chão, e se levantando trôpego foi andando e chorando. E sentando-se no chão à beira do caminho, perto da porta do orfanato. Enquanto isso as imagens de Jasha e Solan ficavam o atormentando. E ele vê em sua mente Solan lhe dizendo:
- Essa moça não é pra você!
Misha também vê nos seus pensamentos Náfis cantando músicas e dançando para o humilhar.
Então Misha levanta-se e vai à porta do orfanato procurando por Jasha, mas o atendente da porta o trata com hostilidade dizendo:
- Não é hora de visita!
- Mas eu sou desse orfanato. (Reponde Misha)
- Não pode entrar.
- Deixa só eu falar com a moça. (Diz Misha)
- Com quem você quer falar?
- Com Jasha. (Diz Misha)
- Não pode falar com ela.
- ...Mas eu sou daí. (Diz Misha)
- Peraí, você é Misha?
- Sim, eu sou. (Diz Misha ansioso pensando que ía ser bem recebido)
Então o atendente da porta se pôs a debochar de Misha e chamando os que estavam perto dizia:
- Olha o poeta que estava gostando da menina!
E todos riam dele inclusive o líder Noisha que excluía ele das atividades do orfanato, por Misha não ter conseguido ficar com a moça. O líder Noisha havia sido promovido para uma outra posição, subornado pelos governantes do orfanato, como uma provocação aos escritos de Misha e para que o governo pudesse ter o controle sobre o que acontecia no orfanato, e havia um outro líder naquele orfanato.
Então Misha disse:
- Deixa eu ver a moça.
- Ela não está aqui. (Disseram eles)
- Ela está sim.
- Olha, vai embora que a gente não tem tempo a perder. (Disseram com deboche e desprezo)
- Mas eu só quero ver a moça. Eu preciso ver ela...
Misha começou a chorar e disse:
- Não importa se ela não gosta de mim. Deixa eu ver ela por favor. Eu preciso saber por que ela agiu daquele jeito comigo.
Misha estava completamente ingênuo à toda a maldade de Jasha. E estendendo a mão como se ela estivesse ali ele dizia:
- Jasha, eu preciso te ver. Eu só quero te ver.
Então o novo líder do orfanato viu ele ali e com indiferença disse:
- Você não disse que não queria ela? Eu ouvi você falando isso da outra vez!
- Como você sabe do que aconteceu se eu não comentei nada com você?
Então se riram uns com os outros, porque eram fofoqueiros e haviam sabido tudo através dela e dos invejosos amigos dela. Então Misha prosseguiu dizendo:
- Eu fiquei chateado porque ela me provocou a ira falando mentiras sobre mim!
E chorando Misha disse:
- Eu gosto muito dela. Jasha! Vem falar comigo!
Misha falava ao vento como se ela estivesse ali. Então outro homem interrompeu e disse:
- Olha, vai embora. A menina nem quer te ver. Eu vou te enviar esses dois rapazes pra te levarem no caminho. Divas! Chirú! Levem ele pelo caminho!
Então Misha retrucou:
- Mas se vocês me impedirem de falar com a moça ela pode ficar com outro e eu perder pra sempre a moça que eu amo.
- Não vai perder não, fica tranquilo! De repente ela nem gosta de você. HA HA.
Isto diziam, porque sabiam que deram Jasha pra outro rapaz. Então os dois jovens do orfanato, sendo um deles Divas, pelas costas dele, dizia:
- Vamos lá com a gente.
E não teve jeito, Misha teve que sair, e diziam os dois jovens:
- Pode deixar que a gente leva ele.
E chegando na metade do caminho Divas deu um soco no rosto de Misha que caiu no chão. E dando-lhe Divas um chute, Misha não tinha força alguma para reagir e ficou no chão. Até que o outro rindo, puxou Divas pra fora, e voltaram correndo.
Misha somente chorava, e dormiu chorando.
Misha sonhava que Jasha estava casando-se com Solan. O seu coração estava partido e nada comeu até à noite. Misha apenas dormia, e ficou outra vez dormindo na rua.
Pela madrugada Misha levantou-se com o coração sólido como uma pedra e saiu errante até chegar na aldeia do mais cruel treinador de soldados do rei; Zírian. O reino filisteu possuía vários desses homens espalhados pelo país. Eram mestres da arte da guerra que treinavam para essa nação os melhores soldados e os enviava ao rei.
Misha não sabia o que estava fazendo, o seu coração estava cheio de indignação, amargurado, e cego somente por causa de Jasha. Ele abandona o seu bom futuro tão próximo e se esquece de seu amigo Davi caminhando para a decisão mais tola de sua vida. O que seria isso? Ele mesmo não podia entender. Por que trocou a segurança de sua paz ao lado de Davi pela vida da guerra de uma hora pra outra?
Misha viu tudo se escurecer diante dele de uma maneira inesperada. Era madrugada quase manhã quando Misha viu o velho e rude mestre: Zírian forjando uma espada no celeiro. Então Misha disse à Zírian:
- Quero ser um guerreiro teu.
Então o homem se virou, pegou um papel, pôs sobre a mesa, e disse:
- Escreve teu nome.
Então antes que Misha terminasse de escrever, Zírian pegou uma chave e batendo com ela na mesa disse:
- Teu quarto é o 29. Se você quiser desistir suma daqui logo, porque aqui não é lugar de covarde. Daqui há duas horas começa os treinamentos.
E sem olhar para Misha voltou Zíria a forjar a espada.
Quando Misha foi ao quarto, deitando-se sobre a cama lhe veio os pensamentos de Davi, mas a sua esperança de que tudo daria certo parecia evaporar. Ele não conseguia mais se apegar aquilo. Já não planejava seguir com Davi. Ele só conseguia ver algum meio de lutar contra o que Jasha lhe fez. Jasha foi a única pessoa que conseguiu destruí-lo. Ela era mais forte do que ele.
Misha estava envolvido pelo propósito de dedicar-se à guerra para esquecer-se de toda a sua fraqueza provando à si mesmo que poderia ser tão agressivo como foi fraco e bom, destruindo a imagem de si mesmo, e se reconstruindo para uma vingança.
O treinamento
Naquela mesma manhã seria primeiro dia de treinamento de Misha. Zírian tocou o sino para que todos os guerreiros se levantassem para os treinamentos. Misha cochilava e se levantou assustado pondo-se ao lado dos fortes e ameaçadores guerreiros.
Foram todos comer e Misha se afligia ouvindo as conversas e as palavras daqueles homens enquanto comiam. E logo receberam a ordem para tirarem água de um poço, e foram todos correndo. Havia um tempo estabelecido para voltarem e Misha os seguiu sem saber o que fazer. Esse era o exercício da manhã, mas em menos da metade do caminho o jovem se desgastou andando vagarosamente, e não tendo mais forças para correr, os outros zombavam dele com risos e escárnios dizendo:
- Olha só aquele moleque que chegou hoje!
- Isso aí entra e depois sai. Não vai dar em nada. (Dizia outro)
- Vai levar um coro de Zírian antes de sair. HAHAHA. (Dizia mais um)
- Vai moçinha! Vai lá buscar água. (Dizia mais um deles)
Era somente o primeiro dia e Misha segurou-se no seu ânimo para que não chorasse.
Davi recebeu a oportunidade de proteger e se estabelecer numa cidade dos filisteus chamada: Ziclague, que ficava próxima da capital do rei. Como Davi combinou de esperar Misha após os 7 dias, ele esteve naquele dia na porta da cidade esperando Misha, mas Joabe chamou à Davi dizendo:
- Davi vem!
- O jovem Misha não veio. (Respondeu Davi)
- Deixa, colocaremos outra pessoa que o espere e nos dirá se o achou.
Então Davi se retirou triste seguindo Joabe e disse a um dos seus servos:
- Espera o jovem Misha aqui até à noite.
Como Misha não voltou, Davi enviou dois mensageiros que o buscassem no orfanato, mas todos não sabiam onde ele estava.
Após uma semana nos treinamentos de Zírian, estando Misha desesperado em seu ânimo, Misha pensou:
- Vou voltar à Davi na porta da cidade.
A mente de Misha vagou em como procurar Davi, então pensou no egoísmo daquele lugar.
- Nunca chegarei até o rei dos Filisteus para saber sobre Davi. (Pensava Misha)
Não haveria ninguém que o levasse. Misha sabia que mais fácil seria se conformar do que pedir ajuda a alguém daquele lugar. Misha tinha larga experiência na rejeição daquele povo. Ele estava aprendendo a sofrer e não reclamar. A sentir a dor e não demonstrar. Todos dos dias Misha sentia dor, e agora essa dor aumentou de uma maneira lancinante nos treinamentos de Zírian. Misha estava aprendendo a criar soluções onde não havia. Muitas soluções Misha criava para seus problemas e limitações, mas muitas delas davam errado. Sua vida foi acreditar, tentar, fracassar, sofrer, e tentar outra vez. Em tudo isso ele se tornava mais forte. Misha só recebia insultos, julgamentos, subestimações, e rejeição.
Ao ver uma porta aberta era automático Misha pensar que se alguém do seu povo era o porteiro, melhor seria saltar o muro ou então esperá-lo cair. O coração daquela gente era mais duro que uma rocha, e o seu orgulho era impenetrável. Deus estava ensinando Misha a acreditar no impossível.
Misha sempre buscou a oportunidade de ser útil ao seu povo e nunca lhe foi dada. Misha foi tentado a mostrar a si mesmo que podia ser alguma coisa, então no seu leito à noite lembrava as palavras dos que lhe odiavam:
- Vai fazer alguma coisa seu inútil!
Pressionavam Misha na falta de oportunidade induzindo-o a perder-se de seu progresso.
Esse foi o pensamento e preocupação de Misha naquela primeira semana de treinamento com Zírian: Encontrar Davi e sair dali desistindo de ser um guerreiro. Então no final da semana, que era sua folga, Misha foi andando até chegar na capital do rei de Gate, mas não havia ninguém ali. Misha percorreu a cidade e a ninguém viu, perguntou a quem passava sobre Davi e ninguém lhe respondia, nem sabiam.
Misha foi até a porta do rei e os guardas nada sabiam nem lhe informaram, então ele pensou que talvez Davi não teria conseguido o favor do rei. Misha não sabia que Davi estava em outra cidade, em Ziclague, e voltou com o coração mais vazio e desapontado por pensar que Davi partiu a Israel fracassando em seu propósito.
Alguma coisa fazia Misha conformar-se em continuar nos treinamentos de guerra esquecendo-se da jornada com Davi para Israel, e era Jasha.
O tempo
Passaram-se muitos dias e Misha nunca esqueceu-se de Davi: Lembrava dele todas as noites. O alvo de ser um guerreiro como Davi estava forte em seu coração, e sabia que se tivesse que procurá-lo, um dia o encontraria em Israel, porque acreditava na fidelidade de Deus para com seu servo.
Misha queria aprender a ser alguém por si mesmo para procurar Davi sendo já um homem com força e um propósito. Ele mesmo não imaginava que Davi o amou como amava a Jônatas, o melhor amigo que Davi já teve. A sua amizade não era pequena, pois Davi também pensava em Misha. Davi era um verdadeiro ungido de Deus.
As vezes Misha esquecia-se de Davi e esquecia-se do Senhor, e pensava em Jasha, e dizia consigo mesmo:
- Um dia eu vou tomar de volta essa moça e ela será minha, assim como a roubaram de mim. Eu posso fazê-la feliz e provar que a amo de verdade. Quando chegar a hora o Senhor vai me levar até ela.
Misha foi se acostumando com o ódio e com o desprezo dos outros guerreiros, com as humilhações, e com a voz rude do mestre Zírian. A repetição dessas desventuras foi criando um calo em Misha que o tornava mais forte.
Misha tornava-se um homem duro e rígido aos poucos. Foi desenvolvendo a coragem e a paciência. Sem esperança, consolava-se com a fé de que um dia seria um grande guerreiro e que Deus faria, no tempo certo, uma saída triunfal e uma exaltação à sua vida. Era o que sustentava Misha desde os dias do orfanato.
Por trás de um rosto duro, bem dentro do seu coração, ainda estava aquele jovem amável e sonhador do bem. Esse era Misha, um homem segundo o coração de Deus, adormecido e despertado.
Os guerreiros filisteus tinham uma vida farta. Na verdade Misha odiava ser um guerreiro. Parecia tolice, mas Misha não tinha outro lugar pra onde ir, não sabia fazer nada, sentia medo todos os dias. As vezes não conseguia dormir rolando em seu leito de um lado à outro, ou no banheiro de madrugada, abraçado com suas canelas, ele chorava como uma criança.
Ele tinha pesadelos constantes, vivia com sono, apanhava do mestre, era ameaçado pelos outros, e temia que Deus o entregasse à morte nas mãos daqueles homens todos os dias, por isso essa situação o forçava a orar ao seu Deus cada vez mais que o livrasse constantemente.
Constantemente Misha via falsidade, traição, e mentiras entre eles, foi um grande inferno. O mestre o intimidava como se tivesse poder sobre sua vida, e era grande humilhação. Em todo lugar havia egoísmo, mas Misha não tinha para onde ir. Se ele se saísse da escola de guerra passaria fome, e não encontraria ninguém que lhe ajudasse. Em nenhum lugar poderia encontrar ninguém, por isso ele tinha de fingir que tudo estava bem.
Misha acreditava que Deus poderia por um milagre pôr Davi diante dele naquele tempo, mas veio a saber depois que Davi foi levado à cidade de Ziclague, onde a lei era que todos os jovens de sua idade eram forçados à guerra, pois ali era obrigatório o serviço militar. Assim Misha preferiu não ir para Ziclague, pois não sabia quanto tempo Davi poderia permanecer ali, e se Misha fosse para Zilague, poderia ser separado de Davi e obrigado a servir em piores condições sem poder desertar.
Misha teve que aceitar tudo o que acontecia e vinha contra ele, orando à Deus constantemente com lágrimas, vendo Deus mudar aos poucos as coisas debaixo de muita tristeza. Ele via Deus o proteger e o livrar em cada situação de perigo.
Todos falavam bem do rude mestre Zírian. Todos eram amigos dele, não havia ninguém com quem Misha pudesse falar ou reclamar maus tratos ou injustiças deles. Tiravam-lhe a comida, sujavam o que ele já tinha limpado, quebravam algo para acusar-lhe, e quem o ouvisse falar, ou o teria por um covarde, ou ele mesmo correria perigo de perecer em suas mãos. Então Misha tinha que calar-se e aceitar tudo.
7 ANOS DEPOIS...
Acorda Misha pela madrugada e vai lavar o rosto no quintal tendo uma chave de cadeado acorrentada ao seu pulso mão por uma argola de aço. Depois, tomando suas roupas numa bolsa, ele vem por trás, na garagem das armas, onde Zírian está forjando uma espada. Zírian pressente sua presença e sem mudar seu procedimento movimentando-se, martelando uma espada, diz:
- Misha! Por que você está acordado tão cedo?
E pondo Misha a chave de seu quarto sobre a mesa diz à Zírian:
- Hoje eu vou embora!
Então logo se virá Zírian dizendo:
- Embora pra onde?
- Não sei, mas vou embora pra sempre.
- Não! Semana que vem o rei vai te receber como soldado. Ele agradou-se muito de você.
- Eu não quero mais ser um soldado do rei.
- Como assim não quer ser um soldado do rei? Eu treinei você por todo esse tempo! (Diz Zírian ardendo em ira)
- Eu tenho o dinheiro que o rei vai te dar por mim. Eu pago pela minha saída. Deixa eu sair que eu volto à você com o teu dinheiro.
- Não é só dinheiro, seu abusado! Eu perdi tempo com você. Eu poderia acabar com você agora mesmo seu covarde! Agora eu sei que você é um covarde e não tem coragem pra lutar. (Diz Zírian debochando ao ver que Misha lhe pagaria o que o rei lhe pagaria por lhe dar um soldado)
- Seu miserável! Você só quer o seu dinheiro sujo. Tem visto como os príncipes do rei pisam em cima do nosso povo, e que povo orgulhoso reina sobre essa terra, e ainda me obriga a prestar serviço ao rei como se eu te devesse alguma coisa. O rei te favorece e não te falta nada. Se eu dependesse mesmo de você eu não teria nada. Você mesmo disse várias vezes que eu desistiria. Você me viu várias vezes ser roubado por esses animais que você cultiva aqui e nunca me defendeu. Não são heróis do nosso povo coisa nenhuma! Você não perdeu nada. Não ocupei seu tempo. Não ganhei nada senão construindo pra mim mesmo o que hoje posso levar daqui, senão não teria nada. Deus viu que eu poderia sair daqui sem nada e me preparou algo pra levar, e você ganha o seu salário pra fazer o que gosta: Que é manipular as pessoas. Cala a sua boca enquanto eu vou embora e volto com seu dinheiro, e te darei mais pelo que não te devo. (Diz isso Misha andando de costas pra ele)
Então Zírian, ardendo em ira, e vendo Misha saindo, indo aos quartos, chama dois soldados para que conspirem contra ele quando voltasse.
Misha segue um caminho de cerca de 700 passos, e mergulhando nas águas de uma cachoeira, abre um cofre de ferro pesado que jogou no fundo das águas onde ele depositava todo dinheiro que ganhava. E abrindo o cadeado com a chave de seu pulso retira todas as moedas ajuntando-as numa trouxa de pano.
Depois de voltar os 700 passos, Misha vai se aproximando para entregar o dinheiro a Zírian quando de longe os dois guerreiros o esperam para matá-lo. De longe eles arrazoam o mal contra Misha debochando, mas Misha olhando de longe e pressentindo o mal, deixa as moedas no chão diante dos dois, e vai indo dali de costas pra eles. Então Zírian diz para que os homens sigam atrás de Misha. E chegando eles mais perto de Misha, Misha segura sua espada na bainha com os olhos apreensivos e o ouvido atento enquanto eles diziam por trás dele se entreolhando com deboche:
- Já vai embora Misha? A gente quer conversar com você.
Misha se vira pra eles com o olhar parado, com a espada retirada da bainhada, e esperando que os dois se aproximem e venham atacá-lo. Os dois vendo isso se enchem de ódio e ficam parados. Nesse mesmo instante veio o Espírito de Deus sobre Misha como uma fera selvagem partiu contra o primeiro num golpe ameaçador que passou muito perto, e virou-se contra o segundo atacando, num mesmo movimento, que também passou por pouco. Ambos recuaram intimidados, porque ali mesmo pressentiram que morreriam nas mãos de Misha, e ficaram espantados. Então Misha recua lentamente de frente pra eles e vai saindo. E os dois valentões, que aborreceram Misha muitas vezes, o deixam ir. Vendo eles que Misha se foi, e virou as costas, quiseram ir atacá-lo ainda por trás, mas temeram e voltando à Zírian este lhes perguntou:
- Pegaram ele?
- Ele correu e fugiu (Disseram)
- Eu vou mandar vocês ao rei e vocês deixam um rato fracassado como aquele fugir!
Vai embora Misha com um rosto frio e sério levando numa bolsa muito dinheiro que ajuntou por muito tempo prestando serviços extras. Dinheiro que adquiriu cortando lenha, tirando água nas horas vagas depois dos treinos, e coisas como essas. Coisas que ele aprendeu a fazer nas horas vagas com a esperança de ajuntar dinheiro para sua partida. Por isso Misha não teve nenhum trabalho por tão penoso, porque sua ânsia era ajuntar dinheiro para sua partida e seu futuro.
Então cenas de seus trabalhos lhe vem à mente: Quando cansado carregava lenha, e mesmo depois de ter treinado na escola de guerra ele saia sonolento para vigiar uma casa pela madrugada no dia de folga. Também se recorda de um momento em que, trabalhando rápido limpando um celeiro inteiro por dinheiro carregava a lenha com uma rapidez notável, e o patrão que o contratava por um dia de serviço aproveitava para o explorar vendo que Misha fazia tudo muito bem.
Misha foi até o orfanato onde esteve há 7 anos atrás, pois por todo esse tempo ele não passava por ali. Muito tempo na escola de guerra e Misha não sabia nada do que acontecia fora senão poucas informações. E por muito tempo, por causa de Jasha, ele se perguntava: “Com quem Jasha se casou?”.
E andando Misha pelas ruas, viu coisas diferentes: As velhas casas que agora eram comércios e fábricas. E também vê pobreza onde era riqueza, mas chegando ao orfanato já não existia mais: Havia outra coisa no lugar. Então ele pergunta à alguém o que aconteceu com o orfanato, mas este não lhe responde, e à uma segunda pessoa, e também nada lhe diziam, porque era muito mal educada aquela gente, e viviam apressados cada um com seus interesses.
