sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A QUEDA DO HOMEM

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  A QUEDA DO HOMEM 

(A criação de Deus/ Volume 2) 


DEDICATÓRIA


Esse livro é mais um presente do Senhor que eu gerei inesperadamente. Um projeto apenas, que agora tornou-se real, num momento oportuno, feito com inspiração do Senhor. Ele me deu tudo, me deu pessoalmente, e eu me glorio de dizer que foi ele que me deu e não foi carne nem sangue, nem tinta, nem papel.

Eu desejo que sempre seja glorificado esse carinho de Deus na minha vida, por intermédio das coisas que ele me dá, que são uma restituição e um presente para quem não tinha nada, pensava estar de mãos vazias, mas é rico e possui muitas riquezas do Senhor.

O meu azeite da viúva, meus cinco pães e dois peixinhos consagro ao Senhor que me proveu um futuro do nada, literalmente do nada, porque o que tinha era nada, e o pouco que tinha até aqui, veio do nada. 

Com lágrimas, com lamentação, com súplicas, com muita tristeza, com muita humilhação, e sem nada.

  Veio do Senhor, do meu Amado. Até no nada que eu tinha o meu Deus me fez ver que ele me sustentou, porque até no nada eu pude ver a sua proteção, o seu cuidado pela minha vida, o seu agir, o seu livramento, e a sua provisão em meio a tanta humilhação.

(19 agosto 2009)


INTRODUÇÃO


Esse livro é um estudo sobre os capítulos 3 e 4 do livro de Gênesis, sendo uma continuação do estudo: "a criação de Deus", onde aqui a escritura continua, relatando agora "a queda do homem".

Esse livro funciona como um livro de estudo versículo por versículo. 

Você deve antes de tudo ter ao teu lado uma bíblia. 

Leia o livro de Gênesis capítulo 3 e 4 todo.

Depois deixe ao teu lado a bíblia aberta no livro de Gênesis nos capítulos e versículos indicados pelo livro para um estudo versículo por versículo.

Você vai fazer a leitura de cada versículo na bíblia com a interpretação neste livro. 

Vamos observar mistérios naturais e espirituais. Vamos compreender as coisas naturais, e através delas compreender coisas espirituais.

GÊNESIS


CAPITULO 3


A serpente


1 O texto diz que a serpente era o mais astuto dos animais terrestres que Deus tinha criado, ou seja, astuto aqui seria: inteligente-sagaz-hábil, e não havia um animal mais inteligente, sagaz e hábil que a serpente, como o texto mostra que Deus fez a serpente assim.

Jesus disse da serpente: "...sêde símplices (ingênuos) como as pombas, e prudentes (espertos) como as serpentes...". Podemos ver a palavra "esperteza" e "astúcia" de maneira positiva e de maneira negativa. A serpente é uma animal que Deus criou, sendo, assim só podemos ver isso como algo positivo partindo de Deus. 

Uma pessoa esperta é uma pessoa que sabe fazer bem as coisas, e uma pessoa astuta é alguém que tem uma inteligência apurada fora do normal para agir bem nas situações da vida, mas esse termos esperteza e astúcia, geralmente se usa a palavra astúcia para qualificar pessoas desonestas e desleais que levam vantagem sobre os outros, mas isso porque se usam dessa inteligência para o mal, e é o que veremos a serpente fazer neste texto: Um animal criado por Deus, falando contrariamente à Deus.

A serpente declara uma espécie de pergunta retórica ou pergunta irônica acerca do que Deus falou, coisa muito comum em pessoas que agem com falsidade ou engano, sabendo bem a diferença entre o que é certo e errado, mas tramando alguma coisa, seduzindo as pessoas a falar ou a entender as coisas de maneira errada. A serpente então diz algo como: "Deus disse isso?" ou "como foi mesmo que Deus disse?".

Note que o texto menciona que Deus criou a serpente, mas ela começa a agir contra Deus. O texto ressalta que ela é o animal mais capacitado em astúcia entre os animais do campo: não há outro tão habilidoso como a serpente.

A princípio vemos somente um animal irracional: uma serpente, mas vemos uma serpente podendo falar, e por sabermos que nenhum animal tem o dom de falar, mas somente o ser humano, Deus, e anjos, como diz Paulo: "ainda que eu falasse a língua dos anjos...". Entendemos que essa serpente está influenciada por Satanás: A única figura que tendo sido criada por Deus tem a intenção de opor-se à ele.  

Satanás é um anjo decaído, criado por Deus, mas que age contra a obra de Deus, à semelhança desta serpente.

Por algum motivo Satanás pôde entrar nesta serpente e fazê-la falar e agir contra Deus: foi dada essa liberdade de ela poder estar presente ali no Jardim do Éden, e ela por algum motivo conseguiu entrar nesta serpente. 

Tendo em vista que tanto aquele lugar quanto as criaturas, foram feitas por Deus para serem puras, e nada podia transpassar a onisciência de Deus, nem sua onipotência, porque sabemos que nada é oculto à Deus, é claro e firme que nada pode sair do controle de Deus e Deus não faz nada que seja mal, mas vamos entender isso melhor mais à frente. 

A principio então vimos que no aspecto natural a serpente está tomada por Satanás, e no aspecto espiritual a serpente tipifica o próprio Satanás: Uma criatura feita por Deus com alguma habilidade inigualável comparado com outros seres, mas oposto à Deus.


A mulher


A serpente não se dirige ao homem, mas ela vai à mulher. O apóstolo Paulo falando da mulher diz: "...não permito que a mulher ensine na igreja, porque não foi o  homem enganado, mas a mulher sendo enganada caiu em transgressão...", mostrando a diferença entre o homem e a mulher no aspecto humano, demonstrando  que a mulher foi feita com uma personalidade ou vocação diferente do homem. 

A mulher é mais emocional que o homem, e o homem é mais racional, a ciência inclusive mostra que a mulher possui menos neurônios racionais que o homem, e os estudiosos avaliam que a mulher possui uma capacidade maior de focalizar várias tarefas de uma vez, porque possui menos foco racional e maior facilidade de administrar tarefas manuais ou menos racionais. O apóstolo Paulo também diz: "que as mulheres estejam em silêncio na igreja, porque não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade masculina...", ou seja, o apóstolo Paulo não está fazendo a mulher menos idônea que o homem, até porque, se o homem é mais racional, ele é muito mais apto a enganar e a agir com ardil do que a mulher, mas o apóstolo Paulo está mostrando que a mulher é mais sujeita a se deixar enganar por si mesma e por Satanás, pelas suas emoções, e pela sua capacidade racional limitada, pois por mais inteligente que uma mulher seja, ela foi feita com o lado emocional mais forte, para ser sensível, e isso é perigoso quando é lidar friamente pondo a sabedoria à frente do próprio entendimento. 

Na verdade até o homem peca quando privilegia seu sentimento pessoal em relação a uma situação para julgar uma questão alheia, ou quando se deixa levar por aparências, sentimentalismos, ou conceitos definidos por figuras de sua admiração acima do que é obvio pela própria sabedoria, então na verdade a mulher não é por si só sujeita ao pecado, mas possui uma tendência emocional que precisa ser administrada com consciência, daí os conselhos do apóstolo Paulo.

A mente da mulher as vezes funciona como a mente da criança, ou do jovem que tem a impressão de estar certo e seguro de si mesmo estando um pouco atrás de quem já tem mais compreensão que ele da situação, mas como já dissemos isso não descarta a idoneidade de uma mulher sensata, nem a tolice de um homem insensato. 

Deus compara os seres humanos em relação às coisas espirituais à ovelhas. Ovelhas são animais totalmente frágeis, ignorantes, e incapazes sobreviver sozinhos no mundo sem serem conduzidos por um pastor, e como sabemos que Jesus é o pastor e a igreja são ovelhas, não diremos completamente que essa é a diferença entre o homem e a mulher, é obvio! Mas precisamos entender que quando a mulher reconhece a necessidade de ser mais sensata como fruto de um ponto fraco, que na verdade é apenas uma diferença da mulher para o homem e uma vocação etérea, a mulher torna-se sábia, prudente e forte em sua fragilidade, trona-se admirável e digna de honra como foi Rute, Ester, Ana, Maria e todas as mulheres que foram grandes diante de Deus na sua vocação. 

Quando a mulher se presume em si mesmo com a vocação masculina ela será "grande", mas não diante de Deus, como foi Jezabel, Vasti, Mical, Atalia, ou seja, todas elas foram exemplos de fiascos, e até mulheres modelos como Sara, Miriã, Rebeca (e até Raquel), todas elas quando assumiram a postura de tomar decisões ou agirem individualmente, o que é uma prerrogativa menos  feminina, agiram mal, porque a natureza da mulher possui o limite em que se ela for decidir deve observar que suas emoções não podem guiar suas decisões.        

Vemos na escritura o exemplo de Abigail, onde Davi era apenas um pobre Nômade, mas diante da afronta de seu próprio marido contra ele, ela não se deixando ser cúmplice, reconhece o investimento de Deus na pessoa de Davi, reconhece-o como o futuro rei, como Deus havia já prometido, crendo contra toda aparência, pois que o rei Saul que ainda estava no trono estava em oposição à Davi divulgando sua imagem como a de um criminoso em Israel. E depois vemos que após a morte de Nabal, Abigail tornando-se herdeira de tudo o que era dele, podendo desfrutar de toda aquela riqueza e escolher para si o homem do seu agrado juntamente com sua riqueza segundo seu interesse, após ser convidada por Davi para ser sua esposa, ela aceita o convite de Davi, crendo contra toda visão na palavra de Deus sobre o reinado de Davi, pois que Davi era homem pobre, sem morada fixa que pedia à Nabal o que comer. Abigail então abre mão de toda sua riqueza e segue à Davi. Não podemos afirmar que ela seguiu Davi por considerá-lo atraente ou não, pois que Abigail poderia escolher o homem que quisesse sem estar submissa à ele, então vemos que Abigail aceita casar com Davi por considerá-lo exclusivo, se por gostar dele ou não, não sabemos, mas o fato de abandonar tudo para segui-lo, seja por amor ou por humildade, não foi tolamente porque uma mulher insensata não se arrisca por propósitos nobres, nem valoriza quem está por baixo, assim como não foi por interesse, porque ela era mui rica agora, como disse Boaz de Rute: “tenho visto que tu és mulher virtuosa, porque você não tem buscado pra si um marido jovem, seja rico (por interesse), nem pobre (por aparência)”. 

A ciência tem provado que a mulher biologicamente possui uma capacidade racional menor que a do homem que se evidência na própria estrutura cerebral, por uma questão de vocação, e a psicologia também enfatiza que a mulher é mais emocional enquanto que o homem é racional.

2, 3 Note que a mulher retruca o que a serpente diz falando que, sim, eles podiam comer todos os frutos do Jardim, só não podiam comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, ficando aqui um sinal da ingenuidade da mulher de não notar claramente o ardil da serpente quando esta faz uma pergunta retórica querendo tirar dos lábios dela uma resposta diferente do que ela já sabia que não podia fazer. 

O outro ponto é que a mulher mostra estar consciente do perigo de comer do fruto e ela demonstra consciência desse perigo quando afirma que não deveria nem tocar no fruto, embora Deus não tenha proibido que eles tocassem na árvore.

A mulher, por sua consciência, se proibia inclusive de chegar perto daquela árvore por causa do medo de transgredir, ou de morrer, pelo temor à Deus, dando sinais de que ela também sabia o que poderia ser a morte: que a morte era a ausência da vida.

4 A serpente provavelmente está agindo com dissimulação e com uma postura tanto de expressar paz e alegria no ato de desobedecer à Deus, como está agindo asseverando saber o que está dizendo, induzindo a mulher a confiar nela, mas o problema é que isso está colocando Deus na posição de enganador, ou seja, a serpente está atribuindo que Deus não quis dar à eles tanta intimidade e guardou-lhe algum segredo, e ao mesmo tempo diz que o que Deus falou está errado, despertando um tipo de desconfiança em Deus, unido com um sentimento de que Deus estaria agindo com medo de que eles descobrissem segredos maiores, dando à Deus a imagem de um ser inseguro em relação a verdade agindo com a mentira para se proteger, e ao mesmo tempo despertando na mulher a capacidade de raciocinar que pode dar um calote em Deus sendo melhor que ele, gerando um ato de oposição entre a mulher e Deus ao mesmo tempo que incitando nela a curiosidade de querer ser igual à Deus. 

É importante entender que uma tradução diz: "e sereis como deuses", ou seja, o ser igual à Deus aqui não aponta para o caráter de Deus ou sua semelhança em termos de virtudes, pois Deus é a imagem de tudo o que é perfeito, seja visível, ou invisível através do que ele criou. Então o fato de ser igual à Deus que a serpente oferece à mulher seria a prerrogativa de possuir poder, soberania, majestade, saber, etc, fazendo a mulher especular em sua mente o que seria ser igual à Deus em termos de poder. 

6 Aqui a serpente conseguiu cativar a mulher, pois no momento que ela, após ouvir a serpente, analisa fruto, já está olhando para ele na prerrogativa de pensar se deve ou não optar pelo fruto, optar pelo erro na mesma prerrogativa de optar pelo acerto. A serpente conseguiu criar no coração da mulher um descrédito por Deus.

É interessante que a mulher (Eva) é movimentada pelo olhar, seu coração já não está ligado à Deus, sua mente está vagando numa atitude individual, ou seja, Deus já não existe em seu coração e sua mente se arrisca em algo perigosíssimo que ela se lança nisso sem nenhuma consciência de que está sendo enganada, mas mesmo através de um engano ela despreza à Deus, aquele que a criou, aquele que pôs tudo diante deles, e tendo em vista que Deus criou a consciência humana e falava com eles boca à boca, Deus podia ser contemplado de alguma maneira, não sabemos exatamente, como um ser bom, sincero e verdadeiro, mas que agora estava sendo interpretado por Eva como alguém desprezível. 

O olhar de Eva ao ver que aquele fruto inspirava todas aquelas mentiras que a serpente disse, ou seja, a beleza do fruto seduzia ela a descrer mais ainda no oposto que Deus falou acerca dele, porque uma das coisas que Deus tenta mostrar, criando um fruto proibido, mas que é belo e desejável, é que desobedecer à Deus, ter a liberdade para se fazer o que quer, mesmo sendo ruim, e querer ser poderoso como um deus, é algo sedutor assim como aquele fruto aparentava! 

Mesmo que Eva não sabia o que realmente poderia vir depois de uma transgressão, e não sabia o que era ser tentada, pois o homem (Adão) e a mulher não podiam ser tentados assim como Deus, como veremos, Eva podia ver que aquele fruto no aspecto de parecer ser bom, parecia ser bom e perfeito, assim como é a sedução pelo poder até mesmo pra quem já tem tudo e não precisa de nada.

Temos que entender que Eva era uma rainha no reino de Deus, ela tinha tudo, não lhe faltava nada, ela foi apanhada pela tolice de se dar ao luxo fazer o que quer sendo isso uma ofensa contra Deus e um convite ao orgulho. 

Como vimos a mulher foi levada pelo vazio de sua própria natureza, ou seja, ela não teve a intenção de ir diretamente contra Deus, mas ela foi indiretamente contra ele movida por suas emoções.


Eva é a humanidade


Eva aqui tipifica a humanidade em relação à Deus, assim como Cristo tipifica Adão em relação Eva. É importante entender que tudo que acontece nas escrituras não acontece por acaso. Poderíamos dizer que as coisas que acontecem na escritura foram movidas por Deus de maneira misteriosa, ou seja, Deus movendo os homens a agirem de uma maneira para que isso sirva de sinal e testemunho profético para dar instrução e conhecimento às pessoas, sim, esse entendimento é válido! Mas quando na escritura alguém faz algo, não faz além do que outro em seu lugar seria capaz de fazer também! Ou seja, o registro da escritura não é como de um livro místico, como se a escritura possuísse uma fantasia alternativa à realidade, mas a escritura, embora possua fatos exclusivos por ser revelação de coisas espirituais também, a escritura sagrada é um livro que revela verdades profundas através de coisas simples, e essas coisas simples tem uma profundidade, tanto as que estão registradas nas escrituras como sinal e testemunho como as coisas que acontecem e que fazemos no nosso cotidiano à semelhança do que foi registrado para testemunho. O que estamos tentando entender é que a atitude de Eva em pecar, segue um padrão que se repete no coração humano e da humanidade sempre quando peca. Somos sempre levados à indignação de raciocinar que somente Eva e Adão são os culpados por toda a desgraça da humanidade, como se nós, no lugar deles, não teríamos feito o mesmo. 

É interessante, que não sabemos quanto tempo levou para que a serpente aparecesse e tentasse à Eva, talvez levou muitos anos em que a serpente analisou a Adão e Eva com muito cuidado pesando no que poderia falar como uma lábia forjada que iria atingir como uma flecha sem o erro de falhar e deixar uma má impressão, até porque Eva, mesmo como mulher, mais emocional, era uma criatura inteligentíssima e perfeita. 

Depois vamos ver que a mulher tinha uma igualdade ao homem no aspecto de ação e liberdade de decisão que foi tirada dela por Deus após o pecado. Depois da queda, Eva tornar-se decaída de sua consciência sem mácula, e ela precisa ser por Deus submetida à um limite para que não venha a ser um instrumento errante, tendo em vista o que já vimos que a mulher tende ao emocionalismo no aspecto da ingenuidade e da menor capacidade de administração e percepção racional de certas coisas que foi dado mais ao homem. 

É importante então entender que Eva não foi criada uma criatura tola para ser enganada tão fácil pela serpente, mas a serpente se utilizou, não diria do ponto fraco dela, mas usou o lado onde ela não era tão forte, pois também o fato de alguém sendo ingênuo a ponto de não perceber um ardil para enganá-lo ainda não é o atributo total que se pode usar para enganar a alguém, excetuando o caso em que uma pessoa não sabe o que é certo, ou não tem consciência do que é errado, uma vez que aqui vimos que Eva sabia que aquilo era errado, mas o que enganou ela, nesse caso, foi o fato de se deixar corromper de sua firmeza no que crê que é certo, mudando de posição, mesmo não percebendo que a serpente a estava enganando, como foi com Eva. 

Eva não percebeu o engano, e esse é o sucesso de quem engana: enganar sem ser notado que está enganando, daí vemos que para enganar não há limites em tentar fazer a mentira parecer verdadeira ou boa. Então vemos que Eva foi ludibriada, mas ela corrompeu sua obediência inicial.  

Podemos dizer que o que Eva fez pecando, foi o que ela, ainda que tivesse vivido milhares de anos, um dia faria. É muito intrigante isso, mas é mais provável que a serpente tenha aparecido em pouco tempo, já no início da criação, e logo na primeira tentativa tenha alcançado êxito, mostrando que o ser humano é infiel ou falho de maneira categórica ou genérica. 

Esse acontecimento de Eva ter pecado silencia qualquer condenação em relação à Adão e Eva como responsáveis por todo mal na humanidade, quando entendemos que se nós estivéssemos lá com certeza e irrevogavelmente faríamos a mesma coisa! E esse é um dos mistérios mais intrigantes da criação: não há diferença entre o homem e a mulher para o pecado, porque quando Eva faz a mesma coisa com Adão ele cai também igual a ela que foi seduzida pela serpente. 

O que ocorreu com Adão e Eva é igual à toda humanidade: cairíamos do mesmo jeito que eles caíram se estivéssemos no lugar deles! Faríamos a mesma coisa! 

O mais intrigante nisso é que Deus sabia da possibilidade, de Adão e Eva pecarem, mas ele arriscou! Ele amou aqueles dois com um carinho demonstrado em obras e acreditava profundamente que o pecado não aconteceria sabendo que podia acontecer.

Deus do mesmo jeito que é pré-ciente: um ser além de nossa compreensão, ele sabia que isso iria acontecer e por isso mesmo colocou um juízo se eles comessem o fruto mostrando que nada sai de seu controle e nada fica impune diante dele, mas é preciso entender que é o sonho de Deus essa fragilidade humana, essa possibilidade é o que cativa Deus a criar um ser que pode amá-lo e que decida fazer isso por pura e espontânea vontade.           

Eva de uma certa forma peca como uma vítima, mas ao mesmo tempo, como alguém desobediente e soberba. Esse lado inconsciente de Eva tipifica a inconsciência do ser humano, ou da humanidade de forma geral em relação a profundidade das coisas espirituais, ou seja, o ser humano peca porque não tem à principio consciência da maldade que faz com Deus quando peca, embora por outro lado por maldade o faz.

Deus compara por muitas vezes o ser humano com ovelhas porque é totalmente ignorante às coisas espirituais assim como uma ovelha o é para a sobrevivência na terra. 

Aqui, quando o texto mostra que Eva deu de comer a Adão, o texto não se aprofunda muito em explicar o que aconteceu com o homem para cair no mesmo erro, isso porque o texto quer mostrar que ele caiu do mesmo jeito que Eva caiu, ou seja, não há diferença entre o que passou pela cabeça dele e em seu coração, foi a mesma coisa que passou no coração de Eva, o mesmo orgulho, o mesmo questionamento sobre a fidelidade de Deus, etc.

A diferença entre o que aconteceu com Adão e com Eva, não está no pecado deles, mas em como Satanás seduziu a um e a outro. A serpente jamais conseguiria seduzir diretamente a Adão, mas somente Eva, onde a mulher muitas vezes se deixa envolver pelo que ilustra uma fantasia, que mexe com o emocional humano. 

A serpente ilustrou o motivo gratificante porque Eva poderia comer o fruto, então ela olhou para o fruto e associou a beleza do fruto com o que foi falado. Seu coração foi separado de Deus, e foi dada à ela a oportunidade de analisar se queria ou não desobedecer.  À princípio Eva via o fruto e o desprezava, porque sabia que Deus tinha falado para não comer. Eva estava envolvida pelo que Deus falou, para obedecer, e depois se deixa envolver com a mesma facilidade, pelo que a serpente lhe falou, para desobedecer. Eva foi orientada por Deus a não admirar o fruto, do mesmo jeito que agora, ela foi cativada a olhá-lo. 

O coração da mulher que é muito sensível a se deixar enganar pela fala, e muito sujeito a se deixar possuir pelo que vê ou sente, vemos como um rapaz conquista uma moça através da conversa e de presentes, como joias, roupas e perfumes que movimentam sentimentos de fascinação, e sensações. 

Adão, porém, rejeitaria a serpente e não lhe daria ouvidos imediatamente, pois não havia à disposição da serpente nenhum elemento emocional que o cativasse a ouvir suas palavras contrárias, pois sabendo que comer do fruto era errado, não havia nenhuma fascinação, nem manipulação da razão, mas a mente mais racional do homem interceptaria imediatamente o argumento da serpente, a desprezaria com equilíbrio e a repreenderia. 

A serpente consegue fascinar a mulher usando-a como isca para fisgar o homem, pois ainda que houvesse como eles outras pessoas ali, a pessoa mais confiável ou mais chegada à Eva era justamente Adão, a quem ela compartilharia sua experiência seja boa ou ruim. E como, à principio foi boa a experiência de absorver o fruto, ela por estar ligada emocionalmente ao homem o seduz, e ele por sua vez se deixa seduzir por ela, porque está ligado emocionalmente à ela.    

A emoção do homem está ligada a influência da imagem da mulher, então Eva sem saber o que está fazendo, mas contaminada e afastada de Deus, seduz a Adão do mesmo jeito que a serpente fez com ela. Eva não está com a intenção de levar Adão ao erro, na mesma intenção da serpente de fazê-lo cair, mas de envolvê-lo com aquilo que pra ela foi bom num coração contaminado por uma maligna fascinação.

É interessante imaginar que Adão devia estar contrariado em transgredir inicialmente, mas sendo induzido por Eva, ele se deixou seduzir por ela. De uma certa forma então, ele deixou que a mulher lhe fosse mais importante que Deus. Adão talvez recusou o fruto, por saber, pela sua razão forte que aquilo estava errado e lhe traria problemas, mas acabou cedendo como vemos no caso de Sansão que é enganado por Dalila, onde ele sabe que ela está sendo enganado, resiste no início, mas se deixa envolver emocionalmente por ela no final.

É possível imaginar que Adão também se deixou levar pelo apelo de ser como um deus e possuir novo conhecimento, mas isso só depois de Eva cativá-lo por ser mulher em relação à ele sentimentalmente, porque se a serpente lhe mostra-se o fruto ele não aceitaria à principio e resistiria até o final, mas com Eva, Adão além de se deixar fisgar por ela por amá-la, ele depois de aceitar a informação errada sabendo que era errada, já entra no nível de optar, então aqui deduzimos que Adão pode ter cedido ao fruto somente por constrangimento, mas também cede ao apelo do fruto, cometendo o mesmo pecado em relação ao fruto como Eva. 

Adão apegado à Eva dissimulou para si mesmo como fez o ímpio rei Acabe que aceitou tomar injustamente a vinha de Nabote à conselho de sua mulher Jezabel.

Vemos que Eva tipifica a toda a humanidade, tanto a humanidade no aspecto da culpa em relação à Deus como figura masculina, como vemos o exemplo de Jezabel e Acabe como também a humanidade na questão da inocência humana como podemos ver no momento em que Sara na sua necessidade induz Abraão a lhe dar filhos por uma amante-barriga-de-aluguel e Abraão cede, onde Deus compara-se, em relação à humanidade, à um tipo de cúmplice do pecado humano.  

Vemos Raquel culpando Jacó por ser estéril no seu conflito pessoal de não ter filhos induzindo-o a fazer a agir com Abraão em relação a Sara.