Então Misha pensou em onde ir e se informar sobre o orfanato, e entrou num dos restaurantes. Logo veio uma mulher a atendê-lo falsamente e educadamente. Misha perguntou:
- O que houve com aquele antigo orfanato?
- Há quatro anos ele não existe mais. Vai comer senhor?
- Pode me ajudar a encontrar as pessoas dali? (Diz Misha)
- O senhor vai comer aqui?
- Se você me disser onde está alguém que trabalhou nesse orfanato. (Responde Misha)
Então a atendente se desconcerta preocupada se ele vai ficar ali mesmo pra comer e diz:
- Olhe eu conheço um homem que pode te informar: Que é o soldado Pétriz que vem aqui sempre, mas se você quer encontrar pessoas do antigo orfanato elas estão na jurisdição que é governada por Juliche em outra cidade.
- Como assim? (Pergunta Misha)
- Todas as pessoas desse vilarejo foram deportados para uma das três sedes do rei. Eu acredito que os daqui foram para a sede de Juliche.
Então Misha fica pensativo, enquanto a atendente o apressa dizendo:
- O que vamos comer?
- Pra que lado é esse lugar? (Pergunta Misha)
- Pra lá. Bem no final. (Responde a atendente à Misha)
Então se levanta Misha, e a atendente do restaurante pergunta à Misha:
- Não vai comer senhor?
- Não obrigado.
Então a mulher se enche de ira e começa a praguejar.
E sai Misha longo caminho por um lugar deserto, havendo no fim uma pequena cidade com seus muros.
Então chegando Misha até as portas da cidade, havia guardas somente do lado de dentro vigiando. Misha foi entrando sem que ninguém lhe barrasse e achou estranho que podia entrar, então ele viu que as pessoas vestiam roupas velhas, alguns andavam de um lado para o outro sem fazerem nada, e eram pessoas ociosas. Era um lugar grande pobre e feio, então Misha foi até uma mulher que estava sentada e perguntou:
- Porque estão essas pessoas contidas nessa cidade?
Então ela com os olhos alegres lhe respondeu com muita educação e disse:
- Você veio nos tirar daqui?
- Não. O que vocês fazem aqui?
Então a mulher começou a chorar e disse:
- Moço acode a gente porque nos jogaram aqui nessa cidade e não podemos nunca sair. Tira-nos daqui! Roga por nós lá fora pra sairmos daqui!
Então Misha aflito e com lágrimas nos olhos disse:
- Não posso fazer nada! Eu vim aqui procurando uma moça chamada: Jasha.
- Por que você procura Jasha? (Então Misha fica espantado pelo fato da mulher referir o nome de Jasha)
- Onde está ela?
- Está ali.
Quando Misha olhou estava logo ali ao longe a moça Jasha, estava cercada de meninas com ela que mexiam em seus cabelos. Então as mãos baixas de Misha começaram a tremer, e uma gota de suor escorria de sua testa. Enquanto isso a mulher lhe falava pedindo ajuda e Misha não conseguia ouvir distraído vendo Jasha. Quando seus ouvidos se abriram ele ouviu a mulher dizer:
- Você pode agir lá fora pra nos tirar daqui pedindo a alguém para nos comprar, pois daqui nenhum de nós pode sair.
Então Misha olhando ainda pra Jasha de longe, diz friamente a mulher:
- Olhe moça, depois eu falo contigo. Eu preciso resolver um assunto antes...
E foi até a moça Jasha e ficando em pé diante dela disse com um rosto fechado:
- Onde está teu marido?
- Quem é você? (Pergunta Jasha)
- Sou eu!
Ela não se lembrava de Misha, então respondeu:
- O que você quer?
- Vai chamar ele, porque eu tenho algo pra falar com ele! (Então ela pensando que poderia ser algo bom pra eles, saiu cismada e com pressa correndo à chamá-lo)
O reencontro
Então Jasha foi chamar seu marido quando veio um rapaz, o que causou espanto em Misha ao ver que era alguém que ele não esperava. Este rapaz era: Hian. Certa vez ele perdeu uma briga no orfanato e todos o abandonaram sozinho, mas Misha o defendeu e o ajudou a levantar.
Hian olhou para Misha sério e espantado, pois o reconheceu, e disse asperamente:
- O que você quer comigo?
Então Misha, vendo que ele agia duramente, respondeu:
- Eu quero a sua mulher, por isso eu vim aqui pra lutar por ela!
Na mesma hora Jasha reconheceu a Misha:
- Onde você esteve? Saia do nosso caminho, você não vê como estamos e vem aqui nos infernizar.
- Eu vim aqui levar ela do mesmo jeito que eles tomaram de mim. Eu tenho dinheiro e uma espada. Eu quero ela de volta por bem ou por mal. (Diz Misha)
- Nada disso! (Diz Hian) Não tenho nada com você! Você gostava de Jasha, você se aproximou dela, todos sabiam que você gostava dela, mas você não é dono dela. Quando você apareceu mandando cartas pra ela, eu também gostava dela, e fiquei com ela. Eu não tenho nada haver com isso. Jasha ouviu quando você disse claramente que não queria mais ela.
Então Misha interrompe dizendo:
- Eu disse isso porque ela me feriu!
- Eu não tenho nada haver com isso. Eu não te feri!
Então Jasha falando disse:
- Eu sou esposa dele! (Diz Jasha)
- Vá embora e procure outra mulher pra você. Há outras! (Diz Hian)
- Há outras pra você! (Respondeu Misha) Ela só escolheu você porque me passaram pra trás. Eu apareci no meio dessa situação e quero lutar pelo meu lugar nela. Ela só ficou com você porque eu saí dessa situação.
- Você saiu! Você perdeu! Eu gostava dela e você também, eu continuei gostando e você desistiu. (Diz Hian asseverando diante de Misha) Você teve sua chance e desistiu, por isso perdeu. Eu só posso lamentar, e mais nada.
- E o mais importante nisso: Eu não gosto de você gosto dele! (Encerrou Jasha)
- Espera aí! Não acabou! (Diz Misha)
- Acabou sim, se eu não gosto de você! (Diz Jasha)
Então Misha disse à Hian:
- É muito fácil assim! Primeiro eu disse que ela só veio a gostar de você porque eu não estava com ela. Se eu estivesse junto com ela igual a você, você não sabe se ela ficaria comigo! Então o sentimento dela por você não quer dizer nada sobre o que ela sentiria por mim ou por você agora.
Então Jasha encheu-se de ira e não disse nada. E prosseguiu Misha:
- E outra coisa: Ela escolheu você, e por causa de outras pessoas ainda. Você não fez nada pra lutar por ela! Sendo assim você venceu uma batalha e não a guerra!
Então Hian respondeu:
- Eu gostava dela sim. Nós conversávamos, e eu vou te dizer mais, para tua surpresa: Ela chegou a ficar em dúvida entre eu e você, e ela me falou que ficou. Eu conquistei ela sim. Você desistiu, e eu prossegui. Se eu venci foi porque Deus quis que assim fosse. E sem querer te humilhar, você pode ser muito bom com as palavras escritas, do mesmo jeito que eu olhei nos olhos dela, e não foi através de cartas. (Então Misha desanimou-se no seu ânimo) Ainda que você fosse o melhor dos conquistadores e tuas palavras fossem melhores que as minhas, se eu desistisse eu perderia ela, mas porque você desistiu dela, você perdeu. Ouvi falar que você entende sobre justiça.
Então Misha abaixou a cabeça, e prosseguiu Hian:
- Se alguém espera muito tempo numa fila, mas desiste para aquele que chegou depois, quem chegará no seu objetivo?
Então Misha se agachou, e vendo isso Hian, virou-se para ir embora levando Jasha, mas na mesma hora o Espírito do Senhor veio sobre Misha que não sabia o que responder e disse:
- Não acabou!
E de costas andando com Jasha Hian diz:
- Acabou sim!
- Não acabou! Você não passou pelo que eu passei! Você não desistiu, porque não passou pelo que eu passei!
- Quem sabe? (Diz Hian)
- Exatamente! Quem sabe? Você não sabe se ela gostaria de voccc...
Jasha interrompe Misha e diz à Hian:
- Vamos embora deixando ele falar sozinho!
Então a ira de Misha se acendeu sobremaneira, e ele disse:
- Nada disso! Não me deixe nunca mais falando sozinho! Quem você pensa que é?
E Dirigindo-se a Hian, Misha diz:
- Você não sabe se ela gostaria de mim ou de você se eu estivesse ali com ela e com você. Eu não desisti porque quis! Mas porque fui forçado à isso. Eu fui pressionado por vocês. Eu vim a odiar essa moça pelo que ela me fez, e pelo que vocês me fizeram! Vocês roubaram a minha oportunidade, e foi muito difícil o que eu passei. Eu passei pela pobreza enquanto vocês passaram pela riqueza. Eu fui injustiçado e passei por dificuldades que vocês não passaram. Sendo assim você só pode ter ela se você passar pela mesma coisa que eu passei e continuar querendo ela. Você pode estar com ela, mas você ainda não possui ela coisa nenhuma! E como não foi possível ainda que você seja provado como eu fui, e como vocês roubaram ela de mim, eu não tenho tempo à perder. A minha oportunidade começa agora, outra vez, de onde eu parei, sem você ou qualquer outro contra mim, só eu e ela. E ainda que eu tivesse passado por essas dificuldades por ser um transgressor como você disse, (Apontando o dedo para Jasha) eu tenho duas coisas a meu favor: Primeiro: O seu casamento com ela ainda não tem valor, porque quem casaria com ela poderia ser eu. E segundo: Eu estou aqui pra lutar com você pelo meu lugar na fila denovo. Então não me importa se você está no meu lugar. Eu voltei e quero lutar por essa oportunidade, por isso eu vou levar Jasha comigo por dois meses, que é o tempo em que eu fiquei fora daquele orfanato expulso por vocês. Isso sem contar as outras vezes que me fizeram mal por causa de você (Diz Misha apontando o dedo para Jasha) E se ela não quiser ficar comigo eu a trago de volta intacta.
Na mesma hora as mulheres que estavam com Jasha vendo isso perguntaram o que era aquilo, e Jasha respondeu:
- Esse maluco quer me tomar de Hian!
Então Hian virou as costas tomando Jasha pelo braço, mas Misha se encheu de furor, tirou a espada da bainha, e tocou a espada nas costas de Hian, e disse:
- Eu não tenho nada haver com você. Não estou brincando. Eu só saio daqui com essa mulher ainda que eu tenha que levar ela pelos cabelos. Solta ela!
Na mesma hora vieram pessoas ao redor e chamaram os guardas. Então perguntaram:
- O que acontece aqui?
- Esse homem veio aqui trazer confusão, me tirar dessa cidade, e eu sou esposa deste homem! (Disse Jasha referindo-se à Hian)
Então o guarda e disse:
- Ninguém pode ser tirado dessa cidade a não ser com a autorização do comandante.
Então Misha disse:
- Onde está o comandante?
- Ele está ao lado da porta da cidade. (Disse o guarda)
- Porque essas pessoas não podem sair daqui, mas eu pude entrar aqui? (Perguntou Misha ao guarda)
- Porque são escravos do rei.
- O que eles fazem aqui?
- HA HA nada! Eles são escravos. As pessoas vem aqui para compra-los.
- Compra-los? (Diz Misha)
- Sim, para comprar essa mulher você tem de falar com o comandante primeiro. (Diz o guarda)
Então Jasha se desesperou grandemente vendo Misha sair ao encontro do comandante para compra-la como escrava e foi atrás dele dizendo:
- Seu canalha! Não vou ficar com você!
Misha não diz nada e continua andando. Os guardas barram Jasha na porta deixando Misha sair.
Chegando até onde está o comandante sentado em uma mesa, ele diz:
- Eu quero comprar um escravo!
- 400 moedas. (Diz o comandante)
- Aqui. (Diz Misha)
- Quem você quer?
- Uma mulher. (Diz Misha)
- Vamos lá.
Chegando o comandante onde Jasha estava, ela disse ao comandante desesperada:
- Senhor comandante, eu sou esposa deste homem (Hian) e não posso ser entregue à ele (Misha) como escrava, pois ele quer me separar dele.
Então o comandante disse friamente à Misha:
- Ela é casada, se você quiser leva-la tem de levar os dois.
- Não tenho mais que 600 moedas. (Diz Misha)
- Como vai levar os dois então? (Diz o Comandante)
Então Jasha interrompeu e disse:
- Comandante você não entendeu! Esse homem quer me separar do meu marido para me tomar por mulher à força. Temos conhecido que tu és misericordioso, por isso não deixe isso acontecer.
Então o comandante parou e Misha calmamente disse ao comandante:
- Eu vim aqui lutar com este homem, porque há muito ele me roubou essa mulher, e eu quero de volta. Não me importa qual preço eu tenha que pagar.
Então Jasha grita:
- Me roubou de você? Seu tolo! Comandante, eu nunca fui mulher desse homem!
Então disse o comandante:
- Então porque ele diz que seu marido te roubou dele?
Então Jasha arregala os olhos vendo a frieza do comandante numa situação que em parecia obvia de ele ajudá-la. Mas isso Deus permitia acontecer para que a dureza das pessoas daquele lugar se voltasse contra ela, para que pela injustiça deles Deus pudesse favorecer Misha e lhe fazer justiça.
Respondeu Jasha:
- Ele é louco. Ele acha que eu gostava dele quando éramos mais jovens.
Então o comandante se ri e diz à Hian:
- E você? Não fala nada à respeito disso?
Hian era muito inteligente para usar friamente a verdade para desfavorecer os ignorantes em suas revoltas contra as injustiças do país. E muitas vezes havia menosprezado a Misha com Jasha. Nesse momento Deus confunde a Hian para fazer justiça a Misha, e ele fica perplexo, porque vê que Deus está favorecendo Misha, e lembra-se das vezes que acariciava Jasha falando mal dele se vangloriando contra Misha por ter se revoltado.
Então Hian diz:
- Senhor comandante, eu sou o marido desta moça. Não posso aceitar que me separem dela. Ainda que ele comprasse a nós dois ele intenta me separar dela.
Então Misha responde:
- Comandante, me afastaram dessa moça quando eu era muito pobre. Eu passei muitas dificuldades para que pessoas más me afastassem dela e ele ficasse com ela. Eu só quero uma chance de reconquistá-la. Eu lhe dou minha palavra que eu a compro por 2 meses que é o tempo em que me afastaram dela, e se ela não quiser ficar comigo pra sempre, eu a devolvo intacta.
Então o comandante ri muito interessado na questão, e prossegue Misha:
- Te pago 600 moedas para que eu possa levá-la por dois meses e a trarei de volta intacta. Então aqui ela decidirá se quer continuar comigo ou voltar pra ele. Se eu não a trouxer aqui de volta, ele reclamará isso contigo e eu estarei debaixo de maldição por desonrar essa promessa.
Então o comandante fica admirado, então pergunta à Misha:
- De onde você é?
- Eu sou um guerreiro de Zírian. (Diz Misha)
Então o comandante diz:
- Pode levá-la.
E Misha deu o dinheiro: 600 moedas por 2 meses com Jasha. Na mesma hora trouxeram cadeias para prender Jasha para que fosse levada por Misha, e ela começou a chorar, e Hian não sabia o que fazer e disse ao comandante:
- Senhor não faça isso!
Então o Espirito de Deus tendo envolvido o comandante para que fizesse isso, lhe fez dizer:
- Eu sei quem é Zírian e também sei qual é a fama de vocês que foram presos aqui. Eu não tenho pena de vocês. Eu salvei a tua vida da morte. Este homem poderia levar tua mulher, seja por dinheiro ou seja pela força, assim como vocês pela força e pelo dinheiro tomaram esse país e fizeram o mesmo com muitas pessoas.
Então emudeceu Hian, e a mulher Jasha, chorando, seguia Misha presa com correntes nas mãos e nos pés para fora da cidade.
Atrás de Misha ela dizia gritando desesperada:
- Seu canalha! Desgraçado! Você está aqui fora livre e veio nos infernizar lá dentro. HAA seu canalha maldito! Tira meus amigos de lá!
- Os seus amigos não podem fazer nada por você agora! Todos eles estão pagando o que me fizeram!
Então ela caiu pelo chão chorando e suplicando a Deus dizendo:
- Meu Deus! De onde procede tanta amargura?
Então Misha responde à ela:
- Vou te levar pra um bom lugar! Levanta.
Então ela grita:
- Eu não vou ser sua mulher! Se você tocar em mim eu te mato!
- Você não pode me matar! Sabe por quê?
Então ela se enche de furor por ver a calma de Misha e dá um tabefe no rosto dele, mas ele vira pouco seu rosto e continua olhando pra ela. Então ela lhe dá um soco nele, mas ele continua olhando pra ela. E quando ela vai dar outro soco, ele desvia a mão dela e agarrando ela pelo colarinho de sua roupa, aproxima o rosto dela com o dele, e diz:
- Você não é tão valente quanto parece!
Então ela cospe nele, e ele calmamente empurra ela no chão com o braço e ela cai sentada. E segurando a corrente, dando um puxão, ele a arrasta deitada e diz:
- Vamos embora!
E Jasha andando após ele mais conformada, mas com o coração fechado, começa a olhá-lo e arrazoar no íntimo como fugir dele.
Passando pelos lugares Misha vê que tudo está diferente e aleatoriamente bate à porta de um homem muito pobre, e diz:
- Preciso de um lugar pra morar até partir amanhã pela manhã.
O dono da casa era um pobre velho homem chamado: Iashi. Então este diz à Misha:
- Você é um soldado? Porque procura abrigo aqui comigo? (Porque os soldados eram uma elite respeitadíssima entre o povo)
- Eu não sou um soldado. Eu procuro abrigo com você, porque acredito que você me hospede com essa mulher.
- Por que eu sou pobre? Do mesmo jeito que eu poderia te aceitar, porque sou pobre, também poderia te rejeitar, porque sou pobre! Você bem sabe que se fosse à uma casa rica eles não te hospedariam mesmo você sendo um soldado do rei, mas presume que eu sendo pobre te aceite por uma questão de pobreza. Eu posso não querer deixar você entrar na minha casa justamente por você ser um soldado do rei!
- É como eu te disse: Eu não sou um soldado. (Responde Misha)
- Mas era? (Pergunta Iashi)
- É com você mesmo que eu quero ficar. Por favor, eu estou indo para fora do país, mas eu preciso pernoitar aqui por um dia somente. (Diz Misha)
- Pode entrar. (Diz Iashi)
E dando passagem à Misha e Jasha pela porta prossegue Iashi dizendo:
- Não sei se você é bem vindo em minha casa. Faço questão de dizer isso à você mesmo que seja, mas o que você faz?
- Eu fui treinado como um soldado do rei, mas tenho outra direção a seguir. (Diz Misha)
- O vento te trouxe aqui então! (Diz Iashi)
- O vento?
Então Iashi aponta para o alto, para Deus, e diz:
- Depende do por que você desistiu de servir o rei.
- Por que fala essas coisas? (Pergunta Misha)
- Eu te respondo se você me disser por que desistiu de servir ao rei. (Diz Iashi de pé enquanto Jasha e Misha estão assentado à mesa)
- Eu não sirvo ao rei porque sou como você. (Diz Misha com um ligeiro sorriso de ironia)
- Você foi trazido aqui pelo vento então! (Diz Iashi)
- Como assim? (Diz Misha sorrindo)
- Será que eu sou o único como você? (Diz isso Iashi de costas preparando um chá)
Nesse momento Jasha interrompe e diz:
- Vocês parecem dois loucos falando em código!
Então Iashi diz imediatamente:
- Ela não foi trazida pelo Vento à você, mas você a buscou à força!
Nisso Misha fica espantado e diz:
- O que quer dizer?
Então Jasha manifestando-se diz:
- Sim senhor, eu não sou esposa deste homem, vê essas cadeias. Eu fui comprada como escrava e ele está me obrigando a casar com ele.
Então Iashi diz:
- Não disse isso por causa das cadeias nas mãos dela, também não li a sua mente à respeito do que você planeja fazer com essa mulher, mas por causa das palavras dela que não são como as tuas palavras. Por isso disse que não foi o Vento que a trouxe à você. Assim como nunca conseguimos trazer até nós essa nação.
À vista disso Misha muito se maravilhou desse mistério, porque compreendeu o que significava o fato de ele tanto querer aquela mulher e ela o desprezar, e também compreendeu que Iashi era um grande sonhador de sua nação.
Então Misha disse:
- Sendo assim, acredito que o vento me trouxe à ela então, porque eu já tinha perdido o amor dessa mulher.
Então Jasha olha com desprezo pra Misha, e Iashi diz:
- Deus também diz o mesmo dessa nação.
Então Misha fica sem resposta. Nessa mesma hora entrou pela porta a filha de Iashi. Era a moça muito linda, chamada: Kina. Tão bela quanto Jasha, mas totalmente diferente dela, uma moça de voz suave, e ela disse:
- Pai?
- Filha, estes dois vão pernoitar em nossa casa prepare lugar à eles pra mim.
Então a moça chamada: Kina olhando para Misha rapidamente passa-lhe na mente o momento em que na infância esteve no orfanato vendo Misha falando com Jasha, e ela chorando correndo ao encontro de seu pai quando ele vem buscá-la no dia seguinte. Então Kina diz:
- Misha...E Jasha! Porque vocês vieram à nossa casa?
Então quando Jasha levantou e abriu a boca pra falar diante de Kina, Misha sentado e calmo disse em alta voz:
- Eu vim aqui fazer justiça pelo que eles fizeram contra mim!
Então Kina séria, logo ri um riso curto, e diz:
- E o que “eles” fizeram contra você?
- Eles me fizeram voltar aqui pra levar o que é meu!
Então Jasha se ri com desprezo e diz:
- Vê só? Esse louco me comprou como escrava, porque deduz que eu gosto dele.
Então Kina fica triste e em sua mente lhe passa as imagens do orfanato, e diz:
- Misha, o que você veio fazer aqui?
Então Jasha diz:
- É muito humilhante isso!
E levantando-se e dirigindo-se à Kina Jasha prossegue dizendo:
- Por favor, não deixe ele me raptar daqui! Lembra de mim Kina! Eu nunca te fiz mal! Por favor!
E quase chora Jasha de desespero dizendo:
- Lembra-se de Hian? Eu sou esposa dele, e esse canalha quer me tirar de um homem com quem eu sou casada.
Então responde Kina:
- Misha, você não vai fazer isso não é?
- Você não entende as minhas razões. Você saiu do orfanato não foi? Não sabe o que aconteceu depois. (Diz Misha)
Ao que diz Jasha:
- Ele é um infantil.
- Não me importa o que você pensa, porque agora quem é a escrava é você, e não mais eu. (Diz Misha)
Então Kina sem saber como resolver a situação suspirando diz:
- Olha, fiquem aqui com a gente e com calma entrem num acordo.
Então Kina logo se dirige ao seu pai Iashi e vai cuidar dos afazeres fora da casa. E chama Jasha para ir com ela ajuda-la.
Então Misha se levanta e diz à Kina:
- Se você der fuga à ela eu prometo que tua vida responderá pela dela, mas eu não vou me casar com você no lugar dela. Certamente você pagará por isso!
Então Kina arregala os olhos e vai com ela lentamente.
E o pai de Kina diz a Misha:
- Acalme-se Misha. Minha filha te obedecerá. Eu também carrego no meu coração esse mesmo sentimento que você.
Então Misha se constrange com essa palavra e diz:
- Como assim?
- Esse país...Eu o amo como você ama essa mulher. E também o odeio.
- Eu consigo entender as coisas que você diz. (Diz Misha sorrindo, mas sente vontade de chorar)
- Você consegue entender o que eu digo, por que você é como eu. Misha, eu preciso da sua ajuda! (Diz o pai de Kina se inclinando na mesa diante dele)
- Como assim?
- Você é um guerreiro Misha! Podemos mudar as coisas! Não importa se somos poucos. De dois que somos nós podemos fazer uma multidão. Misha, eu não tenho pena dessa mulher que veio com você não é porque te respeito mais do que ela, ou porque sou um tirano, eu certamente te poria pra fora da minha casa vendo você fazer isso, mas eu sei quem é ela, ela era rica, ela andava por essas ruas enquanto passávamos fome sendo pisados pelos patrões dela. Olha, eu tenho pena dela também, mas eu já vi minha filha chorar muito enquanto ela estava com aquela gente imunda que nos pisou e nos abandonou como se não fizéssemos parte da sociedade, como se eles fossem os donos dela. Eu consigo entender que você ama essa mulher, ela é o nosso povo e você é Deus!
Então Misha se espanta e se arrepia ao ouvir isso.
Então Kina volta com Jasha que olha com desprezo para Misha. E o pai de Kina diz à ela:
- Kina, vamos sair eu e Misha, cuide da casa.
- Vamos onde? (Diz Misha)
- Vamos caçar nosso almoço.
E indo pelo caminho o pai de Kina diz:
- Minha filha é uma caçadora, hoje você vai dar folga pra ela. (Diz Iashi rindo)
E pelo caminho iam conversando. E caçaram juntos. E quando voltaram comeram o almoço. E dormiram à tarde enquanto o pai de Kina falava com Misha e tentava cativá-lo com suas palavras à projetar uma guerra com o povo pobre contra o rei.
À noite estando Misha sentado à mesa conversando com o pai de Kina, Kina olhava para Misha em silêncio, séria, e dizia:
- Você vai mesmo ficar com Jasha mesmo ela gostando de outro?
- É como se eu lutasse com o marido dela e vencesse. Assim como no passado ele teve uma boa chance para tê-la agora eu consegui uma chance. Eu recebi dinheiro e comprei ela. É uma luta, como eles diziam!
- Mas isso é uma injustiça! Se o dinheiro fosse sinal de poder, somente os homens que tem dinheiro seriam aceitos por Deus. (Diz Kina)
- Eu concordo com você! Eu não comprei ela com dinheiro! Eu comprei ela de uma pessoa que por seu dinheiro ficou com ela! Pessoas pagaram pra me tirar dela, e agora eu tenho dinheiro pra tê-la de volta.
- Mas ela disse que não gosta de você. Pra quê você quer uma pessoa que não gosta de você? (Diz Kina)
- Você está julgando essa situação mal porque não sabe o que aconteceu. Você na verdade está fazendo uma grande injustiça falando essas coisas pra mim. Eu não tinha nada, quando eu encontrei uma oportunidade de ter muitas coisas, eu ainda não tinha nada. Então eu fui até ela que já tinha muitas coisas, e disseram que eu estava querendo comprá-la com dinheiro. Isso há muito tempo atrás. Disseram isso à ela pra que ela me deixasse, depois foram e deram à ela muitas coisas, mais do que ela já tinha para separarem ela de mim mais ainda, porque sabiam que eu teria muitas coisas. Ou seja, eles creram naquilo que ainda não havia acontecido, por isso disseram que eu tinha muito para comprá-la. Ao mesmo tempo diziam que eu não daria em nada pra que ela me rejeitasse. Me desvalorizaram e inventaram um pretexto pra me acusar. Eles roubaram ela de mim com dinheiro e injustamente pra que hoje você diga que eu sou injusto? Na verdade eu não quero te explicar nada. A verdade é que estou numa luta e agora eu tenho minha oportunidade de vencer.
- Eu até compreendo a sua razão, mas a verdade é que quando a gente gosta muito de alguém que não nos ama não nos passa pela cabeça que a pessoa que a gente ama está muito longe de nós, não se importa e nem é tocado por aquilo que sentimos por mais precioso que seja. (Diz Kina)
- Eu entendo o que você diz, mas eu não estou raptando ela. É só uma chance de conquistá-la.
E então Misha se levanta pondo a mão no ombro de Kina e sai.
A primeira noite
Na hora de dormir o pai de Kina (Iashi) foi deitar com sua filha em um quarto, enquanto Misha está sentado no chão olhando para Jasha num outro quarto enquanto ela arruma a cama e deita nela. Então ela vendo Misha olhá-la o ignora e diz:
- Não ouse me tocar! (E vira-se deitada)
Então Misha responde com deboche:
- Você sabe que eu não vou te tocar, por isso que você me trata assim. Se eu te tratasse com rigor você seria minha mais rápido.
Então ela arregala os olhos virada de costas pra ele deitada, e diz:
- Pare de ficar me olhando! Não sou sua mulher!
- Eu vou olhar o que eu quiser! (Diz Misha)
- Eu me cubro então. Há! ha!. (E se cobriu)
Então Misha fica olhando os pés dela descobertos até adormecer sentado no chão.
Pela manhã Iashi (Pai de Kina) diz à Misha:
- Misha pra onde você vai?
- Vou partir daqui para a terra de Israel.
- Misha você não pode ir ainda!
- Por quê?
- Porque você tem uma missão aqui. Eu orei por sua vinda.
- O que eu posso fazer por essa gente? (Diz Misha)
- Vê! Você entende as coisas que eu digo antes de eu falar!
Diz Iashi olhando-o feliz e prossegue:
- Misha, foi Deus que trouxe você. Você sabe que tem uma missão aqui nesse lugar antes de ir, por isso você deveria voltar aqui. Você sabe! A pessoa que eu orava pra vir aqui é você mesmo!
- O que podemos fazer?
- Você só precisa ensinar essas pessoas a lutar!
- Mas outro poderia. (Diz Misha)
- Não! Não o que você sabe fazer! É você! Não é o que você sabe fazer, mas é você Misha! Você tem o espirito que vai vencer essa batalha. Você tem a motivação que trará Deus até nós. Você é aquele que Deus enviou para que ele siga conosco. Eu sinto isso! Vamos vencer se você for conosco, porque você é o escolhido! Vamos sair pelas ruas e chamar essas pessoas e vamos falar pra elas que podemos ser livres e construir um novo país! Isso queima em meu coração como a chama que move meu coração a ficar batendo sem saber onde minha vida vai me levar.
- O que podemos alcançar numa batalha? E a quem venceremos? (Diz Misha)
- Misha, escute: Esse povo abandonado é em tudo fraco e desprezível. Alguns desses se fossem fortes talvez o seriam para o mal. Aprouve à Deus deixar essa gente aqui meditar sobre seus pecados. Mas também há gente boa como eu e você que clama à Deus de dia e de noite. Observe os soldados, não imaginam uma rebelião, porque somos resto, mas somos muitos agora, nós que sofremos. Deus está aqui, por incrível que pareça, Deus está aqui contendo toda essa gente, uns a refletir seus pecados, porque os quer salvar, e outros para os aperfeiçoar para uma nova justiça. Somos humilhados pelos corruptos, somos explorados pelos maus, somos abandonados pelos ricos, aprisionados pelos sábios, e todos esses poderosos são uma coisa só agora. Deus os fez se unirem. Assim qualquer coisa que não está aqui aprisionado, sofrendo o abandono, e a pobreza, é alvo da ira vindoura de Deus. Precisamos abrir nessa cidade uma fortaleza de valentes que estarão dispostos a conquistar um espaço dentro dessa cidade. Seremos respeitados e o rei terá de nos aceitar ou pelejaremos contra todos os que estão em nosso derredor e os tomaremos pela força. Lutaremos e legitimamente conquistaremos. Estou falando de abrirmos um caminho onde os pobres terão seu lugar, pacificamente, ou à força, mas teremos nosso lugar também.
- Eu estou entendendo. Mas estamos lutando uma luta que será muito difícil de vencer, e a derrota poderá ser completa, pois somos a menoria! (Diz Misha)
- Misha! Vamos lutar e vencer com Deus ou perder sozinhos, mas vamos lutar! Eu quero lutar! Mas eu preciso de você!
- Não sei. Eu tenho que levar embora a Jasha. Eu esperei 7 anos por isso. Não posso perder tudo. (Diz Misha ansioso)
- Misha, eu esperei 21 anos! Parece que estou te forçando à isso não é? Mas não! Está dentro de você o mesmo propósito! (Diz Iashi apontando para o coração de Misha)
E prossegue Iashi dizendo:
- Se você for e por acaso voltar você não mais poderá se unir a mim, porque você encontrará aqui dois lados: Aqueles que venceram e os que perderam. Você vai ver a todos nós do outro lado e nunca estará do nosso lado, porque se vencermos você será um deles que perdeu diante de Deus, ou nos encontrará mortos e saberá que você também foi morto por eles, e será um espirito covarde num corpo que comerá nossa carne e beberá nosso sangue nos pratos e copos deles. Por isso se você for nunca volte, porque Deus te amaldiçoará nesta terra e você não será feliz aqui. Que a benção de Deus te leve pra fora, mas não te mantenhas aqui mais sem lutar conosco, porque o meu amor está nesta terra ainda.
Ouvindo essas palavras Misha sentiu tristeza e disse:
- Eu tenho que pensar nisso. Não quero fazer isso ainda.
- Pense Misha! Não quero te apressar, mas não deixe eu esperar. Não acho errado que teu coração esteja na terra de Israel, lá é o seu lugar agora, eu sei disso, mas me ajude a cuidar do lugar onde ainda está o meu coração como você ama a Jasha.
Mais uma noite entre Jasha e Misha
Outra noite. E Misha está sentado no chão diante de Jasha. Enquanto Jasha está sentada na cama se preparando pra dormir Misha pergunta à ela o seguinte:
- O que você fez esse tempo todo naquele lugar?
- Eu era responsável pelas moças da minha idade. Quando você saiu eu fui colocada na casa do príncipe Narist, um dos três grandes homens do rei, eu era muito respeitada entre as moças. (Diz Jasha com os olhos brilhando e sonhando)
- Eu até entendo a maneira como você enxerga a vida, a felicidade, e as coisas boas, mas alcançar as coisas sem limites e sem respeito às pessoas é nojento.
- Nós recebemos de graça essas coisas. (Diz Jasha)
- Não! É isso que eu estou falando! Vocês receberam coisas às custas da minha desgraça! Coisas que só existiam às custas da desgraça de outras pessoas!
- O reino promoveu a paz de muitas pessoas! (Diz Jasha)
- O reino promoveu o bem por interesse. O benefício do rei trouxe pessoas à ele. Essa pessoas trouxeram recursos e esses recursos fizeram a felicidade de muitos animais que pisaram e passaram por muita gente. Assim a benevolência de vocês era só pra vocês mesmos usando o que é dos outros. Vocês cresceram às custas do meu mal naquele tempo!
- Como você sabe?
- Eu sabia de tudo. E Deus me fez ouvir tudo que vocês falavam contra mim.
- Como assim? Deus te falou?
- Eu podia pressentir, prever, e saber tudo o que acontecia, por isso que eu voltei e ofendi aquelas pessoas. Porque eu descobri tudo o que se esconde no coração maligno de vocês.
Então Jasha fica intrigada e diz:
- Quando você começou a enviar aquelas cartas o filho do rei tomou conhecimento do que estava escrito. Pensaram que eu tinha algo haver com suas tolices, mas quando ele soube que nós não tínhamos nada com isso fomos muito engrandecidos. Tenho muita saudade das danças, das festas. Tudo isso depois que você saiu. Foi bom que você saísse. (Diz Jasha debochando dele)
Mas Misha a olha com desprezo e diz:
- Continue falando o que aconteceu pra você chegar a esse ponto?
Então ela arregala os olhos e deita na cama chateada dizendo:
- Não tenho que te dar satisfações.
- Esqueceu que agora você tem cadeias nas mãos e nos pés? Tá vendo o que eles fizeram com você e com aquele bando de animais? (Diz Misha)
- Haa dá um tempo! A gente não podia imaginar isso. (Diz Jasha)
- Não podia? Eu falei isso várias vezes, por isso vocês me puseram fora de lá. Por isso mesmo que eles te exaltaram. "As coisas melhoraram depois que você saiu"! (Diz Misha imitando ela) Foi justamente por vocês terem me prejudicado que essas maldições vieram à vocês!
- Haa então o mundo gira em torno de você! Ninguém imaginava que isso podia acontecer! (Diz Jasha gritando) Você falou aquilo pra tentar contender com a gente porque estávamos bem e você não. Eles nos fizeram de escravos por causa de uma fome que veio ao país, foi outro príncipe do rei que nos fez essa maldade e não aquele que nos exaltou.
- Como você é egoísta! Eu não queria nada daquelas pessoas eu só queria você! Eu contendi por causa de você! Porque eu só queria você e eles tiraram a única coisa que eu queria! (Diz Misha)
- Eu não gostava de você. (Diz Jasha com deboche)
- Deixa eu falar, eu não terminei! O que veio de ruim à vocês veio como uma maldição, não importa se veio de outro príncipe o mal contra vocês, não importa se foi só contra mim que vocês fizeram mal. Todos nesse país são como vocês. Isso veio como um castigo. Você é tão cega que não consegue ver as coisas além das aparências. E se foi colocado outro príncipe no lugar daquele, talvez este infeliz que fez o bem pra vocês deve estar agora na maior pobreza como vocês, primeiro porque fez o bem a gente maligna como você, e segundo porque também foi cúmplice no mal dos outros! Toda a nobreza soube das minhas palavras, porque a própria maldade de vocês levou isso até lá!
Então o Espirito de Deus estava sobre Misha e ele prosseguiu dizendo: "Não se pode edificar um futuro só com tijolos! Nem o ser humano foi feito para fartar-se só de pão!".
- Haa pare de ficar me humilhando! (Diz Jasha)
- Você nem sabe o que é ser humilhada!
- Agora que você é rico é fácil falar de mim. (Diz Jasha)
- Sua egoísta! Se eu fosse rico hoje eu estaria sendo retribuído pelo mal que vocês me fizeram. Eu não sou rico!
- Você pagou 600 moedas por uma escrava por 2 meses!
- Sua egoísta. Você não entendeu nada ainda! Eu não vou nem te responder. (Então levanta Misha e sai de perto dela)
- Tá vendo! (Diz Jasha debochando)
Então Misha sai de perto dela fecha a mão com força e bate à uma polegada da parede com toda força fazendo um grande barulho que ela não entende de onde vem.
Os planos de Iashi
Então no dia seguinte de manhã: Iashi sai com Misha pela rua caminhando e conversando dizendo:
- Misha, eu tenho uma estratégia. Sairemos por essas ruas convidando essas pessoas a ouvir o meu discurso e eu vou encher o coração dessas pessoas para lutar. Essas cidades pobres serão conquistadas e serão nossas como te falei. Nós faremos dessas cidades pobres grandes fortificações de guerreiros. O rei nos olhará com respeito e terá de se lembrar de nós na partilha dos bens desse povo, senão nós conquistaremos as cidades ricas e nobres também.
- E como faremos isso? (Diz Misha)
- Como eu disse: Eu vou discursar à esse povo, eu vou encher o coração dessas pessoas com esperança, e no final de tudo que eu preciso dizer eu vou relatar essa estratégia. Eu não posso falar dessa estratégia no início para que os de fora não nos descubram, senão eles rechaçarão nossa missão. Do mesmo jeito que eu não quero promover uma rebelião de interesses senão estaria fazendo a mesma coisa que eles fizeram. A estratégia é simples e muito poderosa, em apenas 3 dias posso falar dela, no final dos meus discursos. Há muita gente pobre nesse perímetro, mas eu não quero ganhar espaço nem poder, eu quero o coração dessas pessoas para uma esperança verdadeira Misha! Uma justa esperança para que estejamos unidos ao resto da nação, e o que é nosso venha até nós. Aí sim! Não pobres, nem ricos, mas justos. Você consegue entender o que eu estou propondo? Eu acredito muito no que tenho a dizer à essas pessoas, mas não sei nem para o que chamarei essas pessoas à ouvir. Se eles me ouvirem eles entenderão que o que tenho dentro de mim é muito poderoso! O que diremos para que venham nos ouvir?
- Diremos que venham ouvir o sábio. (Diz Misha)
- Misha, quando podemos fazer isso?
- Quando você está pronto? (Diz Misha)
- Hoje! (Diz Iashi)
- Também quero te ouvir e entender o que você tem à propor.
- Se Deus for conosco tudo isso chegará ao fim que eu imagino, senão, eu mesmo torço para que não seja como eu disse.
Então Misha e Iashi saíam por toda a parte convidando pessoas ao encontro e ao discurso na casa de Iashi. E todo o povo oprimido pelo país se dispôs a ir, e isso foi um grande sinal de Deus, pois todos queriam ouvir o sábio e sua mensagem.
Depois de alguns dias, no dia marcado para o primeiro discurso de Iashi, à noite, estando todo o povo no quintal de Iashi esperando o primeiro discurso, Misha entra no quarto de Iashi que está sentado perto de sua cama orando à Deus e diz à ele:
- Iashi, todo o povo já está lá fora te esperando.
Então saindo Iashi vê cerca de 100 pessoas em redor de sua casa, e começa o seu discurso:
- Obrigado por virem. Acredito que muitos de vocês estão curiosos para me ouvir não só porque não tem esperança ou não tem para onde ir, mas eu posso sentir que vocês estão sentindo-se comissionados, estão esperando por irem pra algum lugar, estão esperando receberem uma direção. Talvez isso não esteja na mente de vocês ainda, porque apenas convidaram vocês pra ouvir ao sábio homem, mas o coração de vocês aspira uma missão. Tenho lidado com vocês, e tenho sentido isso: Que Deus tem preparado pessoas com esse ânimo, pessoas que querem uma missão e não somente uma direção... ... ...