Jesus compara o ser humano com ovelhas, porque a ovelha é um animal totalmente leigo para sobreviver sozinho sem ser guiado pela mente de um pastor, seja para se alimentar, se conduzir, se proteger, ou se abrigar... Assim é o ser humano em relação as coisas espirituais, pois por mais que um ser humano possa discernir a sabedoria pelas coisas terrenas, e até desvendar verdades por sua consciência, não pode compreender nada acerca do viver de fato a não ser através do Espirito Santo e do ensinamento da palavra de Deus como disse Jesus: “ninguém subiu ao céu senão aquele que de lá desceu” e antes diz: “nós temos falado do que temos visto e ouvido”. Então a razão porque o texto mostra-nos a transgressão tanto do homem como da mulher mais na prerrogativa da mulher do que do homem, é porque tenta mostrar o lado feminino no pecado que tipifica ignorância e a fragilidade humana que é representado na escritura por Eva, assim como vemos o lado masculino, embora tenha cometido o mesmo pecado que a mulher no aspecto natural do ser humano em relação à Deus, o texto tenta mostrar Adão tipificando o Senhor Jesus que passa, mais à frente, a arcar com as consequências junto com Eva, com a diferença que Senhor Jesus não comete o pecado e se dispõe a redimir a humanidade por amor, sem ser cúmplice no pecado, uma vez que Adão não tem como redimir Eva estando debaixo do mesmo pecado.

A mulher (Eva) tipifica a humanidade pecando e induzindo o Senhor Jesus (Adão) a arcar com ela nas consequências do pecado como se ele mesmo tivesse pecado com a humanidade, levando sobre si o pecado da humanidade como veremos depois. 

Como vimos que neste caso, numa analise de Adão como ser humano em relação à Deus que ele não somente leva sobre si o pecado da mulher, mas ele mesmo transgride e peca também, o homem com a mulher juntos tipificam a humanidade toda em relação à Deus, os quais todos pecam, não tem condições de serem redimidos, nem de redimirem uns aos outros.


A visão humana após a queda


7 O texto diz que os olhos deles se abriram, ou seja, a visão deles mudou, eles vieram a enxergar as coisas com uma visão diferente, então o texto diz que eles notaram que estavam nus, ou seja, até aquele momento estar nu não seria como estar nu, mas quando a visão deles muda, a nudez se torna uma coisa diferente do que era no principio, já não expressava liberdade no aspecto puro, já não era a pele humana sem veste como uma 'fachada' que eles pudessem apresentar sem constrangimento, mas algo desagradável de ser exposto. Eles tiveram a sensação de estarem expostos, eles sentiam vergonha de estar nus, já não mais como diz antes quando foram criados que estavam nus e não se envergonhavam. 

A nudez vem a estar associada agora ao despudor. No caso aqui, eram marido e mulher, ou seja, a nudez pra eles não seria um sinal de imoralidade após a queda, mas mesmo assim a nudez tem uma conotação de sentir vergonha de si mesmo.

Sabemos que na nudez humana expressa-se diretamente a intimidade sexual e o estimulo do relacionamento do homem com a mulher, e isso, após a queda, vem a ter uma perspectiva muito mais clara que é a que está em nossa consciência humana, onde o homem pode e deve manter-se na pureza do seu nascimento, assim como esquivar-se da imoralidade que assedia com a corrupção dos valores sociais que seduz ao ser humano por influencia de pessoas ou da indolência de sua mente quando se deixar enredar. 

Após a queda, sabemos por nossa consciência, que o corpo humano precisa ser coberto e um dos motivos é pela questão moral, resultado da queda que corrompeu a visão humana acerca do que no principio era visto por uma outra perspectiva, e num outro coração humano que possua um domínio e uma pureza superior. 

Adão e Eva, mesmo sendo homem e mulher, casados, eles sentem vergonha de expor seu corpo mostrando que não só que perdeu-se neles a pureza moral como sabemos, mas perdeu-se a liberdade em ser exatamente como se é, ou seja, perdeu-se uma visão ingênua da nudez, não por uma questão de opção, mas por uma questão de que o abrir de uma nova visão entranhou-se na natureza deles e faz parte do ser humano naturalmente.

Um grande mistério acerca desse assunto, é que a perda da liberdade da nudez, simboliza somente uma das liberdades que o ser humano tinha que não pode preservar naturalmente após a queda, um exemplo disso é a própria necessidade de se ter sabedoria para viver, ou seja, vemos que o livro de provérbios declara que a sabedoria originou todas as coisas desde a fundação, o que seria de maneira original, a expressão do Verbo de Deus como origem e formador de todas as coisas, do mesmo jeito que a sabedoria após a queda tem uma conotação de estar associada ao evitar dos erros na vida, mostrando que o ser humano perde a essência de ser perfeito naturalmente e carece de obter sabedoria, daí dizermos que a sabedoria é a revelação do Verbo após à queda para um ser humano decaído, como diz Paulo: “...porque todos os dons um dia cessarão...havendo sabedoria, um dia cessará quando se manifestar a perfeição de Deus”. A devoção do homem em relação à Deus não está, após a queda, mais associada a busca do bem no Verbo, mas a resistência também ao mal por intermédio da necessidade de andar em sabedoria, que seria a necessidade de uma cobertura, assim como se cobre uma nudez.

Podemos dizer que o abrir da visão deles, não foi somente uma questão visual, mas no interior, na mente, nas emoções, no espírito, ou seja, tudo mudou, quando o texto diz que os olhos deles se abriram, eles enxergavam tudo diferente do que Deus planejou originalmente. 

Embora a natureza do homem decaído tenha se tornado impura como um estigma perpétuo sobre a criação de Deus como vemos á seguir nas escrituras, e que sabemos por fato de nossa própria existência, naquele momento em que o ser humano conheceu pela primeira vez o pecado foi como que se todo o céu chorasse e se espantasse sobremaneira com aquilo que aconteceu, foi algo muito trágico e seríssimo: Foi feito algo que eles nunca poderiam fazer.

Por sabermos que toda a humanidade apanhou uma natureza de pecado após o pecado de Adão e Eva, uma das explicações para isso, de fato que por eles terem desobedecido, caiu sobre eles uma maldição, a maldição da separação passou para eles porque foram rompidos limites espirituais, estruturas foram abaladas e isso causou uma reação contrária, ou seja, o pecado trouxe separação e maldição, mas analisando a mecânica disso cientificamente precisamos saber que toda essa manifestação contraria onde acontece a separação deles de Deus e a contaminação de toda a humanidade, isso procede do que estava contido naquele fruto, da “química espiritual” reagente daquele fruto que passou para o corpo deles e em seguida passaria para o corpo de seus descendentes.

Não podemos dizer que Adão e Eva e consequentemente todos os ser humanos herdaram a natureza do pecado por um castigo diretamente de Deus, porque até aqui Deus não dirige-se à eles, também nada, a não ser o ser ser-humano, foi atingido por maldição até aqui, nem a terra, nem os animais nem nada no universo, o que aconteceu, até aqui, foi que a carne humana recebeu a natureza do pecado pelo fruto do conhecimento do bem e do mal. 

Podemos dizer de maneira direta que o fruto foi comido, penetrou no corpo, no sangue, e no espírito do ser humano, como vimos que os alimentos tinham uma prerrogativa espiritual.

Deus havia já prevenido o efeito que teria esse alimento na vida deles, Deus pôs nesse fruto a capacidade de que eles absorvesse a morte ao comê-lo, isso entrou no corpo deles e fez parte de suas naturezas. 

Adão e Eva não receberam somente a morte espiritual, mas de fato eles começaram a morrer fisicamente na medida do pecado que cometeram. Adão e Eva morrem para Deus espiritualmente, mas ainda vai permanecer neles uma consciência de Deus decaída. Eles não morrem fisicamente de uma vez como numa queda, mas como sabemos o ser humano envelhece, o que é uma tendência para morte até morrer de fato. 

Podemos imaginar que o ser humano tinha uma mente e emoções mais evoluídas, numa capacidade de tanger o propósito original de sua vida em relação à Deus e ao que ele criou, além de somente criar, realizar, sentir e vivenciar o que vivencia após a queda.  

O ser humano herda de fato uma morte que vigorou do fruto para eles no aspecto mais direto em relação ao ato de comer o fruto e herdar a natureza da morte. Deus fez com que a morte fosse real por intermédio daquele fruto mostrando que nada foge ao seu controle, não como um veneno escondido, porque Deus advertiu, e como diz a escritura: "bem aventurado aquele que não se condena naquilo que crê" e "se formos achados em pecado será o caso de Deus ser achado injusto (por ter nos dado a graça)? Não! Mas se eu torno a edificar o que destruí me torno transgressor daquilo que destruí", ou seja, Deus associa o conhecimento do bem e do mal com desobediência e a desobediência com a morte por uma questão de justiça.

O juízo de Deus contido no fruto não foi a dispensação de um juízo por traição, como se Deus estivesse sendo mal com a humanidade de maneira antecipada reservando castigo no fruto, mas o castigo da morte já estava preparado preventivamente com justiça disposto somente ao transgressor que sendo traidor traísse a confiança de Deus, como está escrito: "...seria Deus mal fazendo vir juízo através do mal. De jeito nenhum! Pois então como julgará Deus a terra? E se dissermos: façamos o mal para que haja justiça sobre o mal! Aí então és indesculpável quando pecas [pois por má intenção o fazes]...".  

O fruto proibido por Deus simbolizava na prática a idéia da possibilidade da desobediência, assim como o juízo imutável de Deus contra o mal reservado antes mesmo do pecado existir, onde o juízo de Deus é apenas uma faceta de sua justiça que opera no momento oportuno onde há o mal.

O ser humano herda a natureza da morte. O ser humano vem a envelhecer, se cansa, sente tristeza, sente dor, sente vergonha de seu corpo exposto, etc. O ser humano nasce e cresce sem muita consciência de Deus e sem um propósito espiritual em sua vida.

Podemos contemplar a atitude de Deus em relação a queda pela perspectiva da misericórdia, onde Deus suporta o pecado da humanidade e a impureza humana desde Adão e Eva, como diz a escritura a respeito de quem é o ser humano em relação ao Deus Santo: "se alguém não tem pecado é mentiroso" e "se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar", mas precisamos entender que, ao mesmo tempo, a desobediência causou perplexidade e profunda magoa ao coração de Deus, imaginando que todo o universo se abalou com aquilo, como quando no dia da morte do Senhor Jesus o sol se escureceu até a tarde e tremeu o chão, como também diz a escritura à respeito de Deus: "tu és tão puro de coração que não pode contemplar a opressão".

Tendo em vista, no novo testamento, o ensinamento acerca do inferno e do lago de fogo, fica um questionamento acerca da justiça de Deus em contraste com a misericórdia, pois ao banir Adão e Eva do paraíso com juízo Deus não promete um castigo eterno. 

No antigo testamento Deus tenta ameaçar a humanidade com a idéia de um juízo terreno, referido através das penas da lei e dos juízos referidos pelos profetas, mostrando a severidade de Deus como juiz, embora já vigorava o juízo eterno antes mesmo de ser revelado, assim como o juízo terreno não foi revogado com a vinda de um novo testamento.  

Podemos contemplar nas escrituras de maneira misteriosa, principalmente no livro de Salmos, e de Isaías, muitas referencias proféticas acerca do juízo vindouro e da salvação eterna, nada explícito, mas vigorando também na consciência humana um sentimento de culpa eterna por seus pecados que vai além do tempo de sua existência, ou além do que os seus olhos podem medir, sabendo que existe um juiz invisível diante de si que julga sobre a terra e após essa vida, coisa que em contrapartida o ser humano tenta ignorar tamanho seu egoísmo e aprisionamento aos maus caminhos.

Podemos compreender que Deus se mostra misericordioso ao banir Adão e Eva do paraíso sem os destruir, dando espaço a meditarmos na idéia de que Deus quer que haja um arrependimento tendo em vista não vir por imediato um juízo, mostrando indiretamente que o fato do antigo testamento encobrir o conceito do inferno e do lago de fogo, propõe, de maneira paradoxal, segurança ao ser humano que nasce sobre a terra contra sua própria vontade, quando lemos Jó dizer: “...porque nasci? Por que vim ao mundo para experimentar agora a miséria?...”, pois dessa forma, considerando Deus como ser máximo em misericórdia, ao invés de interpretarmos o fato de Deus encobrir dos homens o mistério da perdição eterna como um grande abandono de Deus acerca da criação, visto quão grande castigo está reservado à humanidade, podemos imaginar que Deus deixa ao ser humano uma consciência que lhe sinaliza acerca do bem e de mal e a sua visão perfeita de quem é cada ser humano quando diz a escritura: “...não clama a sabedoria todos os dias? E nas ruas não faz ela ouvir sua voz?...” e quando Jesus fala acerca do povo que não recebeu testemunho do evangelho: “Sodomitas se levantarão no dia do juízo contra esta geração, porque se vissem as coisas que vocês viram, à muito tempo teriam se arrependido em pano de saco e cinza”.

Deus parece ter o controle sobre a salvação dos homens, tanto não permitindo que os homens que se deixam admoestar pela sua consciência nos tempos ocultos do evangelho não se percam eternamente, como parece dispor uma solução futura, porém até aqui oculta, para que muitos homens encontrem a redenção em Cristo.

Deus parece dispor o juízo somente à dois grupos de pessoas: 1 Aqueles que entregam-se a impiedade rejeitando o temor à Deus e a consciência que conduz à uma vida justa. 2 Aqueles que negam o ensinamento verdadeiro do evangelho ou a pessoa redentora de Cristo quando tem a responsabilidade e a visitação de reconhecê-lo.  

Analisando a compreensão de Deus à falibilidade do homem poderíamos não compreender porque Deus dispõe tão grande castigo ao ser humano quando a maldade humana não chega a níveis tão altos, porque sabemos por toda escritura que Deus condenou o ser humano a nada menos que com a perdição eterna! E compreendendo que Deus desde o principio da humanidade jamais fez acordo com qualquer ser humano para livrá-lo de condenação senão mediante a arrependimento e temor, sendo assim é importante compreender que quando um ser humano assume a postura de não ser de Deus ou adotar um comportamento reprovado, podemos imaginar que o inferno ou o lago de fogo, embora seja um único local reservado a todo ser humano que não tem seu nome inscrito no livro da vida por rejeitar temor, redenção e obediência à Deus, podemos especular que o inferno talvez seja diferente para cada pessoa que seja lançado sobre ele! Onde assim o fogo (simbolicamente à principio) vai provar obras boas e inúteis como disse o apóstolo Paulo para recompensa eterna, também talvez, o fogo do lago de condenação eterno pode ser diferente para cada pessoa na medida da sua iniquidade, mas uma coisa é certa, pelo fato de um ser humano ser constante na sua iniquidade até o tempo de sua morte, o que ele é até sua morte é o reflexo do que sempre foi e sempre será, sendo assim, o castigo sendo eterno e não temporal, é justo, porque não o castigo por um ato de ter feito ou não ter feito, mas o castigo é eterno pelo ato de se ser ou não ser pra sempre! Então a escritura promete que toda perdição é eterna, é vergonhosa e dolorosa como o fogo, e aflitiva e tormentosa como “o bicho que corrói, mas não morre”, e toda iniquidade que manifesta-se por um de nossos membros conduz toda a vida e o corpo ao horror do inferno numa condenação completa.

Não podemos qualificar com clareza humana as situações referentes aos castigos eternos quando, por exemplo, Paulo diz: “...se alguém é realmente de Cristo, todavia fez coisas dignas de condenação eterna será salvo, todavia como que abrasado e saindo do fogo...” e Jesus também diz: “...aquele que sabia a vontade de seu Senhor, mas fez o que é mal será castigado com muitos açoites, aquele porém, que não soube a vontade de seu Senhor, mas fez coisas dignas de reprovação será castigado com poucos açoites...”, ou seja, não sabemos se isto refere-se ao juízo terreno que purifica o homem da culpa eterna como Paulo diz: “...mas se somos julgados (nesta vida), é para que não sejamos condenados com o mundo...”, ou se Paulo e Jesus referem-se ao fato de que até para salvação haverá um castigo, como um suposto elemento de juízo para a aceitação no reino eterno, assim como podemos deduzir que Deus não aplicará castigo superior para o pecador que fez menos do que outro que fez pior que ele, mas permanecendo o principio de que nunca o ser humano é medido por seus pecados, nem por suas obras, mas por seu temor à Deus, pois está escrito: “...Deus conhece os que são dele...”, pois quem é justo não será redimido para uma perdição, nem o ímpio ser disciplinado para uma salvação.           

Deus em todo esse momento não fala à Adão e Eva sobre a condenação eterna, ficando isso oculto para ser revelado só pelo evangelho, mas vamos entender porque Deus deixa reservada tão rigorosa condenação ao ser humano.

Deus não pode negar-se a si mesmo, e valores espirituais não podem jamais ser quebrados, quando um valor espiritual é quebrado isso não pode ser ignorado, assim como é importante entender que Deus está limitado por si mesmo, ele é a justiça perfeita, sendo assim não há nada que Deus tenha reservado diretamente contra a humanidade que não seja realmente é justo, nem há coisa alguma que outro no lugar dele mesmo faria melhor na mesma circunstancia, sendo justo.

  É importante entender que o que Deus faz ou reserva sempre é justo. Deus só lança sobre as costas do ser humano aquilo que ele mesmo, na prerrogativa de ser misericordioso, pode ter o controle para não ser injusto. Deus conhece a tolice do ser humano, como vemos Jesus, que é a manifestação do próprio Deus na terra, após ser covardemente acusado e crucificado pelo orgulho e pela maldade humana dizer: "Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". 

Os ferimentos e a dor de Jesus são, na prática, o efeito do pecado no coração de Deus, que Deus se deu ao luxo de sentir, e a crucificação e sua tortura foi a exposição da natureza humana má na sua integra. 

Deus arca com as consequências de redimir o ser humano como se ele mesmo tivesse a culpa, e o mais interessante é que ninguém sabe que ele está levando a culpa da humanidade e que está fazendo isso para redimi-la, mas a humanidade, o povo judeu e o povo gentílico daquela época porta-se como se Jesus merecesse aquela culpa, uns sabendo que ele era inocente por sua justiça tratando-o como se ele estivesse se ensoberbecendo da verdade, e outros deixando-se levar pela maioria presumindo haver culpa nele, quando está escrito: “...e nós o tínhamos por culpado castigado por Deus, mas ele foi ferido pelas nossas transgressões...”. 

O homem apenas continua a viver ignorando à Deus não sabendo que custa caríssimo a sua salvação. 

Adão e Eva eram criaturas que não tinham intervenção da tentação em suas vidas e tinham toda a capacidade espiritual de não pecar, por isso que agiram gravemente, porque foram contra a responsabilidade que tinham em relação a quem eram. O que eles fizeram foi grave na medida do castigo que eles receberam.

Foi muito grande o ato da perdição, ao ponto de somente com um alto preço ela poder ser reconquistada, isto é, através da morte de um remidor, que sendo perfeito ocupe o lugar do culpado. 

Por brincarem com o orgulho e com a desobediência eles correram o risco de perderem sua salvação eterna no ato de desprezar à Deus. Ignorando à Deus quiseram viver sem ele, mas somente Pela redenção em Jesus, como salvador ele podem agora serem religados à Deus, como vemos no mistério acerca de José, que diz ser o rei de seus irmãos, os quais o rejeitam, mas Deus faz com que José seja o único intermediário entre eles e a salvação da fome, não dando à eles subsistência senão por José. Vemos o mesmo Deus fazendo em Jesus, pondo em segurança a humanidade após à queda por oferecer uma redenção em Jesus. Do mesmo jeito que o homem rompeu os seus caminhos de Deus pela desobediência e rejeição de Deus, assim a humanidade também só pode religar-se à salvação e à vida em submissão à Jesus manifestando por ele a receptividade por intermédio da fé que opera na consciência humana com o poder do testemunho da verdade, que é o oposto do engano e da dúvida no testemunho da mentira acerca de Deus que seduziu a Eva. 

  Deus não menciona ao ser humano a perdição eterna, porque embora sabemos, pelo evangelho, que está sobre o ser humano a morte eterna pela desobediência do pecado, Deus deu à entender, é que a vida continuaria mesmo após o pecado e somente isso o ser humano precisava saber, uma vez que sabemos que se um ser humano for correto diante de Deus pode encontrar salvação pela misericórdia divina uma vez que viria o remidor da humanidade, Cristo, da mesma maneira que se fosse mal encontraria o justo castigo, ficando sobre a humanidade a idéia do livre arbítrio, onde Deus se torna inocente da perdição do ímpio, e responsável pelo justo, do mesmo jeito que julgaria a todos pela misericórdia reservada do sangue de Jesus.

A sentença do castigo eterno desde o nascimento se estende à todos os seres humanos não sendo injusto, porque qualquer ser humano que estivesse no lugar de Adão e Eva faria a mesma coisa e teria decaído do mesmo jeito que eles, por isso temos a responsabilidade de ser fiel à Deus após à queda, do mesmo jeito que Adão e Eva o tiveram antes da queda e não conseguiram permanecer fieis na perfeição, então vigorava sobre eles a mesma misericórdia de Deus que está sobre nós hoje, porque Deus não os destruiu, sendo assim, existe o fato de que não há diferença entre nós e Adão e Eva em relação ao pecado, porque eles eram perfeitos e decaíram, assim como nós se não formos fiéis após a queda que é a vida de uma certa forma pecadora não teremos a salvação. Adão e Eva são o testemunho da falibilidade genérica do ser humano, então assim como a queda é o sinal do juízo de Deus, também é o sinal de que Deus tem o controle de nossas vidas para nos salvar mediante a boa consciência para com o bem, ficando a parte mais difícil, e impossível da religação da queda e do perdão de nossos pecados pela graça em Cristo.  

Deus se agradou em continuar a humanidade preservando o homem na sua natureza decaída propondo à ele, pela sua consciência o bem e o mal, dando à ele juízo segundo o seu mal, como está escrito: “o que o homem semear isso ceifará” e como diz Deus: “...eu sondo o coração e provo os pensamentos e isso para dar a cada segundo as suas atitudes”. Deus põe o ser humano inicialmente sob a perspectiva de analisar que a vida tem oportunidades para se dar testemunho de obediência e desobediência, como se diante de nós estivesse o fruto proibido que seduziu Adão e Eva tão constantemente como estava aquela árvore diante deles, não sendo o ser humano decaído imune ao pecado, mas julgado por Deus pelas suas atitudes, da mesma maneira que Deus propõe a ideia de sondar infinitas circunstância e possibilidades para julgar a alguém como ímpio ou justo diante de si como Jesus disse: “A rainha do Norte (a rainha de Sabá) se levantará contra esta geração, por que veio de longe para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é maior que Salomão”, ou seja, Deus não isenta a ninguém da redenção em Cristo, nem mesmo os que vieram antes dele, como diz Jesus: "...Sodomitas se levantarão em juízo contra essa cidade, porque se vissem os sinais que se deram entre vocês à muito teriam se arrependido...”, mostrando que até as obras más associadas à ignorância são avaliadas no juízo de Deus pela misericórdia de Deus.  

Deus julga o ser humano na medida do seu mal, pois todo pecado tem sua medida e proporção e leva a juízo, ficando o preceito que rege à todos os seres humanos para preservação de sua vida: “ponho diante de vós o bem e o mal a vida e a morte escolhe a vida para que vivas” e “o que semeia na carne, da carne colhe corrupção, mas o que semeia no espirito do Espírito colhe a vida”, só que para os homens que vieram antes da lei, esse quesito opera sem conhecimento e mesmo depois com a lei sem o Espírito dado gratuitamente a todos.   


O pecado de Adão


  A escritura no novo testamento não menciona Eva como personagem central do pecado quando diz: “o pecado de Adão”. 

Como vimos, os textos de Gênesis fazem questão de evidenciar Eva como o elemento por onde chega o pecado até Adão, tanto para dar testemunho da fragilidade da mulher no aspecto emocional em relação ao homem, como para tipificar a humanidade em relação à Deus pela prerrogativa da imagem feminina, mas o novo testamento sempre aponta para a figura de Adão como responsável, por pelo menos três motivos.


(1) Adão era o cabeça de Eva. Ele é o maior culpado, dando testemunho que não há fragilidade só na mulher para transgredir no aspecto espiritual, do mesmo jeito que não há limite ou inferioridade na mulher para chegar-se à Deus, quando o apostolo Paulo diz: "...pois pra Deus não há diferença entre homem e mulher, estrangeiro ou israelita", do mesmo jeito que também Paulo mostra a fragilidade e as debilidades da mulher dizendo: "...pois não permito que mulher ensine na igreja, pois não foi Adão enganado, mas Eva sendo enganada caiu em transgressão".

(2) Adão simboliza o todo ser humano no aspecto humano. O novo testamento quando qualifica o pecado refere-se ao pecado de Adão, porque o homem é a figura que representa tanto o homem quanto a mulher, e porque o homem é a figura responsável criado a imagem de Deus (pois a mulher foi feita segundo a imagem do homem no aspecto espiritual), então nas citações do apóstolo Paulo seria descomunal e até leviano falar que Eva pecou, e não se menciona nem que Eva pecou junto com Adão, pois Adão significa, nesse contexto, o único responsável formal pelo pecado da humanidade. 


(3) Adão simboliza Cristo se responsabilizando pelo pecado da humanidade com a diferença que Adão não pode redimir Eva, apenas acompanhá-la em sua culpa, e Jesus não fracassa no pecado como Adão fracassou pecando, pois Adão não pecou só por causa de Eva, por amá-la, mas pecou porque cedeu ao pecado por si próprio, não se pôs remidor ou intercessor de Eva sem pecado, como analisamos a possibilidade de Adão como ser humano também fascinar com a idéia de comer do fruto depois de ser seduzido por sua mulher à dar-lhe ouvidos, assim como a serpente seduziu Eva. 

Em todas as escrituras veremos vários Cristos, representando a fidelidade masculina na pessoa de Cristo como remidor, e ao mesmo tempo veremos muitos Adãos, simbolizando a infidelidade da humanidade cedendo à suas próprias fragilidades ou pecados, por exemplo: Abraão com sua mulher Sara, onde ele é um Cristo que peregrina com seu povo saindo de Ur dos Caldeus para Canaã, numa aliança com Deus, tipificando uma espécie de segundo Adão, pois Adão sai de Éden com Eva, que se situa nas redondezas de Ur dos Caldeus (onde está o rio Tigre e o rio Eufrates) banidos por Deus por quebrar uma aliança, mas Abraão sai de Ur dos Caldeus com Sara para uma aliança com Deus.  Vemos Isaque e Rebeca, Jacó e Raquel, que entre erros e acertos são Adão e Eva, Cristo e sua Igreja, Adão que peca junto com sua mulher, mas Cristo que não peca e leva sobre si a culpa de sua igreja, como ele é chamado pelo apóstolo Paulo de: o segundo Adão.  