As palavras de Iashi pareciam ser palavras sem tanta sabedoria, mas ele falava o que aquelas pessoas precisavam ouvir. Ele profetizava ao coração daquelas pessoas uma visão. Uma visão de um povo com um propósito de ter a felicidade, a liberdade, a justiça, e a misericórdia. Ele falava com autoridade, e gesticula com a sua alma. Homens e mulheres choravam, mas Jasha, estando ali também, sentada, ouvia tudo isso com neutralidade. Misha estava próximo à ela na multidão, à sua direita um pouco atrás dele. Misha a olhou para ver sua reação, mas percebendo ela que ele a olhava demonstrou desprezo, e virando o rosto para o preletor continuou ouvindo sem se importar com o que era dito.
Depois do discurso de Iashi, Misha entrou para deitar-se no quarto onde está Jasha, e vendo ela na cama lendo um livro antigo, Misha sentou-se no chão como das outras vezes, e disse:
- Deixa eu deitar do teu lado e segurar tua mão.
Ela somente o ignora e continua lendo. Então diz Misha:
- Eu nunca tive uma namorada só por causa de você. (Diz Misha pensativo) Eu sempre admirei você.
- Você nem me conhece! (Diz Jasha)
- Eu tinha muito carinho por você, e quando eu te vi depois que você cresceu, eu fiquei muito admirado por você. Eu me lembro do primeiro dia que eu falei com você como se fosse hoje. Eu chorei muito por causa de você, porque as tuas lembranças pra mim são muito fortes.
- Tadinho! (Diz ela com deboche)
Então Misha fica mais sério e prossegue dizendo:
- Eu não me surpreendi com tua mudança de jeito, eu sempre acreditei no que você era capaz. Eu disse isso nas cartas, e no primeiro dia que eu falei com você eu mesmo disse que você não era tímida.
Jasha fica sem responder. Então Misha prossegue:
- Eu te amo muito. Deixa eu tocar no teu rosto.
- Não.
- Eu não vou passar disso. Eu não quero me deitar com você, eu só quero ter você comigo.
- Eu não sou tua!
- Deixa eu deitar do teu lado e te fazer carinho.
- Não se atreva!
- Eu demonstrei meu amor a você 3 vezes e você não percebeu. Te esperei por 7 anos, te comprei por 2 meses com 600 moedas de muito trabalho pesado correndo o risco de te perder, e vou te levar à um bom lugar. Você não entende o quanto eu te amo? Você disse que eu não te amo e por isso que você não me aceitou. Você não pode me rejeitar então, porque você sabe que eu te amo. Eu te amo muito.
- Peraí! Você disse que vai me levar a um bom lugar? Aqui não é um bom lugar!
- Não estou falando desse lugar aqui, mas quando eu voltei ao orfanato para te ver eu te falava do lugar pra onde vou te levar ainda.
- Que lugar? (Nisso ela se deita curiosa)
- Se eu não tivesse ido te ver estaria com o rei de Israel hoje, mas se não fosse te ver teria te perdido. O rei de Israel, Davi, esteve aqui entre nós, na casa do rei de Gate. (Misha vai falando e se distrai de Jasha) Quando você era uma pessoa importante como eu seria, talvez você me rejeitasse do mesmo jeito, mesmo me vendo com ele. Deus me privou de você, porque queria que você me aceitasse pelo que eu sou e não pelo que eu poderia ter. Eu tinha que perder você e só te encontrar denovo hoje.
Misha vira-se para Jasha e ela está dormindo. Então Misha abaixa a cabeça sentado, mas ela estava fingindo. Então ele diz:
- Jasha! Eu quero muito você.
Então ela considera com um semblante pensativo, mas ignora e dorme.
Por todas as noites as pessoas eram convidadas à participar dos discursos de Iashi. E suas palavras conquistaram coração das pessoas. Na segunda semana de discurso Iashi falou das maldades que faziam aos pobres. E Jasha começava a ficar constrangida e de olhos arregalados enquanto havia muito choro e pranto entre todos. Então ela começa a ficar com medo, porque ela era uma das pessoas da elite no passado. E começava a constranger-se. Num desses dias uma das mulheres pobres a abraçou chorando como que consolando-se junto com ela, como se Jasha também tivesse sofrido a mesma coisa, e Jasha permaneceu apavorada e envergonhada com isso.
No quarto onde estava Jasha e Misha mais uma vez Misha estava à observá-la, e ele disse:
- Eu acho você muito linda.
- A aparência! (Diz Jasha com deboche)
- Não! A tua aparência! Você é tudo que eu quero.
- Por que você não paquera a filha do senhor Iashi? Ela é muito bonita.
- Porque eu gosto de você! Eu amo cada centímetro seu, cada junta do seu corpo quando você se movimenta. Tudo isso tem um significado pra mim. Pra mim vale mais esse dia com você do que todas aquelas moedas que eu ajuntei com muito esforço.
- Misha, você perde o seu tempo em tentar me conquistar assim. (Diz Jasha)
- Eu também penso isso, mas é minha única chance. Me diga o que eu poderia fazer pra conquistar você? (Diz Misha sorrindo)
- Eu não gosto de você. (Diz Jasha debochando)
- Mas pode vir a gostar. Eu não sou tão ruim aos teus olhos pra que você possa atribuir à mim algum defeito pra não ficar comigo. E tenho certeza que você ficou com ele como ficaria com qualquer outro, por isso que eu ainda tenho uma chance.
Então ela se irou e disse:
- Eu gosto de Hian de verdade!
- Você gosta dele porque escolheu ele. E mais: Escolheram ele pra você. Ele não conquistou você. (Diz Misha)
- Aí é que está! Ele me conquistou porque não age igual um idiota como você!
- Então ele não fez nada pra te conquistar. (Diz Misha)
- Ele não precisou me mostrar nada. Ele é o que é e eu gosto dele como ele é. Isso me conquistou! Você não parou pra pensar que você pode fazer o que quiser que não vai me agradar, mas ele sem querer me agrada?
- Mentira! No seu caso ele é alguém que te agrada de alguma forma por não te desagradar em nada. Por isso que você gosta dele, mas eu não acredito que você goste dele tanto assim. Sabe por quê? Porque você ficou com ele e pronto!
- Então? Isso mesmo. (Diz Jasha)
- Você nunca foi amada de verdade, porque nunca deixou alguém te amar!
Então ela arregalou os olhos e disse com desprezo:
- Haa
E Misha prosseguiu:
- Você não percebeu que assim como você escolheu ele, eu escolhi você!
- Isso mesmo! Só que eu gosto dele e não de você!
- Não minta pra si mesma! É claro que você escolheu ele como poderia ter escolhido qualquer um que fosse igual, ou melhor que ele. Você não gosta de mim porque não me deixa falar. Você não sabe ser amada! Você pode escolher alguém do mesmo jeito que pode se deixar ser escolhida, mas você não entende que eu amo você de verdade, e ele ama você porque você se ofereceu pra ele! Você roubou de mim a oportunidade de amar a pessoa que eu amo de verdade. Você foi injusta comigo.
- Eu fui injusta com você não ficando com você? Eu fico com quem eu quiser!
Então Jasha começa a ficar nervosa e Misha diz:
- Eu também fico com quem eu quiser!
- Mas eu não gosto de você! (Diz Jasha)
- Eu preciso conquistar você!
- Eu não amo você. (Diz ela com deboche e raiva)
- Eu amo você! (Ele diz olhando o rosto dela)
- Haa pára com essa palhaçada. (Diz Jasha virando as costas pra sair de diante dele)
Então Misha se levanta e agarra a roupa dela no ombro e a puxa, e quando ele faz isso ela vira-se, mas rasga-se a sua blusa, e ela fica semi-nua diante dele, frente à frente com ele, mas ele não se atreve a olhar pra baixo e diz:
- Me perdoa.
E ela tomada de choro dá uma bofetada no rosto dele se cobre e grita: Sai daqui seu desgraçado! E começa a chorar, e Misha envergonhado corre para o lado de fora. E deitado do lado de fora da casa ele chora.
Durante essa mesma noite Misha estava sentado no chão agarrado aos seus joelhos dormindo com a cabeça baixa do lado de fora da casa à noite. Então Jasha toca em sua cabeça e lhe estende a mão, e o levanta, então ela com o rosto pacífico abre a blusa diante dele ficando semi-nua, mas Misha a cobre de novo com a blusa e abraçando-a diz:
- Jasha, eu te amo muito!
Então Misha desperta chorando, porque vê que era só um sonho.
Pela manhã Misha vai pedir desculpas à Jasha com medo dela, mas ela passa por ele magoada e diz:
- Não se aproxime mais de mim!
- Me perdoa Jasha. Foi sem querer.
E ela não respondeu nada.
As palestras de Iashi
Iashi palestrou muitas noites. E ao mesmo tempo Misha de muitas maneiras tentava agradar Jasha.
Ele apanhou flores pra ela como um pedido de perdão por ter rasgado sua roupa, e lhe deu enquanto ela conversava com alguém. Então ela com hostilidade apanhou rapidamente para que ele saísse de perto dela.
Misha tocou seu ombro por trás do lado direito para que ela virasse e não vendo nada ele pudesse beijar seu rosto pelo lado esquerdo, o que a fez se irritar bastante. Ao fazer isso denovo ela tenta acertar-lhe um soco, mas ele se esquiva e pede perdão. E Jasha fica muito irritada.
Misha a olhava de longe sorrindo, mas ela mudava de lugar e o ignorava. Assim de muitas formas ele tentava agradá-la.
Tendo passado cerca de 20 dias, em outra noite, estando Jasha na cama e Misha no chão como das outras vezes, Misha diz:
- Você quer voltar para seu marido?
- Quero! (Diz Jasha)
- Eu estou numa missão por 2 meses. Em breve haverá uma grande guerra, e nessa guerra iremos libertar seu marido daquela prisão.
- Como assim? (Pergunta Jasha)
- É um segredo ainda!
- Você não gosta de falar comigo não é?
- ...
- Depois de meses, mais o tempo em que durar esta guerra, eu vou te devolver o teu marido, mas eu só o liberto com uma condição. Você tem de me prometer que vai fazer o que eu disser à você agora!
- O que é? (Diz Jasha curiosa)
- Eu quero saber...Eu quero saber se ele trocaria você por outra! Se ele trocasse você por outra você ficaria comigo? (Pergunta Misha)
- Ele não me trocaria por outra!
- Imagine que talvez ele te trocaria por outra. (Insiste Misha)
- Eu não quero imaginar isso, porque eu sei que ele gosta de mim.
- Mas talvez ele goste de você só por causa da aparência. (Diz Misha)
- Mas é a minha aparência!
- Mas eu também gosto da sua aparência. (Diz Misha)
Então Jasha diz:
- Haa! Vai começar isso tudo de novo e eu não quero falar disso. Eu te perdoei o que você me fez não foi? Então para com isso!
- Você me perdoou? Eu não sabia! (Diz Misha surpreso)
- É! Mas eu posso mudar de idéia.
Então Misha se aproxima da cama onde ela está e diz:
- Não! Jasha...Me perdoa todas as coisas que eu te fiz de mal, eu nunca quis te ofender. (Disse Misha)
Então ela desconfiada diz:
- Tá! Eu perdoo se você parar de ficar falando essas coisas.
- Mas Jasha eu preciso tirar essa dúvida. Eu preciso que você saiba que eu te amo de verdade. Pergunte à ele na minha presença se ele gosta de você mais do que qualquer outra e se nunca te trocaria por outra.
- Eu não vou perguntar isso à ele!
- É o nosso trato! (Diz Misha)
- Que trato o que! (Diz Jasha)
- Eu disse que salvaria ele se você perguntasse isso à ele diante de mim.
- Não! Você fez um acordo com o comandante de me devolver à ele depois de 2 meses. Você não pode quebrar esse compromisso. Lembra: Você é honesto! (Disse ela ironizando ele)
Então Misha fica em silêncio, e diz:
- Então eu trato com você o seguinte:
- Huumm (Diz Jasha com desprezo)
- Eu abro mão da coisa mais preciosa, da coisa mais especial, da coisa mais linda que eu tenho...
Então ela interrompe com desdém e diz:
- O que é tão precioso pra você?
Ao que ele logo Misha diz:
- Você!
Então ela fica confusa e Misha prossegue e diz:
- Eu abro mão de falar com você até o fim dessa jornada por esse favor que você vai me jurar que vai fazer, e se você não cumprir o juramento, que Deus faça você ser minha e nunca mais veja Hian.
- Eu não vou jurar isso! (Diz Jasha)
- Lembre-se que é uma proposta especial. Eu estou abrindo mão de uma coisa maravilhosa pra mim que é você, pra que você abra mão de uma coisa que é desprezível pra você, que é conversar comigo, contanto que você me faça um único favor: Você vai perguntar para Hian na minha frente se ele trocaria você por outra e você vai ver o que ele vai dizer.
Então Jasha zombou e disse:
- Você tá armando alguma coisa!
- Não! É só isso que eu quero! (E ficou tão sério olhando nos olhos dela, que ela ficou constrangida e aceitou, e apertaram as mãos e ela jurou que Deus desse ela à ele se ela não fizesse a pergunta)
Á partir desse dia Jasha constrangida olhava pela janela e via que Misha dormia no chão frio e não mais dormia no mesmo quarto que ela e não conversava com ela pelas noites, então ela disse com desdém vendo ele dormir no frio do lado de fora:
- Você gosta mesmo de mim querendo dormir do lado de fora longe de mim!
- Nada disso! Mas porque eu acredito que eu te amo muito mais que ele, por isso eu passo frio todas as noites. Ele talvez não passaria frio por causa de você. Lembrando que eu abri mão da coisa mais maravilhosa pra mim que é conversar com você em troca da coisa mais preciosa ainda que é ter você por toda a vida.
Então ela arregalou os olhos e perplexa disse:
- Isso é loucura não é amor! (E foi dormir)
Então Misha orou à Deus e disse deitado:
- Senhor, Deus, eu confio em ti nessa luta.
Misha sem poder falar com Jasha
Misha já não falava com Jasha à noite, nem dormia perto dela, mas passava a madrugada conversando com Kina, e em uma das conversas Kina pergunta à Misha:
- Você realmente escreveu isso para Jasha?
- Sim.
- Mas Misha, isso é até uma coisa inconveniente e grosseira!
- Eu sei.
- Então porque escreveu? (Diz Kina)
- Eu não queria escrever coisas grosseiras nem inconvenientes. Eu queria escrever tudo que eu pudesse dizer que fizesse aquilo que eu precisava e queria fazer, mas nem sempre a gente está no lugar onde a gente quer estar, e nem sempre a gente tem o que precisa pra fazer. É mais ou menos isso.
- Porque não falou com ela pessoalmente logo?
- Eu teria medo de me aproximar dela sem a estratégia das cartas. Eu tinha que criar uma situação de preparação, é como se um amigo estivesse me apresentando à ela. Eu estava fazendo por mim o que eles poderiam ter feito pra eu chegar em seguida. Na verdade a gente descobre coisas na vida, interessantes que a gente só vai entender quando passar por certas coisas. Algumas pessoas vivem a vida inteira e nunca descobrem isso, porque não passaram por certas coisas que outros passaram. Uma coisa simples é isso: Não se pode conhecer pessoas sem antes já ter com você outras pessoas, não se pode nascer sem uma mãe e nem comer sem um pai, não se pode chegar a uma garota de qualquer jeito, nem chegar à lugar nenhum sem que outras pessoas de alguma forma contribuam pra isso, mas muitos acham que fazem um favor ao fazer essas coisas, e outros se acham no direito de tirar essas coisas dos outros. Compreende?
- Mais ou menos. (Diz Kina)
- O mundo é cheio de injustiças e as vezes a gente tem de criar alternativas, fazer por um caminho mais trabalhoso aquilo que outros fizeram ou tiveram com mais facilidade. Eu estava com fome, sozinho, longe, e eu amava aquela garota com todo o meu coração. Eu peguei um papel sujo pra escrever, eu comi aquilo que não queria comer...(Diz Misha lançando uma pedra ao chão) Eu não tinha nada, eu ouvia as palavras deles, as zombarias deles todos os dias, eu não sabia falar, eu tive a oportunidade de errar muito mais, por isso eu falei além do que poderia calar, porque era minha única chance. Você consegue compreender isso?
- Sim (Diz Kina)
- É diferente! Ela disse que eu não voltei porque não quis, mas eu não podia voltar. Eles diziam essas coisas de maldade. Eles tiraram ela de mim! Ela estava perto de mim. Ela gostava de mim. Eles jogaram ela contra mim. Pessoas adultas, de cargos feitos, pessoas poderosas. Você acredita no tamanho da repercussão do que eu falei? Aquilo veio de um jovem com o qual eles estavam movendo os jornais e mensageiros de toda parte pra difamar, ridicularizar, e censurar uma razão honesta. Como pode que ninguém antes de mim tenha falado o mesmo? Pessoas consideradas sábias agindo carregados de inveja, pessoas recatadas perdendo a moral para ocultar seus abusos, pessoas ricas por causa de tanta vaidade se encherem de emulações copiando minhas palavras e meus atos. Isso pra mim é nojento. (Diz Misha)
- Misha, você já sabe disso, mas eu vou te dizer: Os grandes são sempre os pequenos, porque as estórias dos grandes são sempre estórias pequenas, mas as estórias dos pequenos são sempre estórias grandiosas.
Sorri então Misha e diz:
- É verdade, mas pelo meu Deus não quero mais ser pequeno.
Na terceira semana de discurso Iashi novamente fala da maldade daquele povo contra os pobres. Então, estando todos a chorar muito, Jasha sente-se tão envergonhada com as palavras de Iashi que começa a chorar também e a sentir vergonha de si mesma, e a envergonhar-se de ser alguém tão má no meio daquelas pessoas, e já não queria mais participar com aquelas pessoas ao ponto de chorar muito querendo ficar só, e chorava amargamente. E Misha surpreendia-se vendo isso.
Jasha parou de ficar no quintal no momento dos discursos, ela ficava em seu quarto chorando, ouvindo as palavras de Iashi sozinha.
Numa das noites após os discursos de Iashi, Misha treinava com sua espada valorosamente usando todas as suas forças no quintal da casa de Iashi. Então envolvido com seu treino Misha ouve uma voz atrás dele que é quando Kina ao se sentar na porta da casa deixa cair uma pedra, então ele se vira rapidamente assustado e ela também se assusta e diz:
- Desculpe! Eu não queria te atrapalhar.
Então ele sem folego acena com a cabeça e com a mão dizendo que tudo está bem. Ele bebe água e se senta na outra banda da soleira da casa. Então Kina diz:
- Você gosta muito disso!
Então Misha pergunta:
- Disso o quê?
- De lutar e enfrentar guerras. Isso pra mim é uma coisa triste e pavorosa! Talvez pra você que faça isso não seja assim porque você está acostumado.
- Eu nunca me acostumei. Também penso como você. Eu odeio o que faço. Quanto mais eu aprendo a fazer bem o que faço mais eu tenho odiado. Quanto mais eu descubro do que minha espada é capaz mais eu a odeio. Se eu pudesse lutar num tabuleiro como os sábios certamente eu o faria, porque gosto muito mais de jogar do que lutar. Há coisas que as vezes a gente aprende pra brincar como uma criança, e há coisas que a gente tem que aprender pra ser adulto que eu gostaria de deixar, mas essa é minha ultima luta. É a ultima. (Diz Misha)
Então Kina fica sem resposta e em silêncio, e eles ficam assim por muito tempo em silêncio, e Kina muda de assunto.
Num outro dia de tarde quando as mulheres terminaram de arrancar espigas e os homens conversavam pelo campo, saiu Misha sozinho, e de longe observava a Jasha que conversava com as mulheres. Ela estava ao longe a falar e a sorrir para outra moça.
Misha estava caminhando lentamente de longe observando-a e ficou a vê-la entre o trigal. Num certo momento Jasha olhando pra trás, vê Misha observando-a, e sem dar importância continua conversando com as moças. Ela continua a rir e a falar com as moças, então Misha se abaixa no meio do trigal olhando por entre as espigas pra ela. Jasha vai andando com as moças e o vê abaixado entre as espigas olhando pra ela. Então Jasha agora sem a intenção de fugir dele, olha pra ele, e vê Misha sentado entre o trigal de longe observando-a. Ela olha pra trás e vai lentamente se distraindo e andando com as moças sorrindo e falando com elas.
Por esse tempo Iashi colocava papéis diante de Misha e mostrava estratégias de guerra que iria apresentar ao povo no final dos discursos, e Misha lhe dava conselhos militares.
Os discursos de Iashi eram o canal por onde ele expressava toda a natureza do seu propósito e resgatava dentro do coração daquelas pessoas a verdadeira chama para vencerem.
Chegando o início da ultima semana de discursos de Iashi, tendo discursado por quase 2 meses todas as noites, num desses dias, diz Iashi à sua filha Kina enquanto Kina e Misha que estão sentados à beira da porta conversando:
- Vou dormir! Que Deus te proteja Kina. (Diz Iashi)
- Vai sim pai! Deus está vendo o que sofremos fique tranquilo. (Diz Kina)
- Misha, obrigado por tudo. (Diz Iashi)
Misha acena com a cabeça agradecendo também.
Então Kina e Misha continuam conversando, e Kina pergunta à Misha:
- Você lembra de uma moça chamada Náfis?
- Como não ia lembrar! (Diz Misha ironizando)
- Ela era muito talentosa e séria...
- Sim. Muito! (Diz Misha com cara de desprezo)
- Porque você fala assim?
- Você saiu do orfanato antes de muitas coisas ruins acontecerem pra mim. Seria mal eu falar mal de sua amiga pra você. Mas quando a vida parece pior pra gente como uma suposta exceção, a gente faz coisas que não faria se tudo fosse fácil pra nós, você consegue entender?
- Eu entendo! Se ela era uma pessoa ruim pra você eu não fico chateada que você fale mal dela. (Diz Kina)
- Mas Jasha disse que eu estava falando mal dessa garota. Eu estava é falando a verdade! (Diz Misha)
- Mas ela era uma pessoa ruim pra você? (Diz Kina)
- Ela foi ruim pra mim! Na verdade eu teria engolido se fosse uma pessoa que eu não desse valor naquela época, porque essa infeliz era como irmã pra mim, ou teria suportado até mais se não estivesse em jogo algo que pra mim era tão precioso que valia muito pra mim e eles sabiam disso.
- E quem é tão preciosa pra você? (Pergunta Kina)
- Como você sabe que eu estou me referindo a uma pessoa? (Diz Misha)
- Não é difícil deduzir que você se refere à ela, a Jasha. Foi por isso que você saiu do orfanato?
- Eu não gosto de lembrar disso, mas foi por causa disso também. Você também saiu do orfanato. Eu lembro quando você saiu. Porquê? (Pergunta Misha à Kina)
- Eu entrei naquele orfanato, porque meu pai não tinha como cuidar de mim. Éramos pobres demais e ele não queria que eu trabalhasse, mas que estudasse somente e ali eu tivesse o que comer e vestir, mas eu sentia saudades do meu pai, porque eu só tinha ele.
- Seu pai conseguiu sustentar você fora do orfanato?
Então Kina muda sua fala de uma fala descompromissada para alguém que fala com veemência e emoção, diz:
- Foi muito difícil. Foi uma loucura que eu cometi. Por dois motivos eu me arrependo até hoje de ter saído de lá, e pedido a meu pai pra ficar com ele...(Diz Kina com o coração apertado batendo no peito uma vez com o punho fechado)
Então Misha interrompe fazendo gesto com as mãos e diz:
- Se você não quiser falar disso não precisa!
- Não! Eu quero falar. Foi muito difícil. Porque quantas coisas podíamos comprar! Quantas coisas teríamos hoje se meu pai não gastasse comigo! (E Kina quase chorou) Mas eu sentia muita saudade dele e isso me enfraquecia muito, por isso não podia ficar ali me sentindo assim. Mas se eu tivesse ficado lá por alguns anos teria meu pai comigo até hoje, como o tenho, mas teríamos muitas coisas com as economias que ele faria sem mim por um tempo e não seríamos pobres (E Kina chora) Mas há outra coisa que me dói...É que eu perdi você!
Então Misha estranha isso, mas ri e diz:
- Mas agora eu estou aqui com você!
Diz isso Misha brincando, e logo se desconcerta, fica vermelho e confuso. E olhando pro lado, para o rosto de Kina. Kina prossegue diz:
- Misha, eu sai do orfanato porque eu gostava de você!
Então Misha fica vermelho e confuso. E Kina prosseguiu dizendo:
Eu vi o dia em que você se declarou pra Jasha.
Então Misha embaraçando-se começa a lembrar do dia que ela saiu correndo até seu pai, e do momento em que falou com Jasha, e Kina também lembra ter visto Misha falando com Jasha saindo triste. Então Misha levanta desconcertado sem saber o que dizer, e constrangido diz:
- Calma! Você tá me dizendo que por muito tempo na sua juventude você sofreu por causa disso, mas já passou. É isso?
Então Kina levanta segura a mão de Misha com as duas mãos e diz:
- Misha me perdoa. (E o abraça e Misha a abraça e chora com ela)
Então ele a abraçou e choraram muito juntos com força como dois irmãos lamentando um passado triste. Nesse momento Misha teve a impressão de ter visto Jasha sair pela porta, então Misha afastou Kina dizendo:
- Kina, vamos dormir! Amanhã a gente conversa.
- Me desculpe Misha. Me perdoa!
- ...Tudo bem... (Diz Misha)
- Eu vou me deitar. Me perdoe!
- Sim. Tudo bem.
E Misha ficou do lado de fora não conseguindo dormir por causa disso.
O ultimo discurso de Iashi
No ultimo discurso de Iashi ele desafia as pessoas a fazerem uma guerra contra as forças do país com a estratégia de abrirem uma fortaleza armada ameaçando conquistar o país em derredor tomando o território com a estratégia de que o rei renda-se e lhes conceda favor no seu lugar para que já não vivam excluídos do resto das pessoas. Com essa estratégia Iashi muito os animou, e muitos levantam-se para querer se alistar para a guerra. E havia entre eles muito regozijo, porque viram uma oportunidade de crescer, serem auto-suficientes, livres, libertarem os escravos, e andarem por todo o país com dignidade e honra como todos os outros.
Então Misha ensinava a todos os homens a lutarem, e Iashi mostrava as estratégias de guerra. E por cerca de 10 dias de trabalho construíram carros de guerra e armas sem que ninguém da corte real soubesse disso, nem suspeitassem, porque era um povo abandonado.
Chamaram pessoas sofridas e oprimidas de longe para virem ajudar e eles conseguiram até cerca de 1000 homens de guerra. Iashi era muito corajoso tanto para selecionar como para rejeitar quem deveria ou não ajudar. Mas também lembrou que pra ele não importava a força física ou a capacidade, mas a força das intenções.
Estando Iashi na porta de sua casa discursando, veio o Espirito de Deus sobre Misha que estava sentado ouvindo Iashi. Então no mesmo instante Iashi inexplicavelmente chamou Misha para que falasse algo. Misha se levantou, e estando todo o povo sentado a ouvir Iashi tomou a palavra diante de cerca de 1500 pessoas. Jasha estava no quarto sozinha e ouvia tudo que era falado do lado de fora e começou a ouvir do quarto o que Misha dizia.
E Misha começou a dizer:
- Eu nunca fui bom com as palavras ainda mais em público, mas o que eu tenho pra dizer é o clamor da minha alma: O que vim demonstrando há mais de 7 anos atrás, o que vinha falando não só com palavras, mas com atitudes. O grito do desespero, o clamor de um coração aflito que pede socorro. Sinto tanta vergonha de ter me humilhado perante vocês! Sinto que não foi só eu que clamei, mas muitos clamaram através de mim. Eu sou o clamor de um povo, de uma geração. Ainda que a minha voz é pequena eu fui uma voz que levou sobre si aflições. Pequenas aflições comparadas à de muitos em nosso país, embora há muitos de vocês que me provocariam seriamente a ira se disserem que eu passei por poucas coisas. Eu sei o que passei do mesmo jeito que há pessoas que se sentiriam desvalorizadas se eu disser que sofri demais, e essas pessoas estão aqui entre nós. (Diz Misha apontando em redor) Olhamos para todos os lados agora e vemos um bando de miseráveis, pobres coitados, mas nem todos vocês são iguais, muitos de vocês comeram a carne de seus irmãos que estão aqui. Um homem me chamou aqui pra pelejar por esse povo sofrido. (E Misha para Iashi) Mas será que vocês merecem? Vocês tem ouvido a voz de Deus? “Como ouviríamos a voz de Deus?”, Alguém perguntaria! “Pois Deus não fala!”. Como não fala? Ele não só tem falado, como mostrado! Mostrado que vocês são um bando de pessoas covardes e aproveitadores. Um monte de lixo são vocês! Vocês são piores que animais!...
Na mesma hora que Misha disse isso alguns homens valentes e ímpios iam tomar posição contra Misha para o agredir irritados com o que ele disse, mas imediatamente Misha cheio do Espirito de Deus tirou sua espada da bainha, e disse em alta voz:
- Não se atrevam a me tocar!
Misha desceu da soleira da porta e tracejou com a espada um circulo no chão em redor dele e prosseguiu falando:
- Eu afirmo que certamente Deus matará aquele que tentar me tocar ou me impedir de falar.
Então esses homens sentaram-se contrariados, e Misha não os temeu, porque o Espírito de Deus estava sobre ele. E Deus mataria quem se aproximasse dele para censurá-lo ou revidá-lo. Prosseguiu Misha dizendo:
- Deus tem falado contra o egoísmo de vocês todos os dias! Deus tem deixado que vocês façam o mal para que se olhem no espelho e vejam a coisa imunda que vocês são! Como vocês dizem que Deus não tem falado se o pobre clama e vocês fingem não ouvir? Se o aflito se rebela contra a autoridade e é condenado porque não tem o que comer! Pois por isso se revolta! Acaso não está falando Deus que vocês são um povo perverso e egoísta? Uma gente má! Vocês não param pra ouvir Deus falar e vão à uma sinagoga ouvir a palavra de Deus! Vocês se calam diante da justiça que vem de Deus e fazem orações à ele! Estamos às vésperas de uma guerra e alguns de vocês vão morrer nela! Valeu a pena? O que construíram com a maldade e com a hipocrisia? Será que todo esse sofrimento pôde mudar vocês? Será tudo como era antes? Porque alguns de vocês ficarão com suas vidas. E de que vai valer lutar e vencer por egoísmo e por falsidade, por explorações e por opressão para salvarem as suas vidas nesta guerra e depois dela deixarem que outras pessoas sofram no lugar de vocês como vocês antes fizeram outros sofrer e agora sofrem nas mãos deles? Nas coisas pequenas da vida, olhem para a criança que pede dinheiro, para o amigo que espera o seu respeito, para o nascer do sol, porque é belo e foi Deus quem criou. Para que alcancemos um coração singelo como Deus com singeleza criou a vida! Vocês tem zombado da dor dos outros, brincado com o sofrimento dos outros, enchido suas bolsas do trabalho suado e explorando dos outros, cobrando além do necessário, rindo quando é pra chorar, e andando cada um se regalando e falando coisas imundas quando deveriam buscar entender o que Deus tem de bom a mostrar para que aí falássemos dessas coisas. Pois não nos criou ele para coisas boas? Vamos descobrir onde estão essas coisas boas!
Então Jasha dentro do quarto fica perplexa e em silêncio com os olhos bem abertos. E continua Misha falando:
- Vocês não acreditam que Deus existe? Mas não tem fé para lhe perguntar o porquê da vida! Vocês observam a dor de outros como se não valesse nada, a dor e a dificuldade dos outros! Não vou pelejar por vocês! Vou pelejar por um futuro novo! Esse homem, Iashi, me chamou pra lutar por pessoas que sofreram junto comigo, por isso vou a guerra. Não vou por vocês todos, porque aqueles que vão morrer pela minha espada são como alguns de vocês. Vocês estão indo para a morte ou para a vida, por isso valorizem a vida à partir de agora. Já tiveram muitas coisas, agora não tem nem o poder de saber se viverão! Deus lhes deu uma chance de se arrependerem. É mais difícil se arrepender agora que cada um se preocupa em viver, mas eu acredito que pra vocês que sofrem hoje, pelo menos para aqueles que tem sofrido mesmo, isso é uma demonstração de que Deus quer salvar a vida de vocês, porque o sofrimento limpa o coração da maldade, por isso se apeguem com essa esperança, de que Deus escolheu vocês para sofrerem esses anos como eu sofri, porque ele não quer entregar alguns de vocês a morte amanhã, mas salva-los para que mudem suas mentes sujas de mentiras e seus corações imundos com o egoísmo. Por isso não prometam nada à Deus, nem se desesperem, porque eu afirmo que aquele que intenta enganar Deus guardando em si planos maus para o futuro será com certeza arruinado depois da guerra, ainda que saia ileso dela, para saber que Deus não se agrada de falsidade, de palavras enganosas, de traições, e de muitas atitudes invejosas e covardes que vocês praticaram contra gente que é muito melhor que vocês.
Quando terminou de falar viu que muitos estavam chorando, e Misha mesmo começou a derramar lágrimas sem saber por quê.
A guerra
Começaram a marcha pelas cidades visinhas avisando a todos sobre a guerra e o seu motivo convocando um desafio e invasão contra o rei. Então o rei convocando todos os soldados se armaram e os enfrentaram, mas os soldados do rei era derrotados diante do exército de Misha.
Veio mais um grupo de 2000 soldados contra os 1000 de Misha e eram também derrotados. Até Iashi enviar um mensageiro com uma petição por escrito ao rei, e o rei apavorado com as notícias, assinar um acordo de paz com benefícios ao povo vencedor, porque o rei perdeu cerca 5000 homens de guerra num único dia.
No meio da guerra, quando ela já estava praticamente vencida havendo pouca resistência dos opositores, e estando intrigados os adversários do por quê não conseguiam prevalecer contra eles, Misha, vendo que a batalha já havia acabado e que a vitória estava com eles deixando os outros continuarem a lutar, até ao ponto dos inimigos desistirem no meio da batalha, Misha olha e vê de longe Jasha correndo desesperada e fugindo. Então Misha observa para que ela não vá embora.
Olhando Misha no meio da batalha que já estava no fim com alguns homens lutando, Kina fica atrás de Misha olhando pra ele também enquanto ele olha para Jasha. Até que vem por trás de Jasha um homem e a segura na intenção de saqueá-la e fugir com ela, então Misha grita:
- Jasha!
E Misha corre para salvá-la. Na mesma hora Kina grita atrás dele dizendo:
- Misha socorro!
Kina foi agarrada por um outro homem que iria saqueá-la também, então Misha querendo correr até Jasha e olhando Kina sendo agarrada também, sem saber como reagir, Misha vendo Jasha sendo raptada, corre atrás de Jasha deixando Kina para trás. Misha grita ao saqueador de Jasha:
- Solta ela e vai embora!
Então o homem pára segurando Jasha e Misha vai andando até ele e dizendo:
- Solta ela e vai embora com vida!
Então o cara aponta a espada para o pescoço de Jasha. Na mesma hora Misha num golpe mui veloz lhe faz um ferimento no braço e a faca cai de sua mão. Então Misha diz à ele:
- Valeu à pena usar tuas mãos para o mal sendo livre?
Na mesma hora vários homens do exército de Misha vem sobre o raptor e o agarram.
Então Misha lembra-se de Kina e corre até onde ela estava, mas olhando para o chão vê sangue e Kina não estava ali. Indo à Iashi pergunta onde está Kina e ele diz não saber. Então Misha diz a Iashi:
- Não se desespere, ela pode estar bem.
- Podem tê-la matado! (Diz Iashi)
Então Misha temeu, mas ficando dividido entre ir com Jasha e procurar Kina, ele optou e disse:
- Iashi eu vou buscar Kina! Me faça um favor: Separe 30 homens e vá até às aldeias dos escravos para libertá-los, e então entregue Jasha a seu marido.
Ao que Jasha olha espantada para isso. Então os homens colocam Jasha num cavalo e a levaram. Ao mesmo tempo Misha sem olhar para Jasha partiu à cavalo e começou a procurar Kina pela cidade. Então ele à vê na beira de uma fonte se lavando depois de andar muito, então Misha feliz grita à Kina:
-Kina!
Mas ela envergonhada e chorando sai correndo.
Misha anda rápido até Kina, mas ela foge dele, então Kina sobe em um cavalo para ir embora, enquanto Misha vai andando e dizendo:
- Onde você vai Kina?
Então ela sai à cavalo e ele pára de andar, e a deixa ela ir, mas logo depois ele diz:
- Ela pode se machucar!
E saiu Misha à cavalo após Kina.
Chegando os soldados de Misha nas aldeias de escravos, os guardas de cada aldeia de escravos são rendidos pacificamente dizendo. Diziam os soldados de Misha:
- Só queremos tirar esses escravos. Rendam-se em paz e os deixaremos com vida.
Então os guardas vendo que não podiam resistir contra eles entregaram pacificamente os escravos.
Na aldeia onde estava Hian, entrou Jasha com os 30 homens de Misha. E os escravos perguntaram:
- O que aconteceu aqui?
E os homens de Misha responderam:
- Vocês estão livres! Saiam daí e digam para que venha conosco e nos sigam até a outra cidade. Então todos romperam em júbilo e choro, e saíram pela porta em muita alegria. E saíram dali junto com aquela multidão de escravos: Náfis, Solan, e alguns dos colegas de Jasha do orfanato, magros e com um rosto abatido como que aliviados por poderem fugir, sem saber que era Misha quem os libertava.
Nesse momento Jasha foi rever Hian enquanto todos saíam pela porta e corriam alegres. Hian sendo informado das novas se encheu de alegria abraçando a Jasha, mas Jasha não teve tanta alegria em revê-lo ficando parada diante dele enquanto todos corriam para sair da cidade dos escravos. Então Hian estranhou e Jasha o perguntou:
- Você ficaria comigo se pudesse ficar com outra mulher melhor que eu sem ter passado por tudo isso?
- Por que você tá me perguntando isso? (Diz Hian cismado)
- Um dia você me disse que um sábio guerreiro falou que numa disputa temos que enganar o adversário. (Diz Jasha)
- Sim e daí? (Responde Hian)
- Eu nunca gostei disso que você falou, mas eu só aceitava, porque era contra Misha. Se eu disser que não gosto de você e que estou gostando de Misha o que você faria pra me ter de volta? (Pergunta Jasha à Misha)
Então Hian se enche de indignação e diz:
- Eu faria o mesmo que ele está fazendo pra ter você de volta! Você quer ficar com Misha não é? Você entrou no jogo dele de analisar se eu ou ele gostam mais de você, ou se você gosta de mim mais do que dele.
- Não. O que eu estou analisando é que assim como eu não gosto de Misha eu poderia não gostar de você, e assim como eu gosto de você eu poderia gostar dele.
Então Hian se enfureceu e ficou calado.
Nesse instante começou a chover, e saindo Misha pelo mesmo caminho foi procurar Kina lembrando o momento em que conversava com ela. Debaixo de grande chuva montado à cavalo, Misha grita:
- Kina! Kina! Vamos embora!
Então Misha a procura por toda parte à cavalo, e chegando ao fim do caminho volta lentamente gritando o nome dela.
Na cabana de Iashi havia uma festa, e pálido, com seu coração enfraquecido e trôpego, Iashi pergunta às pessoas ao redor:
- Ela voltou?
- Não! (Diziam)
Misha desce do cavalo e andado bastante sem encontra-la, dormiu, porque era noite. Então ele acorda por causa do frio e revê em sua mente Kina sendo ferida e diz consigo:
- Me perdoa Kina.
Era escuro e caia uma garoa ainda quando ele orou ao Senhor:
- Senhor, me ajuda a encontrar Kina. Por favor! Agora irei à terra de Israel e te servirei ali. Sei que foi o Senhor que preservou com vida a moça Kina, preserve-a ainda essa vez e me faça encontra-la.
Levantou-se Misha e saiu andando, e na mesma hora a viu deitada num canto, então foi até ela e se sentou de frente à ela. Ela estava dormindo então ele a acordou dizendo:
- Kina, tá tudo bem?
- Quebrei meu joelho e o cavalo foi embora. (Disse Kina)
- Kina me perdoa. (Diz Misha chorando)
- Tudo bem. Eu sou uma menina boba. (Kina começou a chorar e depois riu)
Então ele abraça seu corpo e sua cabeça como uma irmã. Depois toma ela nos braços e vai carregando ela até a sua casa.
Foi cessando a garoa e vindo o sol com a manhã e eles já tinham chegado à casa de Iashi. Chegando perto de casa ao longe o viram disseram:
- Chegaram eles!
E Misha responde:
- Ela quebrou a perna. Deixe eu colocá-la na cama.
Disse o pai dela:
- Filha está tudo bem?
- Só quebrei a perna.
Então Misha diz:
- Ela só precisa que lhe estabilizem a perna, de comida e água.
Então as mulheres começaram a cuidar dela, e Misha disse à ela:
- Vou falar com teu pai lá fora. Tudo bem?
- Tudo bem! (Diz Kina)
Então saindo Misha com Iashi a sós enquanto se recolhiam os corpos dos mortos nas ruas e se limpavam a cidade, eles conversavam. E dizia Iashi:
- Fica conosco Misha!