Os primeiros efeitos da queda


Vemos que eles improvisam roupas e se cobrem. Esse momento mostra que eles possuíam um tipo de ingenuidade espiritual que entrou em choque neles após a queda, ou seja, antes da queda estavam nus e não se envergonhavam, mas agora a nudez tornou-se vergonhosa, porque o espirito deles mudou se tornando impuro, mas ainda possuía a consciência da necessidade ser puro. 

Note que eles, ao decaírem não tiveram a nudez, que para o ímpio é símbolo de libertinagem como algo alegre e libertino, mas justamente o contrário, o fato de a nudez aos olhos deles perder a idéia de ingenuidade e tomar a intenção de algo libertino não fez com que eles se depravassem, mas justamente se envergonhassem. Daí constatamos que existe uma distancia entre o pecado e a impiedade assumida. 

Está escrito em Eclesiastes: "...porque na verdade o homem nasce puro, mas ele escolhe entrar em muitos problemas...". Adão e Eva não ignoraram que a consciência deles se opunha ao que eles pela sua nova natureza carnal que decaiu podiam sentir, porque suas consciências os conduziam a algo diferente do que sua carne podia os conduzir. 

O primeiro efeito da queda então seria a aversão a si mesmo, quando o que é puro deixa de ser compreendido por uma consciência pura, o que é belo torna-se vergonhoso ou motivo de escândalo, e o ser humano aos seus próprios olhos torna-se aversivo a si mesmo, tanto por causa de si mesmo como por causa da tristeza gerada com o pecado. Tudo isso acontece porque o ser humano perde a capacidade de compreender e absorver as coisas com uma visão original e já não pode compreender com equilíbrio, pureza ou sublimidade o que Deus criou: houve uma separação como Jesus diz referindo-se a todo ser humano descendente de Adão e Eva: "o que é nascido da carne é carne, o que é nascido do espirito é espirito". 

A atitude natural do pudor no ser humano decaído com relação à nudez parece ser diferente da atitude de toda pessoa que entrega-se a impiedade, porque a atitude de quem está acostumado com o mal ou cresce livre para o mal, seria como a do povo de Israel quando Moisés sobe o monte para receber de Deus as leis, e quando desce encontra imediatamente o povo em orgias, luxurias, abominações, loucuras e embriagues, por causa da aversão que eles tinham ao que é reto e do costume com o que era mal, entregando-se então ao mal avidamente.

A impiedade parece ser então, não logo o primeiro passo do ser humano decaído, mas o segundo passo, onde o ser humano afastando-se da sua consciência entrega-se a inclinação da sua natureza carnal, onde opera o afastamento de Deus e por consequência o mal. Adão e Eva sentiram inicialmente o oposto ao despudor, pois eram duas criaturas puras saindo do bem para conhecer logo mal.

No momento que eles Adão e Eva alimentaram-se com o fruto proibido, eles vendo sua beleza e sentindo o seu sabor, isso não os constrangeu a não prosseguirem. 

Talvez Eva comeu do fruto porque foi seduzida sozinha com a serpente, pois vemos que a serpente dirigiu-se somente à ela e até então falava somente com ela, até aí então entendemos que Adão talvez não estava com ela enquanto a serpente a seduzia, ou se estava a serpente estava conseguindo seduzi-la, ora se Adão estiva junto com Eva, certamente deve ter repreendido a serpente, uma vez que Adão jamais aceitaria por seu coração perfeito essa sedução, como sabemos que Eva pecou, ele deve ter tentado evitar que Eva pecasse sem sucesso, pois a sedução por boca da serpente não teria sucesso em Adão como já vimos, mas o texto diz que Eva comeu o fruto, e se Adão estava com ela enquanto ela pecava, ou estava ausente, a fruto teve o efeito da queda nela, ela talvez não percebeu por estar envolvida pela fascinação, e quanto terminou de comer, se sentia ainda bem ao ponto de seduzir e oferecer à Adão, que segundo o texto comeu do fruto depois que ela comeu sozinha e o ofereceu depois.

Somente após os dois comerem, aí sim o texto fala que abriram-se seus olhos. Pelo fato do efeito da queda se dar em ambos ao mesmo tempo, é possível especularmos que talvez eles estavam juntos quando Eva se deixou seduzir pela serpente, ou que estando separados o texto tenta explicar que por um certo tempo eles ainda se sentiram bem após a pecar, um depois do outro, tendo um efeito não simultâneo nos dois, mas somente em ambos, ou talvez o efeito da queda só veio nos dois mesmo porque Adão também se prestou a pecar, uma vez que Eva estava ligada a Adão e possivelmente havia algum tipo de redenção pra ela se Adão não pecasse.  

O efeito do afastamento de Deus, ou da queda dos sentidos espirituais, talvez já vigorava enquanto comiam, mas o texto mostra que só depois que comeram ambos é que abriram-se os olhos, talvez só aí caíram em si que estavam num estado de afastamento, após eles terminarem de dar vazão a toda aquela fascinação, assim como todo erro que cometemos, a fascinação anterior ilude e no  momento do pecado não se nota o afastamento, mas quando se termina totalmente de lidar com o erro, cai o remorso, a vergonha, a sensação de perturbação espiritual que já estava vigorando no momento do pecado, mas que só se percebe depois, dai o texto dizer que abriram seus olhos, dos dois como que ao mesmo tempo, depois de comerem, dando a entender que a fascinação e a ilusão de Eva se estendeu até o momento de também oferecer para Adão, e só sentir a queda quando Adão também passa pelo mesmo processo que ela, de se fascinar, ceder, apreciar a beleza e sentir o sabor do fruto, e comê-lo. E não sabemos se eles comeram o fruto totalmente até seus olhos serem abertos, nem se talvez comeram muitos frutos dessa árvore até sentirem que decaíram.

8, 9, 10 Podemos especular que o motivo inicial para eles se esconderem nas árvores seria a tentativa de não quererem lidar com Deus, como se não fosse uma coisa boa mais lidar com Deus, desejando eles inclusive que Deus não os procurasse mais, pois além de não quererem lidar com a nudez diante de Deus e com a sensação de culpa de terem ofendido à Deus, eles desejariam então afastar-se de Deus, porque já não viam mais estima em Deus. 

Outro efeito do pecado é que Deus torna-se como uma imagem de inimigo por causa da desobediência e de sua prerrogativa de autoridade, eles demostram medo de Deus, de serem castigados, mostrando que a consciência do pecado gera a perspectiva de um castigo vindouro, de uma repreensão, de um tormento em consequência de um juízo. 

Também vemos que o ato de se esconderem, além do medo, também expressa vergonha de si mesmos por ter errado, escondendo-se de Deus por vergonha de terem pecado e terem que encarar a Deus. Vemos que se esconderam por causa da vergonha de estarem nus, ou seja, eles tinham vergonha de serem eles mesmo diante de Deus, o que nos reporta que o ser humano no aspecto espiritual, no erro, não se compreende como agradável à Deus, ele tem aversão a si mesmo em relação à Deus, então por isso ele se esconde de Deus porque sente-se indigno. 

Lidar com Deus ali trazia à eles agora uma situação contrária, onde a criação de Deus não consegue lidar com o seu Deus. O relacionamento com Deus não impõe mais à eles uma amizade ou um prazer, mas uma expectativa de inimizade e de desgosto, e esse desgosto não seria ainda causado por Deus contra eles de fato até esse instante, porque Deus ainda não sentenciou nada contra eles, mas esse efeito advém deles mesmos, pois suas consciências foram afetadas pelo remorso, pela vergonha, e pelo medo: sentimentos que eles jamais deveriam vivenciar.

O efeito da oposição deles com Deus opera primeiro dentro deles, eles temem uma retaliação pela própria consciência deles mesmos.

No momento que Adão se justifica, podemos especular que ele está omitindo toda a verdade, ele diz ter medo só pelo fato de estar nu, para não falar que pecou, ele podia não querer nem lidar com Deus jamais, mas embora estava falando a verdade, pois sabemos que a nudez foi pra ele motivo de vergonha, ele podia estar querendo omitir que pecou e tentar esconder de Deus o que fez, estava tentando fugir de Deus e não tinha como se esconder da besteira que fez.  

Até aqui não se nota neles nenhuma sensação de desejo de arrependimento e de correr à Deus e pedir perdão, mas o desejo de se afastar e fugir da responsabilidade. Deus foi atrás deles procurando-os. 

É interessante que o ato de Deus procurar o homem e perguntar-lhe onde está, parece uma ironia, pois Deus é onisciente, mas tudo o que Deus faz é real e se manifesta de fato por suas ações: Deus fez a vida acontecer de fato na prática explicitamente e não ocultamente no nível do pensamento invisível.

Deus interage com a criação em todos os níveis, ou seja, Deus se expressa de fato como um homem expressa seus pensamentos e emoções em forma de atitude, o que faz o Deus onisciente, onipotente e onipresente atuar à semelhança de um ser humano, uma vez que o ser humano é a imagem e semelhança de Deus.

Podemos definir a ação de Deus com o exemplo de que Deus pode agir além do tempo e do espaço, mas ele propõe tempos e locais, Deus pode agir além dos pensamentos e emoções, mas ele se expressa de fato, pra que tudo o que é, ou está em Deus, aconteça de fato. 

Podemos ir profundo pensando que quando Deus pergunta a Adão: “onde estas?”, Deus sente também em seu espírito a distancia deles, Deus sente no aspecto espiritual que o coração deles está longe. Estão perto, mas Deus os sente longe, ou eles estão longe de fato fisicamente, mas Deus os sente longe espiritualmente, mostrando nesse momento toda a situação interior e espiritual, o drama do afastamento interior do homem quando peca, narrado numa situação não somente teatral, mas real com toda a verdade e realidade entendível ao ser humano. 

A atitude de Deus em relação ao afastamento do ser humano não é um ato fictício ou simulado por Deus, pois o Deus que criou todas as coisas faz tudo acontecer do jeito que projetou de fato. 

Nesse momento vemos uma revelação sobre a graça de Deus que vai além do contristamento humano, onde quando o ser humano peca, a única força que o atrai de volta é o próprio Deus, ou seja, Adão e Eva não demonstram desejo de voltar à Deus como se Deus ainda estivesse no coração deles, mas como se Deus tivesse saído de dentro deles e não os atraísse de volta, numa tendência de afastar-se cada vez mais, exceto pelo fato de que Deus os chama e os procura, mostrando o que Jesus diz: “...ninguém pode vir a mim se o Pai não o trouxer...não foi vocês que me escolheram, mas eu escolhi vocês...ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar...”, e quando Jesus diz à Pedro: “não foi carne nem sangue que te revelou (que sou o Messias), mas meu Pai que está nos céus”, ou seja, o ato da reconciliação com Deus é um milagre espiritual sujeito à graça de Deus, alguém pode simular ter arrependimento, como vemos os apóstolos das escrituras muitas vezes falarem disso, mas ter mesmo o desejo de tornar-se a Deus, é uma coisa que só Deus pode realizar.

Mesmo quando a graça de Deus não se manifesta escolhendo a alguém, o fato de um ser humano reconhecer a existência de Deus, e ter o desejo de curvar-se diante dele, isso nada mais é do que uma força espiritual atuante de Deus em relação ao homem, e nunca do homem para com Deus, como está escrito: “as tuas misericórdias são a causa de não sermos consumidos, porque as tuas misericórdias não tem fim renovam-se a cada manhã...” e “...ele faz nascer o sol e vir chuva sobre justos e injustos...”.    

11 Podemos especular que talvez Adão não tivesse sentido remorso em pecar, por uma questão de que aquilo foi uma experiência inaudita pra ele e não estivesse com medo de Deus castigá-lo, por nem entender que Deus iria castigá-lo, não sabendo o que poderia acontecer, talvez pensasse que tudo isso que era estranho, podia passar como se passa uma má lembrança, mas certamente Adão tentava esconder o que fez e parece se embaraçar, pois as coisas vão se revelando sérias.

A revelação do pecado na vida de uma pessoa leva o ser humano a viver o insucesso, o fracasso, trazendo vergonha, perturbação, e tristeza, e encobrir o pecado com destemor à Deus, só pode levar o ser humano contradições, mentiras, e outros pecados. A injustiça não pode levar o ser humano a lugar nenhum que seja reto, nem a mentira jamais pode revelar coisa alguma que faça sentido, porque Jesus disse: “...a tua palavra é a verdade...”, ou seja, não há verdade que não seja palavra de Deus, nem palavra de Deus que não seja verdade, como também está escrito: “...ninguém fortalece a sua vida com iniquidade” e Jesus diz: “não há nada oculto que não venha a ser revelado”, é uma promessa feita por Jesus sobre a supremacia da verdade triunfando sobre os jogos da mentira, do engano, da injustiça e do pecado.   

Jesus disse: "...quem é da verdade ouve a minha voz...mas quem anda em trevas afasta-se da luz para que não se manifestem as suas más obras...se vocês fossem de Deus me amariam, porque eu faço o que agrada o Pai...o mundo me odeia, porque eu dou testemunho de suas más obras...".    

Deus põe Adão em contradição quando lhe pergunta quem lhe fez saber que estava nu. Assim vemos que a nudez criada por Deus não era como uma nudez, e também notamos que não era pra eles notarem isso como nudez, a pureza do coração deles lhes dava uma visão da nudez não como nudez. Então Deus já deduz que essa mudança foi por causa de comer o fruto proibido.

A nudez simboliza a liberdade do ser humano ser como bem quer sem o pecado, ou ser como pode ser sem formalidades nem metas de ordem social. Deus cria uma vida sem revestimentos, sem culturas definidas, sem adereços para se ser agradável, sem a ambição de impressionar ou de si impor, coisa que o ser humano não precisava, por não se discriminar, por não possuir vaidades visuais acerca de si mesmo e do próximo, por não ter orgulhos, nem a imoralidade, por aceitar diferenças, não vivendo em função do que se faz nem do que se é, mas muito mais em função do que é criado por Deus.

Para Adão e Eva a descoberta de que estavam nus, pelo fato de isso ser apenas o efeito de um coração que foi mudado, foi como o fim de um tipo de vida que não pode mais ser vivida. 

No mundo decaído torna-se necessário, revestir-se de formalidades, equilibrar-se, limitar certas liberdades pessoais, mas no mundo original o homem não só poderia ser ele mesmo como uma criança, como tinha capacidade de não ceder à coisas inconvenientes. Podemos especular que algumas coisas que são inconvenientes, não o seriam se ainda o ser humano fosse o mesmo. 

A liberdade deixa de ter conexão a integridade humana, daí Deus dar ao homem uma lei rigorosa que dê a impressão de sucumbir valores espirituais naturais. 

O ser humano não possuía uma vida irracional como a dos animais, mas uma vida descompromissada com o que poderíamos chamar de etiquetas ou tradicionalismos humanos. O ser humano torna-se escandaloso ou desagradável por ser natural mesmo sem o pecado, como vemos na experiência de Deus com o homem no livro de Atos onde a experiência do Espirito Santo com o êxtase e o falar em outras línguas causa admiração à ponto dos discípulos serem chamados de loucos e de ébrios, e como vemos o Espírito Santo ao mover em grande regozijo o povo na entrada de Jesus em Jerusalém incomodar os praticantes da própria lei de Deus.   

12 O homem põe imediatamente a culpa na mulher, como que se arrependendo de todas as coisas que falou sobre ela no início, tendo uma espécie de aversão ou discórdia em relação a ela, ela deixa de lhe ser importante. 

O tormento do afastamento de Deus chega a ser uma crise onde Adão não responsabiliza-se pela mulher deixando-a só na situação de culpada, como um ato de covardia, algo contrário ao que aconteceu quando pecaram juntos, como que deixando a culpa só para Eva e buscando sua solução individual diante de Deus. 

O homem demonstra egoísmo ao falar da culpa somente da mulher, mas também assume seu pecado.

13 Deus agora questiona a mulher buscando a sua reação e ela como que escondendo-se em sua ignorância parece estar acuada e assume que falhou ficando com a culpa pra ela sozinha, até porque ela que falhou, mas de uma certa forma isentando-se ela aponta a serpente como responsável por todo o seu ato de orgulho e presunção contra à confiança de Deus neles  afirmando somente que foi seduzida.


As sentenças de Deus e a maldição do pecado


14 Deus não está agindo contra eles ainda,  mas demonstra perplexidade, mesmo sendo onisciente, ele questiona-os como que extraindo deles alguma reação favorável que demonstre  lamento. Deus não se depara com eles no início, mas primeiro com a serpente por ser o elemento menos importante para Deus naquela questão como que deixando por ultimo a situação mais delicada.

No aspecto natural Deus se dirige ao animal, o qual mesmo sendo irracional, por ter sido canal do maligno, Deus o amaldiçoa. 

É interessante que poderíamos entender que um animal irracional à principio não pode ter culpa, mas a lei de Moisés diz: "se um boi ferir a um ser humano será morto" e Jesus amaldiçoa uma figueira por não ter lhe dado um fruto desejado num momento oportuno em que  ele desejava, mesmo na circunstancia em que não era tempo de figo, demonstrando a frustração de Deus em relação à criação quando ela não corresponde aos seus propósitos. 

O momento em que Jesus amaldiçoa a figueira expressa um mistério que seria o fato de que Jesus sabia que a figueira não teria fruto, pois não era o tempo do fruto, mas ele o procura nessa circunstancia justamente para não encontrar, mesmo procurando! Porque se fosse tempo de figo ele encontraria um fruto! Mas não encontrando ele sente propositalmente uma frustração, então entendemos que a natureza só pode desobedecer à Deus irracionalmente e numa circunstancia natural, então o que Jesus quer mostrar mesmo é que ser humano desobedece à Deus em momentos oportunos, sendo que para o ser humano “dar o fruto” que Deus deseja é uma missão constante sobre sua vida. Jesus mostra que o ser humano tem vontade própria para frustrar o coração de Deus, mas Jesus por uma sabedoria, fazendo daquela árvore um instrumento que tipifica a humanidade mesmo assim condena a árvore que tipifica um humanidade negligente com Deus.

No caso de Deus condenar um animal que fere a um ser humano, não podemos entender que Deus seja injusto pelo fato do animal ou ser irracional e não compreender o que faz, porque Deus não condena o animal por si próprio, mas pela influencia maligna que manifestou nele contaminando-o. Vemos uma passagem em que um legião de demônios entra em uma manada de porcos, notamos daí a irracionalidade dos animais, mas contaminação deles por aqueles demônios. Assim Deus amaldiçoou a serpente, animal irracional que foi usada pelo diabo e foi objeto de tão grande mal.

Não podemos compreender totalmente que autoridade foi dada a Satanás para que entrasse na serpente, assim como vemos que por uma  autoridade conferida por intermédio do pecado, aqueles demônios conseguem permissão para se apropriar daqueles porcos ao saírem de um homem, mas seja por uma autoridade espiritual dada por homens como vemos na passagem do endemoninhado gadareno, ou uma mera possessão natural, a serpente torna-se elemento de transgressão sujeita a um juízo.     

Sabemos que a serpente no aspecto espiritual tipifica a Satanás como está escrito: "foi expulso o dragão, a antiga serpente, que se chama: diabo...". Deus amaldiçoa o animal: serpente, e o rebaixa de uma prerrogativa de ter pernas para rastejar sobre o peito, demonstrando no aspecto espiritual, Deus pondo limite ao diabo para não agir mais com tanta liberdade como vinha agindo, ou o mais intrigante: talvez o diabo, até este instante aqui não seria ainda um demônio, mas ainda um anjo de Deus, traidor se revelando naquele momento e sendo rebaixado por Deus.

Não podemos entender com clareza se o Satanás até aquele momento que tem liberdade para incorporar naquela serpente, é reconhecido por Deus como Satanás, tendo já decaído, ou se ele era ainda o que os teólogos chamam de Lúcifer, o anjo que decaiu, que podia estar revelando sua traição ali naquele momento, no princípio da criação de Deus. Assim podemos imaginar porque talvez Satanás teve liberdade ou autoridade para incorporar naquela serpente, porque ainda tinha a prerrogativa de ser um anjo celestial.

É interessante que todas essas coisas só tem a imagem de saírem do controle de Deus, é   justamente porque Deus tem o controle de tudo.

Podemos especular que esse ato de Satanás fosse seu primeiro ato contra Deus, então não sabemos se aqui Satanás é pela primeira vez reconhecido como inimigo de Deus entre os anjos (tendo em vista no primeiro volume desta série de livros que analisamos a tese da criação  das coisas físicas junto com as coisas celestiais), ou se Satanás já vivia afastado de Deus com seus exércitos (tendo em vista a tese de que tudo que é celestial foi criado antes do que é natural), pois aqui estamos vendo o início da criação, e o fato de a serpente ser amaldiçoada dentre todos os animais, talvez signifique que o ser chamado Lúcifer pelos teólogos, está sendo deposto de entre os anjos, que chamaríamos feras selvagens e animais domésticos (como vimos no primeiro volume desta série de livros).

Entendemos então que Satanás escolhe um animal semelhante a ele para o usar em sua manifestação sobre a terra. 

O texto mostra que a serpente tinha patas, como vimos, assemelhando-se então a um dragão. A serpente vem a rastejar e estar agregada com o solo, simbolizando que Satanás é condenado a viver na terra, como diz de Satanás: "...e foi lançado à terra...", e rastejar comendo pó, seria o fato que estar na terra, para Satanás, lhe seria aflição como Jesus disse: "quando um espirito imundo sai de alguém anda por lugares áridos à procura de repouso...", mostrando que o lugar de repouso para Satanás seria a habitação de um corpo humano, e a ausência dessa habitação seria tormento, daí o diabo ser destruidor da humanidade avidamente.

Até aqui podemos especular mais claramente a idéia de que talvez Satanás revela-se traidor de Deus neste primeiro momento (pela tese de que até aqui Satanás é o chamado: Lúcifer), mas o texto mantém em oculto toda esse mistério espiritual demonstrando tipologicamente somente a imagem da serpente por alguma razão, onde o texto quer ser duplamente revelador, mostrando o mistério  natural do que aconteceu de fato exteriormente,  nos guardando o mistério espiritual para conhecimento a ser estudado. 

15 É importante a gente entender que a serpente de fato fere o calcanhar dos homens e existe uma inimizade entre esse animal e o ser humano no aspecto natural, fruto destas mesmas palavras de Deus, mas aqui o texto tenta expressar algo espiritual e profundo, uma vez que tudo que é natural no texto é simultaneamente espiritual, nada está desconectado, nem é mitológico, tudo é real e conectado, então essa inimizade entre o ser humano e a serpente no aspecto espiritual, seria uma inimizade com Satanás, Deus está mostrando que ao cair, o ser humano herdou uma correlação de oposição com Satanás que é a autoridade que foi dada a Satanás de afligir o ser humano, e de haver sempre luta entre o ser humano e o diabo, como a inimizade entre um homem que tenta pisar uma serpente que tenta ferir-lhe o calcanhar, revelando uma situação  aflitiva e constante: a luta do ser humano contra o diabo. 

O texto tenta mostrar um vinculo entre o calcanhar que fere e o calcanhar que é ferido, ou seja, uma ligação entre o poder de Satanás para tentar e afligir o ser humano através de  sua carne decaída e a luta do ser humano pela sobrevivência.

A carne humana herda a natureza do pecado e da aflição, isso passando de geração à geração entre os homens, e a linhagem da serpente seriam os demônios. 

Note também que Deus fala que poria inimizade entre a mulher e a serpente, sendo que a mulher tipifica a humanidade na visão espiritual, sendo assim a humanidade contra Satanás.

Numa visão mais espiritual a luta dos descendentes da mulher contra a serpente, uma vez que a mulher é a humanidade, vemos a luta dos filhos de Deus contra o diabo, onde essa luta não é só humana, como diz Jesus: “pois para isso se manifestou o Filho de Homem: para destruir as obras do diabo” e “eis que vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e contra todo poder no inimigo, e nada absolutamente vos causará dano algum”.       

16 Deus começa a dirigir-se a cada criatura  que transgrediu profetizando as devidas sentenças por razão de justiça perfeita.

Note que Deus está propondo maldições, ou seja, limites espirituais perpétuos, note que na gravidez a mulher não possuiria dores no parto, podemos imaginar que era apenas uma aflição que gerava a contração natural para o parto, não era uma dor. 

Note que a mulher tinha uma certa liberdade de identidade assim como o homem antes da queda, embora a mulher fosse diferente, ela tinha um espaço de igualdade, e ela não era de fato submissa, ela tinha capacidade para não sendo submissa agir em acordo com o homem e tinha personalidade forte como a do homem, sendo o oposto dele, mas agindo em perfeito acordo com ele. Com a queda a mulher perde a capacidade de  equilibrar essas coisas, e Deus também reduz a vida da mulher à limites por questão de juízo e de sabedoria.

No aspecto espiritual a mulher significa a humanidade, então a dor de parto significa o anuncio de que viver neste mundo é uma coisa difícil, a vida humana, a subsistência, a sobrevivência humana é símbolo de sofrimento e dificuldade, daí o gerar filhos com dores de parto, a humanidade sofre na sua subsistência, torna-se penoso gerar a vida descendente, preservar a vida descendente, e sobreviver.

A submissão da mulher ao homem mostra que a mulher perde em parte sua identidade e vem a ser dependente e limitada em relação à ele, e as dores de parto simbolizam aflição associado com alcançar aquilo que é desejado ou sonhado.

No aspecto espiritual a submissão feminina em relação ao homem tipifica a humanidade que já não caminha diante de Deus com a liberdade do Éden, mas numa submissão num aspecto de obediência, com limites e com necessidade de disciplina, sujeito a idéia de correção, como elemento de fidelidade, e as conquistas humanas associadas à esforço, e a dificuldades. 

O ser humano já não mais está com Deus, mas tem de se voltar ou buscar a companhia de Deus, assim como a mulher se inclina para o homem e depende dele. Também o ser humano não podia ficar mais nu, mas tem de buscar um revestimento para cobrir-se. 