- ...Não posso! (Diz Misha rindo) Eu vou para a terra de Israel como havia dito. Como foi a entrega de Jasha à seu marido? Onde ela está?
- Estão todos eles aqui entre nós. Ela está hospedada na casa 89 como todos que eram daquela aldeia estão hospedados aqui nessas casas.
- Leva minha filha contigo se você quiser. Já estou muito velho, meus olhos já viram Deus nos fazer justiça, e tenho muitos filhos agora aqui comigo. A minha pequenina é por sacrifício ao Deus do céu entregue à ti.
- Não. Eu vou partir sozinho, mas antes tenho algo a resolver.
Despedindo-se de Iashi, Misha vai para um lugar só, e agradecendo ao Senhor a vitória, pede que Deus o ajude em sua jornada para Israel e em sua ultima conversa com Jasha antes de ir.
Misha vai à casa 89, e batendo a porta pergunta por Jasha, vindo a própria Jasha à vê-lo. E logo vem Hian atrás dela dizendo:
- A sua proposta foi 2 meses com ela. Agora ela está devolvida!
Então Jasha interrompe a Hian e diz:
- Hian, deixe eu falar com ele.
- Você quer ficar com ele não é? (Diz Hian à Jasha)
Então Misha diz:
- Eu não abro mão dessa moça, mas eu só quero que ela cumpra o juramento que ela me fez. Diz Jasha! Pergunta pra ele!
- Pergunta o que? (Diz Hian)
Então Jasha diz a Hian:
- Hian, se você pudesse ter outra moça melhor que eu você ficaria ainda assim comigo?
Então Hian se embaraça em responder, mas diz:
- Jasha, eu gosto de você e ele quer você, mas ele não está com você. É claro que sim!
Então Misha diz a Hian:
- Eu sei como você usou muitas vezes as minhas palavras pra se valorizar com ela sobre mim. E você Jasha, eu sei quantas vezes pra me humilhar vestiu ele com o que é meu. Por isso eu digo, não tenho pena de tirar você dele, e eu digo: Jasha, diga pra ele que você não quer ele que você quer à mim, ele pode ficar com outra.
Então Hian diz:
- Jasha não entre no jogo dele!
E Misha continua:
- Jasha, eu levo esse homem a terra de Israel e coloco diante dele as mulheres mais lindas que ele quiser e ele larga você!
- Jasha não escute isso! (Diz Hian)
- Jasha não me deixe ficar sozinho sem você, não deixe eu sair daqui sem você. Você vale muito mais pra mim do que pra ele.
Então Misha chora e prossegue:
- Eu te prometo: Em Israel um homem rico pode casar com quantas mulheres quiser e escolher à pregão por toda cidade a mulher que quiser e lhe é dada, mas eu quero só você, e eu sou amigo do rei de todo Israel, Davi!
- Isso é estória pra te conquistar Jasha! (Diz Hian)
- Jasha, eu conheço a Davi. Deus me fez um homem poderoso tanto na terra de Israel como aqui, vê! Eu não tinha nada nem aqui! Todos aqui agora me respeitam. Eu sou um governador pra eles, porque eu sou o líder dessa grande vitória, agora posso passar um pregão entre as virgens e qualquer mulher que eu pedir me será dada. Eu não tinha nada aqui, agora tenho tudo, e tudo isso eu falo pra te mostrar o quanto eu te amo! De Israel procedem as moças mais lindas da terra. E ainda que isso fosse uma estória é uma estória tão grande quanto o que eu realmente estou disposto a dar por você, porque eu acreditei sempre que poderia, por Deus, te dar algo grande, porque meu amor por você é grande. Não tenha pena de dizer à ele que você vem comigo, porque ele pode ter outra moça, mas eu só tenho você! Eu dou à ele a mulher que ele quiser e riquezas. Mas eu só quero você. Você é muito importante pra mim, você não sabe as tristezas que sofri por você. Não tire de mim a minha estrelinha!
Então Jasha emocionada abraçou a Misha e começou a chorar, e ficou de joelhos abraçando suas pernas, e disse:
- Misha, me perdoa!
Então ele se abaixou também, abraçou ela, a beijou e choraram juntos.
Depois de algum tempo vem Jasha sorrindo para ficar com Misha. E Hian vem atrás com a promessa de receber moradia em Israel. Então Misha diz:
- Vamos Kina! (E Misha prosseguiu) Você será companheira de Hian nessa viagem para que ele não fique só até ele se instalar em Israel!
Partem Misha e Jasha, e com eles Kina e Hian, montados em cavalos para a terra de Israel. Então enquanto Kina conversa com Hian, Jasha fica de mãos dadas sorrindo para Misha um em cada cavalo. Durante à noite estiveram os quatro numa caverna com grande provisão falando muitas coisas e se divertindo antes de dormirem.
A chegada à terra de Israel
Chegando à terra de Israel, Jasha e Misha peregrinaram procurando por Davi, e tendo recebido a notícia que ele era rei em Hebrom de Judá, marcharam para lá e chegaram ao lugar onde ele estava. Davi estava numa campanha de guerra contra o reino de Israel do hemisfério rival à Judá. E estando reunidos os guerreiros numa das praças da cidade preparando-se para planejar, chegando Misha em Israel, deixou Jasha com a bagagem, e avisando à Kina e Hian que iria falar com Davi, Misha distanciou-se deles.
Nesse momento Misha vê a Joabe passando por ali coincidentemente com uma comitiva de muitos soldados o seguindo ele pela rua. Então Joabe passando pela rua olha para Misha com um rosto duro e rude e não o reconhece passando à diante. Misha vai até alguém dizendo conhecer Davi e querendo falar com ele, estando Jasha montada nos cavalos com as bagagens. Então um dos irmãos de Joabe, Azael, com um olhar duro e desconfiado barra a Misha, e não o reconheceu por ser à 7 anos atrás que o viram vagamente. E encarando-o no olho com dureza por dizer que é filisteu, bem como o outro irmão de Joabe, Absai, estes vai dar recado à respeito de Misha para Davi dizendo:
- Tem um jovem filisteu aqui que disse que veio de Gate pra te ver. Diz que te conhece e que esteve com a gente. (Diz Azael)
Então o rei Davi responde imediatamente:
- Misha! O jovem Misha que conhecemos na terra dos filisteus quando eu fugia de Saul. (Disse Davi andando para ir vê-lo)
O rei Davi olhou pra ele, e reconhecendo que era ele mesmo, foi com alegria, espantado, e com um sorriso enorme dizendo:
- Misha!
E Misha também sorrindo abaixa a cabeça, e Davi o abraçando diz:
- Meu amigo! Estamos aqui na terra de Israel! O que aconteceu com você?
- Problemas do passado. Mas tudo tem dado muito certo agora. São tantas coisas que aconteceram...É uma grande estória, mas eu vim conhecer melhor o teu Deus! (Diz Misha)
- Sim! Pela tarde eu te levarei ao templo do Senhor. No momento estou ocupado.
E chamado um criado com a mão disse o rei Davi à este:
- Leva esse jovem e suas coisas à minha casa e lhe dê tudo que ele precisar.
Então levaram Misha, Jasha, Hian e Kina á casa de Davi. E Davi saindo apressado disse à Misha:
- Misha, à tarde irei contigo ao templo do Senhor, vá em paz meu amigo.
Então Misha banhou-se, vestiu belas roupas, e também Jasha. E se alimentaram muito bem e passeavam na casa do rei Davi em Hebrom, avistando de longe as mulheres de Davi e seus filhos.
À tarde Davi o levou ao templo e buscaram ao Senhor, e Davi lhe apresentou as câmaras do templo e explicou o significado de cada uma delas, e Misha muito se alegrou. Depois Davi lhe concedeu um cargo lhe dizendo: “Você poderá trabalhar em qualquer função que você quiser e te darei uma casa aqui comigo”. Assim caiu Misha em sua graça, porque Deus lhe viu as aflições, e porque a benção de Deus estava com ele.
Quando chegou o sábado havia uma bela festa no quintal da casa do rei e Davi apresentou Misha à todos os seus amigos contando como o conheceu. Jasha estava sozinha andando pelo quintal. Então o rei Davi manda chamar a Hian em seu escritório. O escritório estava cheio de moças, as mais belas de Israel, então Davi disse a Hian:
- Hian, Misha me contou a estória de vocês. Olhe pra todas essas moças. São as mais belas de todo o Israel. Eu te dou na terra um cargo aqui, junto ao rei, para que você prospere em troca da moça Jasha, para que você deixe ela com Misha, viva bem sobre a terra de Israel, respeite a lei, e procure para ti uma moça. Se você não encontrar e quiser uma dessas, fale comigo e te darei qualquer uma dessas, e quantas você quiser. Ok?
E Hian sentiu-se tranquilo e feliz com aquela benção, pois por quase 7 anos amargou grande pobreza e miséria.
Nesse mesmo instante lá embaixo, no quintal, estando Jasha totalmente distraída vendo uma borboleta numa árvore, Misha encosta-se no ombro dela por trás, e diz:
- Te amo.
Então ela se vira com o rosto abaixado e ele a abraça.
Nesse momento varias crianças vem, e puxando a mão de Misha, deixam Jasha sozinha no seu lugar, e o chamam para uma roda de dança e os adultos dizem:
- Vem Misha!
Então estando todos eles olhando para a roda, Misha imediatamente olha para trás, para Jasha, e faz gesto com a mão para que ela venha, chamando-a com um sorriso. Então ela vai correndo e sorrindo até ele. E ela fica abraçada com ele à sua direita enquanto todos se divertiam olhando a roda de dança.
2 ANOS DEPOIS...
Davi agora era rei de todo o Israel. Houve uma grande festa em Jerusalém pela manhã, porque o rei Davi trazia a arca de Deus para a cidade. E enquanto festejava com danças, Mical, uma das esposas do rei Davi entrava pelo palácio resmungando:
- Hoje é dia de festa?
Então ela achega-se à janela olhando de lado vendo o rei Davi caminhar pelas ruas indo a arca adiante. Então Mical olhando-o com ódio e com nojo diz:
- É dia de festa hoje!
Então uma das empregadas a chama enquanto ela resmunga, e encontrando-a chorando diz:
- Senhora Mical! Tudo bem com a senhora?
- Eu perdi meu pai e meu marido foi tirado de mim como estaria bem? (Diz Mical ironizando)
- Me desculpe. Se a senhora quiser alguma coisa...
- Sim, me faça um favor quando aquele Davi terminar o espetáculo diga que ele venha aqui que eu quero falar com ele.
- Sim senhora!
Então pouco depois estando Mical sentada numa cadeira perto da janela olhando a festa, entra no quarto Davi com vários sacerdotes o seguindo. Então Mical logo levanta-se e ao vê-lo diz:
- Que papel bonito fez o grande rei se aparecendo diante das moças do reino se exibindo como um sem vergonha!
Então Davi pasmo mandando sair os sacerdotes disse:
- Diante do Senhor é que eu estou me alegrando! É diante de Deus mesmo que tirou o seu pai Saul e me colocou aqui no lugar dele! E mais: Eu vou me alegrar mesmo depois de tudo que eu passei enquanto você se deitava com outro homem!
E virando as costas, o rei Davi vira o rosto pra ela e diz antes de sair:
- E quanto ao fato de você dizer à respeito das moças terem me olhado: Eu vou mesmo ser muito honrado diante delas!
Então Mical ardendo em ira se levanta e contendo a sua raiva bate com a mão num vaso que estava numa aste gritando:
- Desgraçado!
Então logo ela chorosa diz:
- Meu vaso caldeu!
Então pela tarde Mical está em sua cama chorando virada para um canto, e Davi entrando toca em sua cabeça, mas ela diz:
- Não bota a mão em mim!
Mas Davi diz:
- Mical, que mal que eu te fiz? Você sabe que te amo. Não há razão pra isso, nunca usei de nenhuma falsidade, deboche, mentira, ódio, traição, ou orgulho com você. Foi sem razão que você quebrou o seu vaso preferido não foi? Se houvesse razão para o que você fez eu mesmo não te acusaria, mas ficaria ali para que você jogasse aquele vaso em mim.
Então Mical fica em silêncio e Davi diz:
- Te amo muito, por isso te trouxe de volta. Tudo que estava com teu pai agora é meu, por direito legitimo, sem me apossar de nada dele. O reino de Deus me foi dado, e tudo isso eu mantenho contigo. Posso te oferecer tudo agora, mas antes de tudo isso o meu amor por você já era o mesmo.
Então à noite houve uma grande festa e Misha estava lá embaixo sentado em uma cadeira ao lado de Jasha. Enquanto Jasha está conversando com uma amiga, Misha olha lá em cima para a janela do quarto de Davi quando ele vê Mical na janela com o rei Davi abraçados. Então Misha sorri olhando pra Jasha à sua esquerda conversando com outra moça, e abaixa a cabeça rindo.
FIM
Estória criada no ano de 2007. Escrita do final do ano de 2008 até 2009. Finalizada entre o final do mês de Maio de 2009 até Junho de 2009. Revisada em 2010, e em 2012. Por: Jorge Rodrigues.
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MUDANDO O PASSADO
Dedicatória
É o Senhor mesmo que faz essas coisas, porque eu não sei de nada até escrever. Eu fico maravilhado com isso. Obrigado meu Deus. Tudo isso é um milagre de tua graça maravilhosa.
Introdução
Após fazer a pior escolha de sua vida, uma prepotente aluna vai se tornar uma nobre professora, e vai descobrir que pode mudar o seu próprio passado.
Mas isso só é possível mudando o futuro de uma pessoa muito especial.
Um jovem tímido é esnobado pela garota mais arrogante da escola.
Uma mulher agora amadurecida: Uma ex-profissional na arte de humilhar homens.
Eles vão unir forças em busca da felicidade.
A arte de mudar seu próprio passado através do futuro de alguém.
O encontro com o sonho perfeito.
Deus dá uma nova chance, e juntos vão tentar vencer o maior desafio de suas vidas.
Mudando o passado
Japão...Hoje.
Numa sala de aula a amável professora passando pelas carteiras chama a atenção de seu aluno dizendo:
- Ginchio suas notas estão piorando. Você não era assim. É lamentável como suas notas tem caído.
Então o jovem Ginchio, compenetrado num desenho, olha com ironia rapidamente para a professora e pensa: “Se eu quiser eu mudo tudo isso”.
Então logo toca a sirene avisando o término da aula antes que a professora pudesse dizer mais alguma coisa. E sai Ginchio com pressa, com o rosto fechado, e com seus cadernos na mão.
Sai Ginchio da jaula para a sua felicidade. Por todos os lados na escola havia egoísmo e malícia. Diante dele um jovem enfia a mão por baixo da saia de uma moça e ela dá um tapa nele rindo. Estão indo fazer tudo o que suas idades lhes permitem: Brigar, beber, gritar, e fazer muito sexo. Ginchio era humano como todos eles, faria as mesmas coisas talvez, mas ele sabia muito bem que não era só o que faziam, mas o que eram. Ele não queria ser assim. Isso na verdade era o que o movia a fugir de tudo isso.
Andando pelas ruas as lembranças lhe passam na mente. À poucos dias alguém lhe deu uma surra naquele mesmo colégio. Estava no chão e todos em redor o olhando: A humilhação em toda escola. Ele se vê apertando um botão, e uma grande bomba explodindo na escola... Então ele ri sozinho. Põe seus cadernos em cima de um fliperama e diverte-se à valer falando sozinho, saindo depois com as mãos cheias de balas e doces.
Enquanto ele jogava vem em sua mente estavam as lembrança da garota... Ela não só o rejeitou, mas ela fez questão de beijar nos lábios o cara que o surrou na frente da escola. Uma garota de apenas 16 anos. Então ele pensa em voz alta: “Piranha!”. De onde vem tanta força em Ginchio para não se importar com isso? Foi no início da semana!
Ele caminha sozinho voltando pra casa. Ele ri, ele fala sozinho, ele corre, ele salta, mas quando ele lembra o seu coração dói. Então ele olha numa loja de TVs a cantora: Collora. Ele chora por causa da outra, as pessoas o vêem chorando na rua. Ele não se importa, ele se sente importante. Ele anda como um pavão, ele ama o que pensa, ele honra aquilo que é, ele defende o caminho que escolheu.
Depois à noite, em outro lugar, uma jovem senhora: Amura, a professora de Ginchio, está no banheiro, assentada sobre a privada fechada, com os cotovelos sobre os joelhos refletindo sobre alguma coisa... Então o marido do quarto grita:
- Não vai dormir não?
Mas ela responde gritando também:
- Cuida da sua vida!
- Parece uma zumbi! (Diz o marido de Amura)
- Vá pro inferno! (Responde Amura)
Então Amura fecha o punho soca no ar, e diz baixinho:
- Na sua cara desgraçado! Bem no nariz.
E lá no quarto, na cama, o nariz do homem começa a sangrar estranhamente, e ele diz: - Outra vez essa droga de nariz sangrando!
A professora de Ginchio está sozinha pensando. E ela só consegue pensar em uma pessoa: Ginchio.
Amura pega suas fotos antigas do colégio e em um das fotos lá está um certo jovem olhando para o vazio junto com os colegas de turma. Quem é ele? Ele é hoje simplesmente o homem mais respeitável de todo o Japão, o maior representante da cultura antiga japonesa no mundo, mas no início era somente esse pobre e triste jovem: Tonemuro. Ele criou um jogo de video game. Por não possuir nada ele registrou a idéia em papeis com desenhos e ganhou um contrato para produzir o jogo de maior sucesso em todo o Japão, aquele mesmo jogo que Ginchio estava jogando ao sair da escola. Não veio de seus pais, nem de seus avós, nem de ninguém o que hoje ele é, diferente do Amura certa vez lhe disse para o humilhar: "Ninguém pode ter futuro se não for de seus pais".
Pegando outra foto Amura está abraçada com um outro jovem. E quem é que está ao seu lado enquanto ela segura seu rosto beijando-o e olhando para a câmera? É nada menos que aquele homem que se deita com ela todos os dias. Ela olha com ódio para imagem dela com seu marido na juventude virando logo a página, odiando mais a si mesma do que ele. Então ela vê uma foto dela com suas amigas. Ela se lembra quando deu às suas amigas a carta de amor de Tonemuro no colégio, e como altivamente o olhava e saia de carro com seu namorado aos olhos de todas as suas amigas mais velhas.
Amura era a mais linda e refinada jovem da escola, modelo diante dos pais, nunca se deitou com nenhum homem a não seu marido, mas antes de casar, ela fazia isso escondida dos pais. Ela casou-se com ele antes de Tonemuro tornar-se famoso, e fez isso muito mais por seu orgulho do que por gostar dele. Tudo que ela fazia era para si mesma era para ofender aquele tímido Tonemuro. Todos pensavam que ela de fato o odiava, mas ela bem sabia porque tanto tentava humilhá-lo. Nessa época ela começou a preocupar-se demais com isso, e tentou destruí-lo no colégio como fazia antes, mas não podia, ficou mal falada entre os rapazes, porque ela havia dito as garotas que se deitou com seu namorado diferente das outras moças de sua idade que ela controlava, e isso chegou ao conhecimento dos rapazes, que após humilharem a Tonemuro por causa dela, agora a desprezavam por ser uma pessoa hipócrita que vivia ditando regras aos homens. Ela se desesperava porque seus pais agora eram seus inimigos que a abandonaram e a deixaram com a sua vergonha, e descobre que não tinha mais amigas, assim em meio a humilhação que ela nunca pode suportar, e em meio as bebidas, pega a única coisa que lhe sobrou: Muito dinheiro, fruto de muitas bajulações à sua prepotência, e de seus trabalhos vaidosos, e começa a entender que o todo o orgulho em que se ostentava por causa do seu trabalho que era um trabalho fácil, pelo qual humilhava a Tonemuro dizendo que ele era um inútil e que não iria a lugar nenhum, e agora foi para o outro lado do Japão começar sua vida do zero e sozinha, isto é, seu namorado foi com ela.
Ela perdeu tudo aos poucos até se tornar uma professora muito jovem e conseguir se libertar das bebidas. Assim ela casou-se com aquele homem que só podia lhe dar dinheiro o que não compensava a humilhação de estar com um sujeito que ela já não amava mais e também o fez infeliz por seu desamor por muito tempo.
Por que não o amava? Ela não iria casar com ele? O que a enganava era que havia muitas pessoas aplaudindo o fato de ela não ter ficado com Tonemuro dizendo que ele não prestava e não iria dar em nada, enquanto diziam que ela fazia a escolha certa ficando com seu namorado que escolheram pra ela somente para a afastarem de Tonemuro. Enquanto todos caluniavam a Tonemuro isso dava a impressão de que ela jamais seria infeliz com ele, rejeitando assim única pessoa que a amava de verdade. Ela descobriu que a si mesma se enganou.