O domínio masculino sobre a mulher é o domínio de Deus sobre os homens na terra, mas não mais numa de concordância ou cumplicidade, como vemos Adão e Eva no inicio, e Deus e Adão (e Eva), mas após a queda a relação entre o homem e Deus ganha uma  prerrogativa de inferioridade como a do senhor em relação seu servo que lhe está sujeito, como vemos pela penosidade da lei. 

A gravidez feminina e suas dores, mostram  a dificuldade humana sobre a terra em relação a sobrevivência, e a necessidade de submeter-se à Deus, onde inclinar o coração humano para Deus impõe uma prerrogativa mais de humilhação do que de liberdade, isso falamos mais concretamente sobre a lei, mas esse preceito permanece no evangelho, não que o evangelho proponha escravidão, mas na busca da vida com Deus, por causa da carne que nos afasta de Deus, temos que reduzir a carne à uma escravidão como dizia o apóstolo Paulo em seus escritos.   

Todo esse afastamento e juízo imposto pode Deus poderia ser analisado por nós como uma magoa de Deus, e de fato foi, mas Deus age assim muito mais por causa da dureza do coração humano que precisa mesmo de toda essa disciplina, pois sabemos pela própria verdade que Deus é imediato em perdoar, o ser humano que é tardio em voltar-se à Deus como vemos na parábola do filho pródigo.

17 Aqui Deus fala contra o homem exatamente no que ele usou para justificar-se pondo a culpa na mulher. 

No caso da mulher, Deus não a culpa enfaticamente de ouvir a voz da serpente, pois ela demonstra de certa forma que foi enganada e Deus parece compreender isso, mas a castiga pelo fato de ela ter agido de maneira maldosa, tendo liberdade, mas mesmo por causa de sua liberdade ter se ensoberbecido contra Deus, então Deus toca no que ela tinha e não valorizou, que era sua liberdade, cortando a liberdade original que tinha, mostrando que Deus havia lhe dado muita liberdade e não soube honrar a Deus com ela, mas Deus não a castiga só por juízo, mas porque ela precisava desse limite para não transgredir mais. Vemos que Deus julgar cada situação da maneira correta e mostrando que o ser homem parece ser ingrato e injusto justamente com aquilo em que Deus mais lhe é gracioso, o exemplo disso, é que a maior queixa da mulher após à queda é a falta de liberdade mediante o ato do homem aproveitar-se dessa necessidade de limite feminino, liberdade a qual a mulher má não consegue administrar para o bem, embora também receba mais liberdade de Deus por exemplo do novo testamento para a mulher que vive na graça do Espírito como diz: “buscavam os discípulos no cenáculo junto com as mulheres...”, contrariando costumes judeus impostos por pretexto da lei. 

Deus parece apanhar o transgressor na sua própria astúcia como diz: “...ele apanha os sábios na própria sabedoria deles...”.

No caso do homem Deus o retruca justamente no que ele disse que a mulher o incitou a fazer, pois Deus quis mostrar que era  responsabilidade dele nunca ceder a mulher para o mal ao invés de se deixar levar por ela, e Deus fala enfaticamente que o proibiu, mas ele ouviu a voz de outro alguém inferior.

Deus amaldiçoa o solo, porque do solo ele comeu o fruto, e amaldiçoa o trabalho, porque é através do trabalho que se extrai o alimento. Somente agora a maldição parte de Deus, que alcança o planeta em redor e não só o ser humano, mas todos os animais e criaturas também. 

Deus mostra o sofrimento associado com a sobrevivência e com o alimento.

18 O texto mostra que não havia cardos e espinhos sobre a terra antes da queda. Cardos e espinhos ferem e produzem dor. Cardos poderiam ser também ervas daninhas ou uma  espécie praga vegetal como vemos na “parábola do joio e do trigo”, o que seriam coisas incompatíveis com o propósito original de Deus, então vemos que após a queda, na natureza, são originadas formas de vida com objetivos opostos à própria vida.

  Nesse momento Deus cria uma inimizade entre o homem e a natureza, entre a natureza e a própria natureza. Qual seria o objetivo de um espinho? Ferir. Qual seria o objetivo de uma erva daninha? Causar atraso de vida.  

Há muitas coisas na natureza que nos causam interrogação e que não condizem com o propósito original de Deus que é a vida, e a explicação está neste momento do livro de Gênesis. Originam-se espinhos e cardos, mostrando que a terra vem a possuir coisas que ferem. A terra simboliza a habitação do homem e da criação, isto é, este planeta, então  poderíamos ir mais à diante buscando uma explicação espiritual no surgimento de cardos e espinhos para tudo o que vemos neste planeta  que é contra a vida. 

Os animais produzem presas, lutam uns contra os outros pela sobrevivência, se alimentam de carne, ou seja, surge um desejo de caça nos animais que se opõe ao que Deus no inicio tinha dito que os animais comeriam erva assim como o ser humano. No livro de Isaías está escrito sobre a nova vida eterna que Deus planejou: “o leão comerá feno como o boi, o cordeiro e o animal feroz viverão juntos...”, sendo assim, vemos que essa passagem mostra-nos a restauração da origem que foi perdida com a queda do homem pelo pecado. 

Indo mais a fundo podemos ver que pelo pecado que se originou animais que são pragas, ervas daninhas e venenosas, vírus, doenças e fungos, aves que se alimentam de rapina, tudo com um propósito, seja de equilíbrio do eco-sistema, ou seja de juízo de Deus, mas pela perspectiva da queda, onde o ser humano, as criaturas, e toda a terra perdem uma essência e assumem outra, já não mais a essência da vida, mas a essência da sobrevivência, a leis que regem a criação mudam em função da queda para que haja equilíbrio. 

19 É interessante que aqui Deus coloca o trabalho cotidiano ao homem como uma maldição, a labuta pelo alimento, pela sobrevivência e até podemos dizer, para a conquista das coisas, associada à enfado, cansaço e trabalho, mostrando que Deus não fez o ser humano no início para labutar, ou seja, o trabalho na vida humana tinha uma função original, que era cuidar do Jardim, não era uma labuta, era uma função, não era cansaço e fadiga, era um ministério, uma missão, um profissão. 

Também podemos dizer que o ser humano não se cansava cuidando do Jardim, talvez cuidar do Jardim  fosse algo muito trabalhoso, mas o trabalho não estava associado com cansaço, estava vinculado com uma função, pois o ser humano era como Deus, como diz: "não ouviste que o eterno Deus não se cansa nem se fatiga...". Não havia morte alguma no ser humano, sendo assim o cansaço e o suor do rosto vem a ser uma maldição, que pode ser o fato de que o ser humano não se cansava mesmo trabalhando muito, ou que o trabalho não era algo muito extenso em questão de tempo, por causa do propósito que Deus criou o ser humano, pois Deus criou o ser humano para um propósito que está além do trabalho humano para ganhar o pão, Deus criou o ser humano para algo mais sublime, para conhecê-lo e se vincular com o seu propósito na terra que é o grande mistério da vida como está escrito: "...pois o reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo", sendo assim Deus não criou o ser humano para a mediocridade do trabalho, mas para viver o reino dos céus na terra.

Na escritura Deus diz: "não vem de mim que as nações labutem pelo vento", referindo-se ao fato de que o ser humano é ocupado com trabalho e labuta até por causa da mediocridade em que cai o ser humano após a queda, o trabalho é então como uma espécie de algema de Deus para que o ser humano não vá com liberdade atrás de coisas malignas tornando-se indolente para responsabilidades e apto para o mal por causa de sua natureza decaída.

É interessante que o trabalho cotidiano do ser humano por si só expressa mediocridade em relação à Deus como diz Eclesiastes: “vi que é vaidade que um homem trabalhe de sol a sol e no fim de sua vida isso não lhe sirva de nada, não sabendo quem levará os seus bens depois dele”, mas o contraponto disso é o fato de que pesando sobre o homem a responsabilidade do trabalho associado com a sobrevivência isso indiretamente é uma estratégia de Deus de  ocupar toda a vida do ser humano induzindo-o a uma atitude estimuladora de objetivos nobres como não se tornar indolente, não ocupar seu tempo com o mal, preservar com honestidade sua vida, e manifestar amor por meio do esforço pelos de sua casa. Com essa visão vemos que o trabalho torna-se um elemento positivo dado ao ser humano decaído, uma vez que o ser humano decaído já não anda após coisas espirituais, assim Deus induz através de coisas naturais que o homem seja honrado. 

O lado positivo em torno do trabalho cotidiano é algo que o ser humano tenta burlar para viver a iniquidade, como está escrito: “pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.  Tanto pessoas que buscam o dinheiro fácil adquirido em função da exploração, de astúcias, ilegalidades ou injustiças, como pessoas que fazem do trabalho o seu Deus dedicando-se avidamente à ele tornando-se egoístas, soberbas, ativistas e totalmente ignorantes a valores celestiais.             

Quando o ser humano está em Deus, Jesus diz: "não vos preocupeis com o que haveis de comer ou beber ou vestir, porque o Pai sabe que necessitais destas coisas...mas buscai em primeiro lugar o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas", que é o momento em que o trabalho na vida humana deixa de ser prioridade, e ainda que ocupe muito tempo na vida de uma pessoa, é apenas uma parte dela ficando em maior evidência o propósito de Deus para a vida humana conhecê-lo e fazer o bem. Como também lemos depois em Êxodo quando o texto diz sobre o maná enviado por Deus a todo o povo: “...todo o dia enviava Deus o maná...quem colhia pouco não tinha falta, e também não faltava para quem precisava colher mais...”. Ora esse texto mostra a suficiência da benção de Deus com relação ao fato de que Deus compreende a estrutura, as aspirações e as necessidades de cada pessoa tanto acerca do trabalho como com suas conquistas pessoais.    


A morte e a vida na terra 


Por ultimo Deus pronuncia ao ser humano a morte, qualificando que seu corpo será sepultado na terra assim como surgiu dela, tipificando também que o ser humano regride   retornando ao início, do nascer da terra para o morrer na terra ao invés de progredir, da terra para o céu, e Deus faz com que o ser humano viva em função trabalho agora como um elemento de sobrevivência e escravidão como uma sentença perpétua.      

Vemos aqui Adão levando sobre si maldição.  Também vemos uma profecia sobre a morte de Jesus em relação ao pecado da humanidade. Cristo recebe sobre si o pecado da humanidade, assim como Adão é julgado por pecar por causa da mulher, Jesus vem a este mundo na imagem humana, sendo condenado a levar o pecado de seu povo e da humanidade, a qual ele criou (Jesus-Deus, Cristo-divindade), ele responsabiliza-se por ela, sem pecado, mas agindo como que desejando assumir sua culpa, como quando Deus diz que Adão deu ouvidos e cedeu à mulher, Jesus todavia por amor, e sem pecado, deseja resgatar a humanidade cedendo de uma certa forma à ela por amor. 

Jesus se faz como ser humano, vem e labuta sobre a terra, tanto antes de seu ministério quando era um carpinteiro, como depois com trinta anos, quando inicia seu ministério, pois Jesus labuta para resgatar pessoas, quando a escritura mostra que por muitas vezes Jesus não tinha tempo para comer, tão grande a demanda de pessoas sofridas que ele socorria e ajudava, e também diz dele em Isaías: "...homem experimentado em trabalhos, de dores, e que sabe o que é padecer...ele verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito...", mostrando a sentença, que sendo contra humanidade, caiu sobre Jesus, não por seu pecado, nem por uma obrigação porque ele não pecou. Não havendo acusação nenhuma contra Deus, mas ficando o fato de que Deus é amor e não podendo negar-se a si mesmo, ele se responsabiliza por sua criação vindo na forma humana, pela pessoa de Jesus, à este mundo a semelhança de Adão para redimir a humanidade sua criação feita Noiva de Cristo na igreja. 

Os espinhos significam dores, que o Senhor Jesus sentiu em abundância, tanto as dores da vida terrena que aflige a todos os homens e que ele sentiu mais que todos os homens, como as dores da crucificação para redenção da humanidade, onde inclusive lhe colocam uma coroa de espinhos que tipifica tanto a desonra do pecado da humanidade contra o reino de Deus, como também as dores de se ser justo sobre uma humanidade corrupta amante do mal, mostrado por esse texto onde Adão recebe a sentença de ter da terra os espinhos por causa de sua perdição, e Jesus que recebe de Deus a sentença de receber os espinhos da humanidade para redimi-la. 

Vemos que Jesus não só é ferido pela humanidade, como sofre por ela, tudo ao mesmo tempo, Deus é ferido pela maldade humana ao mesmo tempo que à preço de sangue redime a criação.

Correlacionando Jesus com Adão, no que diz respeito à Deus lançar sobre Jesus a maldição devida à humanidade, podemos dizer que comer o pão com o suor do rosto para Jesus era fazer a vontade do Pai aqui na terra, uma vez que labuta e suor são resultados da queda, mas o pão significa alimento seja para o corpo como para a alma, como ele mesmo diz: "...nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus" e "...a minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou".

E por fim vemos que Jesus morre e é sepultado, antes de ressuscitar, indo para o pó como Deus disse de Adão.


Como seria a história da vida na terra sem a morte


É interessante sabermos que a morte para o ser humano é um fato após a queda, então analisando que a humanidade se estende por séculos e muitas gerações, e por milhares e milhares de pessoas que morrem e nascem, podemos imaginar que não haveria espaço na terra para tanta gente se o ser humano não morresse,  compreendendo que o propósito de Deus para a vida humana não possui morte, mas somente a vida. 

Outra questão é sobre a vida neste planeta até a morte, pois sabemos que há uma promoção para a vida eterna no reino dos céus com Deus, que à principio só existe justamente por causa da morte. Então entendemos que há duas perguntas:

Se o ser humano não morresse como caberia tantas pessoas neste planeta?

Se após a morte iremos para o céu, o que seria se não morrêssemos, uma vez que Deus nos pôs neste planeta? 

A primeira coisa a analisar é se havia a idéia de o ser humano após viver neste planeta ser elevado ao céu mesmo antes da queda, ou se a vida neste planeta seria permanentemente a única vida do homem com Deus. Para concluirmos isso temos vários aspectos a analisar, o primeiro seria o fato do casamento, ou seja, Jesus diz: “no céu não se casam nem se dão em casamento”, então por deduzirmos que casamento gera filhos e não haveria  fim para a vida através disso, imaginamos que a idéia de Deus, mesmo sem a queda, seria que após os seres humanos inundarem a terra acabaria-se o casamento humano, onde os homens após inundarem a terra, ou  seriam como que arrebatados para o céu para uma vida como os anjos como Jesus disse, à semelhança de Enoque e Elias, que andaram com Deus até serem arrebatados como anjos, ou se haveria essa vida superior aqui mesmo neste planeta, onde a terra estaria completa de homens e glorificados como anjos. 

Concluímos então que haveria a promoção celestial semelhante a que haverá após a queda, mas sem a morte, por entendermos que Deus designaria um fim para o casamento humano. 

Agora precisamos compreender se o local onde os homens estarão com Deus na eternidade, seria o reino dos céus com Deus na céu morada exclusiva de Deus, ou o reino dos céus abaixo do céu de Deus como um planeta, como diz a escritura: "...vi novos e nova terra...". Isso imaginamos, porque se Deus idealizou originalmente toda estrutura do universo, isso não foi por acaso, embora possa não ser bem assim, mas também o texto prossegue: "...vi novos céus e nova terra, porque os antigos se passaram...", ou seja, esse texto está se referindo a algo novo em relação ao antigo que é deposto, sendo assim percebemos que um novo planeta seria um elemento decorrente da substituição de outro, ou ainda que uma vida nos céus culminaria na eliminação de outro planeta, ou seja, só se pode eliminar ou destruir aquilo que está votado à morrer, então se deduzirmos que antes da queda Deus iria criar uma nova vida nos céus, então o planeta terra teria de ser destruído, o que é um elemento da morte, então por isso não podemos crer que o ser humano iria para outro lugar, mas permaneceria neste planeta e este planeta seria como que mudado, assim como os seres humanos como que em anjos e tudo se daria neste planeta.

Até aqui concluímos à principio também que os novos céus e nova terra, são à semelhança deste planeta, no caso após a queda.

Notamos uma intenção clara de Deus deixar o ser humano sobre a terra por um tempo para se multiplicar, enche-la e vivenciar esse período, e após a terra estar cheia, o que viria?

Poderíamos imaginar, pelo pensamento onde acreditaríamos que os homens seriam elevados ao céu após ir enchendo a terra, que conforme uns iam nascendo, outros iriam estar com Deus como anjos, como se ao invés do nascimento, morte e ressurreição, acontecesse o nascimento, vida e a promoção ao céu infinitamente: pessoas nascendo, vivendo o casamento, e pessoas sendo arrebatadas estando com Deus, mas isso só seria viável se o numero de pessoas que Deus quisesse para si fosse eternamente infinito, porque o casamento sempre gera o nascimento da vida. Precisamos porém compreender que assim como Deus designa um fim para a vida neste planeta depois de tantos milhares de seres humanos que já passaram por esse planeta, como está escrito: “eis o tabernáculo de Deus com os homens”, dando a entender que havia uma quantidade definida de pessoas, também Deus definiu um numero de pessoas para estar na vida vindoura. Esse raciocínio procede do pensamento de que assim como o casamento findaria, e todos os propósitos de Deus, mesmo sendo eternos em todos eles há começo e fim, Deus certamente definiu, antes da queda, um numero de pessoas para eleger.

Não teria sentido que a vida fosse infinita, porque Deus compara a humanidade a um corpo, a uma mulher, e toda criatura tem medida e extensão definida. Também se Deus arrebatasse esse numero de pessoas, logo após o planeta se encher, o planeta terra ficaria vazio e depois disso e teria de ser destruído, e sabemos que a destruição só está reservada para aquilo que procede da queda. Sendo assim Deus planejava inundar toda terra com uma quantidade limitada de seres humanos como células de um corpo, pois sabemos que a renovação das células no corpo humano só acontece porque o corpo humano morre a cada dia e renova células sempre ficando vivas as células “mais nobres”, assim como a humanidade se renova e se troca vida após vida, mas isso por causa da queda. Também entendemos que se Deus criou o Éden planejava que o ser humano estivesse sobre um tipo de planeta que seria esse, não sendo viável que Deus o destruísse após ele se tornar inútil, pois é deste planeta que decaiu e tornou-se deposto que Pedro diz: “...pois esse planeta está entesourado para destruição, assim como  todos os elementos abrasados se desfarão”.

Era plano original de Deus que os homens vivessem sempre no Éden e concluíssem um numero definido sobre a terra. 

Como fica porém a idéia de que: mais seres humanos nascem e morrem por tantos séculos, do que os que Deus levaria consigo sobre toda imensidão do planeta? Ou seja, muito mais seres humanos já pisaram o planeta terra do que a quantidade que estaria sobre ele quando ela fosse totalmente inundada sem haver espaço pra mais ninguém, mas por causa da queda Jesus diz: “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”, ou seja, antes da queda não havia seleção dos escolhidos, mas todos seriam escolhidos, pois seriam perfeitos, mas vindo a queda Deus faz com que milhares de seres humanos passem pela terra durante tantos séculos escolhendo poucos destes. 

Por sabermos que pouca parte das pessoas do mundo são escolhidas por Deus, isso já mostra a demanda da seleção de Deus pelos séculos, podemos imaginar que por tantas pessoas terem passado este planeta que muito poucas pessoas mesmo serão escolhidas, devido a analisar a maldade humana, 

A seleção humana toma semelhança de um espermatozoide que disputa com outros para alcançar a vida antes de estar vivo de fato, mas o interessante é que as pessoa que tem por ideal a suplantação do semelhante são justamente as pessoas que na luta por sua salvação segundo a sobrevivência espiritual se deixam vencer lutando a luta que os afasta da vitória eterna, ou seja, a luta do egoísmo e da maldade, porque o espermatozoide não suplanta os demais, mas corre para o alvo, e originalmente não morre, porque não está ainda vivo ainda, ele é apenas eleito ou não, assim como Deus fez com Adão e Eva deixando não só eles, mas toda a humanidade diante do fruto proibido para ver qual destes seria vencedores na luta pela vida, prosseguindo os fiéis e decaindo os que não fossem, sendo assim Adão e Eva eram espermatozoides, vivendo a fidelidade para uma eleição, tendo eles caído caíram todos porque eram os primeiros, mas ficando ainda diante da humanidade o fruto proibido como diz Paulo a semelhança de um espermatozoide: “prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus” e “...corram de tal maneira que vocês ultrapassem até quem está à frente...”. 

Podemos pensar também que após a queda Deus tenha ampliado seus planos, como diz a escritura tipologicamente: “a glória da segunda casa será maior que a da primeira”, profetizando sobre a vida vindoura, daí o pensarmos que muitas coisas que Deus acrescentou por causa da queda sejam melhores do que o que ele tinha planejado antes, tendo em vista a capacidade de Deus de transcender como vemos isso acontecer do reino de Davi para Salomão, do poder de Elias para Eliseu, por exemplo. Assim podemos imaginar que o lugar onde os homens vão será melhor que o Éden, e que mais pessoas podem ser eleitos tendo em vista a misericórdia de Deus e o aperfeiçoamento humano na queda, quando diz de Jesus: “...o qual foi aperfeiçoado com seu próprio sangue derramado se tornando muito mais superior a todos os anjos...”.   

Uma coisa interessante sobre a vida vindoura que nos está reservada após a queda é que não há diferença entre pensarmos que os homens vão habitar num novo planeta ou no céu, porque o Apocalipse faz menção de uma nova terra assim como novo céu, o que nos faz pensar que mesmo que “moremos no céu”, estaremos sobre um tipo de “terra”. Podemos especular a idéia tipológica de pensar que Deus refaça até o mundo celestial por causa da queda dos anjos quando diz: “novos céus”, mas a palavra céus pode estar simbolizando somente os céus físicos somente.

Existe porém uma interpretação errada onde alguns mestres, principalmente judeus, concluem que a ressurreição e a vida vindoura será sobre este planeta restaurado, por causa do livro de Isaías que promete o reino do Messias sobre este planeta junto com a restauração de Israel, pois o mesmo livro fala de “novos céus e nova terra”, então eles interpretam por ponto final as duas coisas numa só, o que na verdade para o judeu o final é o Messias reinar sobre a terra de Israel, onde os judeus que não conhecem Jesus como Cristo, pensam que a restauração de Israel será apenas algo para geração vindoura como algo temporal, ao passo que os judeus Messiânicos compreendem que o texto fala de eternidade, mas eles creem que essa eternidade será neste planeta, pois para eles o que lhes é revelado é isso mesmo, mas o Apocalipse trás mais iluminação, onde fala dos 1000 anos onde Cristo reinará de fato na cidade santa com a restauração de Israel, num mundo sem tentação onde Satanás é preso, que é o fato que os judeus aguardam, mas o Apocalipse completa que os novos céus e nova terra são mais do que isso, são a criação de um novo mundo, mas não sobre este, porém  um outro de fato, que não podemos interpretar com toda a segurança se será nos moldes de um planeta como esse ou em outros moldes como preferem dizer que moraremos no céu por entrarmos no reino dos céus, por tanto, não há erro em nenhuma das duas interpretações, há quem acredite também que este planeta será transformado, como que glorificado, porque o livro de Isaías tem uma revelação dúplice e simultânea, uma é para a nação física de Israel, de acordo com a compreensão do judeu, e a outra é a interpretação Apocalíptica do reino dos céus.

Vimos então resposta para essas grandes perguntas: haveria uma vida celestial após a vida natural se não acontecesse a queda? Como o planeta comportaria todas as pessoas existentes sobre a terra se não houvesse a morte? O ser humano será colocado num novo planeta ou no céu? Porque Deus mudou o propósito do ser humano socialmente agora sem a idéia do casamento?   

Uma das grandes respostas para essas pergunta seria o mistério dos 1000 anos de Cristo sobre o planeta terra registrado no Apocalipse. Vamos entender: O texto mostra que após a restauração de Israel e do aparecimento de Cristo vindo à terra para juízo, Jesus  habitará por 1000 anos na terra sem que Satanás tenha autoridade para tentar, seduzir ou afligir a humanidade, pois durante esse tempo Satanás estará preso e não haverá o pecado sobre a terra, até que seja ele solto outra vez, mas por fim será imediatamente vencido e lançado no lago de fogo, algo muito intrigante antes do fim. Porque acontece um reinado de 1000 anos sobre a terra dado já o fim do Anti-cristo, do falso profeta, de Satanás, e da impiedade antes do grande juízo? 

O grande mistério dos 1000 anos de Cristo sobre a terra está no detalhe em que o propósito original da  criação no Éden foi interrompida com o pecado de Adão e Eva, sendo assim esses 1000 anos são tempos de preparação da igreja de Cristo para estar com ele eternamente, e esses 1000 anos iriam contar desde o dia em que Deus pôs Adão e Eva e disse que multiplicassem! Onde vemos o mistério em que Cristo aqui é Adão, e a igreja é Eva, onde Adão deveria viver com Eva um período de tempo em que eles juntamente com a humanidade enfestariam a terra com pessoas vivendo a vida sem pecado e sem Satanás, que era o propósito a que foram postos na terra, para serem todos um numero finito de pessoas, completando um limite, isto é, sendo um corpo com muitas células sendo preparado para noivar com Cristo, assim como Cristo é o cabeça e a igreja o corpo de Cristo!

A noiva que seria a humanidade, no Éden estaria  por 1000 anos aprendendo algo até a revelação de Cristo como Noivo, e por fim uma vida superior, assim como o grande mistério está na vida conjugal de Adão e Eva, onde eles aprenderiam coisas antes daquele momento em que aparece a serpente, e depois casando-se num casamento maravilhoso, e enchendo a terra de justos, que simboliza Cristo após as bodas do Cordeiros com seu tabernáculo cheio de homens. Assim Adão e Eva, e toda humanidade seriam promovidos como anjos para ser a Noiva de Cristo para ser desposada.

Notamos que tanto antes da queda como depois dela, havia uma grande revelação, que era o casamento com Cristo, à semelhança do que lemos que Ester foi preparada por 12 meses até o casamento com Assuero, uma vez que Ester vem como substituta da ex-rainha: Vasti, que tipifica a antiga aliança dos judeus em relação a aliança da graça, e como  a preparação de Ester vem como uma reparação após a  queda de Vasti, analisando o mistério de Cristo podemos analisar que esses 12 meses, que é um ano, seria como um tempo de 1000 anos.

  Cristo estará com sua igreja por 1000 anos sobre esse planeta, como diz: “bem-aventurado e santo é todo aquele que tem parte nos 1000 anos, pois para eles não existe o dano da segunda morte”, referindo-se a pessoas que além de terem seus nomes no livro da vida, o tem por causa do sangue de Jesus e de sua fidelidade, isto é, quem se acha fiel como igreja e revestido da fé em Cristo.

A escritura também faz menção que Cristo estará dominando todos os que lhe ficaram sujeitos na terra, quando diz: “dominará as nações e as regerá com cetro de ferro”, dando a entender que pessoas ou demônios  além da igreja estarão sujeitos na terra. 

Um dos mistério sobre a salvação dos que não são de Cristo, mas andaram segundo o temos de Deus está na salvação dos Gibeonitas, que temendo o extermínio submeteram-se ao ser do povo de Israel, assim entendemos que muitos serão salvos, mas com uma preeminência inferior nos céus por causa da misericórdia de Deus, mas por causa da preeminência da graça da aliança de Cristo, pois Israel foi eleito pela graça assim como os Gibeonitas salvos pela graça do juramento em Deus, mas tinham maior preeminência os circuncidados que prestavam culto por obediência à Deus reconhecendo Deus como fundador formal da verdade.     

Percebemos um retorno ao propósito original, onde antes da queda haveria a relação do casamento dada por Deus entre homens e mulheres para a multiplicação, após a queda porém isso cumpre-se pelos milênios antes dos 1000 anos e do aparecimento de Cristo, a multiplicação dos homens sobre a terra, mas quando Cristo aparecer no céu, os seus escolhidos serão  ajuntados e ressuscitados dos quatro ventos, após Cristo ter derramado 10 flagelos sobre os adoradores da Besta, num encontro com ele nos céus (o chamado: “arrebatamento” ensinado erradamente pelos Teólogos modernos) para descer com os anjos e ferir a todos os poderosos da terra e fundar seu reinado aqui neste planeta com seus escolhido que subiram e descerão novamente a estar com ele por 1000 anos sendo castos como anjos. 

Vemos um relato tipológico que confirma essa idéia de que os 1000 anos de Cristo na terra é o mesmo momento de Adão e Eva povoando sobre o Éden sem o pecado até uma revelação maior de Deus, que é o fato do povo de Israel ter recebido a promessa de herdar a terra prometida, em que em poucos dias entrariam na terra e a tomariam, mas por causa de sua rebelião no relato de incredulidade dos espias, foram sentenciados a rodearem o deserto por quarenta anos até perderem muitas malícias antes de estarem prontos para entrar e possuir à terra, ou seja, podemos entender esses 40 anos espiritualmente como o tempo em que a humanidade prossegue até o aparecimento de Cristo e desses 1000 anos. Poderíamos especular que esses 40 anos podem ser tipologicamente 4000 anos da humanidade de Cristo até sua volta, onde a igreja peregrina em função do pecado de Adão e Eva, uma vez que tem justificação por Cristo, assim como Josué e Calebe tiveram de peregrinar junto com os infiéis no deserto até a tomada da terra, onde Calebe tipifica João batista e o remanescente de Israel e Josué a Jesus como líder de todo o povo da graça. 

Então deduzimos que Deus tinha planejado uma espécie de “segundo ato” após a vida no Éden com Adão e Eva que seria a vida como os anjos, onde após a vivencia do casamento, e da responsabilidade de cuidar do Jardim do Éden, a própria humanidade seria como Eva se preparando para ser desposada por Cristo depois dos 1000 anos à semelhança de Adão, como vemos que também Cristo vai governar nações nos 1000 anos, à semelhança de Adão que deveria cuidar do Jardim.

Uma outra coisa impressionante é o momento em que no fim dos 1000 anos Satanás será solto e derrotado por Cristo, ou seja, esse interlúdio entre os 1000 anos e a soltura de Satanás simbolizam um momento chave, que é a mesmo tempo em que estando Adão e Eva, os dois como dois namorados ainda, sem terem nem tido ainda se relacionado matrimonialmente aparece a serpente para seduzir Eva e fazer Adão cair, pois após os mil anos de liberdade será solto “o tentador”, como o texto faz questão de ressaltar para tentar fazer com Cristo o mesmo que fez com Eva, mas dessa vez ele será derrotado, à semelhança do que Paulo diz de Cristo em relação do Anti-cristo: “...o qual o derrotará com o sopro de sua boca”.    

Assim como foi o grande atraso da terra prometida no deserto, assim foi o atraso da humanidade até o encontro com Cristo, como está escrito: “...toda humanidade geme à espera da revelação dos filhos de Deus...”.

Não podemos afirmar "moraremos nos céus" no aspecto prático, embora será uma vida 100% celestial sem nada oculto como o apostolo Paulo diz: “...porque hoje vemos como que por um espelho, mas em breve veremos claramente...”, mas é possível que ainda que venhamos a morar no céu, pelo aspecto de sermos promovidos deste planeta condenado para uma eternidade com Deus (além do fato de que vimos que seremos promovidos simultaneamente, por causa da queda, para um casamento com Cristo que foi designado desde o Éden), a escritura não propõe claramente se habitaremos no mesmo lugar onde está Deus, ou se num planeta à semelhança deste, pois quando a escritura fala do reino do céus, ou de estarmos com Deus eternamente, fala de uma cidade que estará diante e abaixo de Deus, do mesmo jeito que faz referência à exaltação referindo-se ao fato de nos assentar no trono de Deus, então a eternidade trás a expectativa de estarmos abaixo de Deus à semelhança do planeta terra no Éden e do mesmo jeito a idéia de estar onde Deus está, o importante é entender que toda a escritura quando fala de coisas espirituais ela figura tudo na prática e não teoricamente, mas nem tudo aquilo que é espiritual é igual ao que é natural, sendo assim o texto pode estar falando da autoridade e do vínculo que teremos com Deus e não do local físico onde estaremos, seja pra quem observa um ou outro pensamento, por isso que não podemos negar que estaremos de uma certa forma no céu com Deus, mas também sabemos que o céu é a habitação de Deus e não do homem, pois o texto diz: "...vi novos céus (lugar de Deus) e nova terra (lugar do homem)..."

Sem a morte o ser humano viveria neste planeta como um berço ou preparação para uma vida celestial maior, isto é, para um casamento com Cristo, do mesmo jeito como vai acontecer, a diferença é que após a queda tudo isso foi adiado em muito mais tempo antes dos 1000 anos com Cristo. 

20 Aqui vemos que o homem é que dá nome à mulher, como um pai humano nomeia seus filhos, aqui Adão faz isso porque ele era o primeiro homem.

À partir deste versículo que a mulher é chamada de: Eva.


O fim do Éden para a humanidade


21 Deus agora é que toma a prerrogativa de dar roupas para o homem e para a mulher mostrando que o ato de vestir-se e cobrir a nudez física não é só uma opção humana variável de pessoa pra pessoa, nem somente um  resultado limitado só a quem peca ou comete pecado, nem uma coisa meramente emocional, mas Deus mostra que a vestimenta, para o homem e para a mulher, depois da queda tornou-se uma instituição divina, que o homem e a mulher devem vestir-se, e outra coisa, eles estavam vestidos com folhas, mas Deus os veste com peles, ou couros, ou pêlos, mostrando de onde se tiraria a matéria prima para eles se vestirem.

Não está escrito se aquelas peles são de algum animal que foi sacrificado por Deus, se assim foi, isso simboliza que algum animal teve de perecer para que eles se vestissem, mostrando que todas as coisas saíram do equilíbrio original, onde para encobrir um erro é preciso que alguém sofra, ou alguma reparação precisa acontecer gerando um tipo de mudança ou desequilíbrio para que haja um equilíbrio remediativo novamente.    

22 Deus novamente fala: "nós" dirigindo-se a alguma figura celestial, a qual nós entendemos que é ele mesmo, ou seja, Jesus e o Espírito Santo, pois diz a escritura à respeito  de Deus: "quem é o seu conselheiro? E quem é o que lhe diz: Por que fazes isto?", Deus aconselha-se então consigo mesmo.

Note que Deus não criou as coisas só simbolicamente, mas assim como Deus criou a árvore do conhecimento do bem e do mal com o poder de trazer morte a quem dela se alimentava, também criou a arvore da vida pra quem comesse dela, e se Deus diz que a árvore da vida deveria ser tirada para que eles comendo dela não se tornassem eternos sendo seres corrompidos, é porque se Deus não interviesse podia acontecer mesmo. É claro que Deus é pré-ciente, ele fala isso na pré-ciência de intervir nesse fato não como uma coisa apressada e nervosa que poderia fugir de seu controle, mas por uma questão de agir conforme o que precisava ser feito equilibradamente. 

É possível imaginar que a eternidade concedida ao ser humano se ele comesse da árvore da vida poderia ser a eternidade física,  porque pelas escrituras sabemos que o espírito humano é eterno após a morte física, e que a única morte para um espirito humano é o inferno e o lago de fogo, que é uma morte no aspecto de uma vida eterna de tormentos. 

O corpo físico do ser humano perece, então podemos imaginar que a vida que o ser humano teria se comesse da árvore da vida vivendo após a queda, seria como a vida dos anjos decaídos, os quais subsistem eternamente num corpo físico que não perece.

É intrigante que essa árvore da vida estava no Jardim juntamente com a árvore do conhecimento do bem e do mal, mas o texto não menciona Deus falar nada à respeito da árvore da vida induzindo, ou desinduzindo eles de comer. Talvez a árvore da vida estivesse ali para que eles a desejassem, mas eles nem  chegaram a tocar nessa árvore. 

O livro de Gênesis 2.8-9, 15-17, dá-nos a entender que havia todo tipo de árvores,  inclusive a árvore da vida, e a árvore do conhecimento do bem e do mal, não sabemos se Deus falou à Adão e Eva sobre cada uma das árvores, mas o texto tenta especificar um diferencial entre a árvore da vida, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. 

Não podemos afirmar que Deus tenha  destacado essas duas árvores em relação às  outras, uma vez que cada uma delas tinha um propósito, mas é fato que Deus tentava destacar essas duas árvores se o fato do texto dizer que a árvore da vida estava no meio do Jardim, seria no centro do Jardim do Éden em relação a todas as outras, tornando ela notável visualmente entre as outras por estar no centro, e o fato de Deus exclusivamente falar à respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal proibindo. 

Podemos imaginar que a serpente apareceu seduzindo eles em pouco tempo, antes mesmo que eles pudessem apreciar todas as outras árvores assim como a árvore da vida. Assim como podemos imaginar que Deus não se referiu verbalmente à árvore da vida, porque queria que a atenção deles recaísse sobre ela pelo interesse natural de conhecê-la sem induzir.  

23 No aspecto natural vemos que Deus manda embora Adão e Eva do lugar onde está o Jardim do Éden, que está localizado no lugar onde estão os quatro rios. 

Geograficamente esse lugar existe sobre a terra de fato, seria em Ur dos Caldeus, ou a Babilônia que é o atual Iraque (segundo os teólogos afirmam em virtude dessas informações acerca desses rios). No aspecto espiritual e com base nessas informações geográficas, observamos uma semelhança interessante entre a saída em desonra de Adão e Eva, quebrando uma aliança com Deus e sendo banidos do Éden, com a saída de Abraão e Sara de Ur dos Caldeus no início de uma aliança que seria a religação da aliança que foi quebrada por Adão, onde Abraão simboliza um segundo Adão.

24 Deus coloca protetores espirituais para guardar o Éden para que não fosse habitado pelo ser humano. A interessante idéia nisso é que geograficamente esse lugar, Éden, praticamente não existe, porque Éden é um lugar espiritual, a idéia que o texto trás é como se fosse um plano espiritual sobre um mundo físico. Não podemos qualificar se o Éden foi tirado deste lugar físico onde estão os quatro rios, ou se ele existe de fato ali, mas num plano espiritual. Podemos também imaginar que o Éden desapareceu diante de Adão e Eva quando eles pecaram, ou que Deus os expulsou não somente do lugar onde estava o Éden geograficamente, mas os expulsou do Éden no contexto espiritual, ou seja, eles habitavam também num plano espiritual, mas Deus não permitiu que eles vivessem mais o Éden, talvez eles ficaram no mesmo lugar ou saíram de fato do lugar, mas Deus os tirou do Éden espiritual que continuou ali ou deixou de existir pra ele, um lugar não visível nem palpável à eles mais.

Como sabemos, não existe um Éden no planeta terra, mas o intrigante é que o texto menciona que este lugar não desapareceu, mas  continuou existindo como se ficasse ali mesmo, como se de fato, eles saíram e o lugar continuou ali, mas como sabemos que o Éden não está neste planeta, o grande mistério faz sentido quando Deus diz que esse lugar continua existindo e há querubins e uma espada reluzente o guardando: era um lugar espiritual. 

A espada que protegia a árvore da vida  realmente é um detalhe estranho, mas podemos lembrar uma coisa semelhante que está no livro de Ezequiel quando este descreve uma visão de coisas espirituais dizendo: "...juntamente com os querubins haviam quatro rodas que tinham olhos e que se moviam conforme as suas direções, e as astes das rodas metiam medo...". Aqui então, vemos objetos espirituais, ou vidas espirituais com forma de objetos, e não podemos entender claramente, mas essa espada era um objeto desses. 

O texto também diz que a espada e os querubins impediam que alguém tomasse caminho até o Éden, que nos dá a entender que não havendo essas criaturas, alguém poderia de fato chegar a esse lugar. Esse caminho seria uma espécie de ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, e aqui Deus está ponto guardiões para que ninguém de alguma forma pudesse romper essa barreira onde o mundo espiritual pode se fundir com o mundo físico de fato por alguma intervenção não divina.

A escritura sempre nos dá um exemplos de que as coisas espirituais tem uma consistência das coisas naturais, e embora nada seja falível, tudo existe de maneira real, opera ativamente e precisa ser preservado por fundamentos. Uma das coisas intrigantes para explicar isso é o momento em que a escritura mostra uma necromante consultando os mortos à pedido do rei Saul. Nesse momento a mulher tem uma visão de que Saul diz ser o profeta Samuel, e essa figura fala com eles, não sabemos se é possível de fato que um médium tivesse visão do espírito de Samuel, ou se era um espírito enganador simulando o profeta Samuel como existe entre as pessoas que praticam essas magias, mas Deus quando faz a proibição na lei para que o homem desvie-se de práticas ocultistas, é para que ele não se contamine com demônios, e porque sabemos que o ser humano, de maneira ocultista, pode influir em níveis espirituais ainda que ilegalmente à palavra de Deus, possuindo visões, premunições, dons e poderes de operar prodígios como por exemplo: levitações, incorporação de espíritos, operações de fogo, veiculação de maldições, etc...tudo por vias ilegais diante de Deus, então a colocação desses poderes guardiões e de figuras angelicais para impedir que pessoas e até demônios não  ultrapassem certos lugares celestiais não é por acaso.

Vemos que muitas vezes acontece do ser humano, por vias ocultistas, isto é, por vias ilegais e ilícitas para Deus, alcançar coisas, seja no mundo físico ou no mundo espiritual, como vimos que Satanás, mesmo pela permissão de Deus, consegue entrar numa serpente e seduzir Eva, mas isso só não acontece nas coisas de Deus por causa dos limites reais e celestiais impostos por Deus, como vemos numa passagem: "houve peleja no céu, Miguel e seus anjos baniram o Dragão, a antiga Serpente", e como lemos quando Balaão tenta passar com sua jumenta para profetizar contra Israel, mas Deus o impede pela ação de um anjo que o barra na porta e o mataria se ele passasse.


CAPÍTULO 4


A natureza do pecado no resto da humanidade


1 Não podemos dizer com certeza se Eva concebeu e teve o primeiro relacionamento físico com Adão depois ou antes de terem sido banidos do Éden, mas se foi antes, Caim estava ainda no ventre de Eva, e foi contaminado com o pecado como vemos depois, pois se ele tivesse sido nascido do ventre tornando-se ser independente antes da queda de Adão e Eva, a natureza do pecado não teria atingido à ele.

Um fato interessante para especularmos é que como já vimos, ainda que Caim não possuísse a natureza do pecado, a serpente o seduziria de um jeito que ele cairia como caiu Adão e Eva, por causa da tese de pensarmos que todo o testemunho do que aconteceu no Éden não foi uma prova se homem daria certo ou não, mas um testemunho de quem o ser humano é falível de maneira genérica ao ter a oportunidade de errar, seja fiel ou infiel. 

Ainda que especulemos que se um filho de Adão e Eva estivesse na prerrogativa deles poderia ser fiel, mesmo assim estaríamos analisando a situação de maneira superficial porque a fidelidade envolve constância, que é resultante de tempo e circunstancias, o que quero dizer é que ainda que um ser humano fosse fiel, ainda assim genericamente o ser humano é tendencioso a afastar-se de Deus. Havendo outro ser humano incontaminado além de Adão e Eva, Satanás estaria ali e tentaria enganar sempre como fez com eles, mostrando que a moral, mesmo que este filho fosse fiel seria que o ser humano sem Deus não pode nada e se ele se deixar enredar ele cai.

A grande moral sobre o ser humano ter decaído com o pecado, não é que ele foi feito para pecar como se isso fosse para engrandecer  Deus em orgulho, pois era o desejo de Deus que o ser humano não pecasse e fosse fiel, uma vez que Deus possui uma humildade legítima acercada criação, vemos isso quando Jesus diz: “quem crê em mim fará as obras que eu faço e maiores farão porque eu vou para o Pai”, ou seja, é alegria para Deus a fidelidade humana e o ser igual à Deus, quando diz a escritura: “ao que vencer dar-lhe-ei que se assente comigo no meu trono...” e “não ajunteis tesouros na terra...mas ajuntai tesouros nos céus”, mostrando que Deus valoriza qualidades espirituais, excelentes e sublimes nas pessoas e quanto mais alguém dedicar-se nelas, maior torna-se diante de Deus, quando vemos Deus chegar ao ponto de arrebatar em vida a Enoque e ao profeta Elias, em outras palavras, Deus não é um ser egocêntrico que quer agregar pessoas incompetentes para mostrar-se superior a essas pessoas, isso é obvio pelo que já vimos que Deus deseja que as pessoas sejam o melhor que puderem na verdade, mas a infidelidade humana mostra que nenhum ser vivo que tem liberdade para optar ser infiel é capaz de comparar-se à Deus sendo fiel, e isso não só porque Deus não pode ser tentado pelo mal, porque veio Jesus, o Filho de Deus, onde reside toda a divindade, à terra, à semelhança dos homens, sem pecado, e permaneceu sem pecado até a morte.  

Um paradoxo acerca da supremacia de Deus sobre a suposta auto-suficiência humana, é que quanto mais o ser humano quer se mostrar maior que Deus ou auto-suficiente, mais ele torna-se diferente e oposto à Deus, porque Deus jamais pode criar coisa alguma que seja superior à ele mesmo, ou que tenha a capacidade de assumir uma postura de independência em relação à ele, e tendo em vista a humildade legítima de Deus, Deus está limitado por si mesmo a ser o soberano e único perfeito sobre todas as coisas. Quando, porém, o ser humano entende sua submissão, ele torna-se então igual à Deus de fato, onde prevalece o preceito: “...Senhor é o meu nome, minha glória, pois, a outro não darei, nem meu louvor...”, pois antes mesmo da queda o ser humano foi criado para depender de Deus. 

O mistério mais intrigante sobre a criação como alguém já disse, é que se nada pode sair da permissão de Deus, a queda do homem que é um incidente contra a vontade de Deus, aconteceu assim, porque Deus quis! Daí o dizer que o sangue do Senhor Jesus foi conhecido desde a fundação do mundo!

Deus cria uma situação perfeita para que o ser humano sendo sujeito a errar seja fiel, mas ele fracassa mesmo assim, mostrando que foi da vontade de Deus criar um ser, que tinha toda a oportunidade de ser fiel, um ser que podia ser  soberbo, ser mal, ser impuro, e mesmo assim Deus o ama com todas as suas forças, como quando Deus diz do povo de Israel: “o Senhor teu Deus não te escolheu porque vocês eram o povo mais numeroso, porque vocês eram os menores, bem por causa da força de vocês, porque há nações mais fortes, nem porque vocês são fiéis, porque vocês são um povo de dura servis, mas porque o Senhor ama vocês e escolheu vocês dentre todas as nações para ser o seu povo”. Deus cria o ser humano à semelhança do povo de Israel para ser Deus mediantes todas essas perspectivas que envolvem fidelidade e infidelidade, erros e acertos, para que Deus seja engrandecido, seja pelo prazer de contemplar o fiel, como para redimir aquele que caiu, onde a redenção de Deus pelo ser humano é anterior ao pecado deste, porque Deus é o soberano como está escrito: “...nem os céus são puros aos seus olhos...”, assim como a remissão do pecado é para conduzir o homem à justiça como diz Davi à respeito da remissão do seu pecado, onde Davi tipifica tanto o remido por Deus, como aquele que torna-se intermediário da remição de outros: “...lava-me e ficarei limpo...assim ensinarei tuas leis aos transgressores e eles tornarão à ti”  .   

Sabemos que muitos anjos caíram, à semelhança do ser humano, e outros não, permanecendo fiéis, ou seja, a idéia em torno da infidelidade dos anjos é que tanto podem eles cair como ficarem firmes, pois não são tentados e sabem tudo que precisam acerca de Deus e do que é justo para permanecerem fiéis, então podemos imaginar que nos anjos não há a mesma ingenuidade que gerou a inconsequência em Adão e Eva para decaírem sendo perfeitos, mas a opção de ser fiel ou não por motivo de total consciência, onde a escolha à respeito do mal seria um ato sem volta em função de não ser fruto de um deslize provocado por um ludíbrio, mas por uma decisão que transcende circunstancias ou tempos daí imaginarmos que seja mais grave o erro dos anjos e imperdoável, tendo em vista que quando imaginamos que um anjo de Deus é seduzido a trair à Deus e deixá-lo, foi enredado pela sedução do perverso desígnio de imaginar que poderia ser rebelar contra Deus e de alguma forma vencer à Deus e tomar o seu reino! Ou seja, Satanás engana os anjos a acreditarem que se unirem forças, de alguma maneira podem através de alguma estratégia, seja por força, ou por astúcia, ou por qualquer meio derrubar a soberania de Deus! Isto é, um embuste tolo, pois ninguém pode jamais pode prevalecer contra Deus, pois jamais procede força, ou sabedoria, ou inteligência que não venha da essência da verdade ou da vida, pois esses valores procedem de Deus, mas somente um ser tão soberbo ao ponto de empreitar-se numa missão que sabe que não vai prevalecer, porque podemos deduzir que a intenção de Satanás foi mais que tentar vencer Deus, foi mesmo sabendo que não podia vencer, se opor à ele, como vemos Caim e Abel, então Satanás segundo o que está escrito: “e foi lançado Satanás na terra sabendo que pouco tempo lhe resta” e “...o Dragão arrastava com sua cauda a terça parte das estrelas do céu...”, arregimentando e seduzindo adeptos perversos com a ilusão tola de tentar  prevalecer contra Deus enganados pela iniciativa perversa de amando a mentira e o mal se disporem contra o bem como diz Jesus: “quem não é por mim é contra mim, e se alguém comigo não ajunta espalha”, mas o que podemos especular é que a mesma soberba moveu o coração de Adão e Eva, só não na mesma proporção, porque eles ofenderam à Deus indiretamente, já os anjos presumimos que diretamente, porque se alguém deseja seguir um caminho diferente da verdade está optando pela mentira. 

Podemos especular que talvez os anjos decaíram na mesma perspectiva de Adão e Eva, ou seja, eles se deixando enredar por Satanás, que seria o primeiro anjo decaído, assim como Adão e Eva, caíram e poderiam ser salvos. Ora essa tese não é aceita à principio, porque sabemos que a escritura fala que o diabo é irreconciliável, porque é mentiroso e pai da mentira, que é acusador e tentador, e que a escritura propõe a inimizade total a Satanás, assim como a promessa de lançar no fogo à Satanás e seus anjos. E isso é um fato:  nunca há aliança entre um filho de Deus e Satanás, e os seus demônios são inimigos dos filhos de Deus, mas o contraponto intrigante acerca da queda dos anjos e sua total perdição está aqui: a escritura não descreve que tipo de consciência possui um anjo fiel em relação à consciência que havia em Adão e Eva, deduzimos que seja maior, como vimos acima, pelo fato dos anjos de Deus habitarem no lugar onde Deus está e atuarem no mundo espiritual em coisas espirituais, embora e há quem diga erradamente que os anjos não tem poder de decisão nem sentimentos, como se fossem robôs, o que é uma tolice anti-bíblica, muito pelo contrário os anjos raciocinam concordemente à Deus em tudo, e tem os mesmos sentimentos de Deus, mais que o ser humano que é decaído, porque tem a mesma perspectiva de vida que Adão e Eva tinham no princípio, e como a escritura não fala que os anjos são superiores no aspecto de importância para Deus, uma vez que eles revelam-se como conservos dos homens decaídos, mesmo sendo seres não caídos, precisamos avaliar, pela tése que vimos de que talvez os anjos tenha a mesma consciência que havia em Adão e Eva, e tendo em vista que o apóstolo Paulo revela que:  “julgaremos os anjos”! Então obviamente não julgaremos criaturas perfeitas, também pode ser que Paulo esteja referindo-se da superioridade humana em Cristo que nos dá a prerrogativa de testemunhar contra os anjos decaídos para condená-los, por isso Não sabemos se haverá redenção para os anjos que guardaram-se do mal à semelhança do ser humano que se abstém do mal após a queda para alcançar salvação em Cristo, como também sabemos que Jesus é maior que anjos e teria autoridade para redimi-los também se for da vontade de Deus e segundo as suas leis espirituais. 