Então hoje, Amura, sentada no chão do banheiro à noite, põe a mão no rosto e chora, e suspirando diz, batendo sobre os joelhos:
- Que maldade! Meu Deus, se eu pudesse voltar no tempo... Eu não posso fazer nada! Meu Deus faz alguma coisa acontecer! Eu quero mudar tudo isso!
Então Amura se levanta e diz: “Eu vou sair daqui amanhã! Eu quero viver minha verdadeira vida, eu não quero mais viver o erro desse passado. Eu já sofri o que podia. Amanhã eu vou sair daqui e fazer o que é preciso!”
Ela arrumou uma bolsa pondo algumas roupas e coisas nela de madrugada, e agachada fez uma mala, depois foi dormir.
No dia seguinte
O marido despertando antes dela disse:
- Não vai trabalhar hoje não?
- Não! (Respondeu ela)
- Vai perder o emprego?
- Me deixa em paz e cuida da tua vida!
Então ela de vagar levanta.
Depois muito bem arrumada Amura passa pela escola estando os jovens da sua sala no pátio de farra por causa da aula vaga. Então um deles, abusado, diz: “Professora eu não vou assistir sua aula hoje não, a senhora chegou tarde”. E ela não diz nada e continua andando, vendo porém Ginchio sentado num canto e sozinho, o olhou de longe como uma jovem apaixonada e suspirou profundamente, mas se ajeitando melhor tentou parecer séria indo até ele e disse:
- Ginchio, eu tenho algo pra te falar, entre na sala.
Nesse momento um rapaz abusado foi atrás dos dois, com outros seguindo eles, e disse: - A professora é a única que tá pegando Ginchio!
Na mesma hora o sangue lhe subiu e Amura virou pra ele e fitou fundo em seus olhos e disse:
- Onde você vai, seu idiota, com esses idiotas?
- A gente vai pra aula. (Disse ele rindo)
- Cai fora daqui seu miserável! Sai de perto de mim! (Disse Amura)
- Hii professora cuidado ein!
- O que que você vai fazer? (Perguntou Amura olhando pra ele)
Então ele emudeceu e saiu ele com os outros. E ela continuou andando dizendo sorrindo a Ginchio: Vem.
Então ele foi atrás dela e disse:
- Como é que você fez isso? Esse cara é perigoso!
- Eu sei exatamente quem ele é. (Disse Amura)
- Então no que a senhora está se garantindo pra desafiar esse cara?
- Eu também sou uma mulher da pesada! (Disse Amura rindo e prosseguiu)
- Dá muito trabalho alguém conseguir fazer um mal pra mim.
- Como assim? (Pergunta Ginchio)
- Um dia eu te conto.
- Eles sabem disso?
- Não! Bom pra eles, porque se soubessem eles sairiam daqui. As vezes a gente pensa que tem muita gente a nosso favor e mexe com alguém que pensa estar por baixo. Meu pai me disse certa vez isso, aliás ele sempre disse isso. Agora você não está por baixo Ginchio.
Então chegaram na sala e pondo suas coisas na mesa, ela se sentou à sua mesa e apoiando os cotovelos na mesa disse à Ginchio:
- Senta aí!
Ele se sentou numa das cadeiras diante da mesa dela. E Amura olhando pra porta disse:
- Se alguém entrar diz que você está tendo um teste oral aqui comigo!
- Haaa professora eu não estudei! (Respondeu Ginchio)
Ela colocou o dedo nos lábios mandando se calar e disse:
- Eu não vou dar teste! Presta atenção: Eu vou sair daqui, eu vou embora daqui pra nunca mais voltar. Eu não sei pra onde eu vou, mas eu quero...
Amura falava quando apareceu alguém na porta perguntando se tinha aula, e ela disse:
- Fora todo mundo! Não vai ter aula hoje, eu estou dando um teste à Ginchio.
- Por que? (Disse uma daquelas garotas)
- Não é problema seu. Fora! Avise pra ninguém entrar aqui. E fechou a porta.
Então Ginchio riu e disse:
- Poxa professora você tá estranha hoje!
- Escuta! (prosseguiu ela) ... Eu quero que você me diga o que falta na sua vida pra que ela seja perfeita hoje e não amanhã!
- ... Como assim? (Perguntou Ginchio confuso)
- Eu te entendo Ginchio. Eu tenho observado você, mas eu tenho observado com atenção você. Um dia eu fui como aquela garota que te maltratou semana passada. O que ela fez com você eu já fiz com alguém há muito tempo atrás. Eu era uma garota má como ela. Ginchio, eu fui uma pessoa totalmente infeliz em todas as coisas que eu fiz contra alguém como você, e assim será com ela.
- ... (Ginchio fica de olhos arregalados)
- Você é um rapaz correto, e é por isso que eles tentam pisar em você, para que você acredite que não chegará a lugar nenhum. Eu quero ser breve. Preste a atenção: Já ouviu falar de Tonemuro o primeiro ministros da cultura japonesa? Você sabe quem era ele? Alguém igual você! Eu conheci ele pessoalmente do outro lado do país. Eu destruí a vida dele! Alias, eu tentei destruir! Olhe pra você, eu vi com a professora de inglês que você é bom aluno de Inglês, mas porque você não fala inglês?
- ... Não sei ... (Ginchio fica confuso)
- Por que você não acredita que pode!...Ginchio Deus tem falado comigo, no meu coração sobre o meu passado. Muitos sinais tem se manifestado, e essa semana eu chorei muito (diz ela chorando), porque eu vi aquela garota fazendo com você o que eu fiz com Tonemuro, mas eu quero que você entenda, eu não estou triste porque Tonemuro é quem é, mas porque eu fui quem eu fui. Eu fui uma pessoa muito má no passado, eu colhi muita desonra, uma desonra muito maior que essa que você passou. Eu não estou fazendo pouco caso de você, porque eu passei exatamente tudo que você passou e sei o que você sente. Ginchio (Diz Amura segurando a mão de Ginchio) eu nunca tive um filho (e chora) você é meu filho agora!
- ... (Ginchio fica perplexo e engole seco)
- Eu vou te ajudar a chegar onde você quiser! Diz pra mim, não importa o que seja nem o que você precisa?
- ... (Ele se ri confuso)
E vendo isso Amura também ri com os olhos cheios de lágrimas e diz:
- Eu tenho te observado desde o começo do ano. Eu te vi parado olhando na TV a cantora: Collora. Você quer conhecer ela não é?
- ... (Ele não diz nada)
- Não tem problema! Eu sei quem é Collora! Ela é filha de Tonemuro! Antes de ele se casar ele me procurou em todo o país e me encontrou, mas eu fui muito orgulhosa e o tratei mal demais, estava quase noiva do meu atual marido e não quis vê-lo. Quando ele se casou eu chorei muito! Depois que me casei, mandei muitas cartas à ele pedindo perdão, eu queria vê-lo somente, mas não tive resposta de nenhuma dessas cartas até hoje, mas eu sei que ela é filha dele!
- ... Mas se você não conseguiu falar com ele até hoje? Como vai chegar até a filha dele?
- Quando ele veio me visitar antes de eu casar, ele disse pra mim que não importava o tempo, nem coisa alguma, o dia que eu quisesse falar com ele me receberia de braços abertos!
- ... (Então Ginchio calou-se enquanto ela se levantou pegando suas coisas, tentando não desanimá-la, mas um pouco duvidoso)
A Senhora Amura se levantou, pegou suas coisas, foi andando, e disse: “Vem Ginchio!”
- Mas a senhora não disse que antes de casar ele te procurou, e depois que casou ele não respondeu as cartas? Ele pode estar magoado. O dinheiro faz as pessoas se endurecerem, eu tenho experiência com as pessoas e só quero te advertir do perigo de se magoar.
Então a senhora Amura se virou sorrindo e disse:
- Ginchio...Você não imagina quem é Tonemuro! Ele é muito maior por dentro do que tudo o que você já ouviu falar dele! Ele é a criatura mais maravilhosa e amorosa que eu já conheci em toda a minha vida. Por isso que o que eu fiz à ele foi tão mal!
- ... (Ginchio fica sem palavras e logo sorri)
Amura sai pela porta com Ginchio e vai chegando até a diretoria avisando que quer uma dispensa de um mês. E logo diz a Ginchio: “Eu vim pra te levar até quem pode mudar a tua estória”.
E virando-se de novo para a atendente que chega, esta diz a senhora Amura:
- Senhora Amura, uma dispensa não pode ser dada ainda, porque não temos uma substituta.
- Mas eu preciso agora! (Diz Amura)
- É complicado isso. Teríamos que dar demissão a senhora, e num caso desses o diretor da escola ficaria muito ofendido.
- Mas é por uma boa causa! (Diz Amura piscando para Ginchio ao seu lado)
- A Senhora então estará pedindo a demissão que culminará na sua exclusão do conselho desta escola. Como registraremos isso no seu relatório uma vez que a senhora não será admitida em outra escola facilmente?
- Feito! Eu peço a demissão! Por favor, eu estou com muita pressa, me desculpe.
Então saindo e andando rapidamente Ginchio a segue dizendo:
- Senhora Amura! Não precisava fazer isso por mim!
- Eu fiz por mim também, lembra? Você é meu único filho Ginchio!
- Mas...E se o senhor Tonemuro estiver magoado com você ainda? Vamos passar vergonha!
- Tonemuro não está magoado comigo! (Diz Amura)
- Ele é homem, homens não gostam de perder garotas.
- Tonemuro é bem casado, ainda que Tonemuro esteja muitíssimo irritado comigo, ele certamente vai me perdoar!
Ginchio fica em silêncio franzindo a boca como quem diz: “Tudo bem!”
Amura olha pra ele andando rápido e diz:
- Não acredita em mim? É mais fácil ele me perdoar do que o diretor. Quer apostar? (Ela estende a mão pra ele ao lado sorrindo e andando)
Na casa de Amura
Ela chega em sua casa, abre a porta e diz: “Entre!”
- Você vai comigo pra outro lugar. (Disse Amura)
Então Ginchio diz:
- Como é que eu vou dizer isso pros meus pais?
- É o que eu vou combinar com você depois de comermos alguma coisa. Diga somente que é uma oportunidade de você conhecer pessoas fora e apresentar seus trabalhos escritos. Isso é uma mentira, é claro, mas você estará estudando pela manhã comigo, e lá mesmo eu te ajudarei no que você precisar. Eu vou conversar com eles e dar meu telefone e eles conversarão comigo e eu darei conta de você à eles.
- O problema não é eu sair! Eles não vão se importar com isso...
- EU SEI (Disse Amura rapidamente)
- Mas eles podem me impedir de ir...
- SEI COMO É ISSO! (Disse Amura rindo)
- ...É? (Diz Ginchio rindo)
- E mais: Eles vão pensar que eu vou te levar pra me deitar com você. Não é?
Então Ginchio fica vermelho e nervoso.
- Pode ficar tranquilo. Eu resolvo tudo. (Diz Amura)!
Amura fica preocupada vendo-o nervoso e diz: "Guarde suas energias, e não pense em nada”. Então ela vai pra cozinha fazer alguma coisa dizendo:
- Hoje ainda vamos na casa dos seus pais, pois quero partir hoje mesmo! Eu sou casada Ginchio. (Diz ela gritando da cozinha preparando alguma coisa) Está ouvindo?
- Sim (Responde Ginchio da sala olhando fotos dela com seu marido).
- Meu marido está fora e eu quero partir antes de ele chegar. Ok?
- Senhora Amura, eu não quero desanimar a senhora, mas e se os meus pais não deixarem eu ir?
- Eu já expliquei: Você é um escritor não é? Então eu direi a eles que vou te levar para um seminário e para um concurso de livros e lá vamos registrar seus trabalhos. Fique calmo, vamos ter fé em Deus e tudo dará certo.
Na casa de Ginchio
À noite Amura alugou um carro e levou Ginchio na casa dos pais, bateu na porta e quem atendeu foi o pai que disse:
- Pois não!
- Senhor, eu sou a professora de Ginchio.
- O que ele fez?
- Nada de ruim. Eu tenho observado o talento deste jovem para escrever e quero pedir autorização para levar-lhe hoje rumo à outro estado para fazer registros de suas obras. Eu pagarei todas as despesas. Ele estará hospedado em um hotel comigo, tomará aulas todas as manhã, e o trarei de volta após um mês.
- Mas tem que perguntar pra mãe dele.
- Pois não! (Disse Amura)
A mãe de Ginchio apareceu na porta secando as mãos numa toalha com um olhar penetrante dizendo:
- Pois não!
- Eu me interessei muito pelos trabalhos escritos de seu filho e quero levar-lhe a outro estado para registramos esses trabalhos, e para uma palestra dada à escritores. Ele passará o mês comigo, e eu arcarei com todas as despesas.
- Foi por isso que ele veio tarde? Onde ele estava? (Perguntou a mãe de Ginchio)
- Ele estava em minha casa. (Respondeu Amura)
- Fazendo o que?
- Estava me preparando para vir falar com vocês. Eu já tinha combinado tudo com ele pela manhã e temos que partir hoje!
Então Ginchio disse:
- Mãe, ela é minha professora. Ela gostou do meu trabalho e quer me dar uma oportunidade de eu divulgar esse trabalho!
- Mas a senhora tem certeza que ele é capacitado pra isso? (Diz a mãe)
- Com certeza! Eu tenho muito mais preparo que ele pra dizer isso.
Então o pai diz:
- Por mim ele pode ir.
Então a mãe diz:
- Verdade mesmo?
- Sim. (Reponde Amura).
Então a mãe sede e diz:
- Ok!
Então Ginchio vai arrumar uma mala e Amura diz:
- Pegue somente roupas e coisas básicas.
Do lado de fora Ginchio e Amura entram no carro, então Amura suspira e diz: “Não disse que era fácil?”.
- Então vamos! (Disse Amura sorrindo pondo a mão em sua cabeça)
No caminho, de carro, Ginchio diz:
- Eu sinto medo do futuro...
- Ginchio, fique tranquilo, descanse bastante. Eu preciso ficar calma também. Evite falar. Eu vou te explicar tudo melhor quando chegarmos lá.
Então em silêncio eles relaxam numa longa viagem ouvindo música.
Chegando à onde deveriam chegar, eles alugam um hotel com apenas um quarto, e entrando no quarto vão dormir, mas antes Amura diz:
- Ginchio, acho que você é um cavalheiro e vai deixar eu dormir na cama não é?
- Ha Há. Sim, com certeza!
- Boa noite Ginchio! Alegre-se, eu estou cansada, mas muito feliz.
O dia seguinte
De manhã, logo no café, Amura diz:
- Ginchio, vamos ao plano: Eu acompanho essa moça Collora à anos eu sei exatamente quem ela é: Ela sou eu ontem. (Diz Amura rindo e prosseguiu) Quando você a vê você pensa que ela é feliz, mas eu vejo que ela é uma pessoa triste como eu era. Você pode conquistá-la, eu conheço você. Você não pode ter ela, mas pode fazer o que é preciso para conquista-la. Tonemuro não era quem é hoje, acredite (Diz ela bebendo um pouco de suco de laranja)...Ele era tão tímido quanto você.
- Não estou entendendo tudo.
- É simples: Eu vou te ajudar a conquistar a filha de Tonemuro, você vai fazer o que eu disser. É como eu disse: Eu não posso fazer ela gostar de você, mas você tem uma chance e eu quero te ajudar a conseguir. Preste atenção: Collora não será tão famosa assim por muito tempo, ela é uma bela moça, mas não é uma grande cantora, entendeu? Um dia ela vai descobrir que precisa de alguém exatamente como você, e não vai encontrar em parte alguma. Preste a atenção! Se Tonemuro me reconhecer, ele te tratará bem e você será poderoso como ele, mesmo que tenha poucos talentos ele cuidará de você por mim, então fique tranquilo que perder seu tempo você não vai. Nós seremos uma equipe. Eu fui treinada por Deus pra esse dia. Quando eu perdi tudo eu comecei a entender o que aconteceu comigo.
- Como assim? (Diz Ginchio)
- Eu descobri um prazer em ajudar pessoas como você e como eu, em fazer o bem a quem os outros fazem mal.
- Como uma psicóloga?
- NÃO! DE JEITO NENHUM! Eu odeio psicólogos e psicologia! Quem foi imbecil que inventou aquilo? (Diz Amura rindo) Foram eles os que mais destruíram a minha vida depois do que aconteceu comigo na escola! Eu saí de lá mais humilhada, porque além de perder tudo eles ainda mancharam meu nome com uma estigma que ficava diante de mim onde quer que eu ia. Era como se eu andasse com uma placa escrita: “Sou louca, sou uma derrotada precisando de ajuda”. Eu estou falando de ajudar pessoas! De se divertir fazendo as pessoas vencerem como você gostaria e não pôde! E não de atrasar a vida das pessoas com palavras. Os psicólogos da sua escola ajudam você em quê?
- Em nada.
- Exatamente! Pra quê um diploma pra fazer o que eu quero sobre a vida dos outros, se eu não posso fazer o que eu devo fazer? Ou seja: Eu tenho um diploma pra dizer se uma pessoa deve ser ou não ser o que eu quero que elas sejam para fingir modificar a realidade delas sem mudar coisa alguma. Eu tenho a missão de te fazer um vencedor! E sem nenhum diploma. Eu não sou uma dissecadora de almas, uma falsa e mentirosa disfarçada de Miss Boazinha, eu não sou uma cega conduzindo um outro cego! Você pode confiar em mim. Tudo o que eu foi Deus que me ensinou. Pode crer: Sou uma péssima psicóloga! Tão ruim que nem tenho diploma. (Diz Amura rindo)
Ginchio se maravilhava com o carisma de Amura e com sua sinceridade, mas havia muita pureza em tudo que ela dizia: Não se parecia nada como o que ela foi quando jovem. Qualquer pessoa podia sentir-se seguro diante dela. Então prosseguiu Amura:
- Nós vamos fazer um grande desafio. Você seguirá todos os meus conselhos. Eu sei tudo sobre essa moça, porque eu fui como ela. Eu sei tudo sobre você, porque conheci alguém que é como você. Eu serei ela e te darei os conselhos pra você conquistá-la. Você será Tonemuro, e eu serei ela.
- Você vai largar o seu marido pra ficar com ele? (Pergunta Ginchio de repente)
- Por que você diz isso Ginchio?
- Não sei.
- Eu não posso mudar o passado agindo desse jeito. Tonemuro é bem casado, e ainda que ele diga que quer ficar comigo, eu jamais aceitaria isso, porque respeito a felicidade da mulher dele, mesmo que ela o deixasse por minha causa. Eu jamais posso ser feliz fazendo de novo o mal à eles. Eu tentaria uni-los, pois eu vim é justamente para fazer o bem. Eu tenho um compromisso com Deus com meu marido. Ginchio, eu não sou mais eu, lembra? Eu agora sou Collora, e você é Tonemuro, se eu conseguir unir você com ela, ou com quem você mais quiser e ambos forem felizes, eu serei feliz. Eu aprendi a ser feliz sem isso pra mim, mas agora chegou a hora de eu ver alguém ser feliz como eu sempre sonhei. A minha felicidade é saber que eu o quero demais, não posso ficar com ele, e mesmo assim eu lhe quero muito bem. A minha realização se faz em você e Collora. Eu não posso destruir alguém pra me sentir bem como eu fiz no passado, eu quero é ser feliz fazendo alguém feliz. Collora e você são meus filhos, são os filhos que eu nunca tive com Tonemuro.
Preste a atenção para nosso plano Ginchio: É muito importante que Tonemuro não pode saber que eu sou Amura, eu estarei disfarçada por perto de você. Você vai aparecer na vida dele seguindo os meus conselhos como que vindo do nada, sem dinheiro, apenas alguém. E sobre Collora: Assim como ela vai te rejeitar, eu vou te ensinar a vencê-la e conquista-la.
- ... (Ginchio teme)
- Não tema! Você vai se divertir muito! Confie no fato de que se tudo der errado você está seguro nas mãos de Tonemuro, um anjo de Deus. Lembre-se: Diante de Tonemuro e Collora você não tem nada somente uma pobre mãe adotiva que sou eu. Esse é o jogo: Pra ela ficar com você ela terá que merecer isso!
- Falando assim parece que eu sou uma coisa muito importante! (Diz Ginchio)
- Não é só ela que terá de merecer você, mas você terá que amá-la tanto que vença o orgulho dela e a ensine a te honrar! Não faça sempre o que você quer, faça o que eu te ensinar. Vamos trabalhar (Diz Amura levantando-se da mesa).
Então saíram, e indo à uma loja Amura colocou um lenço sobre a cabeça, óculos escuro e vestiu roupas diferentes, e disse:
- Pronto! Eu estou irreconhecível, mas não perco o meu charme nessas belas roupas é claro Ha Ha!