Analisando o ser humano decaído em relação a um anjo decaído podemos dizer o seguinte:

(1) Demônios são mentirosos & Os homens decaídos também.

(2) Jesus sofreu pelos homens experimentando a morte dos homens & Jesus foi ao inferno experimentando a morte dos anjos que estão presos em cadeias espirituais de tormento (se o inferno é habitado por anjos decaídos também ou se há outro inferno para eles).

(3) Os homens serão julgados para serem salvos ou não & Os anjos também serão julgados (se a palavra julgados, não seria condenados) e porque serão julgados se já estarão condenados antes do juízo?

(4) O diabo é tentador e acusador & os homens também.

(5) O diabo nunca se firmou na verdade porque decaiu & o ser humano sem Deus que opta por ser ímpio mesmo sendo decaído também. 

(6) O lago de fogo foi criado justamente para Satanás e seus anjos & também foi criado para o ser humano infiel que não se arrepender de seus pecados. 

Então analisando por esse aspecto visualizamos que Satanás é o líder assumido de todos os anjos decaídos, para ele não há salvação, porque esse foi o caminho escolhido por ele, e os anjos decaídos nunca podem ser úteis aos homens, porque estão sujeitos as mesmas maldades e iniquidades humanas, são como os homens em que não podemos confiar, pois não há nenhuma escritura que relate conversão aos anjos que possam nos beneficiar com isso, e fica totalmente em oculto a possibilidade de reabilitação deles, e fica totalmente declarada a inimizade com o diabo quando Satanás manifesta-se num homem pedindo clemencia para não ser expulso, mas Jesus diz: “cala-te e sai deste homem!”, e Paulo diz: “a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades...contra as forças espirituais da maldade nos lugares celestiais”, e Jesus ao se referir da mudança da visão do antigo testamento em relação ao novo testamento diz: “ouviste o que foi dito pelos antigos: odiarás o teu inimigo”, ou seja, juntando esses dois elementos entendemos que há uma inimizade contra Satanás numa batalha que não é contra os homens mais, antes pelo contrário Paulo diz: "ainda que um anjo apareça e vos anuncie um outro evangelho diferente deste que temos ensinado à vocês que seja maldito!".

Quando Jesus fala sobre Satanás diz dele: "ele foi homicida desde o principio e nunca se firmou na verdade...". Note que Jesus deixa uma interrogação acerca da possibilidade de Satanás se firmar na verdade, é muito importante entender isso, talvez Jesus quis referir-se não a possibilidade de Satanás se converter se quisesse, mas apenas referia-se a conduta de Satanás por ter decaído que fazia parte de sua natureza mesmo que não haja nenhuma redenção para ele.    

Embora Satanás esteja decaído, por Jesus dizer que Satanás nunca se firmou na verdade, parece estar falando de alguém que ele sabe bem quem é, tem acompanhado sua conduta através dos tempo, sabe que ele não quer mudar, não se deixa persuadir, mas isso poderia acontecer! Compreenda que Jesus está definindo Satanás por uma única perspectiva: ele é maligno e não há nele mudança nenhuma! Como diz o Salmo 55, mas ao mesmo tempo está apontando que, observando-o  houve uma expectativa de que ele talvez mudasse! Preste a atenção, porque Jesus diz: “o mundo jaz no maligno”, é um fato imutável! Não há concilio com o mundo, mas também diz: “...porque Deus amou o mundo de tal maneira para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna...”, consegue compreender que Deus define a humanidade por duas perspectivas? Do mesmo jeito podemos especular acerca dos anjos decaídos: Satanás é definido pelo que poderíamos chamar de idéia de predestinação ao suplício com exceções, onde Satanás e seus anjos vão para o lago de fogo e são inimigos da humanidade, do mesmo jeito que se um anjo decaído (se isso for desígnio de Deus) em meio a sua vida decaída guardar-se do mal, ou  aderir a não praticar o mal, tendo em vista porém que para os demônios é tormento o não fazer o mal, podem encontrar uma redenção em Cristo mediante algum desígnio de Deus, ou não, isto é, os anjos decaídos que estiverem ocultos de nós.  

Não compete ao ser humano nenhuma missão de aproximar anjos da remissão, inclusive Pedro diz: “...pois a nós foi dado a missão do evangelho, um ministério desejado por anjos”, ou seja, talvez significando que esse ministério tem o conhecimento e a missão que os anjos gostariam de vivenciar, por saberem quão grande recompensa está disposta a quem for fiel e ser uma missão desejada por seres que conhecem à Deus e o amam profundamente, ou significando que os anjos decaído desejariam uma nova chance. Anjos decaídos são como os homens sem Deus, porque acharemos a muitos homens pecadores, não acharemos justos, e entre os pecadores há os ímpios que são piores que os pecadores, assim é Satanás e os anjos decaídos. 

Há espíritos que falam por boca de pessoas, alguns deles proferem conselhos acerca do mundo vindouro e da vida na terra induzindo as pessoas a buscar sabedoria e conhecimento, a desapegarem-se de coisas materiais e fazerem o bem, daí esses espíritos serem chamados de "espíritos bons" por falarem coisas certas, mas esses espíritos são anjos decaídos. Alguns desses espíritos são chamados de “espíritos brincalhões”, por enganarem as pessoas, porque são espíritos decaídos que possuem a possibilidade de fazer o bem segundo seu conhecimento ou o mal quando querem. Alguns desses demônios: Habitam no corpo de uma vítima a fazendo infeliz e vítima de infortúnios ou enfermidades, e realizam prodígios que só anjos decaídos podem fazer. 

A escritura adverte na lei que entre o povo de Deus jamais deveria haver quem manifestasse atos ocultistas ou espiritualistas que não se baseassem nas inspirações propostas por Deus, por isso que qualquer culto que mexa com espíritos deve ser evitado, entendendo como algo perigoso para a alma daquele que assim pratica. 

O que importa para o ser humano decaído já não é mais a ausência do erro, mas o mostrar-se fiel mesmo em meio as falhas do pecado para herdar a salvação prometida aos que se purificam da iniquidade em Cristo, e afastar-se desses erros para livrar-se de maldições como uma luta pela sobrevivência humana e espiritual.

Cristo veio para mostrar uma aliança em que já não importa se pecamos, mas se estamos com Deus evitando o pecado, e assim temos a salvação, não é uma aliança onde o homem se mostra forte para obedecer à Deus, mas uma aliança que mostra que qualquer um de nós que estivesse no lugar de Adão e Eva poderia ser infiel em algum momento estando sujeito a uma condenação completa, uma vez que um único deslize na mesma consciência de Adão e Eva antes da queda tem por tipologia a perdição completa, pois o ser humano não foi feito para conhecer o pecado.

Após a queda, mostrando-se a inclinação do ser humano para o pecado, o principio que permanece é que todos pecaram, e Deus revela-se como um resgatador da humanidade enviando o Noivo: Cristo, para resgatar sua Noiva frágil e dependente dele, isto é, aqueles que apegarem-se à ele reconhecendo à Deus como seu legitimo criador à quem deve servir e serem fiéis.

A moral acerca da permissão de Deus com a queda e da manifestação da redenção, uma vez que sabemos que Deus é presciente, não é mostrar que o ser humano poderia ser fiel e não foi para envergonhá-lo, mas mostrar que o ser humano mesmo com a tendência de poder ser infiel deve escolher amar à Deus e nem sempre ele faz isso, o que nos faz refletir no relacionamento conjugal do homem com a mulher, onde o lado positivo do homem é que ele ama a mulher porque viu nela alguma coisa especial, a escolheu, e embora ela tenha seus atributos, quem escolhe sempre é o homem e ele decide aceitá-la por que gostou dela e lhe dá tudo o que ela quer mesmo quando ela não  merece, a mesma coisa no caso da mulher, a mulher fiel ama demasiadamente o homem não tanto por sua visão, mas muito mais por desejar sentir-se protegida e beneficiada reconhecendo quem lhe faz bem e a protege, chegando a suportar o mal até em momentos que não gostaria, do mesmo jeito que vemos o lado negativo do homem quando ele se procede fazendo o mal a mulher quando a mulher lhe é sujeita e não lhe propõe o cuidado e o bem estar, e o lado negativo da mulher seria quando ela é ingrata e cheia de vontades que menospreza o homem e não demonstra amor em troca, ficando aqui o principio de que toda vez que um homem age dessa maneira má assemelha-se com Satanás, bem como a mulher agindo mal dessa maneira assemelha-se com a humanidade perdida, da mesma forma quando uma mulher suporta a luta e é fiel ao homem  seja bom ou mal, assemelha-se com a igreja fiel, do mesmo jeito o homem que é bom com a mulher, mesmo sabendo que ela não merece assemelha-se com o amor tão puro de Cristo.

Ainda que o ser humano fosse fiel na prova do Éden, o ser humano é dependente da necessidade de ser fiel antes mesmo de ser fiel,  porque esse é o propósito da vida, assim como depende da graça de Deus, antes mesmo de pecar, porque mesmo não caindo precisa de Deus. 

A importância da fidelidade ainda permanece como elemento para salvação mesmo após a manifestação da graça de Deus em Cristo, como diz a escritura: "...ao que vencer dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida", do mesmo jeito que diz a escritura da infidelidade do homem: "...porque Deus nos entregou a Cristo estando nós ainda mortos em nossos pecados e delitos...". 

Então podemos dizer que a fidelidade também é fruto da graça de Deus como diz: "...pois tudo foi criado dele, por ele, e para ele", mostrando que de Deus procede a graça de sermos fieis como diz Paulo: "...que é o que tens que não tenhas recebido? E se o recebeste, porque te vanglorias como se não o tivesse recebido?...".    

Podemos deduzir pelo aspecto da astúcia da serpente que a serpente foi atuante num momento timing para a destruição do homem por completo antes mesmo que um descendente nascesse e que isso, embora nos seja irônico, tinha a permissão de Deus de acontecer num momento proposital, onde a coisa seria uma prova, não que Deus tenha pacto ou alguma  cumplicidade com Satanás, mas que nada sai ao controle de Deus senão que o próprio Deus permite que aconteça o que se funde com seus propósitos, e um de seus propósitos principais era ver Adão e Eva serem fiéis, como Deus alegrar-se de Jó dizendo: “vê meu servo Jó, homem reto e integro que se desvia do mal”, e Satanás pede para tentá-lo e Deus permite por causa de seus propósitos, porque era propósito de Deus ver Jó ser fiel.  

É mais fácil pensarmos que Caim teria sido gerado e nasceu depois da queda por que é óbvio pensar assim, como o texto prossegue dando à entender, mas podia ter sido concebido no ventre de Eva antes (e o texto talvez queira resumir o ato do nascimento de Caim fora de um contexto temporal, como acontece quando o texto descreve as criações de Deus e depois como foi a criação do homem e da mulher), mas se isso acontece ele foi contaminado pelo pecado no ventre de Eva mesmo assim. 

Outra coisa é que sabendo que Abel é o segundo filho, por sabermos que Abel era justo, não foi por ter sido gerado antes da queda, porque Caim nasce antes de Abel, e vemos claramente que Caim recebe o pecado como herança, sendo assim ambos nasceram depois da queda, ou seja, se algum deles nasceu no Éden antes da queda, como vimos que isso é inválido, pois Caim nasceu com a natureza do pecado, então só poderíamos especular que Abel nasceu no Éden, antes da queda para ser justo, se Caim que é o irmão mais velho também fosse justo como Abel. Sabemos então  que Caim herdou a natureza do pecado assim como Abel e saíram do ventre de Eva depois da queda, mais optou pela justiça e o outro pela injustiça.  

Uma coisa interessante é que sendo a queda do ser humano uma coisa tão rápida após sua criação, parece ser imediato que Deus já tivesse previsto o que aconteceu, e previsto estando pronto para o que aconteceu, mas ao mesmo tempos vemos a grandeza de Deus em suas facetas, onde ele parece ter a queda como um ato que foi-lhe uma surpresa, que o assusta,  como texto mostra claramente o desespero de Deus com a desobediência humana, mas ao mesmo tempo tendo em vista a soberania de Deus, vamos entender que Deus criou o ser humano com a prerrogativa de poder ser infiel por um propósito. 

2 Talvez poderíamos dizer que o fato de Abel ser pastor de ovelhas isso mostrava uma inclinação maior para o cuidado, talvez algo mais trabalhoso, ou não tão trabalhoso no aspecto ativo, mas que requeria uma diligência maior, um trabalho por amor, pois o cuidado com ovelhas necessitava de um trato diligenciado, pois lidava-se com preservação de vidas, enquanto que o fato de Caim ser lavrador mostre que ele seja mais imediatista, pois o cuidado com o solo é menos cuidadoso e mais direto, talvez mais trabalhoso no aspecto ativo, ou não, e menos diligenciado no aspecto emocional.

Pelo fato de Caim ser lavrador não quer dizer que sua vocação de trabalhar com a terra mostre a indignidade do trabalho, até porque cada ser humano tem sua vocação individual e isso não define o caráter, as intenções, nem a boa vontade de alguém, por exemplo: Davi era um guerreiro, mas a escritura diz que Davi era o mavioso salmista de Israel, ou seja, ele era uma pessoa de animo amável e humilde, mas trabalhava com um serviço agressivo, duro e até violento, que era sua vocação, então aqui o texto tenta mostrar algo mais que a vocação humana, mas a inclinação das intenções.

A diferença entre Caim e Abel só vai revelar-se depois, mas o texto aqui tenta ilustrar um mistério entre o ser humano carnal e espiritual, onde Abel atenta para vidas, e Caim para coisas terrenas, Abel para o cuidado humano no trabalho, e Caim para o ativismo no trabalho.

O fato de alguém buscar para sua vida vocações ativistas não a faz mais nobre, nem o fato de buscar coisas mais sublimes, uma vez que por muitos critérios os seres humanos escolhem as coisas e julgam as intenções dos outros, manifestando invejas, interesses, sabotagens, falsidades, etc...isso tanto para quem julga a vida alheia como para quem se dedica à alguma coisa na vida. A idéia deste texto então é mostrar a vocação profissional como um elemento espiritual que revele que Abel apegou-se com um propósito que expressava sua vida espiritual, ao passo que Caim da mesma forma apegou-se com coisas terrenas em função do seu espirito terreno. 


O ato de oferecer à Deus


3, 4 Aqui está um mistério interessante que é o fato do ser humano sentir-se impelido em ofertar à Deus. 

O ato de ofertar à Deus é algo genuinamente espiritual, porque a escritura diz: "sem fé é impossível agradar à Deus". À  princípio entendemos que esse texto refere-se ao fato de que não ter fé é uma coisa que desagrada à Deus, pois Deus agrada-se que confiemos nele como podemos identificar esse fato em muitos textos da escritura, mas tendo em conta que a fé é o único vinculo para compreendermos Deus, uma vez que ele é invisível, mas real, esse texto além de ressaltar a importância da fé de maneira direta também propõe a fé indiretamente para mostrar algo maior, isto é, a fé como ponte entre o homem e Deus para realização de obras, ou seja, o texto está querendo dizer também que o homem só pode achegar-se à Deus com uma intenção de agradá-lo por causa da fé, que é a fé que movimenta obras. 

O livro de Hebreus quando descreve essa citação está falando justamente do ato de Abel em ofertar, onde ele não somente agrada à Deus tendo a fé, até porque neste texto Abel  não é apresentado tendo fé com o propósito da confiança em Deus ou somente da crença que ele existe, mas mostra Abel fazendo uma oferta, ou seja uma obra! 

O livro de Hebreus, pelo testemunho de vários patriarcas, mostra que o único vínculo entre o homem e Deus é a fé que expressa-se por vários propósitos, sendo assim o que o texto mostra que se você não tiver fé, não desejará fazer nada para agradar a Deus, porque Deus (ironicamente) só existe para quem segue ou se deixa crer pela  fé, e só deseja agradar a Deus com obras quem crê que ele existe e que é recompensador dos que o buscam, como diz a escritura. 

O ato de Abel ofertar à Deus, tanto por ofertar as primícias (que seria o melhor em qualidade, e numa boa quantidade), como pela consciência de ofertar um animal (como que sacrificando uma vida), pelo fato desse ato ser anterior a lei e isso se repetir no coração dos patriarcas que vieram antes da lei, antes mesmo que esses escritos se manifestassem por revelação à Moisés séculos depois, notamos, que na consciência dos homens, muito mais os homens antigos próximos de Adão e Eva, havia um grande percentual de consciência espiritual neles, imaginando que essa consciência foi se diluindo dos homens aos poucos assim como escritura diz que nos últimos tempos haveria uma forte degeneração no caráter humano, e a maldade e malicia humana se multiplicaria, também vemos que o ser humano era mais sensível à uma consciência de Deus nos primórdios onde não havia ainda  escritos, nem filosofias, do que nos tempos seguintes a lei até hoje. 

Veremos mais à frente nas escrituras que os homens antigos viviam cerca de 800 anos! Então analisando por essa perspectiva podemos deduzir que os homens antigos tinham, mais naturalmente, consciência de Deus e das coisas espirituais do que hoje em dia em função de serem os primórdios da humanidade feita à semelhança de Deus. 

No decurso do livro de Gênesis vemos não só os descendentes de Abraão falarem de Deus, mas vemos por exemplo: Enos, o primeiro homem a invocar o nome de Deus após a queda, depois vemos Noé, homem justo que temia à Deus achando graça para ser preservado do juízo do dilúvio. Vemos também o aparecimento de Melquisedeque rei de Salém que era sacerdote (representante) de Deus, um tipo de profeta ou apregoador de Deus, como também Noé o era, o qual não procedia da descendência de Abraão, nem dos hebreus. Vemos na escritura de Gênesis falar-se da crença na aceitação divina de sacrifícios, a prática de juramentos e votos, a oração e a adoração, a construção de altares memoriais sagrados, a crença de que o pecado gera maldição, todos esses elementos advindos da fé na existência da divindade praticados não por doutrina humana, mas por consciência espiritual.     

Notamos que mesmo Abel e Caim sendo seres decaídos, e mesmo Caim dando testemunho de ser mal, ele ouve Deus falar de maneira quase clara com ele. O ser humano leva desde a criação a marca de ser a imagem e semelhança de Deus, e de ter instintos espirituais de fé. 

O ser humano tinha capacidade de perceber coisas espirituais com mais sutileza, mesmo assim isso não é um elemento forte para reconciliação do homem com Deus como já vimos, e isso não impede que ele se corrompa muito, mesmo nos dias de Abraão, como vemos no caso das cidades de Sodoma e Gomorra que precisam até ser contidas com uma destruição em massa por Deus, mas podemos imaginar que de Noé até Abraão muitos séculos se passaram.    

Vemos que fazia parte da natureza humana o ofertar à Deus quando depois de Abel, vemos Abraão dando o dízimo como que por um instinto, não era uma lei, poderíamos    possivelmente dizer que era um costume oferecer à Deus 10%, mas todo costume procede de um instinto humano, ou de uma  regra criada e estabelecida que advém de algo razoável, ou seja, da consciência humana. 

Na passagem onde Abraão dá o dízimo à Melquisedeque isso parece ser enigmático, porque não havia lei, nem mandamento para isso, mas Abraão age espontaneamente e ele define a medida à ofertar que seria 10% de tudo, uma medida sugestiva como mínima para uma oferta de retribuição à Deus por consciência pura e não por lei, nem por imposição. 

Depois vemos Jacó também por consciência, e não por lei, oferecer o dízimo (10%) como medida mínima à Deus, tendo por consciência espiritual que qualquer oferta menor que 10% é inaceitável ao Senhor como retribuição de um todo. 

Depois vemos que a lei institui por preceito o dízimo, associando agora a oferta juntamente com a manutenção do serviço dos sacerdotes, onde Deus age com imensa sabedoria propondo um mínimo para a contribuição, para quem oferta, e para a manutenção dos sacerdotes. 


Os dízimos no novo testamento


Vemos no novo testamento o apóstolo Paulo ensinar o dízimo, mas sem a prerrogativa legalista do dízimo por lei! Ou seja, ele diz: "...que se faça a coleta das ofertas, cada um segundo a sua proporcionalidade financeira todas as semanas...", ou seja, no novo testamento jamais vemos qualquer ensinamento que proponha o dizimo para manutenção do serviço de Deus no contexto da igreja, porque como vimos, assim como o dízimo procede antes da lei, de consciência, também a oferta no novo testamento procede de indução do Espírito Santo, não de maneira inconstante circunstancial, mas pelo elemento da liberdade associada com um novo nascimento como diz a escritura após a descida do Espírito pela primeira vez: “todos eles tinha um só coração, partilhavam o pão de casa em casa...e repartiam entre si os seus bens”, sendo assim, “por lei” do Espírito, o apóstolo Paulo verbaliza propondo a proporcionalidade, que quer dizer que um mínimo aceitável à Deus seria 10%, pelo conhecimento espiritual que temos na escritura, e pela liberalidade constrangida pelo Espírito ao serviço dos santos. Ora o dizimo, no novo testamento não era para obras de construção da igreja, nem para projetos pastorais, nem para eventos, nem para missões, embora isso também faça parte de uma certa forma da utilização desse recurso de maneira indireta, porque nessas coisas toda a igreja está envolvida, mas quando essas coisas tem um prerrogativa individual de um ou alguns, isso deve ficar à critério dos líderes que já possuem o seu salario e podem bancar seus interesses pessoais, à menos que queiram montar suas bancas de coleta “na porta da igreja” e fazer como faziam aqueles homens que vendiam coisas no tempo de Jerusalém, mas que Jesus os expulsou. 

O tesouro da igreja é diretamente para o serviço dos santos, isto é, para salário, recurso, e provisão dos que servem àqueles que vão herdar a salvação e dos que já são salvos, ou seja, o dinheiro arrecadado para igreja é um recurso que sustenta o serviço à favor dos cristãos e ajuda os cristãos que precisam.     

No novo testamento vemos que os apóstolos tinham o costume de arrecadar para todos um recursos que advinha da renuncia até total de seus bens numa estratégia de atrair o máximo de recursos para haver mantimento cotidiano à todos, onde a idéia era que eles conformavam-se com o fato de não lhes falar nada e terem a salvação por causa do Espírito Santo, embora não fosse obrigatório como Tiago em sua carta faz menção a pessoas ricas, então essa atitude dava também oportunidade à muitos de terem recompensas no céu, uma vez que a riqueza excessiva torna-se desnecessária por ser mantida com um ativismo ou dedicação que não dá tempo ao homem de ser feliz, descansar e cultuar à Deus com toda sua vida, também o Espírito Santo por natureza impulsiona o ser humano à dedicar-se ao serviço e à caridade, notando nós que eles ofertavam mais que o dízimo, uma vez que na lei não havia somente os dízimos de tudo que o homem possuía, havia ofertas extras que aumentavam essa demanda, como ofertas de expiação, ofertas de ação de graça, etc, as chamadas ofertas alçadas ou estabelecidas pela lei, sendo assim se alguém segue o pensamento de dar o dizimo com algum tipo de oferta voluntária, na verdade, ironicamente está fazendo no novo testamento menos do que exigia à lei, e menos do que faziam no novo testamento nos dias dos apóstolos por boa vontade.  

Deus faz promessas a quem oferta, onde Deus diz aos que são da lei de Moisés, pelo ensino de Deus que subsiste: "...e dizeis à mim (Deus): em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas estabelecidas (pela lei)...trazei todos os dízimos a casa do tesouro para que haja mantimento em minha casa e fazei prova de mim se não vos derramar uma benção tal que dele advenha a maior abastança...e repreenderei o devorador...", ou seja, ofertar à Deus é um ato de fé, onde você coloca suas necessidade na administração de Deus, sendo assim quem oferta não está sujeito à inconstância do dinheiro e das oportunidades, nem sujeito à maldição (a qual o texto menciona ser causada até por demônios que tem autoridade para delapidar as pessoas) que advém às pessoas que não tem a benção de Deus, que agem com ganância e desonra à Deus por questão de avareza, negando-se a ofertar e a contribuir com o bem estar do próximo, dos irmãos e da preservação da obra de Deus.

É interessante também que o mistério sobre a contribuição está também na caridade, porque no novo testamento não se oferece mais recursos à Deus, mas são dados recursos à homens, para suprimento de homens ao invés de se associar a oferta com um culto à Deus, mas o culto à Deus por intermédio da caridade e da sustentação da obra de Deus ensinado pelo apóstolo Paulo, sendo assim roubar à Deus no novo testamento é diretamente negar-se à caridade com o próximo e mais precisamente com os irmãos.

A questão das diferenças financeiras entre as pessoas era suprida justamente com a arrecadação de todos, para que através dos que tinham muito fosse suprido os que tinham pouco, porque a escritura do novo testamento menciona muitas vezes a questão das diferenças sociais independente da benção de Deus, até por causa da diferença da vocação das pessoas, tanto a incapacidade para a vida humana, como o fato de que a devoção à Deus as vezes diminui a possibilidades humanas, como Paulo diz: “...nem todo membro é mão, nem todo membro é pé...pois se a boca disser: não sou boca! Mesmo assim não deixará de o ser...porque até os membros menos decorosos são importantes no corpo e por isso os revestimos de mais honra...assim Deus fez tudo isso em todos para que cada membro tenha sua função no corpo...sendo assim somos corpo de Cristo e membros uns dos outros...”. Sendo assim, livrar a um irmão de um aluguel, oferecer-lhe um bom emprego, são coisas que na igreja primitiva todos tinham o costume de fazer por boa vontade e não com avareza ou hipocrisia como vemos no caso de Ananias e Safira.             


A natureza da maldade humana

              

    5 Não podemos ver com tanta clareza o por quê Deus não agrada-se da oferta de Caim, mas alguém já disse que seria pelo fato de que ele ofereceu vegetais ao invés da carne de uma animal (e sua gordura) que seria uma oferta aceitável ao Senhor por um discernimento espiritual, outra pessoa já disse que Caim ofereceu ao Senhor uma oferta que não foi as primícias pelo fato de estar escrito que no final de um tempo  indeterminado ou numa proporção aleatória Caim oferece ao Senhor, ao passo que Abel ofereceu num tempo correto de colheita não só uma parte qualquer, mas as primícias. Não podemos afirmar com clareza total isso, pois o texto diz que Abel por sua vez "também" ofereceu primícias, dando a entender que talvez a oferta de Abel foi a mesma de Caim, mas o texto tenta enfatizar a oferta de Caim de uma maneira menos sublime, ao passo que tenta enfatizar que Abel trás primícias. O  que é importante entender é que, seja o fato de Caim ter errado fazendo algo diferente ou igual à Abel no aspecto humano, Deus notou uma diferença no que Abel fez em relação ao que Caim fez, que está mais no nível da intenção do que da oferta exterior, poderíamos dizer que o que ele fez exteriormente expressou de fato uma oferta não agradável ao Senhor, ou talvez somente o que é interior desagradou o Senhor em relação à oferta. Quando vemos depois Nadabe e Abiu ofenderem à Deus com uma oferta humana sem valor espiritual, fruto de uma superficialidade usando o culto ao próprio Deus, e como vemos Ananias e Safira ofenderem o Espirito Santo tendo Deus por tolo aplicando astúcias e calotes usando o nome de Deus, se havendo com falsidade presumindo Deus como inferior aplicando um roubo por intenção de falso benefício ou uma caridade fingida por intenção de engano.  

Um ponto interessantíssimo nesse fato é que Deus não mede Caim por Abel, Deus não opõe-se à Caim por causa de Abel, Deus não mede Abel por Caim, mas o que acontece é individual: Deus agrada-se de Abel, Deus não agrada-se de Caim. 

É importante entender isso porque Deus pelo seu caráter jamais tem a intenção de humilhar as pessoas, nem diminuir a alguém em relação à outro, e nem de exaltar a alguém detrimento de outro. Quando vemos na escritura que Jacó amava mais a José do que seus irmãos, isso desperta ciúmes em seus irmãos, mas é interessante que o texto não diz que Jacó não amava os irmãos de José, mas que ele amava mais a José, ou seja, não é pecado amar mais a alguém, mesmo que isso desperte ciúmes, pois neste caso o que opera não seria o ciúme legitimo ou a ira decorrente de uma provocação ou tripúdio, mas o que opera seria a raiz do orgulho pra quem não aceita ser somente amado, ou não que se procedendo bem reclama um amor maior do que é justo. Vemos na parábola do filho pródigo, que o filho mais velho não somente estranha a atitude do pai, sendo-lhe irônico no aspecto humano que um pai receba bem um filho que delapidou seus bem, até aqui ele questiona, mas esse filho mais velho age com orgulho queixando-se mesmo possuindo tudo, que era o amor sincero e sem reservas do pai e todos os seus bens.

6, 7 Caim sente vergonha e ódio, ele está tomado de orgulho, ele não se entristece por motivo de ser reprovação, mas se ira por motivo de orgulho, pois não aceitou ser reprovado. 

É possível sermos levados à pensar que Deus agiu friamente com ele não levando em conta seus conflitos por não compreender no ser humano que é vergonhoso não ser aceito e ver outro sendo aceito e não ser, mas na verdade o que acontece é o contrário, ou seja, Deus jamais age friamente com as pessoas, porém, assim como ninguém, nem mesmo Deus, é culpado pela vergonha ou insucesso de alguém que erra (que é algo que temos de aprender a lidar dando a volta por cima), vemos que Deus compreende que Caim sentiu-se triste por não ter sido aceito ou reprovado em virtude do ser próprio erro, o que Deus lhe questiona é o por quê ele se irrita e porque ele fica frustrado ao invés de reconhecer. 

Na mesma medida em que Deus compreende a infelicidade humana em razão dos seus próprios erros, e também sabe do efeito da mediocridade humana contra o próprio ser humano, Deus não deixa de dar testemunho do que é errado alertando que Caim está tomado de um orgulho injusto. À principio Deus está reconduzindo ele à consciência de que ele não está sendo razoável, justamente por saber que ele está agindo por orgulho, pois se fosse uma tristeza em função da vergonha em relação à Abel ou de ser preterido por Deus, Deus viria da mesma maneira reanimá-lo como foi nesta situação. 

Caim se irrita, mas Deus aparece primeiro questionando o motivo de sua raiva para dar-lhe a entender que não havia motivo justo para que ele se irasse por aquela situação, assim como  depois Deus vem mostrando que ele deveria aceitar com naturalidade o fato de não ser aceito por não ter feito o que era bom como uma coisa natural assim como se recebe elogio por fazer que é bom, estimulando ele à sinceridade e à humildade. Por último Deus o alerta que seu coração estando mal intencionado está sujeito à transgredir e fazer o que é mal, e ele deveria dominar o desejo mal. 

Esse é um dos conselhos mais profundos da escrituras, Deus está falando mais ou menos assim à Caim: “o motivo pelo qual você está irritado e triste é sincero e justo? Você está chateado por causa do seu orgulho pessoal e de maneira injusta. Se você tivesse feito o bem poderia se alegrar com isso, mas você sabe que não fez o bem digno de elogio, você precisa aprender que a vida é assim, a gente só é aceito quando faz o bem, e se você não fez o que não era digno de elogio não deve se incomodar por não receber nada. Você está sendo levado por uma tentação, que está se tornando mais forte que você, e isso procede de algo mal em você que está tentando ser forte e te levar a pecar, mas você deve resistir agora, senão não terá forças para evitar uma reação injusta depois".

8 Outra coisa interessante é que o texto menciona a oferta de Abel depois da oferta de  Caim. 

Não sabemos com certeza se Abel ofereceu sua oferta à Deus porque Caim ofereceu primeiro imitando-o. Sabemos que Caim era o irmão mais velho, e um irmão mais novo costuma seguir o mais velho para fazer o que era certo, uma vez que na vida, mesmo através de modelo ruins, todo mundo precisa absorver influencias para o que é certo e aprender as coisas através de outro para liberar suas vocações. Talvez, Abel fez sua oferta depois de Caim, ou talvez fez depois de Caim, mas  independente deste, sem imitá-lo nem segui-lo, ou ambos fizeram juntos, mas o texto mostra alguém oferecendo primeiro por questão literária natural. O texto pode querer mostrar que ambos tinham a intenção de oferecer juntamente, ou que individualmente cada um deles ofereceu sua oferta, independente de quem ofereceu antes ou depois.

O que é interessante é que sempre qualificamos por motivo de inveja e emulação toda pessoa que faz algo semelhante a outro imitando-a depois que este o fez, no intuito de mostrar-se melhor, por um ato de orgulho,  inveja ou emulação, mas o ponto maravilhoso do texto é que o texto mostra que Abel oferecendo sua oferta depois de Caim, ele é aceito, mas Caim que é mostrado oferecendo  primeiro é reprovado. Então mesmo que Abel tivesse feito sua oferta imitando a seu irmão ou depois dele, ele não estava fazendo isso com emulação, nem com inveja, nem por orgulho ou competição, mostrando que Deus sonda o coração.

Se porém Abel fez sua oferta depois de Caim, mas sem a intenção de imitar seu irmão, agindo individualmente, a aceitação de Abel por Deus é então sinal de que ele não estava imitando e nem estava em competição com seu irmão, ele estava apenas fazendo a sua parte, e Deus lhe sonda a pura e boa intenção.   

No aspecto tipológico o texto expõe Caim ofertando primeiro por causa do mistério que existe entre a reprovação de Adão e a eleição de Cristo, a reprovação do ministério da lei e a eleição do ministério da graça, a reprovação de Satanás (o anjo decaído) e a eleição do Filho Unigênito de Deus, a reprovação da humanidade carnal e a eleição da igreja espiritual, onde o primeiro (Caim) aparece com obras humanas  sendo reprovado e o segundo (Abel) aparece com obras espirituais sendo aceito, não que Abel fosse melhor por vir depois de Caim, pois esse pensamento é injusto, mas Abel aparece como substituto do que não agradou à Deus vindo antes. 

Vemos no caso do nascimento de Caim e Abel, que Caim nasce primeiro, porque ele representa as primícias de Adão e Eva na carne, e Abel aparece como primícia do espirito vindo depois, dando-nos a entender que a natureza, por causa da maldição da queda, pré-elege a Caim para ser carnal e depois a Abel para se bom, mostrando o mistério que há sobre a terra onde existe sempre o bem e o mal sobre a terra.   

O texto mostra que logo após Deus falar com Caim, ele ignora totalmente o que Deus lhe fala dando vazão ao que estava sentindo. 

A voz de Deus poderia ser uma voz audível, ou poderia ser uma forte consciência inverbal, mas vemos pelo texto que era a própria voz de Deus. 

A consciência humana é uma das vozes de Deus, pois sabemos que Deus é o criador tudo, inclusive do espírito humano. Deus é a palavra viva que é verdadeira, e a verdade, originada de Deus está em toda a parte, e é viva, inclusive na consciência humana. 

Caim age traiçoeiramente convidando seu irmão como se estivesse sendo seu amigo. Caim atrai Abel para um lugar deserto onde intenta praticar um crime contra ele ocultando-se dos homens, e presumindo inclusive ocultar-se de Deus.

Caim descarrega o seu fracasso como represália ao sucesso de seu irmão. Ele mede-se com Abel e age invejosamente, ele alimenta em seu coração uma intenção de competição, ele age também de forma egoísta odiando o sucesso do seu irmão, ele mostra-se orgulhoso pretendendo ser melhor que Abel, e mostra-se injusto abafando o sucesso de seu semelhante pela sua incompetência conspirando contra sua liberdade de ser bem sucedido. 

Essa passagem mostra o que a escritura diz sobre “a soberba da vida”, que é um dos males do ser humano: o egoísmo, a maldade e orgulho, de onde procede a inveja, a aversão do ser humano pelo próprio ser humano, a individualidade, a emulação, e o prazer de fazer o mal à vida humana, que é uma das maiores doenças da humanidade como está escrito: “...vi um cavalo vermelho e ao seu cavaleiro foi dado autoridade para tirar a paz dos que estão na terra para que os homens se matassem uns aos outros, e foi-lhe dada uma grande espada”. A grande espada seria grande poder.

9 Caim quando questionado acerca do mal feito à Abel, ele em nenhum momento demonstra arrependimento, muito pelo contrário ele dissimula, age ainda irado e  arrogantemente como se tivesse razão para agir assim, e revela-se, além de mentiroso, uma pessoa egoísta que desafia à Deus dizendo-se com razão para ser isento da responsabilidade da vida de seu irmão, que é a característica da pessoa impenitente.: egoísta, prepotente, individualista nas suas responsabilidades com os outros, proferindo mentiras sem temor, agindo com ira e insolência, com dissimulação, e sem respeito à figura de Deus pelo tom e pelo desprezo com que fala  e não se arrepende nem se sente culpado de inferir mal ao seu próximo, mesmo depois de ter cometido, mostrando também que o ato do pecado nunca alivia o ser humano da iniquidade, mas faz com que o individuo liberando o mal, seja enganado pelo alivio tornando-se escravo da maldição depois que é o tormento, e por sua soberba o ímpio é enganado, porque parece retornar a um estado de prepotência onde se sente bem confortável com sua impiedade que o levou a praticar o mal, assim não sabe que logo será destruído por Deus para sua própria ruína.  


A maldição de Deus contra a maldade humana


10 Deus sente a perda da vida humana por uma espécie de premonição, a vida humana está ligada à Deus, o sangue de Abel é um clamor por justiça, o sangue humano quando toca a terra manifesta algo terrível diante de Deus, e esse sangue ecoa nos ouvidos de Deus pedindo justiça, como diz a escritura que o sangue de Abel, mesmo depois de morto, fala, e juntamente com isso vemos que sobre o sangue de Jesus é dito que seu sangue fala coisas maiores, compreendemos que o sangue de Jesus testemunha o juízo de Deus vindouro e também a redenção dos homens que aceitam o arrependimento, pois o mesmo sangue que sentencia juízo contra a terra, é o sangue que purifica e redime os que se achegam à Cristo. 

O sangue de Jesus então anuncia muitas coisas sobre justiça juízo e misericórdia à Deus e para os homens. A manifestação da morte e ressurreição de Jesus torna-se a revelação de um conhecimento profundo acerca dos mistérios de Deus sobre a vida.     

11, 12 Deus prossegue agora sentenciando a Caim. Note que Deus não anuncia juízo com a prerrogativa de falar o que quer, mas por justa decisão, um juízo bem pesado e balanceado para o crime, transgressão ou delito cometido, Deus não está só na prerrogativa de exercer o juízo, mas de anunciador da consequência que o pecado causa, pois todas as coisas espirituais e naturais que Deus cria tem uma vida e uma essência que precisa ser respeitada.

Deus fala que o solo jamais poderia conhecer o sangue de Abel. Deus mostra o efeito que o pecado tem sobre a vida humana, não só porque o sangue de Abel caiu sobre a terra, mas porque Caim tirou-lhe a vida e ele torna-se amaldiçoado imediatamente, e dessa maldição ele não tem como fugir, ele não tem mais sobre a terra um lugar onde possa ser feliz e prosperar, pois a maldição está sobre ele.

13 Caim manifesta agora um tipo de arrependimento, não pelo mal que cometeu, mas pelas consequências que seu pecado lhe trouxe. 

O pecado do ser humano sempre lhe trás consequências que ele não pode suportar, que seria o efeito colateral onde a tendência do ser humano é a autodestruição, uma situação catastrófica que embora seja justa em função de vir como colheita da semeadura do mal, também o ser humano não pode suportar as consequências (maldição) do mal que inflige. 

O ser humano herda maldição na proporção do seu pecado, mas o corpo e a vida humana não tem estrutura para suportar essa consequência, porque o corpo e a vida humana não foram projetados por Deus para o infortúnio, nem para a desventura, nem para a destruição.  

14 Caim culpa à Deus, pois sente-se uma vítima do pecado por ter uma natureza má que o cativou no que não podia suportar. Caim  porta-se como uma vítima das consequências, mesmo quando Deus aplica sobre ele um justo juízo, pois embora ele seja mal, Deus parece compreender o seu sofrimento, e não o acusa, nem o repreende, mas não deixa de aplicar o  castigo, e não o revoga dialogando com Caim, porque ele é culpado. 

Caim pressente pela sua consciência que não terá paz em lugar algum e que não haverá benção sobre sua vida.

Caim está afastado de Deus pela queda de Adão e Eva, esteve afastado pela rebelião antes do pecado, e agora afastado por causa da maldição do seu pecado: não há comunhão entre ele e Deus, porque o seu espírito além de estar totalmente longe de Deus, a proximidade com Deus torna-se uma expectativa de juízo, e ele encerra suas palavras com a conclusão de que seria morto por alguém, como temor em função de ele ter tirado a vida de Abel, mostrando que sua consciência torna-se um juiz contra ele, mas tudo isso só se torna pesaroso e consciente para ele bem depois do crime,  quando Deus lhe argue as coisas que fez.

Não podemos saber se Deus conversa com Caim audivelmente, ou se Deus manifesta-se pelo elemento da consciência, mas certamente esse diálogo entre o coração de Caim e o coração de Deus acontecem de fato e todas aquelas coisas são esclarecidas no coração de Caim.  

Note que Caim teme que lhe façam exatamente o que ele fez, e essa expectativa fica sobre ele, não somente como um remorso, mas com a expectativa de um vingador. Outro ponto interessante, é que Caim não teme sua morte somente pelo fato de que alguém sabedor de seu mal pudesse vingar a morte de Abel fazendo-lhe o que ele fez, mas ele teme que o juízo do seu mal venha sobre ele por uma  ordem espiritual.

É interessante Caim ter declarado que outra pessoa poderia encontrá-lo, uma vez que o texto fala somente da presença de Abel além de  Adão e Eva, mas podemos então deduzir que Adão e Eva nesse tempo já tinham gerado outros filhos depois de Caim e Abel, que eram já adultos nesse tempo, e que podem ter migrado pela terra gerando mais pessoas.


O julgamento de Deus em relação a Caim


15 Podemos entender que a palavra: "vingar" aqui significa: dar o troco a uma afronta, devolver ou retribuir algum feito no sentido negativo.

Podemos especular que o fato de que Deus diz que quem matasse a Caim seria vingado sete vezes seria um elemento de intimidação advindo do selo que Deus põe sobre ele, como um inibidor espiritual afastando qualquer instinto ou intenção, seja de Satanás ou por razão humana de fazer mal a Caim, com a perspectiva de uma maldição sete vezes maior, que seria ser morto e ainda levar para os seus descendentes uma maldição hereditária, um castigo em vida sete vezes maior do que o intento maligno e o ato praticado, ou uma sentença de morte sete vezes maior até que este seja vingado do mal que fez a Caim. 

Entendemos que Deus quer preservar a vida de Caim e inibir essa expectativa de morte dele, como quando vemos os Índios da cidade de Malta dizerem de Paulo ao ser mordido por uma serpente: “certamente esse homem é homicida, porque saindo do mar a justiça não lhe deixa viver”. Podemos especular que Deus queira preservar Caim por compreender ele como um ímpio que cometeu um erro e na sua angustia por estar demais aflito não suportando a carga do seu mal Deus o livra de seu grande castigo, mas ele não deixa de colher em vida o que semeou como Deus profetizou. 

16 O ato de Caim se retirar de diante do Senhor não significa só sair do lugar onde estava, mas afastar seu coração totalmente de Deus. Caim afasta-se de Deus por uma questão natural, Deus deixa de existir pra ele por causa da maldição do pecado, também Deus torna-se incompatível pra ele por ele ser mal e Deus bom, por isso se afasta. 

Ora, aqui vemos de maneira bem profunda que o pecado não gera o afastamento de Deus só temporariamente como uma ferida que depois vem a ser curada, mas o ser humano torna-se cada vez mais “morto” para Deus, como que perpetuamente sem a chance de voltar, mostrando o peso real do afastamento de Deus.

Aqui estamos vendo o drama do ser humano decaído sem Deus e sem uma aliança de restauração, pois até os homens que viveram na aliança da lei não eram homem regenerados espiritualmente que obtinham paz em Deus por um caminho aberto no Santo dos Santos em Cristo, mas pessoas como qualquer pessoa sem Deus ou do mundo, mas que estavam diante de Deus.

O interior de um ser humano decaído possui na prática uma outra perspectiva acerca de Deus e da vida, assim como nós éramos das trevas e éramos totalmente insensíveis à Deus e afastados da benção de Deus, não só por nosso nascer neste mundo, mas por efeito dos nossos pecados.   

17 A mulher de Caim devia ser com certeza uma das filhas de Adão, que de uma certa forma era uma de suas irmãs por terem sido geradas por Adão que era seu pai. Não sabemos se ele conheceu essa mulher no momento em que saiu de diante do Senhor, se ele levou algum tempo para sair de onde estava e ali a conheceu, ou se ele conheceu essa mulher antes mesmo de pecar contra Abel como se o texto fosse um resumo de tudo que aconteceu dentro de um contexto que envolve tempo presente e anterior (como já vimos o livro de Gênesis fazer), mas o importante é entender que as irmãs de Caim não seriam só irmãs sanguíneas, mas uma geração dos primeiros habitantes da terra, sendo assim, ele não estava unindo-se com uma irmã, mas com uma das mulheres que habitavam a terra.

Um especulação interessante é a questão das raças. Vemos que o ser humano possui raças primas e raças mestiças, raças primas seriam por exemplo: os negros africanos, os de origem russa e alemã, os orientais, os indígenas, os de origem romana, os semitas, e etc...deles descendem as diferenças, os negros africanos e negros mestiços da América, os japoneses, em relação aos chineses, e tailandeses, os latinos da América em relação aos espanhóis, os italianos e os gregos, os hebreus, assírios, egípcios e caldeus, etc...É muito interessante imaginarmos que a resposta para a existência das raças no aspecto primo seria que Adão e Eva não eram uma raça, eram seres humano com uma raça prima, eram diferentes dos demais, eram a matriz ou molde primo, deles nasceu negros, caucasianos, orientais, indígenas e cada um desses se espalhou por uma migração ao seu lugar, isso parece louco de analisar, mas não é se entendermos que Adão e Eva não eram uma raça específica, deviam ser semelhantes a anjos, criaturas diferentes, os quais gerando filhos cada um com o aspecto das etnias que vimos acima, não era espantoso de ver, assim como vemos uma gata gerar 5 gatinhos cada um com uma cor e aparência totalmente diferente do outro, partindo do principio que cada ser humano é diferente um do outro. 

Podemos imaginar, acerca da diferença das raças, que Deus estava comissionando o ser humano a por inspiração migrar a terra, pois sabemos que o pigmento da pele humana se assemelha com as condições climáticas de determinados lugares bem como o cabelo, e que em cada uma dessas raças encontramos qualidades diferentes, por exemplo: os chineses tem uma inteligência contábil e administrativa, herdeiros de uma sabedoria que possui grande tendência no aspecto do desenvolvimento do ser humano para a dinâmica da vida racional. Vemos que os japoneses possuem uma inteligência que seria diferente dos chineses, mais voltada ao intelecto e a capacidade de descobertas e criações. Os negros por sua vez possuem forte tendência de versatilidade na música e na expressão pessoal, e possuem grande força servil. 

Poderíamos também destacar pelo aspecto exterior que a beleza humana não se mede só pelo que é mais belo, pois algumas raças apresentam claramente uma beleza exterior maior que outras, sendo reconhecida por outra raça diferente como mais bela, mas Deus faz o ser humano com muitas belezas, interiores e exteriores, onde a própria diferença já seria um tipo de beleza. 

Deus as diferenças de raças sobre a terra, onde cada raça seria um emigrante, filho de Adão e Eva para migrar e habitar em cada canto da terra.        

Vemos que Caim edificou uma cidade. Vemos o primeiro relato acerca da perspectiva humana de edificar e criar coisas à semelhança de Deus. 

18, 19 Mesmo afastado de Deus e debaixo de maldição Caim continuou vivendo sua vida, não sendo mencionado como criminoso, mas sendo figura de um homem afastado de Deus como sempre foi, e depois dele veio cinco gerações até chegar no personagem Lameque que num primeiro relato das escrituras possuía duas mulheres. Ele supostamente casou-se com uma e depois desejou outra.


Os casamentos poligâmicos

 

A escritura aqui mostra pela primeira vez um casamento poligâmico. É interessante que não é difícil entender que Deus não planejou o homem para casar-se com mais do que uma mulher, mas isso é fruto da queda. 

Vamos ver o casamento poligâmico acontecer muitas vezes na escritura, mas não sendo, em momento nenhum, interpretado por pecado. 

Jesus ao ser interrogado sobre o direito do repúdio que não faz parte do propósito original de Deus para o ser humano, responde: “...Moisés deu a vocês esse direito, por causa da teimosia e dos interesses incontidos humanos, mas não foi esse o propósito original de Deus...”. 

A primeira coisa a entender é que o homem é diferente da mulher, primeiro no aspecto espiritual em relação a sua missão terrena, e segundo no aspecto espiritual em relação à sua biologia física. 

O homem tem certas tendências que a mulher não tem, não só porque para a mulher não fica bem socialmente, mas pelo próprio aspecto da natureza feminina rejeitar certos costumes que pertencem naturalmente ao homem.  

O homem, genericamente falando, após a queda tende a desejar mais do que uma única mulher para si, pelo aspecto do desequilíbrio humano, tendo por pretexto um aspecto o elemento masculino, do homem ter sido feito visual sentimentalmente, e sua afeição pela figura feminina se desenvolve mais na questão da visão ou da admiração exterior ou da beleza, ao passo que na mulher, sua sensibilidade feminina se deixa atrair mais pelo aspecto menos visual e mais relacional, mas não é só por isso que o homem pode vincular-se a mais de uma mulher sem que isso seja pecado assim como a mulher só se une à um homem. 

É absurdo em qualquer cultura imaginar que uma mulher se case com dois homens, é algo absurdo de imaginar, mas à principio, analisando pela lógica humana, a mulher não faz isso, porque embora ela possa desejar rejeitar um relacionamento com um homem e aderir à outro, ela dificilmente vai desejar dois relacionamentos simultâneos porque o que a mulher precisa receber numa relação de homem, um homem só pode fazer e o coração da mulher sempre optará por um homem ou por outro, de verdade e não por dois ao mesmo tempo. Analisando agora pelo aspecto social-espiritual, tanto para mulher é desnecessário, por questão de boa consciência, aceitar isso, como para um homem é uma coisa totalmente absurda aceitar e isso não seria viável em nenhuma cultura como coisa natural. 

No caso do homem ter duas mulheres, no aspecto humano, não é também natural para uma mulher ter de dividir sua casa e sua vida com outra mulher, mas é interessante que para mulher isso é tolerável, assim como mulheres aceitam se acariciar e se tocar entre si, mas homens não. 

Para Deus o casamento poligâmico não é algo que ele planejou, mas no aspecto social-espiritual é viável pelo seguinte: o homem por sua natureza masculina pode tender a desejar várias mulheres por o seu sentimento pela mulher se manifesta de maneira exterior, ou seja, a  apreciação exterior é o que vai impressionar e cativar o homem em relação à mulher, sendo assim isso propõe uma situação onde o homem visualiza mulheres e opta pela que lhe agrada de maneira afluente, podendo nisso escolher várias mulheres, ao passo que a mulher é observada, selecionada e é cativada individualmente, ela é seleciona um homem estando com ele individualmente num efeito interior.

O outro aspecto que dá legalidade a um homem ter várias mulheres como esposas, é o aspecto biológico-espiritual, que aponta que o homem pode ter duas mulheres ou mais, porque seu corpo, o corpo masculino permite isso.

Uma mulher quando é desposada por um homem rompe um hímen que é um selo que marca que o corpo daquela mulher é de exclusividade dele, já no caso do homem não há isso, pela sua natureza masculina ele pode ligar-se a quantas mulheres quiser e isso nunca será pecado.