Então andando pelas ruas Ginchio perguntou:
- Quantos anos você não vê Tonemuro?
- 18 anos.
- Caramba!
Então saíram de carro e ela lhe dava muitas instruções sobre todas as reações de Collora, e sobre as reações que ele deveria tomar, e o que ele não poderia fazer, e ele bastante confuso ouvia com atenção.
A missão
Amura alugou um outro hotel de frente para o camarim de Collora.
Amura possuía um equipamento de espionagem, com fones, câmeras, e escutas que eram de uma irmã mais velha sua que trabalhou na Agencia de Segurança e hoje estava aposentada. Ela estava instalando todo o equipamento em seu hotel com Ginchio e mostrando à ele como iria montar situações entre eles para conquistá-la. Deu à ele uma escuta para pôr no ouvido, e com essa escuta ela falaria com ele do hotel observando tudo enquanto lidava com Collora e Tonemuro. Então Ginchio perguntou:
- Eu não sei de onde eu tenho tirado coragem pra acreditar que isso vai dar certo. Você não imagina o quanto eu sou tímido senhora Amura.
- Esqueça que você é tímido e tudo vai dar certo. Esse é o momento. Acredite: Os sinais de Deus me levaram até Collora e agora até você. É o tempo certo de Deus pra você, não acredite em outra coisa. Só pra você ter uma idéia: Antes de eu te ver parado na frente da TV babando por ela, eu trouxe isso só pra te mostrar...
E Amura mostrou os discos que tinha de Collora e as revistas com suas informações e disse:
- Eu sou fã dela! (Disse Amura como uma menina de 15 anos empolgada)
- Mas você não disse que ela não é tão boa cantora? (Respondeu Ginchio)
- Mas eu gosto mesmo assim! (Disse Amura sorrindo)
- ...Ok!... Agora uma pergunta: Como é que eu vou declarar amor a alguém que eu só conheci de vista? Ela não vai acreditar! (Perguntou Ginchio)
- ...HaHa...Ginchio, em primeiro lugar você não a conhece a primeira vista, você a conhece há muito tempo, então pelo que você a vê, você a ama, você só vai manifestar esse amor de verdade quando conhecer o mal caratismo dela. Prepare-se! (Diz Amura rindo) Não vai ser fácil! Mas vai depender dela também. Você não vai lamber os pés dela é claro, eu não estou ensinando você a ser um idiota! Tonemuro conseguiu me irritar demais fazendo justamente aquilo que eu não queria, por isso que ele é uma pessoa tão especial. O que eu vou te ensinar é a vencer o lado ruim dela e ensinar-lhe o bem sem perdê-la. Mas quando foi que eu disse que te apresentaria a Tonemuro? Eu te disse o contrário: Você vai aparecer na vida dela do nada, e eu na vida de Tonemuro também chegarei do nada! Eu jamais olharei para ele sem esses óculos e ele jamais saberá quem sou eu, pois também o conquistarei com aquilo que está dentro de mim e não fora. Ele disse pra mim que me amava independente de qualquer coisa e eu quero ver isso acontecer. Da mesma maneira, eu quero ganhar o coração dele pra mim com aquilo que eu tenho de melhor que é o meu coração. Ele me conquistou e eu quero ver toda a beleza do coração dele vir pra fora sendo eu somente uma imprestável mulher. Entendeu? E assim será com você e ela.
Amura e Ginchio saem de carro, e é sábado. Vão até perto da porta da casa de Tonemuro e esperam ele sair de carro, e nesse momento eles avistam ele sair com sua filha e a esposa, então Amura diz: “Yes! Vamos almoçar onde eles forem. Eles estão indo passear”.
E chegando ao shopping onde eles estão, eles vão seguindo Tonemuro e sua família. Então Amura diz: “Fique aqui. Ponha as escutas e me ouça daqui. Não venha, só se eu te chamar”.
Amura vai se aproximando da mesa onde Tonemuro está com sua filha e esposa. Amura treme ao se aproximar, e respirando fundo diz:
- Senhor, posso pedir-lhe um autógrafo?
Então Tonemuro se espanta e diz brincando:
- É a mim mesmo ou a Collora?
- É ao senhor mesmo! Eu também sou fã de Collora, mas eu queria muito conhecer o senhor. (Responde Amura disfarçada)
Então um segurança se aproxima e adverte à ela que fique afastada, mas Tonemuro diz que ela se sente ao seu lado, com o segurança por perto de pé a vigiando.
Então Tonemuro fazendo o autógrafo diz:
- Nós estamos à passeio, mas mesmo assim não podemos dar muita atenção à senhora. A senhora terá de se contentar com esse autógrafo apenas ok?
- Por favor! Deixe somente eu ficar sentada com vocês. Eu tenho um filho adotivo que gosta muito de Collora. Ele é tão tímido que me disse pra não vir aqui.
- Timidez as vezes não é tão ruim quanto parece. (Diz Tonemuro)
- Ele escreveu muitas cartas para Collora e não obteve resposta de nenhuma delas! (Amura mentiu para prová-lo).
Então Tonemuro disse:
- Devem ser muitas cartas...Algumas se perdem. Eu não sou empresário dela.
Então a garota disse:
- Eu recebo muitas cartas.
Então Amura diz:
- Eu queria contar um segredo ao senhor...
- A mim? (Diz Tonemuro)
- É...O meu filho adotivo é na verdade filho de uma prima minha, e ela morreu quando o Senhor se casou...Ela me disse que conhecia o senhor... (Inventou Amura)
- ... Quem era ela?
- Eu não posso dizer o nome dela. Ela era uma pessoa muito má, mas quando ela morreu, eu decidi vir aqui falar com o senhor porque ela se arrependeu do que fez...
- ... Há muito tempo a senhora quis vir aqui falar comigo? Mas por que comigo? (Disse Tonemuro sem nem lhe passar pela cabeça que poderia ser Amura à quem ela se referia)
- Sim! Ela queria que o filho dela conhecesse a sua filha. Ele só precisa mandar uma carta pra ela. (Diz Amura)
- Eu não entendo por que a senhora diz que ela era uma pessoa má, e por que ela queria que seu filho conheça minha filha?
Então a garota Collora logo se manifestou:
- Tá muito esquisita essa estória! Se ela morreu antes do meu pai casar, então o filho dela tem quase a minha idade, mas se eu nem tinha nascido como ela queria que ele me conhecesse. Eu canto à 4 anos somente!
- Eu não posso explicar muito bem...Eu só preciso que ele dê a carta a sua filha. (Diz Amura enrolada)
- Senhora, diga pra mim quem é essa mulher. Eu estou preocupada com isso! (Diz a mulher de Tonemuro)
Então Amura disse: “Não posso dizer ainda, ela não quer!”
- ... Ela não quer! Mas ela não morreu? (Diz a mulher de Tonemuro) Isso tá muito estranho. A senhora está mentindo pra conseguir alguma coisa. Essa mulher que você diz que morreu ainda vive e deve ser a senhora mesma. Diga o que a senhora quer!
- NÃO! EU NÃO SOU ELA! Eu só quero que a menina receba a carta de meu filho adotivo!
- Onde está a carta? (Diz a mãe de Collora)
- Não está aqui comigo agora, mas eu preciso de um tempo para entregá-la.
Então Tonemuro fica pálido e nervoso e se levanta, e temendo perguntar se era Amura, Collora diz: “O que foi pai?”.
- Eu sei quem é a prima dela. (Diz Tonemuro)
Então a mulher de Tonemuro diz:
- Olha senhora vá embora daqui. Essa mulher é uma pessoa que quase acabou com o nossa vida. Se ela está morta ela já morreu e se não está não queremos nada com ela! (Diz a mulher de Tonemuro percebendo que era sobre Amura que ela se refeia)
- Ela mudou! (Diz Amura disfarçada)
- Pai o que tá acontecendo? (Diz a garota Collora)
- Ela está viva ou morta? (Diz Tonemuro sendo direto)
- Haaa peraí (Diz a mulher dele levantando-se e dirigindo-se a Tonemuro) Você se esqueceu do que ela fez com você? Deixa ela querer falar com você e dar com a cabeça na parece, se rolar pelo chão, o que ela quiser, assim como ela fez com você. Ela não se importa com você, ela precisa aprender que nós temos sentimentos assim como ela, e esse é o momento de ela aprender!
A mulher de Tonemuro era lindíssima muito mais que Amura.
- Ela mandou muitas cartas e ele não respondeu. (Diz Amura disfarçada, enquanto Tonemuro fica sem resposta)
- Mas nem íamos responder! (Diz a mulher dele)
- Você leu as cartas? (Diz Amura à Tonemuro enquanto o segurança começa a afastá-la)
- Eu não li essas cartas! (Diz Tonemuro)
- Por favor Tonemuro, eu preciso falar com você. (Diz Amura disfarçada)
- Vamos embora! (Diz a mulher dele à ele, e prossegue ela dizendo a Amura disfarçada) Não há nada pra falar dessa mulher pra gente! Nem fale dela com a gente, ela não tem nada pra falar com ele! O que ela tinha pra falar já era! Acabou!
Então nesse momento Amura se lembrou de um dia em que Tonemuro através da internet mandou-lhe um recado dizendo: “Se é você que está aí Amura, deixa eu falar com você, eu só quero te ver e falar com você. Eu não consigo dormir enquanto você não me responder", mas ela pensando demoradamente pediu que sua mãe e suas primas ao redor respondessem que não queria falar com ele, então as primas dela escreveram: “Você já disse tudo que tinha que dizer. Ela te perdoa”.
Com esse pensamento Amura ficou apavorada por causa da reação da mulher de Tonemuro, e se sentiu exatamente como Tonemuro naquele dia. Então ela disse à mulher de Tonemuro:
- Ela precisa pedir perdão a Tonemuro! Amura é casada, ela não quer tirá-lo de você, acredite em mim. Por favor, ela só quer vê-lo, ela precisa. (Diz Amura)
- Ele a perdoa. Ele perdoa qualquer pessoa! Você acha que eu temo perder Tonemuro para ela? Ele jamais ficaria com ela. Sabe por que eu digo isso? Porque o conheço! Não era isso que vocês diziam para não deixarem ele ficar com ela? Que ele não a conhecia? (Diz a mulher de Tonemuro)
- Não fale por ele! Ele tem que dizer isso à ela! Ela tem sofrido por 18 anos! Você não tem coração? (Diz Amura disfarçada)
Nisso a garota Collora diz:
- Pai, vamos embora que ela vai ficar aqui falando sozinha!
Então o pai de Collora se encheu de ira contra a própria filha, porque lembrou do que Amura lhe fez e disse:
- Cale a boca! Eu tenho te ensinado a agir assim com os outros? (E a garota estremeceu)
Prosseguiu a mulher de Tonemuro:
- Essa mulher quase acabou com nossa vida. Tonemuro mandou cartas pra ela e ela não as respondeu. Depois de anos quis mandar cartas pra ele: Ela com suas malditas cartas! Eu não tenho pena dela. Que ela morra numa angustia miserável, porque ela iria tirar de mim a única pessoa que me amou de verdade. Eu vi o que ela fez com ele: Ela destruiu a vida dele. Ele chegou a não poder andar na rua tamanho o perigo em que ela colocou a vida dele sujando o nome dele. Essa maldita da sua prima, essa vagabunda não tinha coração. Quando eu disse que gostava dele no colégio, sujaram o meu nome também. Disseram coisas malvadas de mim todos os dias, não tínhamos pais que se importassem conosco. Hoje ele é o que sempre foi, mas ninguém nunca quis que ele chegasse aqui! “Lá vai o louco que não arruma trabalho”, diziam. Eu trabalhava pra sobreviver sem construir nada enquanto aquela vagabunda da sua prima se divertia destruindo a vida da gente recebendo sua propinas imundas. A gente quase perdeu a vida. Ela era evangélica! Essa piranha! E o maldito pastor dela fez questão de se exaltar e arruinar à um jovem 20 anos que era Tonemuro! Bem feito pra essa desgraçada! Eu cuspo em cima dessa maldita! Pro inferno todos eles. Nós é que somos de Deus de verdade. Hoje eu posso gritar no meio de um lugar como esse e fazer escândalo sem ninguém me fazer mal, porque eu tenho o direito de ficar com raiva, antes porém me prenderiam como se eu fosse uma louca.
A maquiagem da mulher de Tonemuro estava borrada por causa das lágrimas e o cabelo despenteado, mas a mulher era muito linda. Tonemuro fica em silêncio , e Amura fica sem palavras e abaixa a cabeça. Amura sai e vai até onde Ginchio está, e nada diz.
Ginchio ouviu a conversa pela escuta onde estava olhando de longe, e nesse momento ele partiu até Tonemuro correndo, e disse:
- Senhor Tonemuro, perdoe mentirmos. Eu não sou filho de Amura nem dessa mulher, eu sou filho de outra mulher. Ela falou sobre Amura, porque o Senhor fez uma promessa a Amura e ela presumiu que o senhor ainda guardasse essa promessa. O senhor deixou uma promessa à alguém e ela quer que essa promessa ainda se cumpra. Eu também passei o que o senhor passou, por isso mesmo que essa mulher me trouxe aqui. A promessa que o senhor iria dar a alguém que não merecia, que era Amura, por essa mesma Amura que não merece, eu venho requerer à favor de mim com a ajuda dessa mulher.
- ... Jovem, eu te ajudarei no que você quer. Eu cumprirei a promessa que fiz à ela.
- Ok!
Enquanto isso Amura ía saindo devagar, mas Ginchio correu até ela e disse a Amura disfarçada para que viesse com Tonemuro.
Tonemuro, sua mulher, e Collora viam de longe Ginchio falando com Amura disfarçada e ela disse à Ginchio que fosse com Tonemuro sozinho e a deixasse ir de volta para o hotel sozinha.
Então Amura tomando o seu carro foi embora para o hotel e deitando no sofá onde estava Ginchio, ela dormiu e sonhava que estava assentada numa mesa conversando com Tonemuro, somente os dois, e ela chorava dormindo.
Ela ficou um dia inteiro dormindo e nada comeu. Ela sonhou várias vezes que estava correndo atrás de Tonemuro e caia pelo caminho. Nos sonhos ela via a mulher de Tonemuro abraçá-lo na época da escola. Sonhava que a mulher dele andava com ele e não a ouvia enquanto ela o chamava. Ela via Ginchio sendo humilhado e zombado pelas pessoas e não conseguia impedir que as pessoas o humilhassem, e via que ela mesma estava humilhando a Ginchio com a imagem de sua juventude.
Ela só veio a sentir vontade de comer na tarde do dia seguinte. Ela tomou o café da tarde, se sentiu fraca, e voltou a dormir. À noite acordou e ligando a TV viu o filme: “O Encontro” de Jorge Rodrigues, na parte em que Misha está discursando e Jasha chora dentro da cabana de Iashi com vergonha da lembrança que Misha faz das maldades daquele povo, e então ela chora, e desligando a TV vai comer.
Não tinha forças, até que uma voz vaga lhe disse: “Levanta!”. Quando entendeu isso sentiu forças, e ligando a escuta com os aparelhos com que se comunicava com Ginchio, tentou contato com ele, e perguntou:
- Ginchio você está me ouvindo?
Ginchio estava trabalhando como ajudante de Collora, colocado por Tonemuro junto com a equipe dela em um de seus ensaios. Ouvindo o som do equipamento em sua mochila Gincho disse:
- Senhora Amura, está tudo bem?
- Como está tudo aí? (Perguntou Amura)
Então Ginchio explicou que ele recebeu um lugar pra dormir e auxiliar, comer, e trabalhar com a equipe de Collora até que Amura viesse busca-lo. Então Amura disse:
- Sim! Escute: Eu não vou estar aí com você. Irei aí se for preciso. É daqui, com esse aparelho que estou observando tudo que acontece aí. Depois me encontrarei com você e te darei algumas câmeras secretas pra você colocar em toda parte pra que eu veja tudo que acontece aí daqui. Você vai falar comigo e me ouvir por esse aparelho, e eu vou ver tudo que acontece aí, e você vai fazer tudo que eu te disser. Ok?
- Ok?
PARTE 2
Esse escrito é apenas a idéia do filme.
O começo está pronto.
O desenrolar da estória ainda não foi escrito.
Esse momento da estória vou chamar de: “PARTE 2”. É o filme propriamente dito.
Nessa parte o filme vai acontecer nestes moldes:
Amura dá instruções interessantíssimas à Ginchio para conquistar Collora, e o ensina como ganhar o coração de Tonemuro e deixá-lo admirado, tudo pelas escutas e através das câmeras. Como naquela cena do filme: “Um robô em curto circuito 2” onde o Robô Jhony 5 controla um Outdoor com controle remoto.
Numa das cenas Amura conversa Collora e fala que gostava muito de dançar, mas que depois do mal que ela fez com uma pessoa (Que no caso era Tonemuro, sem dizer que era ele) ela nunca mais teve a oportunidade de dançar outra vez, e chorou.
Eles ajudam Collora a vencer algum problema para que sua carreira não fracasse, e se atrapalham muito, quase estragam a carreira da menina com o propósito de Ginchio conquistar Collora. No final eles que tem que desfazer tudo pondo a perder o que Ginchio conquistou com Collora: O seu amor, em detrimento da carreira dela. Collora fica muito chateada com Ginchio.
Tonemuro pega a carteira de Amura com seus documentos no inicio de toda a confusão que ela havia deixado cair acidentalmente. (Aqui ele descobre que era ela sem que o filme revele a descoberta).
Ela dá conselhos à Ginchio vendo eles pelas câmeras e equipamentos que instalaram no apartamento como por exemplo:
“Não se amoleça com ela!” ou “Diga isso!” ou “Faça isso” ou “Confie em si, fique firme” coisas desse tipo.
No final Ginchio faz algo no fim do filme que é filmado diante de todos acidentalmente num show e consegue provar que a ama de verdade, como no filme: "Crocodilo Dunde", e o “Príncipe em nova York”.
Então Collora abaixa a cabeça e Ginchio a abraça.
O final
Então Amura disfarçada não contém as lágrimas, e chora muito sozinha se escondendo sem que ninguém a veja e alegre, diz: YES!
Tonemuro vai de vagar e feliz até Amura disfarçada e diz:
- Diga a Amura que ela não se culpe mais. Ela se redimiu enviando vocês pra ajudar Collora.
Então Amura disfarçada, ofegante e satisfeita, não diz nada.
Tonemuro diz:
- Muito obrigado à vocês é o que eu tenho a dizer. Ginchio terá uma casa aqui comigo, e trabalhará com minha filha, pode ficar tranquila. Ele está agora sobe a minha tutela. Diga a Amura que ... É melhor não dizer nada ...Eu só queria te entregar sua carteira que você deixou cair.
- Haa obrigado! Eu estava procurando há um bom tempo. (Diz Amura disfarçada)
- Qual seu nome?
- ... Amuraaa-Roto! Amuraroto. Como o nome de Amura, porque somos primas. (Disse Amura se confundindo)
- Ok, senhora Amura! Aliás, Amuraroto! Não é isso?
- ... É sim! (Diz ela abaixando a cabeça)
- Adeus. (Diz Tonemuro sorrindo pra ela, enquanto ela fica sem graça)
E Tonemuro foi embora andando lentamente com Ginchio, a esposa e Collora, de diante dela.
Então ela disse e fez o gesto: YES!
Antes de entrar em casa Amura parou em frente a sua casa e estava feliz e alegre no carro, sozinha, e expirou dizendo: “Missão cumprida!”.
Dentro de casa ao guardar suas coisas notou que dentro de sua carteira tinha um bilhete e ela o lê.
Pela madrugada estava Amura sentada no chão do banheiro, olhando as fotos da escola, e olhando a foto de Tonemuro, mas agora com alegria.
O marido dela diz do quarto: “Parece um zumbi acordada de madrugada!” Então ela do banheiro grita: “Cala a boca e vai dormir!”. E com raiva ela fecha a mão pra dar um soco no ar outra vez, mas desiste de dar o soco, franze a boca e abana a mão com desprezo como que dizendo: “Deixa pra lá!”
Então lentamente e sorrindo Amura pega aquele bilhete que estava em sua carteira deixado por alguém, e se ri meneando a cabeça.
No bilhete estava escrito assim:
“Amura, você é mesmo uma boba! Desde o inicio eu sabia que era você”.
Então ela entra no quarto pra dormir, à meia luz da janela, pra cima abraça o seu próprio corpo, e dança pelo quarto enquanto seu marido dorme, como uma bailarina, com os braços abertos.
Depois dentada na cama virada para o lado oposto ao marido acomodando-se ela fecha os olhos e adormece sorrindo.
FIM
Finalizado em 19 junho, e 30 de julho 2010.
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