Jesus quando fala sobre adultério ele propõe duas situações, uma para o homem e a outra para a mulher:

Para a mulher Jesus diz que é pecado uma mulher romper um casamento com um homem e casar com outro, apontando que isso é adultério, do mesmo jeito que Jesus propõe ao homem o direito de separar-se de uma mulher que foi ou está sendo infiel e casar com outra mulher sem nenhuma culpa, uma vez que a mulher, nesse caso, continua sendo adultera por um erro cometido ou por estar cometendo. Note que Jesus permite ao homem largar uma mulher adultera e casar com outra sem culpa, não só no caso de ela querer ficar com outro e se desligar, mas Jesus dá permissão a um homem de não querer mais uma mulher que costuma traí-lo, ou que em algum momento o traiu mesmo que ela queira ficar com ele ainda e casar, por causa do preceito do hímen, onde o corpo da mulher é exclusivo de um único homem, porque o homem tem a prerrogativa de não aceitar uma traição como vimos que para o homem sempre é inaceitável que sua mulher tenha outro homem. 

No caso do homem Jesus ainda não qualifica como adultério o ato de um homem unir-se a uma mulher a uma mulher estranha ou ter um tipo de amante, mesmo que seja por ato de traição da confiança de sua mulher, embora no aspecto pessoal a mulher considere como traição, mas nesse caso, diante de Deus, não seria adultério se a mulher amante não tiver marido, seria nesse a fornicação, mas o que vem a ser considerado por Deus adultério de um homem em relação à um mulher, seria o caso de ele sem motivo largar sua mulher e casar com outra. Isso porque no caso do homem o adultério não caracteriza-se quando o homem se deita com outra mulher, exceto um mulher casada, pois aí sim o adultério não seria contra a mulher deste, mas contra outro homem, porque o homem pela natureza da carne pode se unir-se com quantas esposas ou amantes quiser, o que é pecado neste caso seria a prostituição ou fornicação, que é um relacionamento ilícito de ordem de devassidão com outra mulher condenado pelo apóstolo Paulo se não for mediante a casamento ou comprometimento como vemos na poligamia, mas o pecado do homem só se consuma como adultério contra uma mulher quando ele larga esta, e deixando-a sozinha, ele fica com outra, ou quando larga esta mulher ainda que fique sozinho por toda vida, pois ele expõe está ao adultério quando Jesus diz: “...se um homem casar com uma mulher repudiada comete adultério...” e como está escrito: “...porque tendes rompido o compromisso que fizeste com a mulher com que casaste quando eras ainda jovem...porque eu o Senhor aborreço o repúdio...pois tendes enchido meu altar das lágrimas das vossas mulheres e dizeis em que pecamos contra ti?...”.

Quando Jesus fala sobre a questão do adultério é importante sabermos que toda separação de casamento, ou pecado, gera maldição, então quando Jesus diz: “...comete adultério...”, ele não está sentenciando as pessoas a infelicidade perpétua, nem o apóstolo Paulo está pondo proibições as escolhas das pessoas, mas eles estão advertindo que o pecado trás maldição, ou seja, não será sentença sobre a vida de alguém pra sempre ser adultero, o grande exemplo disso foi Davi, ele não se tornou pra sempre um adultero, mas ele cometeu adultério, então a relação que envolve separação e reunião a outro conjugue trás por uma questão biológica-espiritual, maldição, e dependendo da intenção com que é feito o ser humano é julgado também no aspecto relacional, pois como está escrito: “pois o que o homem semear isso ceifará” e “...assim vão os homens impostores de mal à pior enganado e sendo enganados”.  

Vemos na escritura da lei, que toda vez que uma mulher era suspeita de adultério ela podia ser rejeitada, e não só isso, a traição feminina (e do homem que se atrevia com uma mulher alheia) era designada por grande mal digno de morte, qualificando a tamanha infâmia e ofensa sofrida pelo homem traído.

Um homem pode desejar continuar com uma mulher, mas era uma questão individual para quem desejasse levar em conta o ato do pecado involuntário tendo sido engodada a mulher pelo maligno, uma vez que nesse tipo de escolha não se envolve somente amor, mas a necessidade de prudência, como vemos o que aconteceu com Sansão, onde Dalila não comete adultero, mas figura a traição e o coração da mulher adultera. Analisando assim vemos quão grande loucura que é para um homem perdoar uma mulher que foi infiel num deslize, que Deus prova o seu amor comparando-se com o que vemos no livro do profeta Oséias, do homem apaixonado que ama uma mulher mesmo ela sendo adultera que seria o amor do Senhor Jesus pela humanidade esperando que ela volte e agindo para que ela volte à ele. 

Vimos que a diferença biológica-espiritual entre o homem e a mulher os faz diferentes, e uma mulher não pode ser violada ou “tocada” por outro homem depois de ter sido desposada por alguém, e essa responsabilidade espiritual não sai da vida desta mulher sob nenhuma perspectiva, como Jesus disse: “...aquele que repudia sua mulher a expõe a tornar-se adultera” e “...o homem que casar com a mulher que foi repudiada comete adultério”, então vemos que no caso da mulher opera não só uma circunstancia social, mas de ordem espiritual, ou seja, se uma mulher se liga a outro homem que não for o seu primeiro marido comete adultério, ela leva sobre si maldição sobre este ato não importa a circunstância.  

No aspecto emocional a psicologia estuda a diferença entre a traição masculina e feminina, na maioria dos casos a traição masculina está associada ao desejo temporário ou desejo superficial, pois em outro caso o homem pode estar de fato traindo o amor de uma esposa com outra mulher o que dá a ela nesse caso a idéia de divorciar-se tendo em vista a impiedade masculina e a necessidade dessa pessoa optar, como veremos à seguir, mas na traição feminina, ou no desligamento de um homem ainda que seja concorde ou com pretexto, Deus vê muito mal o ato da mulher deixar o homem por qualquer motivo que possa ser reparado, pois na ligação da mulher com um homem há um apego estável no aspecto emocional e afetivo, sendo assim por questão espiritual-emocional-biológico é sempre mais desatinado e ofensivo a traição ou adultério da mulher.  

É interessante como as coisas se conectam, tanto o efeito da traição de uma mulher como o fato de que uma mulher jamais consegue livrar-se de maldição apartando-se de um homem perfidamente, do mesmo jeito que o coração feminino sofre tanto uma rejeição sem que o homem fique impune quando Jesus afirma que também o homem que abandona comete adultério, trazendo segurança ao coração humano mediante a injustiça, do mesmo jeito que Deus é justo e imaginamos que Deus ainda que aplique o rigor devido ao pecado biológico, não será implacável com a pessoa que é vitima de mal, pois o apóstolo Paulo adverte: “...sois corpo uns dos outros, não vos defraudeis uns aos outros...” e também: “...cada um dê ao outro o que é devido...”, e Pedro depois diz: “...considerai a mulher como vaso mais fraco, para que não sejam impedidas vossas orações...” semelhante ao que fez o profeta Elias fechando os céus da chuva devido a infidelidade do povo, ou seja, o objetivo de todos esse limites flui da própria natureza humana que foi feita com um devido fim e responsabilidade e quando esses valores são ofendidos vem juízo na medida do mal, para que nada que Deus criou, mesmo as maldições devidas operem injustamente.      


A expansão humana na terra


20 Homens que vivem sob tenda, dá a impressão de referir-se indiretamente a pessoas que peregrinam em muitos lugares, dando a impressão de serem pessoas nômades, ou tipo ciganos, o que podemos entender à princípio, mas o significado mais profundo para isso seria o de pessoas que tem uma vocação ou tendência itinerária, seja para edificar propósitos em vários lugares, ou aproveitar oportunidades de lugar em lugar, seriam pessoas com vocação comercial, ou com ambições de expansão, ou missionários, como a vocação do apostolado, ou são pessoas que tem por lazer viverem conhecendo lugares diferentes como por exemplo os exploradores e os praticantes de esportes que viajam o mundo. 

O conduzir rebanhos pode ter um significado de comércio, ou simbolizar a vocação de conduzir pessoas ou arrebanhar pessoas para um propósito (daí a gíria: arrebanhar). 

É importante entender que neste caso, tentando compreender o elemento espiritual do texto, podemos dizer que o conduzir de rebanhos não simboliza uma vocação espiritual, mas uma liderança com pessoas, pessoas que arrebanham pessoas, e isso vemos nas religiões, nas artes, na música, nas filosofias, nas empresas, tendo em vista que os filhos de Caim simbolizam os patriarcas das nações, isto é, povos que edificaram suas vidas sobre a terra, construíram grandes coisas humanas, mas não são de Deus. 

O texto parece mostrar desde os primórdios os tipos de inspirações fundamentais que conduzem as pessoas na vida, à princípio um grupo de pessoas com espirito desbravador ou com intenção de avançar em propósitos de conquistas, conquistar ambientes grandes (uma vez que rebanhos precisam de fazendas e terras) com a vocação de conduzir grupos. Daí a tendência do ser humano em querer progredir em seus intentos, conquistar, conhecer novos lugares, obter patrimônios locais e arrebanhar adeptos.

21 O texto mostra o próximo filho de Lameque como um segundo da mesma mulher dando a impressão de que ela, bem como a outra mulher geraram muitos filhos, mas estes citados pelo texto se destacaram em talentos. 

Um outro filho de Lameque aparece agora com a vocação musical dos instrumentos musicais, mostrando a aspiração humana de lidar com a música, com a criatividade e com a  ciência em torno da música, dando-nos a entender que o texto tenta mostrar por algum motivo enigmático ciências e aspirações do homem para a arte ou conhecimento humano. 

Aqui vemos a origem da música como ciência porque criaram instrumentos musicais e como expressão de arte porque a música expressa o interior humano.

22 O terceiro filho citado aqui é da outra mulher de Lameque, e ele descobre e desenvolve o dom de trabalhar fundindo e construindo objetos de metal, dos quais podemos qualificar instrumentos de utilidades e instrumentos de guerra.

Até aqui vemos "três forças" que influenciam a vida das pessoas, que poderíamos qualificar de várias maneiras, por exemplo:


O COMÉRCIO E AS POSSES TERRITORIAIS

A ARTE

A CRIAÇÃO DE OBJETOS


O DESEJO DE CRESCIMENTO

A ASPIRAÇÃO PELO ENTRETENIMENTO

AS INVENÇÕES


A VOCAÇÃO DA LIDERANÇA

A CIÊNCIA MUSICAL  

      A CAPACIDADE DE CONSTRUIR


Por algum motivo enigmático o texto ressalta que Tubalcaim (filho de Sela, mulher de Lameque) teve uma irmã chamada: Noema, talvez porque ela venha entrelaçar mais à frente o destino de novos descendentes como vemos que isso acontece muitas vezes na escritura,  como por exemplo no caso de Rute, a Moabita,  que sendo estrangeira, vai tornar-se a bisavó do rei Davi. E vemos no casamento de Isaque e Rebeca, onde a escritura primeiro mostra a descendência do irmão de Abraão, chamado: Naor, cujo filho Cadmael gera a Betuel, e Betuel é pai de uma moça chamada: Rebeca. Então depois vemos Isaque, filho de Abraão, casando-se com Rebeca, a qual é achada por Eliézer, servo de Abraão, por um milagre, mostrando que Deus tinha planejado o casamento deles, pois Isaque foi gerado por Abraão quando tinha aproximadamente 100 anos. Ora Isaque é primo de Cadmael (filho de Naor, irmão de Abraão) o qual devia ser bem mais velho que ele, e o filho de Cadmael, que é Betuel, embora seja mais velho que Isaque é seu sobrinho, tendo idade para ser seu pai, e sendo Betuel, pai de Rebeca, esta se torna esposa de seu Tio de segundo grau, isto é, de Isaque que tinha no máximo cerca de 75 anos ou menos que isso quando casou com Rebeca, por analisarmos que depois de fazer 99 anos, Abraão foi avisado que Isaque ia nascer, e após Isaque casar com Rebeca, ele morreu com 175 anos. Porém, aludindo que Isaque teria menos que essa idade vamos figurar que ele tinha uns 40 anos e Rebeca podia ter aproximadamente a idade de uns 30 anos, a qual o texto faz questão de especificar que nenhum homem se aproximou dela, mas como o texto diz que era jovem podemos presumir que ela era uns 10 anos mais nova que Isaque assim como a diferença entre Abraão e Sara que era no máximo de 50 anos ou menos que isso pelo fato de sabermos que Sara morreu com 127 anos antes de Abraão morrer com 175 anos.         

23 É interessante que as palavras desse ímpio homem aqui são registradas como profecia para tentar revelar um mistério, são pronunciadas como uma parábola que parece mostrar a essência da alma humana, como se fosse a voz da natureza humana falando após a queda, como que dizendo: "por pouco sou capaz de tirar uma vida, e por muito menos a vida de quem quer que seja".  

24 Aqui a expressão “ser vingado” já parece ter um significado diferente do que vimos acima, pois já não é mais referindo-se que: “quem matar a Caim seria vingado sete vezes”, então podemos entender que,  advém do selo que Deus coloca em Caim, o fato de que quem o ameaçasse seria vingado ou penalizado sete vezes, pois na verdade Caim é que estava com essa maldição de ser penalizado ou vingado sete vezes, ou seja, Caim estava carregando da culpa de Abel, mas Deus por desejar preservar a vida de Caim sobre a terra como remanescente, por misericórdia à favor da subsistência, mesmo dele, sendo ímpio, não para pôr a vida de outros em perigo, mas não vendo Caim como um homicida à serviço do mal, mas como alguém que cometeu um delito grave sendo expulso por seu pecado por questão de justiça, Deus faz com que essa sentença de ser penalizado ou vingado sete vezes esteja sobre quem tentar fazer com ele o mesmo para o livrar, ou seja, o selo, ou inibidor espiritual tinha o poder de  intimidar qualquer pessoa que tentasse fazer-lhe mal como uma advertência espiritual. Deus prefere então castigar a vida de Caim de outra maneira, no caso dele não com a morte, mas em sua vida, pois por algum motivo deseja preservá-lo sobre a terra.

Vemos que Lameque parece prever que pela proporção do seu pecado ele herda uma maldição maior que a de Caim, e como o texto não mostra Lameque sendo punido com a morte do mesmo jeito que Caim, vemos que no caso dele, ele aparenta ser pior que Caim e não colhe a morte, então Deus parece ter uma maneira de fazer justiça que se mede segundo as intenções ao mesmo tempo que pelo pecado e parece não deixar passar impune coisa alguma, mas Deus parece agir contra o ímpio de maneira intolerante, porém oportuna e astuciosa. 

A maldade parece crescer no coração humano à semelhança de um vício, onde o ser humano abre a brecha para o mal e acaba corrompendo-se como que sem volta, tornando-se cada vez pior como diz Jesus: "...e nos últimos dias por se multiplicar a iniquidade na terra o amor de muitos se esfriaria...", fazendo alusão tanto ao fato da maldade interior esfriar a afetividade humana, como desencorajar os que amam, de viver afetivamente no mundo por causa do mal social corriqueiro que se multiplica, tanto pela influencia mutua humana, como por natureza que passa de geração a geração parecendo aumentar como vemos a escritura citando povos os quais Deus vem a odiar totalmente até mulheres e crianças votando-os totalmente ao anátema por causa de tão grande maldição de iniquidade sobre a vida daquelas pessoas.

Paulo diz: "nos últimos tempos sobrevirão tempo difíceis porque os homens serão [carregados de muitas iniquidades]...".  

Compreender que a idéia de que Lameque seria penalizado setenta vezes sete seria pelo fato de que Caim matou um homem, mas ele aparece como homicida de duas pessoas, vemos que por inspiração ele mesmo qualifica que depois do número sete, não viria o dobro, mas a multiplicação, setenta vezes sete, mostrando a maldade do homem se duplicando de geração após geração, por ele ser o segundo homicida com um duplo crime e tendo em vista que a maldição sobre ele não parece dobrar, mas se multiplicar, mostrando o peso implacável da ira de Deus para a maldade. 

Conforme ele pratica o primeiro mal, parece tornar-se natural aumentar a incidência e praticar o próximo crime, aumenta-se a maldição, e parece não inibir a liberdade para o mal, imaginando que se transfere aos seus descentes o mal, que se multiplica pela humanidade, como vemos que Caim matou um homem, Lameque porém duas pessoas, e a maldição sobre Lameque seria maior que a de Caim multiplicada por um pecado duas vezes maior.

Lameque simboliza a degeneração da humanidade tanto no aumento do mal, de uma para dois, como da maldição de sete para setenta vezes sete. 

Note também que esse numero setenta vezes sete parece com o dito de Jesus sobre o perdão, dando a entender que é a grande a demanda e a necessidade de se perdoar devido a queda humana, o que confunde naquele momento o coração dos discípulo Pedro que presume perdoar a um ser tão cheio de falhas, fruto de um mundo tão decaído, como o ser humano somente sete vezes, mas também Jesus diz: “se teu irmão setenta vezes pecar contra ti e vier arrependido perdoa-lhe!”, mostrando a solidariedade com que devemos liberar o perdão à alguém que o deseja, do mesmo jeito que nossa tolerância a quem não faz bom uso dessa prerrogativa, pois do mesmo jeito o perdão do irmão ofendido é importante ao justo, o perdão para o ímpio é banalizado e não deve ser concedido como está escrito: “não atirei vossas pérolas aos porcos, para que não aconteça que pisando-as ainda vos dilacerem” e “não mantenhais comunhão com alguém que se dizendo irmão for avarento, idolatra ou maldizente...”, assim por isso Jesus também diz: “...se você se lembrar que teu irmão tem algo contra ti vai se reconciliar com ele primeiro...”, ora esse texto mostrando a importância que tem a liberação do perdão para livrar de maldição, como a reconciliação sincera para absolvição, pois o texto não fala de pedir perdão, mas de negociar a própria absolvição diante de uma falta contra alguém, do mesmo jeito que Deus abomina o falso arrependimento e o abuso sobre a vida de um irmão, quando diz: “aquele que levar ao escândalo ou desespero algum dos meus mais pequeninos, melhor será que se lhe amarre uma pedra imensa ao pescoço e se atire ao mar”. 

25 Eva lamenta a morte de seu filho Abel, e gerando a outro filho sente-se consolada deste mal. 

  Sabemos que Abel quando na sua inocência é morto, tipifica o Senhor Jesus, o qual oferecendo sacrifício, sendo justo, ele mesmo é sacrificado pelo ímpio Caim que tipifica a Satanás na pessoa da humanidade, e o filho de Eva que o substitui, significa que o Senhor Jesus ressuscita e deixa um remanescente sobre a terra, que são seus discípulos. Ora Sete filho de Adão e Eva, e irmão póstumo de Abel é um tipo de remanescente de Abel, pois essa foi a intenção profética de Eva, mostrar que Sete ocupando o lugar de Abel sobre a terra, o qual, Sete, mais à frente veremos, que é a origem de toda a descendência do justo Noé, o qual, Noé. Sendo assim Sete tipifica a ressurreição do Senhor Jesus quando veio a terra, deixando sobre a terra os seus discípulos, e Noé tipifica a imagem do Senhor Jesus (já ressuscitado)  voltando sobre a terra recolhendo um pequeno remanescente que é sua família, sua descendência, que procedeu da descendência de Sete, substituto de Abel.

Vemos então o mistério de Cristo, seus discípulos, e sua volta para redenção. Do mesmo jeito que notamos que Caim separou-se  de Adão e Eva gerando um outro remanescente, ou outro grupo de pessoas, de onde vem  Lameque, um homicida que tipifica a humanidade ímpia afastada de Deus sujeita a praticar o mal por consequência da maldade humana por vontade própria, o qual não demonstra pesar em ser mal e mostra-se sujeito a incidir ou reincidir no pecado sem consciência.  

26 Enos é citado como o primeiro ser humano a se dispor por boa consciência a buscar o Senhor, onde vemos que Enos é filho direto de Sete, sendo assim temos então Abel, que é substituído por Sete, e Enos que é gerado diretamente por Sete, depois de Enos temos uma geração de homens que invocam o Senhor, e se observarmos o capítulo 5 de Gênesis veremos a descendência de Enos se estender até Noé.

Note que a descendência de Enos, é uma descendência que mesmo decaída se dispõe a de alguma forma conhecer o Senhor sem nenhuma aliança, e eles tipificam os discípulos do Senhor Jesus, de Sete até Noé que tipifica o momento da ressurreição até a volta do Senhor Jesus. 

Note que o Senhor começa a ser buscado devocionalmente à partir de Enos e não por Adão e Eva, mostrando que o afastamento de Deus na vida do ser humano é forte, mesmo tendo Adão e Eva visto ao Senhor de perto não são induzidos à buscá-lo pela sua consciência natural, e mesmo que o tenham feita  a escritura não registra, porque não era algo como fez Enos.  


A natureza da devoção humana à Deus


Ofertar à entidades e construir ídolos foi  uma coisa comum no ser humano desde a  antiguidade, e até nos dias de hoje ainda  vemos. A busca por deuses pessoais foi mais presente nas culturas antigas, mas com o  imediatismo e o avanço social dos tempos, o homem parece que substituiu muitas coisas de valor espiritual profano cultuado em épocas antigas, os chamados deuses, por coisas menos notáveis como profanas, sejam vaidades ou religiosidades. 

Podemos notar algumas dessas coisas profanas ou de valor idólatra com outras formas, negando as vezes os valores de Deus e até a presença de uma divindade para ser substituída por outro tipo de idolatria tão nociva quanto à dedicada a entidades espirituais. 

Podemos notar no ser humano que as vezes não trata-se das coisas em si, mas do culto ou devoção dedicado a tal coisa, seja natural ou criado por alguém, seja deus, objeto, ideologia ou pessoa.

A idolatria nada mais é do que o vazio espiritual do ser humano, que ambiciona por valores positivos, sendo preenchido por valores negativos, isto é, coisas de valor meramente humano ou até profano (como um deus) que simula ser espiritual, todavia não possuindo virtude espiritual e contaminando o espírito pelo tipo de devoção que lhe é prestado.

Alguns deuses são demônios, onde o ser humano nega valores positivos e buscando valores negativos adere a um deus, a uma religião ou vaidade. Assim podemos notar que a diferença entre a religiosidade e a vaidade seria somente o extremo oposto, onde ambos afastam-se do verdadeiro Deus, mas cada qual com sua perspectiva seja profana seja humana.    

Enos sente a necessidade de se dispor a buscar à Deus na ingenuidade do seu coração, sem aliança, mas no propósito singelo de andar com Deus, como vemos Melquisedeque, se encontrando com Abraão. Ora Abraão foi chamado por Deus para ter aliança, mas Melquisedeque não possuía aliança formal com Deus, mas poderíamos dizer informalmente que Melquisedeque era adepto de uma espécie de filosofia de vida, ou religião, onde ele buscava à Deus e andava na verdade. No mundo há muitas religiões e à princípio o importante é o que está escrito: “...pois esse fundamento permanece: que Deus conhece os que são seus!”. Quando um homem interroga Jesus sobre o que faria pra ter a vida eterna, Jesus o questiona, e ele mesmo responde: Amar à Deus, e o próximo. E Jesus disse: “respondeste bem! Faça isso e viverás”, mas ele querendo complicar, pergunta: quem é seu próximo? E Jesus lhe conta a parábola do samaritano, onde um samaritano, que descendia do hereges que adoravam à ídolos desde os dias do rei Jeroboão e não seguiam a doutrina da lei dada por Deus, este samaritano pratica um ato que somente alguém que amava à Deus e ao próximo podia ter feito, por causa de sua consciência para com o bem, e por tratar ao próximo como a si mesmo, e Jesus dá bom testemunho daquele homem samaritano que não sendo justo aos olhos dos judeus procedia-se de conformidade com a misericórdia e temor à Deus, mostrando o que o apóstolo Paulo disse: “o verdadeiro Israelita é aquele que o é no coração”.  

Note algo interessante: Da descendência de Caim é que sai homens vocacionados para as ciências seculares ou milenares, os quais tipificam as pessoas do mundo, que de fato se especializaram nestas coisas humana inclusive as vezes com mais habilidades que os servos de Deus sobre a terra, isso por causa do efeito do vazio do ser humano sem Deus disposto totalmente à mediocridade das coisas terrenas em relação à coisa espirituais que apontam mais para renuncia de coisas pessoais, de modo que dessa geração de Caim é que a escritura mostra ter se desenvolvido a artes e habilidade humanas, não por proceder essas coisas do maligno, mas pelo aspecto que vimos acima, e até mesmo das leis humanas e regras administrativas aperfeiçoadas por essas pessoas nos beneficiamos, como alguém já disse que quando o povo de Israel tomou posse das nações, elas já estavam edificadas com muitas coisas e foram edificadas por pessoas deste século ou mundo, pois como o mundo funcionaria se essas pessoas que não dedicam tempo à Deus, não dedicassem seu tempo nessas coisas que beneficiam a humanidade? Ora todo ser humano tem seu propósito na terra, e na verdade, não que a ciência secular seja má, nem que estar sem Deus seja último,   muito pelo contrário, como vimos, todos se beneficiam do conhecimento humano até os que são de Deus, mas a questão é que Deus usa o justo para grandes feitos, e também o ímpio de acordo com sua vocação, como está escrito: "todas as coisas fez o Senhor, até o ímpio para o seu fim", mostrando que o perverso embora pareça estar impune e se glorie nisso, sem perceber ele serve ao justo, como diz a escritura que Deus transfere os bens do ímpio para o justo, e Paulo diz acerca das culturas que nos cercam: "...nada é de si mesmo impuro senão para aquele que assim a considera...".  

Podemos enxergar o mistério da descendência de Caim assim: Caim seria a origem das coisas materiais, não diretamente do que é mal, por ser a perpetuação da espécie humana com talentos humanos.


CAIM...LAMEQUE...COMÉRCIO, CULTURA, BENS. 


O seguimento do mistério de Cristo de Adão e Eva até Noé vemos:


ABEL = CRISTO SENDO CRUCIFICADO

SETE = RESSURREIÇÃO DE JESUS, ORIGEM DOS DISCÍPULOS

ENOS = OS DISCÍPULOS

...

NOÉ E A ARCA = A VOLTA DO SENHOR JESUS

 

Considerações finais


Certamente tiramos muitas lições e compreendemos muitas coisas de maneira clara. Nos deixamos levar fundo em certos ensinamentos e retornamos ao texto.

Chegamos a grandes verdades. Certamente esse material possui chaves fundamentais de conhecimento espiritual. 



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